segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Espírito de Porco ganha Mostra de Curitiba

Nosso documentário Espírito de Porco ganhou o prêmio de melhor filme na Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais, que encerrou neste domingo em Curitiba. Estou no ônibus a caminho de casa, com o 'Oscow' na bagagem.
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UPDATE 12h: Escrevi este release com mais informações

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Espírito de Porco na Mostra de Curitiba (2)




Clique nas imagens pra ampliá-las.

E o porco prepara a mochila pra ir à 1a. Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais. Nosso documentário vai ser exibido amanhã às 17h na Cinemateca de Curitiba.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Espírito de Porco na Mostra de Curitiba

Mostra de Cinema de CuritibaO documentário Espírito de Porco, que codirigi com o Chico Faganello, vai participar em Curitiba da 1a. Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais. Exibição neste sábado, 29, a partir das 15h, seguida de debate dos realizadores com o público. No domingo a programação prossegue com mais filmes, debate sobre ética, cidadania e sustentabilidade e exibição do filme Terráqueos (Earthlings).

Clique pra ver o cartaz ampliado.

Mostra Jorodowsky

Dica do Felipe Obrer, que recomenda com ênfase: o Sesc Prainha [Floripa] exibe hoje às 20h a Mostra JODOROWSKY, com o filme La montaña sagrada. Entrada gratuita. Fui ao saite do cineasta pra conhecer o seu trabalho e fiquei bem impressionado. De lá pincei estes trechos de um texto inédito, Cómo hacer cine.

PRIMERA LECCIÓN
Sentarse desde que amanece hasta que anochece frente a un árbol sintiendo la luz. Volver siete días seguidos y hacer lo mismo.

SEGUNDA LECCIÓN
Volver en la noche con una linterna e iluminar el árbol desde infinitos puntos.

TERCERA LECCIÓN
Colocarse a un kilómetro del árbol. Mirarlo fijamente y avanzar centímetro por centímetro hacia él hasta que después de algunas horas se tope la corteza con la nariz.

(Las dos primeras lecciones sirven para desarrollar el sentido de la luz. La tercera para desarrollar el sentido de la distancia.)

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NOVENA LECCIÓN

No importan los movimientos de la cámara. Ella debe moverse sólo cuando no se puede quedar quieta. Tú llevas el alimento en la mano. La cámara es un perro. Hazla que con hambre siga al alimento. El hambre hace que el animal se borre. No hay perro, hay hambre, no hay cámara. Hay acontecimientos. Nunca te puedes comer la manzana entera en el mismo instante. Tienes que dar mordiscos. Mientras comes tienes una parte. Debes saber que el trozo que mascas no es la manzana entera. Nunca puedes tener la manzana entera en la boca porque por muy grande que sea tu boca, no puede caber en ella el fruto que es parte del árbol ni el árbol que es parte de la tierra. La pantalla es tu boca. Allí entran pedazos. Partes del accidente. No intentes trabajar con tomas absolutas. No creas que existe la toma mejor. A la manzana la puedes morder en cualquier sitio. Si la manzana es dulce, no importa por dónde empieces a comerla. Preocúpate de la manzana, no de tu boca. ¡Cineasta! Antología de fragmentos, tú también un fragmento; tu película inconclusa, eres parte, eres continuación. No hay cierres. Mata la palabra fin. Empezarás una película el día en que te des cuenta que simplemente continúas. No busques el prestigio. Desdeña los efectos. No adornes. No pienses lo que la imagen va a producir. No la busques. Recibe las imágenes. La caza está prohibida. La pesca permitida.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lido & Leno: Superinteressante; A vida como ela é

Gosto de revistas, aprendi a ler com a ajuda delas. Mas ultimamente quase não compro, por causa da abordagem rasa e da recorrente impressão de déjà-vu que despertam. Entre as poucas que me atraem pela criatividade de algumas pautas estão a Wired, a Trip, a piauí e a Superinteressante. Ontem comprei a Super que traz reportagem de capa tratando de revisões históricas sobre a Segunda Guerra Mundial. Muito legal a matéria - destruidora de mitos. Pena que é curta demais. Matéria de revista brasileira é que nem ejaculação precoce: quando a coisa começa a ficar boa, acaba. Bem que podiam ser um pouco como a New Yorker, que não se acanha em publicar bons textos longos, às vezes em páginas inteiras sem ilustrações. Mas devo ser um leitor das antigas mesmo. Nada contra os infográficos, bem pelo contrário. Mas eles não têm a função de substituir o texto de qualidade.
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Lendo A vida como ela é, do grande Nelson Rodrigues.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Atentado a líder de trabalhadores rurais em SP (3)


Líder sindical Élio Neves. Foto: Wilson Dias (ABr).

Esta matéria da ong Repórter Brasil traz mais informações sobre o atentado ao dirigente sindical Élio Neves, seu estado de saúde e sua atuação em defesa dos cortadores de cana.

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Segundo informações da assessoria de imprensa do Hospital São Paulo, em Araraquara (SP), o presidente da Feraesp deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por volta das 16h. Ele está com um projétil alojado na nuca (no lado direito da parte de trás do pescoço), que atingiu um músculo e não afetou diretamente a coluna e a medula. O risco de morte, confirma a assessoria, é mínimo. Elio foi sedado e permanece em coma induzido. Dentro de 24 horas, o sindicalista deve ser submetido a novos exames médicos.
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Elio Neves ocupa posição de destaque entre lideranças dos trabalhadores rurais. Ele vem participando de diversos fóruns, com papel especialmente ativo na defesa dos cortadores de cana-de-açúcar. No ano passado, Elio concedeu entrevista à Repórter Brasil sobre etanol, a situação atual e os caminhos possíveis para a melhoria das condições do trabalho no campo. Ele também representou os trabalhadores na negociação tripartite do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condiçõesde de Trabalho na Cana-de-Açúcar (leia mais sobre o acordo e a sua relação com a alimentação e a "lista suja").

Atentado a líder de trabalhadores rurais em SP (2)

Recuperei de meus arquivos o resumo de uma entrevista que fiz em outubro de 2004 com o líder sindical Élio Neves, representante dos trabalhadores assalariados rurais do estado de São Paulo. Ontem ele sofreu um atentado em sua chácara. Nenhuma insinuação aqui sobre possível motivo ou autoria - cabe à polícia investigar isso. Mas sem dúvida sua atuação política incomoda muita gente.

O presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados no Estado de São Paulo), Élio Neves, é crítico do “mito do agronegócio” da cana-de-açúcar. Para ele, a opressão e a injustiça são as grandes alavancas da produção, que deixa os benefícios para os usineiros e os custos para a sociedade. A entidade representa 70 sindicatos e 150 mil trabalhadores no estado.

“O Brasil se apresenta ao mundo como grande produtor de alimentos, álcool e açúcar, mas se isso nos traz muito orgulho, também nos deixa estarrecidos com as condições de trabalho”, diz. Neves critica a falta de sustentabilidade ambiental e social do “mar de cana”. “O álcool como combustível limpo é uma grande mentira”, afirma. “Não se produz álcool sem gastar petróleo em toda a linha de produção: tratores, transporte, maquinaria etc.”. Ele classifica de “desastre” o custo social da atividade econômica: “A quantidade de trabalhadores explorados e mutilados é muito grande”.

A saída, acredita, é a mobilização dos trabalhadores e a sensibilização da sociedade para a necessidade de mudança do modelo agroindustrial. Ele salienta que tentar restringir essa discussão ao corporativismo sindical é diminuir seu grau de importância, que interessa a toda a sociedade: “Na cadeia produtiva sucroalcooleira há metalúrgicos, químicos, motoristas e outras categorias que precisariam estar mobilizadas na mesma direção”.

Na avaliação do dirigente sindical, as históricas greves de 1984 e 1985 trouxeram melhorias para os trabalhadores da cana. Mas ele ressalva que da década de 1990 até os dias de hoje houve perdas, pois com a reestruturação produtiva, a estratégia patronal passou a ser extremamente agressiva contra os trabalhadores. “A modernização do setor, acelerada a partir do final dos anos 80, não foi acompanhada sequer por compensações sociais”, assegura.

Atentado a líder de trabalhadores rurais em SP

O presidente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), Élio Neves, sofreu uma tentativa de homicídio ontem à tarde na sua chácara em Ribeirão Bonito, interior do estado. Levou um tiro na região da cabeça e está na UTI de um hospital em Araraquara. Segundo a Feraesp (citada pelo G1), ele não corre perigo de vida. Conheci Élio Neves em 2004 quando eu levantava informações pra um estudo sobre trabalhadores na indústria da cana. Tivemos uma longa conversa num jardim arborizado, no intervalo de um evento na Universidade de São Carlos, e fiquei com uma forte impressão. Articulado e assertivo na defesa das suas ideias sobre reforma agrária e justiça social, é uma das mais importantes lideranças de trabalhadores rurais no Brasil. Lembro que cheguei a pensar (e guardei pra mim) que pessoas assim incomodam tanto os poderosos que estão sempre atraindo balaços de tocaia. Em um país sério, crimes como esse seriam considerados atentados à democracia. Espero que ele se recupere rápido e possa retomar a luta.

Cinema infantil do Brasil no Irã


Luiza Lins (esq.), Dora e Gilka Girardello em Teerã.

Há uns dias a Luiza Lins comentou comigo que tinha acabado de chegar do Irã, onde participou de um festival internacional de cinema infantil junto com as queridíssimas Gilka e Dora. Eu ia contar aqui, mas esqueci. Hoje recebi este release da jornalista Julia Brentano Assef, da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, e compartilho com vocês.

A delegação brasileira que participou do 23º Festival Cinema de Crianças e Jovens Adultos de Hamedan, no Irã, voltou para casa com histórias, experiências e projetos. Durante os quatro dias do evento, a estudante Dora Girardello, de 10 anos, foi jurada mirim, e teve a companhia da mãe, Gilka Girardello, professora de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Já Luiza Lins, diretora da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, participou do júri internacional, composto por profissionais da Turquia, Tunísia, Grécia, Índia e Irã, além do Brasil. Luiza Lins já articulou contatos para trazer filmes iranianos para a 9ª Mostra de Florianópolis no ano que vem. O Brasil também foi premiado no festival com o longa-metragem O Garoto Cósmico, de Alê Abreu, que recebeu um prêmio especial de apoio à produção.

A pequena Dora, que domina a língua inglesa, adorou a experiência. Ela adora cinema e compartilhou opiniões com crianças de outros países. Durante o festival, que aconteceu entre 2 e 6 de agosto, Dora teve a oportunidade de conferir produções brasileiras e iranianas, além de filmes da Alemanha, Escócia, Portugal, Holanda, Indonésia, Coréia do Sul e China.

Segundo as representantes do Brasil, a delicada situação política no país não prejudicou em nada a visita e a participação no tradicional evento da sétima arte. “Ficamos encantadas com a organização do evento e a receptividade dos iranianos com os brasileiros”, afirma Luiza Lins. A cineasta levou três títulos brasileiros para a seleção da próxima edição do festival: A Menina Espantalho, de Cássio dos Santos (DF), O Mistério do Boi de Mamão, de Luiza Lins (SC), e O Campeonato de Pescaria, também de Luiza e codireção de Marco Martins.

Aprendizagem
Luiza Lins entende que o cenário audiovisual iraniano deve servir de exemplo para o Brasil. “A produção de cinema no Irã é intensa e constante, e pode colaborar muito para o cinema brasileiro voltado para as crianças. O grande aprendizado desta viagem foi perceber que o investimento no cinema infantil foi fundamental para o fortalecimento de uma indústria do audiovisual nacional. Este talvez seja um bom caminho também para o Brasil”, destaca a cineasta.

A experiência foi tão produtiva, que Luiza já está articulando trazer uma amostra desse trabalho para terras brasileiras. “Vamos propor uma mostra de filmes iranianos para crianças na 9ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, em julho de 2010”, declarou.

Produção brasileira premiada
Mais de 40 países participaram do Festival, com 162 produções. Os vencedores dessa edição foram o filme turco Momo, e o japonês The Piano Forest, “duas obras emocionantes que realmente se destacaram”, afirma Luiza Lins. O longa-metragem O Garoto Cósmico, de Alê Abreu, representou o Brasil na competição. O filme causou encantamento entre os jurados, que decidiram contemplar a produção brasileira com um prêmio especial de incentivo à produção de filmes para criança no mundo.

O Garoto Cósmico tem como cenário um mundo futurista, onde três garotos se perdem no espaço, encontrando um pequeno circo que os faz viver novas experiências. O diretor Alê Abreu entende que a premiação é de extrema importância para as produções audiovisuais brasileiras. “É inegável que os filmes são diálogos importantes com as crianças. Cultura é o entendimento de onde e quando a gente vive, e o cinema pode estimular a criança a essa importante reflexão”, diz o cineasta.

Rio Capibaribe


Rio Capibaribe, originally uploaded by dveras.

Aos 3 ou 4 anos em Recife.

- Me tirem daqui, eu não quero tirar foto na ponte!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Chegadas: Leo

Nasceu hoje às 9h23 em Brasília, pesando 3,345 Kg e com 50 cm, o LEO, filho do Lúcio Lambranho e da Cristina Gallo. Parabéns ao trio! E também ao mano maior do Leo, o lindo Matheus-blue-eyes.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nane e as mulheres que dizem 'sim' pra si mesmas

Dou continuidade à série Humanos com minha amiga Eliane (Nane) Faganello de Som, catarinense de Seara que vive em Stuttgart, Alemanha, com o marido e a filha. Nane é psicóloga e faz um bonito trabalho com mulheres em situação de vulnerabilidade - principalmente as de origem turca e de outros países muçulmanos. Ao mesmo tempo em que as ajuda a se alfabetizarem em alemão, ela estimula o fortalecimento da autoestima dessas imigrantes, para que enfrentem o machismo e conquistem seu lugar no mundo. Não por acaso, usa o método Paulo Freire.

Propus entrevistá-la e ela concordou. Antes que eu fizesse as perguntas, me enviou como introdução um relato tão rico, tão impregnado de força e generosidade, que achei melhor publicar assim mesmo, em primeira pessoa. O depoimento que se segue está praticamente na íntegra. Suprimi só um ou outro detalhe agora irrelevante, como a proposta de que fizéssemos a entrevista pelo skype e a referência a férias no Brasil. "Dauro, eu não sei escrever curto e bonito, como os bons jornalistas", me disse ela. "Também não sei pôr as vírgulas nos lugares certos e me perco em análises". Pois eu discordo, Nane. Adorei seu texto.

p.s.: a Nane é parceirona no filme Espírito de Porco desde os primeiros passos, quando fez uma ampla pesquisa em bibliotecas alemãs. Coautora do roteiro, deu sugestões sempre pertinentes durante toda a produção e edição do documentário.

Devo dizer que não sou tão interessante como tu pensas, nem o meu trabalho tem dimensões tão grandes a ponto de eu imaginar que possa vir a melhorar o mundo. Dentro deste microuniverso em que estou envolvida faço coisas simples, que me permitem uma certa movimentação intelectual e me dão muita alegria. Sei que ajudo essas pessoas e isso me faz bem. Também eu me defronto com o novo, aprendo e me transformo. E é legal assim.

Trabalho em vários lugares, ou seja, em instituições certificadas que recebem dinheiro público para projetos sociais, sobretudo na área de política de integração, que é um dos temas centrais dos últimos dez anos. O governo e a União Européia repassam o dinheiro dos projetos sociais e interculturais para essas instituições, que se encarregam de contratar pessoas e instrumentálizá-las para o trabalho. Tudo é com certificação e qualificação e acompanhado de cursos de aperfeiçoamento, certificados e coisa e tal.

Num desses lugares, trabalho com um grupo de mulheres de várias nacionalidades e religiões, como turcas muçulmanas, curdas alevitas, albanesas desorientadas e até uma brasileira mal-tratada pelo marido. São mulheres que precisam de uma certa estabilidade emocional e que ninguém, na verdade, sabe o que fazer com elas. A forma de conseguir fazer com que elas saíssem de casa foi criando um grupo de alfabetização, o que é aceito pelas famílias e legitimado pelo governo. Assim, o espaço de alfabetização é a possibilidade de sair de casa, de se defrontar com outros valores e realidades e de questionar a sua própria.

Tenho plena consciência de que muitas delas jamais abandonarão seus véus, mas também não precisam, nem essa é a proposta. O fato delas se sentirem respeitadas em sua cultura, língua e religião, faz com que aprendam a aceitar as outras culturas ao seu lado. Elas se tornam mais conscientes, tolerantes e capazes de dizer: " Ich bin ok, wie ich bin. Du bist ok, wie du bist." O que quer dizer: "Eu sou legal como eu sou. Você é legal como é."

A questão central do trabalho é a alfabetização e a manutenção destas mulheres num curso ou em algum lugar onde possam se defrontar com seus próprios valores. Eu ajudo elas a pensar sobre a língua, sobre o processo de alfabetização, sobre problemas nunca tematizados e a resgatar um pouco da sua identidade.

Não posso dizer que sou alfabetizadora, porque são elas mesmas que se alfabetizam, através da leitura do seu mundo e da sua posição na história. Eu ajudo elas a se manterem no grupo, a pensarem sobre temas difíceis e complexos, como sua própria família e a realidade onde vivem. Também não posso dizer que sou psicóloga, nos modelos tradicionais. Sou uma psicóloga que trabalha com pessoas em processo de alfabetização, de aprendizagem e de reestruturação da sua própria identidade.

O grupo é bem heterogêneo e da análise da realidade individual e grupal surgem palavras para escrever (e elas escrevem desesperadamente, Dauro!). As palavras selecionadas, resultantes de nossas conversas são escritas e trabalhadas, como no método Paulo Freire e aos poucos elas conseguem ler cartazes, livros e a sua própria vida.

Normalmente surgem temas pesados para conversas, tais como Gewalt (violência), Wut (raiva), schlagen (bater) e nas últimas semanas surgiram questões belíssimas: - por que só as mulheres muçulmanas não podem casar quando o marido morre? Ou ainda, por que os homens podem casar de novo, mas as mulheres não? Por que as mulheres muçulmanas não podem freqüentar piscinas mistas, mas os homens sim?

Trabalho com este grupo duas vezes por semana e muitas das mulheres têm "desabrochado", dia por dia, como diria o padre Pinto. Festejamos o carnaval com música árabe e saí cambaleando de tanto comer daqueles charutinhos de folha de parreira recheados com carne de ovelha, mas confesso que nunca vi aquelas mulheres tão felizes.

Uma delas perdeu a família no Iraque, trata um câncer de mama e é tiranizada pelo marido, que a controla pelo celular, chamando-a para preparar chás e coisas a fins. Na semana passada ela conseguiu dizer "não" a ele, pelo telefone, de uma forma tão serena e educada que as outras aplaudiram. Eu sinalizei, no final, que ela estava dizendo "sim" para ela mesma. Daí elas escolheram uma palavra bem bonita para trabalhar nos próximos dias: respeito.

Um abraço bem grande,

nane

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Lido & Releno: Salim Miguel e Rubem Fonseca

Terminei Nur na escuridão, de Salim Miguel. O romance conta a trajetória de sua família, que saiu do Líbano em busca de vida melhor nos Estados Unidos e, pelas artimanhas do destino, veio parar no Brasil. Gostei muito e me identifiquei. Minha família, embora não tenha vindo do exterior, foi meio nômade durante boa parte de minha infância e adolescência. Mudanças de cidade e de casa, readaptações e choques culturais, com todo o difícil aprendizado que envolvem, fizeram parte da vida do escritor (e da minha). Sua obra está impregnada de carinho pelos personagens que habitam a memória desses tempos. A narrativa do patriarca libanês, pai dele, é fragmentada, com lacunas, elipses, contradições e reiterações como costumam ser as boas histórias orais que prendem os ouvintes. Recomendo! (peguei emprestado na biblioteca Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição). Ah, Felipe Lenhart publicou na revista Cult de julho um ótimo perfil de Salim Miguel. O escritor "líbano-biguaçuense", como ele gosta dizer, recebeu há pouco da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.

Também peguei na Barca dos Livros a excelente compilação 64 contos de Rubem Fonseca. Já havia lido praticamente todos, mas foi com prazer que pude voltar a algumas joias, como Passeio Noturno - parte I, A força humana, Feliz ano novo, O balão fantasma e O cobrador ("Estão me devendo comida, boceta, cobertor, sapato, casa, automóvel, relógio, dentes, estão me devendo"). Uma vez eu disse aqui que, quando crescesse, queria escrever que nem o cronista Rubem Braga. Posso dizer o mesmo sobre o contista Fonseca (como romancista, acho que tem altos e baixos). É um doutor na arte das histórias curtas, com domínio absoluto da linguagem e do ritmo. Seus temas, fascinantes e às vezes inverossímeis como a própria realidade, abordam os escaninhos nebulosos e violentos da alma humana nas grandes cidades. Invoco os itens 2, 3 e 4 dos direitos inalienáveis do leitor pra não repassar todas 799 páginas deste livro. Tenho folheado aleatoriamente suas delícias.

domingo, 16 de agosto de 2009



O amigo Joca Wolff lança esta semana em Buenoa Aires um livro que é versão de sua tese de doutorado na UFSC, orientada pelo professor Raúl Antelo.

Túnel do tempo: dois anos usando o twitter

Quinta-feira, 16 de Agosto de 2007

Agora com Twitter


Resisti um tempo, parte por birra, parte por preguiça. Mas finalmente hoje recebi um convite do Nando e resolvi testar o tal do Twitter, espécie de mini-blog e comunidade em que você conta aos amigos (ou ao mundo) em poucas palavras o que está fazendo ou pensando ou deixando de fazer. É a febre do momento entre os conectados. Dá pra atualizar de três maneiras - pelo saite do Twitter na web, por mensagem de texto no celular ou mensagem instantânea no Jabber ou GTalk. Também dá pra inserir um código pra mostrar as atualizações no blog, como fiz aí na coluna ao lado (Curtas). Minha primeira impressão é que o grande barato do Twitter é a mobilidade associada à facilidade de comunicação em comunidades. Me atrái isso do minimalismo das mensagens. Mas como eu uso pouco o celular e gosto de escrever posts telegráficos no blog, talvez seja pouco aproveitado e mesmo redundante. A ver.

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UPDATE 16.08.2009
Quando comecei a usar, era "coisa de geek". Agora o twitter já é capa de revista, tititi de tevê, moda entre os descolados, ferramenta jornalística e publicitária, passatempo no ônibus e nas filas, instrumento de trabalho colaborativo, palco pra performances poético-literárias e o que mais passar pela cabeça dos usuários. Conheci gente muito legal por meio das mensagens de 140 caracteres e passei a trocar mais ideias com vários amigos. Aparentemente o twitter tem grande potencial dispersivo, mas não acho que seja a ferramenta em si, e sim a necessidade humana de buscar experiências gregárias (e se expressar, obter reconhecimento etc.). Se vira compulsão, vai da pessoa se autoexaminar ou buscar ajuda pra ver o que tá ocorrendo. Nesses dois anos testei várias outras traquitanas na internet, mas a maioria passou batida e caiu no esquecimento. O twitter mostrou seu valor e tá aí, no cotidiano meu e de tanta gente. Pros novatos, minhas dicas básicas:

  1. Selecionar as pessoas que você deseja seguir. A qualidade da experiência depende em grande parte disso. Arrisque e petisque, mas não hesite em dar unfollow sem qualquer sentimento de culpa.
  2. Priorizar qualidade, não quantidade. É um complemento óbvio da dica anterior. Esqueça essa bobagem de popularidade.
  3. Ser você mesmo/a. Um dos piores tipos de chatos é o que quer parecer mais ixperrto do que é ou assume uma personalidade distinta da própria.
  4. Compreender o fluxo. Gosto da metáfora do rio. Os twits são as águas correndo. Impossível abraçar tudo. Deixe fluir, sem estresse pelo que "perdeu". Se for importante mesmo, você vai terminar sabendo.
  5. "Escutar" mais, "falar" menos & melhor. Autoexplicativo.
  6. Experimentar. E ver se essas dicas são válidas mesmo. Não dá pra sair acreditando em qualquer um... :)

sábado, 15 de agosto de 2009

Marina e a sacudida no cenário pré-eleitoral

Uma avaliação política do amigo Diógenes Botelho, nosso correspondente para assuntos aleatórios em Brasília, sobre o ensaio do lançamento de Marina Silva como candidata à Presidência em 2010:

Marina é a chance de não termos uma eleição plebiscitária em 2010. Sua candidatura já trouxe de volta o Ciro Gomes, que tava envolto naquela porralouquice de disputar o governo de SP. No cenário de hoje, Marina tira votos diretos de Dilma. Ciro tira de Serra/Aécio e de Dilma. Na matemática quem perde é Dilma. E corre o risco de ficar de fora do segundo turno. Pesquisa do PV (se é que dá para confiar) diz que Marina já tem mais votos que Dilma em alguns cenários.

O problema da Marina é agregar outras forças políticas em torno de seu projeto. Tem o PDT sendo sondado, mas o partido também pode pular para o lado do Ciro (esteve com ele em 2002), isso se o PSB bancar mesmo a candidatura do cearenso-paulicéia-desvairado.

A entrada da ex-ministra em cena já serviu para dar uma sacudida no quadro pré-eleitoral. Porém, colegas que trabalharam com ela são quase unânimes em analisar sua capacidade de formulação política: "Fraquinha", dizem.

Acho um exagero, mas forte também não é. Está mais para "candidata-símbolo" ou "candidata-bandeira", tipo o candidato-educação representado pelo Cristovam em 2006. O que não resta dúvidas é que é uma pessoa de boas intenções, séria e que representa, na área ambiental, um alento para um país dominado por ruralistas.

E o melhor: deixou o Lula doidinho, já que ele apostava tudo na luta contra o "bem e mal" em 2010.

O bom mesmo seria uma campanha como a de 1989, quando tivemos 22 candidatos a presidente. Não foi mais devido a anulação da bizarra dupla Correia/Silvio Santos.


Como relembrar faz bem, lá vai a lista de 1989 e os respectivos votos de primeiro turno:

Resultado da eleição para presidente da República:
Primeiro Turno:
1º lugar - Fernando Collor de Mello (PRN / PSC) - 20.607.936 votos
2º lugar - Luiz Inácio Lula da Silva (PT / PSB / PC do B) - 11.619.816 votos
3º lugar - Leonel de Moura Brizola (PDT) - 11.166.016 votos
4º lugar - Mário Covas Junior (PSDB) - 7.786.939 votos
5º lugar - Paulo Salim Maluf (PDS) - 5.986.012 votos
6º lugar - Guilherme Afif Domingos (PL /PDC) - 3.271.986 votos
7º lugar - Ulysses Guimarães (PMDB) - 3.204.853 votos
9º lugar - Roberto Freire (PCB) - 768.803 votos
10º lugar - Aureliano Chaves (PFL) - 600.730 votos
11º lugar - Ronaldo Caiado (PSD) - 488.872 votos
12º lugar - Affonso Camargo (PTB) - 379.262 votos
13º lugar - Enéas Carneiro (Prona) - 360.574 votos
14º lugar - José Alcides Marronzinho de Oliveira (PSP) - 238.379 votos
15º lugar - Paulo Gontijo (PP) - 198.708 votos
16º lugar - Zamir José Teixeira (PCN) - 187.160 votos
17º lugar - Lívia Maria (PN) - 179.896 votos
18º lugar - Eudes Mattar (PLP) - 162.336 votos
19º lugar - Fernando Gabeira (PV) - 125.785 votos
20º lugar - Celso Brant (PMN) - 109.894 votos
21º lugar - Antônio Pedreira (PPB) - 86.100 votos
22º lugar - Manuel Horta (PDC do B) - 83.280 votos

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

The fool on the pier



Esta bela foto (clique pra ampliar) foi feita pelo meu amigo Henio Bezerra na Fazenda Graúna, em Monte Alegre, a meia hora de Natal. Pedi e Henio me contou, passo a passo, como chegou ao resultado. A explicação é uma aula de fotografia e ciências.

Inauguro aqui a série Humanos, sobre pessoas admiráveis - do meu ponto de vista como ditador benevolente deste blog, claro. Assim, de vez em quando dou um refresco a vocês, que podem descansar das minhas divagações umbigais. :)
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Henio: - O que você acha que está vendo?

Eu: - O universo em movimento.

Henio: - Perfeito.

Para tirar uma foto destas a primeira condição sine qua non é utilizar um tripé, pois o obturador ficará aberto por algumas horas, e a câmera tem que ficar estática, absolutamente imóvel. Na realidade eu fiz uma adaptação para a fotografia digital dessa técnica para filme, que não é nova.

Certa vez eu vi em uma revista de fotografia uma foto semelhante: o céu à noite riscado e o chão iluminado. foram duas exposições do mesmo quadro em horas diferentes: na primeira exposição, durante o dia, o fotógrafo cobriu, olhando através do visor, a lente na parte do quadro que aparecia o céu com um cartão preto, de tal forma que aquela parte da película (o céu) não foi exposta à luz. Após o anoitecer, veio a segunda parte quando ele, sem deixar a película avançar para o próximo quadro, efetuou a segunda exposição sobre o mesmo pedaço de filme. Essa segunda exposição durou horas para poder registrar o movimento das estrelas no céu. E assim você tem a foto. Basicamente é esse o conceito.

No meu caso eu fiz uma adaptação dessa técnica, pois a fotografia digital não permite, diretamente na câmera, registrar uma foto sobre a outra:

(1) Primeiramente posicionei a câmera com tripé e utilizei uma bússola para verificar a direção exata do sul e posicionei essa direção em um dos terços do quadro, ficando o outro terço para o píer. O centro de todos os círculos do movimento das estrelas está na mesma direção do eixo sobre o qual a terra gira. Portanto, você pode escolher tanto a direção norte quanto a sul. Quanto mais próximo do equador você estiver, mais baixo esse círculo vai estar. Essa direção tem uma margem de erro de alguns graus (pode chegar até dezenas de graus, dependendo do local) pois nem sempre o norte magnético é igual ao norte geográfico, mas essa variação é desprezível para o nosso propósito. Tirei a primeira foto ao entardecer, quando a luz está mais suave, registrando o quadro completo, inclusive o céu;

(2) esperei anoitecer e iniciei uma seqüencia de fotos, cada uma com uma duração de 3,5 minutos que foi das 18h20 até às 0h20 - hora em que chegaram algumas nuvens e o céu ficou opaco, então decidi interromper. Além disso, a lua começou a nascer e isso acaba com tudo pois esse tipo de foto requer um céu sem lua para dar um bom contraste entre o céu e as estrelas. Com a fotografia digital, não dá para você efetuar uma exposição única de 6 horas, por duas razões: (a) o digital tem uma sensibilidade à luz muito maior que o filme, quando se trata de exposições longas, e um tempo muito longo vai “inundar” sua câmera com muita luz e depois de algum tempo sua foto vai ficar completamente branca; (b) quanto mais tempo você fica, mais “ruído” (noise) é introduzido na imagem. O ruído é toda informação que não faz parte do conteúdo principal e é criada pela imperfeição do circuito elétrico de um sistema. No caso da fotografia isso ocorre pelo aquecimento do sensor em longas exposições ou pelo uso de alto ISO. A seqüência de fotos foi efetuada com a ajuda de um disparador remoto, onde você pode definir quantas fotos quer tirar, e a duração de cada uma;

(3) Então, ao final da exposição, você fica com centenas de fotos de momentos diferentes do céu e com a parte do chão totalmente escura, pois não há luz alguma por perto exceto as luzes dos carros que passaram pela estrada. Então, utilizando o Photoshop, você superpõe todas essas imagens noturnas com uma opção chamada “lighten” onde ele vai pegar a parte mais iluminada de cada quadro e fundir aos outros quadros, permitindo a visualização contígua do movimento das estrelas no céu, resultando em uma única imagem, mas ainda sem a parte de baixo;

(4) por fim, com a primeira foto que tirada durante o dia e, ainda utilizando o Photoshop “cobri” o céu com preto, escurecendo digitalmente essa parte da fotografia; e

(5) finalmente fundi novamente as duas utilizando novamente a opção “lighten” do photoshop.

O resultado é esse que você viu. Quando explico isso algumas pessoas elas dizem: “Ah! Então é uma montagem o que você fez!”. Pessoalmente, eu não gosto de chamar de montagem. Montagem para mim é quando você forja uma imagem inexistente. Com fotografia digital o conceito de montagem pode parecer tênue. Há coisas que são aceitas e outras não.

Olhando assim para a foto eu me lembro de Galileu Galilei que não precisou dessa tecnologia para perceber que não é o universo que gira em torno da terra.

Um abração

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dia do Canhoto

Hoje é Dia do Canhoto, me deem os parabéns. Pra mim e pra 15% da humanidade.
~
A canhotice rende inúmeros posts, mas hoje não. Acordei com o pé esquerdo.
~
Tenho um irmão que é ambidestro. Bate com as duas.

A sombra da 'gripe A'

O que antes só víamos pela tevê agora chega mais perto de nós. Na escola dos meninos as aulas continuam normalmente, mas foi suspensa a ida de várias turmas a uma peça de teatro (coitado do festival Isnard Azevedo, tempos difíceis). O bebedouro foi interditado no turno da tarde - das crianças menores - e agora cada criança deve trazer sua garrafinha dágua de casa. Também instalaram um reservatório de álcool em gel na entrada, para que todos os que entrem no prédio lavem as mãos (aliás os fabricantes de álcool em gel devem estar exultantes, o produto tá sumindo das prateleiras dos mercados). Os estudantes estão recebendo orientações sobre a gripe e os hábitos básicos de prevenção. Acho as medidas equilibradas e corretas. Sem pânico, com disseminação ampla da informação e medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias.

Puxadinho voltou

O Puxadinho do Raulzinho tá de volta.

Escreverei o necessário e quando tiver precisão. ... Farei o possível. My best sem ser besta!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Orquesta Brasileira de Música Jamaicana

Pra quem curte som caribenho, vale conferir a OBMJ - Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Ouvi, gostei e baixei. Tou escutando agora O Guarani, de Carlos Gomes, em ritmo de ska. Em geral não sou muito chegado a versões, mas essas ficaram maneiras. E têm certa "função cultural": às vezes, através de uma versão a gente fica conhecendo a original.
[dica de @rockarei]

Muito obrigado, Marcelo

Recebi do Raulzito e publico na íntegra.

Uma lição tripartida de perseverança, honradez e cidadania! Muita gente nas planícies e Planaltos Centrais deveriam aprender com eles. Como é bom ler uma notícia desta e chorar por uma emoção boa. Leia quem tiver tempo para uma reflexão nestes tempos de Sarneys, Renans e United Collors of Senado.

Enviado por Mauro Ventura
no Blog Dizventura do O Globo

Agradecimento a Marcelo Fonseca

No começo de maio fiz uma coluna Dois Cafés e a Conta com Marcelo Fonseca, dentista das estrelas, que tem um trabalho social. Entre as várias cartas que recebi estava a de Neide Maria da Silva Suzano, moradora de Bangu.

Era um berro visual. Vinha em maiúsculas e fazia um pedido a mim: que entrasse em contato com Marcelo. Repassei para ele a mensagem. Leiam trechos abaixo:

"FUI CRIADA PELA MINHA MÃE QUE ERA DOENTE MENTAL, POR ESSE MOTIVO NÃO NOS ENSINOU A TERMOS HABITOS DE HIGIENE EM TODOS SENTIDOS. AOS 11 ANOS MEU PAI TENTOU ABUSAR DE MIM SENTI QUE ERA ERRADO, MAIS NÃO PODIA IR DE ENCONTRO AO QUE ELE QUISESSE POIS ELE NOS BATIA DE+ PRINCIPALMENTE NA MINHA MÃE, POR ISSO RESOLVI IR MORAR NA RUA E NÃO ME DEIXAR USAR POR ELE. VIVI POR 8 ANOS NO MEIO DE: TRAFICANTES, ASSALTANTES, ETC SEM ESCOVAR DENTES,TOMAR BANHO, COMER DIREITO, ETC. ACABEI SENDO ESTRUPADA POR UM DOS BANDIDOS E TENDO UMA FILHA AOS 14 ANOS, QUE MORREU AOS 28 DIAS DE NASCIDA. MESMO ESTANDO NO MEIO DELES NÃO ME PROSTITUI, NÃO USEI DROGAS E NEM ASSALTEI NINGUÉM, GRÇAS A DEUS. DA RUA SÓ TROUXE DE RUIM O VICIUO DO CIGARRO QUE AOS 43 ANOS DEIXEI.

CONSEGUI SER UMA MULHER HONESTA E DIGNA MAIS MESMO TRABALHANDO MUITO, NÃO CONSIGO PAGAR UM TRATAMENTO DENTARIO COMPLETO COM UM PROFISSIONAL DEBOM CORAÇÃO, PARA DEIXAR EU PAGAR COMO EU POSSO. HOJE OS MEDICOS DIZEM QUE PERDI MUITA MASSA OSSEA E PERDI 6 DENTES SEM UMA CARIE POR TER PROBLEMAS DE GENGIVAS, E AGORA OS DENTES QQUE SOBRARAM EM CIMA QUE SÃO16 DESCERAM E MACHUCA MUITO A PARTE DE BAIXO QUE AINDA TEM 10 DENTES.

TENHO IDO A DENTISTAS PARA TENTAR RESOLVER ESSE PROBBLEMA MAIS ELES NÃO TEM PAPO É PAGAR OU NÃO TEM ARGUMENTO. ME AJUDE POR FAVOR ESTOU DENTUÇA DE+, OS DENTES SEPARARAM D+, MORDO A MINHA BOCHECHA E MEUS LABIOS, ESCUTO ESTALOS NO MEU OUVIDO TODA HORA E SINTO DORES D+. HOJE TENHO 49 ANOS ACABEI O MEU ESTUDO O ANO PASSADO POIS MAL E PORCAMENTE SABIA LER E ESTOU TENTANDO FAZER UMA FACULDADE DE PEDAGOGIA PELO GOVERNO, FAREI O VESTIBULAR AGORA EM JULHO.

ESTOU APRENDENDO A USAR O COMPUTADOR COM MINHA NORA; JÁ TENHO ATÉ EMAIL VIU QUE CHIC QUE ESTOU? DEUS O ABENÇOE GRANDIOSAMENTE."

Não tive mais retorno do caso, até que há poucos dias recebi nova mensagem de Neide. Selecionei alguns trechos:

"HOJE EU TENHO QUE AGRADECER PRIMEIRO A DEUS E DEPOIS AO SR. QUE FOI MEU ANJO DA GUARDA EM MANDAR AO DR. MARCELO O MEU EMAIL. PELA PRIMEIRA VEZ EU TIVE UM PISTOLÃO POR MIM. O DR. MARCELO JÁ ME ATENDEU E JÁ COMEÇOU OS PRIMEIROS PASSOS PARA RESOLVER OS MEUS PROBLEMAS DENTAIS, FUI TRATADA COMO UMA MADAME TAMANHA DEDICAÇÃO DE SUA EQUIPE. FIQUEI TÃO FELIZ QUE CHOREI DE ALEGRIA AO VER PESSOAS QUE NUNCA ME VIRAM ME TRATAREM COM TANTO CARINHO."

O que posso dizer? Muito obrigado, Marcelo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Não há almoço grátis

Miguel surfando num almofadão sobre a poltrona:
- Olha que legal!
Bruno se interessou: - Também quero!
- Não pode não, é só pra assinantes.

(em seguida eles começaram um papo sobre a compra de uma assinatura imaginária, paga com dinheiro invisível).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hiroshima


Documentário da BBC sobre a bomba atômica jogada pelos americanos sobre Hiroshima, em dez partes.

Enquanto o twitter não volta

Twitter "baleiou" feio hoje. É a maior instabilidade no sistema em vários meses, lembra o Mashable (citado pelo Alexandre Gonçalves no Facebook, que tá sendo usado como sucedâneo). O Facebook tá com falhas esporádicas também. Não sou de teorias da conspiração, mas a primeira coisa que pensei foi num ataque organizado pra lembrar os 64 anos de Hiroshima. Enquanto isso, aí vão três prototuitadas.

Hoje 17h na Academia Catarinense de Letras, oficina de crônicas abre com Flávio José Cardozo.
~
Dia 20 a Regininha Carvalho fala sobre humor na crônica.
~
Já sou avô. Meu filho Bruno, de três anos, é pai do coelhinho Fufim e do cachorrinho Cleite.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Repórter Brasil resenha 'Espírito de Porco'

A ong Repórter Brasil, coordenada por Leonardo Sakamoto, publicou ontem uma boa resenha sobre o documentário que codirigi com o Chico Faganello.

"Espírito de Porco" disseca
suinocultura industrial catarinense


Documentário busca mostrar a "cadeia de responsabilidade" que molda o setor de criação de porcos, que envolve produtores, governos e consumidores, nem sempre conscientes do papel que desempenham neste processo

Por Maurício Reimberg
Apontada como responsável por diversos danos ambientais, a suinocultura industrial no Oeste de Santa Catarina reúne uma das maiores concentrações de porcos do mundo. Confinados em pequenos espaços, eles já somam 50 milhões - numa proporção de 10 suínos para cada humano. O controle da atividade econômica é restrito: sete em cada dez porcos da região pertencem a cinco grandes agroindústrias. Enquanto impulsionam seus lucros, as empresas assumem um discurso vagamente humanitário.

Essas contradições, bem como os impactos ambientais, sociais e econômicos desse modelo, são os temas analisados pelo documentário "Espírito de Porco" (Brasil, 2009), dos jornalistas Chico Faganello e Dauro Veras. Em tom didático e irônico, a obra busca mostrar a "cadeia de responsabilidade" que molda o setor, envolvendo produtores, governos e consumidores, nem sempre conscientes do papel que desempenham neste processo. Santa Catarina possui o maior rebanho do país, com cerca de 17,5% da produção nacional. Boa parte desses estabelecimentos desrespeita normas ambientais básicas. (...)
Mais

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Um filme marcante: Betty Blue

Duas sequências do belíssimo 37°2 le matin/Betty Blue (Jean-Jacques Beineix, 1986), uma adaptação do ótimo romance de Philippe Djian. Assisti no cinema do Centro Integrado de Cultura em 86 ou 87. No dia seguinte, ainda inebriado pelo seu efeito, fui ver de novo, acompanhado do Frank. Esse filme tem um lugar especial na minha história de encantamento com o cinema, que eu começava a descobrir de maneira mais sistemática no curso de jornalismo da UFSC.




domingo, 2 de agosto de 2009

Rua Major Codeceira


Rua Major Codeceira, originally uploaded by dveras.

Aos dois anos na nossa casa no bairro da Boa Vista, em Recife. Minhas primeiras lembranças são dessa época. Tem uma história engraçada envolvendo essa casa e o nome da rua. Na real, não lembro de ter acontecido, mas foi tão contada e recontada - sempre com muitas risadas - que passou a fazer parte da crônica familiar. Uma vez um ladrão entrou lá e tentou roubar um botijão de gás (!). Minha mãe o encontrou quando ele ia saindo com o trambolho nas costas. Ele disse algo como "o doutor mandou buscar", aí ela chamou: "Filho, vem cá". O homem esperava um garotinho, mas surgiu meu pai, na época com um físico bem atlético. Ele foi-se esquivando, papai o segurou pela camisa e ele deu um pulo pra trás, rasgando-a. Aí papai o segurou pelo cós das calças. Outro pulo pra trás, calças rasgadas, o ladrão ficou pelado. E deu um salto enorme de gato sobre o muro alto - esse que aparece na foto -, caindo na casa vizinha.

Nesse meio tempo alguém já tinha ligado pra polícia e deu o endereço da rua: "Major Codeceira, venham logo!". Os policiais entenderam que a casa de um major estava sendo roubada, e cercaram o quarteirão. Enquanto isso o ladrão, nuzinho, ia pulando cercas e muros de quintais arborizados com aquelas mangueiras e jaqueiras frondosas que enfeitam o Recife. Num varal, pegou um saiote e vestiu. Mas terminou sendo preso daquele jeito e virou motivo de chacota pra rua inteira. No fim das contas, meu pai disse que não queria prestar queixa e liberaram o elemento. O homem acabou esquecendo um par de chinelas havaianas no nosso quintal. Quando comparo essa historinha ingênua com as barbaridades que a gente vê na crônica policial de hoje, quanta diferença...

sábado, 1 de agosto de 2009

Barco no Rio Negro


Barco no Rio Negro, originally uploaded by dveras.

Eu aos seis anos, num barco de embarque e desembarque de navios am algum afluente de água escura do Amazonas. À esquerda, de bigode, meu pai.