sexta-feira, 19 de julho de 2002

Vimos Mulholland Drive, de David Lynch. É um filme notável, tipo "ame ou odeie, mas fale de mim". O espectador vive a sensação estranha de saber que é sonho e ao mesmo tempo mergulhar na história como se fosse real. Aliás isso é a essência do cinema, mas no caso de David Lynch, levada ao extremo. Quem aprecia roteiros lineares, plausíveis vai sair frustrado do cinema. Já quem gostou de Memento e Eyes Wide Shut vai curtir. Há diversas pontas soltas e uma salada cronológica. Personagens que são apresentados e depois somem, como um prelúdio de suas interpretações em uma eventual parte 2. O tom incoerente é um mérito, mas também o ponto fraco. Mulholland Drive se equilibra entre a atração onírica de uma história de mistério e o cansaço que a insistência nessa linha provoca em duas horas e meia. Não é propriamente o tipo de filme que deixa sensação prazerosa ao final. Confesso que me senti aliviado em "acordar" e tomar um chope no Matisse. Mas é cinema de primeira. Faz a gente voltar pra casa se perguntando: "Mas o que foi mesmo que rolou entre aquela loira e aquela morena?" P.S.: Nando e esposa tavam lá conferindo pela segunda vez.