terça-feira, 31 de outubro de 2006

Rede movida a sol

Bacana essa notícia da Agência Brasil: comunidades do Maranhão vão ter acesso à internet alimentada por energia solar. Sou fascinado pelas fontes alternativas de energia como solar, eólica, das ondas. Se eu fosse engenheiro ia me dedicar a isso. Em 1998 Laura e eu estivemos numa comunidade de seringueiros em Rondônia, perto da fronteira boliviana, a Reserva Extrativista do Rio Cautário. Foram dois dias extraordinários subindo o rio numa lancha "voadeira", no meio da mata fechada, num lugar tão remoto que fazia divisa com terras de índios ainda não-contactados.

Uma das casas onde pousamos era a única em toda a reserva onde havia luz elétrica. Lá funcionava um rádio amador movido a energia solar, que também alimentava uma lâmpada de 25 watts. Graças à doação de uma ong norueguesa, eles tinham esse meio de comunicação com outras comunidades de toda a Amazônia. São soluções simples, relativamente baratas e que fazem a diferença na vida das pessoas.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

A ressaca da eleição

Em 2002 fui comemorar a eleição de Lula na Beira-Mar Norte, onde encontrei um monte de conhecidos no meio da multidão que sorria de alma lavada e agitava bandeiras. Ontem fiquei em casa, abri uma garrafa de vinho e me joguei no sofá diante da tevê. Minha celebração comedida se deve em parte à situação pessoal de agora ter dois filhos pequenos. Também ao peso que mais quatro anos no espinhaço adicionam à preguiça de sair de casa. Mas também tudo a ver com o aumento do meu ceticismo quanto a esse modelo de democracia representativa (parece até que tou ouvindo o chavão: "É um sistema ruim, mas ainda não inventaram outro melhor") que leva, entre outras coisas, à necessidade de alianças no mínimo incoerentes.

De qualquer forma, ainda acredito que Lula lá é o melhor pro país. E que a promessa de entrarmos no tão falado ciclo virtuoso de crescimento pode mesmo se concretizar. O resultado retumbante das urnas afasta do horizonte, ao que parece, o risco de golpismo. O maior inimigo do governo é ele próprio. Fiquei de pé atrás quando vi a entrevista de Lula em que ele comenta quais erros devem ser evitados no futuro. Não disse nada sobre a arrogância petista que levou aos conhecidos escândalos. Vamos aguardar pra ver no que vai dar isso. Com esperança em doses moderadas.

Os quatro cantos do sol

O jornalista Celso Martins, com quem tive a honra de trabalhar no jornal A Notícia no fim dos 80, lança dia 7 de novembro o livro Os quatro cantos do Sol - Operação Barriga-Verde. O lançamento é a partir das 19 horas no bar Canto Madalena (Rua Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena, SP). Oitavo livro dele, é uma grande reportagem em 392 páginas sobre a prisão, no dia 5 de novembro de 1975 pela ditadura militar, de 42 pessoas acusadas de pertencer ao PCB em Santa Catarina.

sábado, 28 de outubro de 2006

Da vez

O tempo não pára.

Cazuza

A poluição interior

Ótima reportagem de David Ewing Duncan para a National Geographic. Tá em português na edição brasileira da revista. O jornalista fez uma série de exames caríssimos - 15 mil dólares - pra descobrir que substâncias químicas artificiais estavam em seu corpo. O resultado é no mínimo preocupante. O simples ato de voar de avião já nos contamina com produtos que retardam a combustão. E outros atos cotidianos como fritar um ovo em frigideira não-aderente ou lavar a cabeça com xampu.

[dica da Giorgia, que pegou da Denise]

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Ficção científica com apenas seis palavras

A revista Wired lançou um desafio a vários escritores de ficção científica, fantasia e terror. Escrever microcontos de até seis palavras, a exemplo de um clássico de Ernest Hemingway que, diz-se, ele considerou sua melhor obra ("For sale: baby shoes, never worn"). Selecionei dez. Meu favorito é o último.

TIME MACHINE REACHES FUTURE!!! … nobody there …
- Harry Harrison

Epitaph: Foolish humans, never escaped Earth.
- Vernor Vinge

I’m your future, child. Don’t cry.
- Stephen Baxter

Computer, did we bring batteries? Computer?
- Eileen Gunn

His penis snapped off; he’s pregnant!
- Rudy Rucker

Heaven falls. Details at eleven.
- Robert Jordan

Osama’s time machine: President Gore concerned.
- Charles Stross

Rained, rained, rained, and never stopped.
- Howard Waldrop

Death postponed. Metastasized cells got organized.
- David Brin

Vacuum collision. Orbits diverge. Farewell, love.
- David Brin

Tempos heróicos

Meu amigo Jakzam Kaiser, jornalista e sócio da editora Letras Brasileiras, lança no dia 31 na Feira do Livro de Porto Alegre seu romance Tempos Heróicos, ficção com grandes pitadas autobiográficas sobre o cotidiano de um jovem da geração política, sexo, drogas & roquenrrol. Tou curioso pra ler. Ele vem cozinhando esse texto há anos.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Herzog

A entrega do prêmio é hoje em SP. Marques, autor da reportagem, vai receber a menção honrosa em nome da nossa equipe.

Eleições e indígenas

"Como filho das Primeiras Nações do Brasil, sabemos que nosso potencial não está na quantidade de votos que outros setores sociais são possuidores como os irmãos afros, as mulheres ou os jovens entre outros, que de alguma forma conseguiram manter sua representação no Congresso Nacional e no Governo Federal.

As questões indígenas passaram sem qualquer menção da parte dos dois candidatos. Nada se falou nem por uma questão de elegância, qual seria o status de relacionamento no futuro Governo. Talvez nossas terras não sejam prioridades para a Soberania Nacional, ou as águas potáveis, a biodiversidade, os recursos minerais, e principalmente, a sustentabilidade sócio-econômica de nossas aldeias e comunidades. "

Marcos Terena
Presidente do Comitê Intertribal - ITC
[via Tatiana Cardeal]

Marketing de guerrilha



"Um em cada dez vítimas de acidentes de trânsito é pedestre." Campanha de segurança nas estradas holandesas, por Ogilvy Netherlands. Vi aqui.

Testemunha ocular

O Witness é um projeto interessante lançado em parceria com o Global Voices. Seu objetivo é usar o poder do vídeo pra denunciar abusos contra os direitos humanos; dar condições pra que organizações de diversos países possam melhor documentar e divulgar as violações. Nestes tempos de crescente difusão de vídeos artesanais pela internet, é uma iniciativa relevante e bem-vinda.

Dica quente de passeio em Floripa

O barco Ondança faz passeios pela Lagoa da Conceição e mar dos arredores. É conduzido pelo simpático casal Dieter e Annemaria - ele suíço, ela holandesa. Lotação pra 14 pessoas com conforto, charters de dia e de noite, banheiro e bar a bordo, escada pra mergulho, equipamentos de segurança ok, atendimento em português, espanhol, inglês, holandês e alemão. Fiz esse passeio no verão passado e adorei.

(48) 3232 1965 / 8803 3772
ondanca@gmail.com

Second life

Quer uma segunda chance na vida? Second Life é um mundo digital online imaginado e criado pelos seus próprios residentes.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Miguelices: pai entrevista filho

Fiz esta entrevista em setembro de 2005, quando Miguel tinha 2 anos e 10 meses de idade. A pedido dos amigos, republico.

- Miguel, o que é o vento?
- É aquilo que derruba as folhas. Eu acho que ele não tem mão.
- E o passarinho?
- É aquilo que voa e pousa, voa e pousa...
- E o boi?
- É aquilo que come capim, igual ao cavalo.
- O que é flor?
- É aquilo que abre e fecha.
- E nuvem?
- É o que escurece e chove.
- E chuva?
- É o que faz barulho no vidro do carro.
- E livro?
- É aquilo que lê e fecha.
- O que é futebol, filho?
- É assim, ó [mostra]: chuta e cai! Não pode deixar o Ronaldinho chutar. Depois leva o goleiro no médico.
- O que é notícia?
- Notícia é um fogo que pega no avião.
- E avião?
- É aquilo que faz uma corrida no céu.
- O que é mar?
- É aquela coisa salgada que não dá pra comer. É aquilo que leva as crianças embora.
- E herói?
- É aquilo que corre assim, ó [mostra], pra matar os "anemigos".
- O que é neném?
- É aquilo que chora bastante e faz xixi na calça.
- Por que o neném tá dentro da barriga?
- Porque o neném nada.
- E skate?
- É muito radical.
- O que é radical?
- É o skate que sobe pelo vidro e corta o olho do gato amarelo.
- O que é música?
- É aquilo que toca no berimbau. Na capoeira.
- O que é o dia?
- É de sol.
- Onde fica o Japão?
- Fica lá longe.
- Onde é longe?
- Onde tem o Japão.
- O que é um animal feroz?
- Aquilo que faz assim, ó: uéééé!!!!
- O que é choro?
- Quando a mamãe vai trabalhar.
- Pra que serve o travesseiro?
- Pra deitar e sonhar com a girafa.


Caminhada

"... o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
Guimarães Rosa [citado por Tutaméia]

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

outdoor glitch

if you are lucky to be near when something breaks, you are rewarded with a complete x-ray of the system in question, a valuable information you can use to infer the system at any time.

Betatester

De dores e tempo

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções".
[li aqui e veio daqui]

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Uma educadora brasileira em Timor-Leste



Em março de 2005, depois de ser selecionada pelo Ministério da Educação entre mais de 13 mil candidatos, a professora Maria Inês Amarante embarcou pro Timor-Leste pra atuar em um projeto de cooperação internacional. Fiz uma longa entrevista com ela sobre sua experiência: o contato com a população local e com os dirigentes do país, os momentos de insegurança com a crise política, suas impressões sobre a discriminação de mulheres, a fragilidade das instituições, a violação de direitos... Maria Inês também conta da pesquisa que está iniciando sobre os meios de comunicação timorenses - principalmente o rádio -, as mulheres e a oralidade. A entrevista tá aqui, em copyleft. Fique à vontade pra reproduzir no todo ou em parte - basta citar o autor e dar link pra fonte.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Um dia daqueles

8h: pesquisa de campo pra um frila.
9h30: carro quebrado no Morro das Pedras.
9h40: mecânico - "É o motor de arranque".
9h45: pitangas docinhas na beira da estrada.
10-11h: três ônibus até o centro.
11h-13h30: café-trabalho-café-trabalho.
14h: restaurante Vida. Encontro um cara que não via há 10 anos.
15h: mecânico no fone: "Vai sair por R$ 160. Pronto só amanhã".
14h30-17h40: café-trabalho-café-trabalho.

Previsão:

17h40-18h15: três ônibus pra casa.
19h20: pediatra com Bruno.
Altas horas: dormir.
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E ainda encontro tempo pra blogar...

Warning signs


Muito legais esses signos. Dica do Nicholas, que encontrou no Flickr.

Pensamento aleatório do dia

Sou um vegetariano em potencial.

[almoçando um rango delicioso no Restaurante Vida]

Definição de blogueiro

Blogger. n. Someone with nothing to say writing for someone with nothing to do.
[Laura pescou aqui]

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Zero de outubro

A edição de outubro do Zero, jornal-laboratório do curso de jornalismo da UFSC, traz só entrevistas com jornalistas, realizadas por ocasião da V Semana de Jornalismo da UFSC. Clóvis Rossi, Maurício Dias, Juvan de Souza Neto, Renan Antunes, Marcelo Canellas, Juca Kfouri, Juca Varella e, na contracapa, uma anti-entrevista com Ricardo Kotscho, à la Gay Talese com Sinatra ("blue eyes" se recusou a falar com o jornalista americano e este fez um perfil clássico do cantor). O polêmico Renan Antunes de Oliveira, que em 2004 havia desistido do jornalismo e trabalhava como porteiro de hotel quando soube que ganhou o Prêmio Esso de Reportagem, deu a palestra encapuzado com um pano de chão, em protesto contra os profisisonais "mascarados" e em especial, Kfouri.
~
O saite do Zero tá desatualizado. A edição impressa pode ser encontrada nas bancas de jornais da UFSC e arredores ou pedidas pelo correio pra Curso de Jornalismo (UFSC-CCE-JOR), Trindade, CEP 88040-900 - Florianópolis - SC.
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Com 24 anos de existência, o Zero acumula quase uma dezena de premiações que reconhecem seu valor como espaço de formação de jornalistas independentes, ousados e críticos. Tive a honra de publicar algumas matérias nele quando era estudante. Os festivos e trabalhosos dias de fechamento da edição, em que às vezes virávamos a noite preparando as reportagens e fotos, foram aulas práticas que estão gravadas pra sempre na minha memória afetiva. Muitos méritos do jornal se devem à dedicação apaixonada do professor Ricardo Barreto, que coordenou o projeto por 15 anos e agora passa o bastão adiante.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Blog Latino

Meu amigo e ex-colega de curso Geraldo Hoffmann, junto com outros dois jornalistas, começou uma série de reportagens especiais sobre a América Latina pra a agência de notícias alemã Deutsche Welle. Ele está encarregado do Brasil. Os bastidores da viagem dos três podem ser acompanhados no Blog Latino. Geraldo é catarinense de Antônio Carlos e vive há 14 anos na Alemanha. É um dos jornalistas mais brilhantes que conheço. Pelo blog, vi que desembarcou domingo à noite no Rio e que ontem tomou água de coco. No pouco tempo que tem disponível, ele gostaria de responder algumas perguntas, como:

O Brasil é visto de fora como uma enorme reserva de matérias-primas. Afinal, o que o país tem a oferecer ao mundo? E o que faz para explorar suas riquezas sem se autodestruir?

Qual é o poder real da Petrobrás na América Latina? Ela deve ser privatizada? Qual é o segredo da auto-suficiência energética brasileira?

Brasil rico, Brasil pobre: Bolsa família ou "ajuda" do PCC? Qual das duas faz a corrida?

País gigante, pequeno demais: Por que ainda há índios e trabalhadores rurais que precisam matar ou morrer pelo direito à terra?

Repórter Brasil, menção honrosa no Herzog

O documentário "Correntes", produzido e dirigido por Caio Cavechini, Ivan Paganotti e Evelyn Kuriki, recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, categoria Documentário. Correntes é uma realização da ong Repórter Brasil e foi exibido na TV Brasil, do sistema Radiobrás, e na TV Sesc. O ganhador principal da categoria foi "Falcão - Meninos do Tráfico", de Frederico Neves, exibido pelo Fantástico. A outra menção honrosa foi para Vera Carpes, com o vídeo "Scuderie Le Cocq I e II", transmitido pela TV Justiça e TV Cultura.
~
Leonardo Sakamoto, jornalista e pesquisador que coordena a Repórter Brasil, tem sido um grande parceiro do Observatório Social na cobertura do tema trabalho escravo. Sua ong faz um trabalho de inestimável valor pro país. Grande abraço!

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Reportagem premiada com Herzog

A reportagem A Idade da Pedra, que o Observatório Social publicou em fevereiro, vai receber Menção Honrosa do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos – categoria revista. De autoria de Marques Casara, com fotos de Sérgio Vignes e edição deste que vos tecla, a reportagem saiu na edição 9 da revista do Observatório Social. É sobre trabalho infantil de crianças na cadeia produtiva de multinacionais.

Em agosto a revista foi apreendida por liminar de uma juíza de Minas Gerais. Ela acatou versão de uma promotora de que a reportagem e as fotos teriam sido "forjadas" e mandou apreender os exemplares que ainda não tinham sido distribuídos. O Observatório recorreu da decisão, que consideramos um ato de censura.

O Herzog é a principal premiação do jornalismo brasileiro na área de direitos humanos. Foi criado três anos depois do assassinato do jornalista Vladimir Herzog por agentes da ditadura, em 1975. A entrega do prêmio vai ser dia 25 de outubro no Parlamento Latinoamericano, em São Paulo. Tem mais aqui.

Aracruz versus índios




Plantio da Aracruz em cabeceira na Bacia Hidrográfica do São Domingos. Foto de Simone Batista Ferreira.


O bicho tá pegando no Espírito Santo. A Aracruz Celulose - aquela da propaganda bonitinha e ufanista na tevê, com famosos chutando uma bola ao som de Gilberto Gil - está usando outdoors numa campanha agressiva para voltar a população contra comunidades indígenas. Um parecer da Funai divulgado em agosto reafirma que 11 mil hectares ocupados pela empresa pertencem aos índios Guarani e Tupiniquim. Esta entrevista com a geógrafa Simone Batista Ferreira é bastante ilustrativa sobre os danos ambientais e humanos provocados pela empresa. Simone é autora da dissertação Da fartura à escassez: a agroindústria de celulose e o fim dos territórios comunais no Extremo Norte do Espírito Santo (2002).

[Com informações do Centro de Mídia Independente]
~
Em 1997, eu visitava amigos em Oslo quando recebi de dois índios Tupiniquim um dossiê (ops!) sobre os desmandos dessa empresa. Eles estavam fazendo uma turnê de denúncias por vários países europeus e incluíram a Noruega no roteiro porque havia dinheiro norueguês investido no negócio. Tentei passar a pauta pra dois jornais de circulação nacional - Estadão e Correio Braziliense - mas não demonstraram o menor interesse.

Calvin e Haroldo no Brasil



A boa notícia do dia: as clássicas e engraçadíssimas tirinhas de Calvin e Haroldo vão voltar a ser publicadas no Brasil a partir do ano que vem pela Conrad. Literatura indispensável pra quem é pai ou mãe de meninos e quer compreender melhor o universo imaginário deles. Ao todo são 15 volumes, mas não há mais material inédito: o autor, Bill Watterson, encerrou a produção das histórias há dez anos. O Blog dos Quadrinhos, onde o Frank leu essa notícia e me contou, indica um outro blog ótimo pra quem é fã desse menino espirituoso e de seu amigo tigre: Depósito do Calvin.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Comércio, gênero e desigualdade

Uma pesquisa realizada pelo Observatório Social avalia os impactos da abertura adotada pelo Brasil nos anos noventa e os riscos das negociações da OMC - Organização Mundial do Comércio sobre o trabalho das mulheres. Os setores automobilístico, eletroeletrônico, têxtil, calçadista e de vestuário são os mais potencialmente afetados. A pesquisa Negociações de NAMA [acesso ao mercado de bens não-agrícolas] da OMC [Organização Mundial do Comércio], Emprego Industrial e os Impactos sobre as Desigualdades de Gênero: o Caso Brasileiro, pode ser acessada na íntegra aqui.

Ferramentas para auxílio a escritores

Esta página da UFMG traz uma compilação de links úteis pra quem rala com as palavras - gramáticas, expressões latinas, guias pra teses e dissertações, conjugação de verbos...

Mundo bizarro

Não é fácil a ficção concorrer com a realidade. Deu ontem em The Australian:

A WOMAN has suffered severe burning to her anus after being struck by lightning which hit her in the mouth and passed right through her body. (...)

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Historinha zen

O mestre chegou no salão onde seus discípulos o aguardavam e disse:
- Eu vim trazer a boa nova. Alguém sabe o que é?
Ninguém se manifestou.
- Se ninguém sabe, então eu vou embora - e saiu.
No dia seguinte voltou.
- Eu vim trazer a boa nova. Alguém sabe o que é?
Todos levantaram a mão. - Sim, sim!
- Se todo mundo sabe, então não precisam de mim - e saiu.
No terceiro dia voltou:
- Eu vim trazer a boa nova. Alguém sabe o que é?
Metade da platéia disse que sim e metade ficou quieta.
- Então quem sabe conta pra quem não sabe.
E foi embora.

Drops de primavera

Lindo dia de sol ardido pra tirar o mofo de inverno.
~
O gambá em cima do muro não tem medo de lanterna.
~
Mais um passarinho salvo da boca do Branquito.
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Tutu seguiu Miguel até a escola. E virou a noite na farra.
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Dois achados no mato do quintal: tomateiro e pitangueira.

De debate e voto

A primeira luta de boxe - ops, debate - do segundo turno tirou essa eleição do marasmo. Alckmin entrou batendo pesado e Lula respondeu no mesmo tom. Enquanto eu abria umas latinhas de cerveja, sucediam-se acusações mútuas de mentira, tolerância com corrupção, ineficiência administrativa... Pouca coisa sobre planos de governo. Lula até que tentou levar pra esse lado, mas o adversário não topou: insistiu na história do dinheiro do dossiê, falta de crescimento do Brasil, avião da Presidência. Lula rebateu com críticas à venda das estatais, ao pífio resultado social dos oito anos de governo do PSDB, aos casos de roubalheira no governo FHC. E apresentou dados sobre as realizações de seu governo, como o combate à miséria, o investimento em educação e o aumento no número de empregos.

Achei frustrante por um lado, pois se falou muito do passado e eu esperava mais debate sobre o que fazer daqui pra frente. Por outro é muito saudável que o povo possa conhecer melhor o que pensam os dois candidatos e refletir sobre que futuro se pode dar pro país. Às vezes a gente até se esquece que, até 1985, votar pra presidente era só um sonho. Taí a liberdade, taí um presidente que foi eleito com apoio dos movimentos sociais, concorrendo com um adversário conservador.

Como você já deve ter notado, este blog apóia Lula pra presidente - mas não fico enchendo o saco tentando convencer ninguém disso; decida como quiser e não venha me alugar pra mudar de idéia. É um voto crítico, diante de tanto desatino cometido por bagrinhos e barões do PT; diante do sistema de reeleição, do qual a princípio discordo; de muitas coisas erradas que este governo cometeu e outras tantas que deixou de fazer a contento. Mas é o voto numa idéia. Acredito que é preciso insistir mais nesse caminho, avançar na conquista histórica que os trabalhadores e movimentos sociais tiveram em 2002 - e evitar o retrocesso que seria a volta ao poder dos que só atrasaram a vida do povo. Meu voto é de cobranças e, sim, esperanças.

piauí

Esse é o novo nome da revista que está sendo lançada por João Moreira Salles com apoio da Editora Abril, informa No Mínimo. Capa de Angeli, conto de Rubem Fonseca, texto de Ivan Lessa sobre voltar ao Rio após 30 anos e reportagem sobre as "senzalas eletrônicas" do telemarketing são algumas das atrações do número 1, que circula nas bancas com 50 mil exemplares a partir de hoje.

Flog

Tou testando o 8P, novo flog que a globo.com acaba de lançar em versão beta. O Nando, que tá trabalhando no projeto, me enviou um convite. Até agora tou gostando do que vi. Tem recursos interessantes de personalização, dá pra compartilhar fotos, participar de grupos e fazer upload de até mil fotos nos primeiros seis meses.

sábado, 7 de outubro de 2006

Da série 'palavras, palavras'

Seis expressões que me doem no pé do ouvido...

  • "amigo pessoal". Existe amigo impessoal?
  • "otimizar". Carece de aperfeiçoar.
  • "customizar". Personalizar é tão melhor.
  • "a nível de". Que nível!
  • "performance". Sinônimo fraco pra desempenho.
  • "vou estar registrando" e outros gerundismos. Insalubridade do telemarketing.
...e seis que acho bem simpáticas:
  • "amigado". Jorge Amado e Zélia usavam muito.
  • "um cheiro". Carinhoso cumprimento nordestino.
  • "painho e mãinha". Papai e mamãe no Nordeste.
  • "bichim". Tratamento informal no Nordeste.
  • "mo querido". Cumprimento manezinho da Ilha.



Frank anda afiadíssimo.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Ciência ao alcance de todos

Saiu a lista dos vencedores do Prêmio Ig Nobel:

Paz: Dispositivo que repele adolescentes, de Howard Stapleton.

Matemática: Quantas fotos precisam ser tiradas para quase garantir que ninguém em uma foto coletiva aparecerá com os olhos fechados, de Nic Svenson e Piers Barnes.

Ornitologia: Por que pica-paus não ficam com dor de cabeça, por Ivan Schwab e Philip R.A. May.

Nutrição: Por que insetos de excrementos são seletivos na alimentação, de Wasmia al-Houty e Faten al-Mussalam.

Acústica: Por que o som de unhas aranhando quadros negros é tão irritante, de D. Lynn Halpern, Randolph Blake e James Hillenbrand.

Medicina: A Eliminação de Soluços Intratáveis com Massagem Retal Digital, de Francis Fesmire, Majed Odeh, Harry Bassan e Arie Oliven.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Free hugs campaign

Este vídeo já foi visto por quase dois milhões de pessoas no youtube. É sobre a campanha do abraço. Muito legal!

Greve de notícia

Jornalistas italianos iniciam segunda paralisação em 48 horas, informa o Estadão via EFE. Enquanto isso, no Brasil...

Serviço de xarjincasa: sapatinhos

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Rolando no DVD: Ask the Dust



Vi ontem a versão cinematográfica do clássico Pergunte ao Pó, de John Fante. O diretor, Robert Towne, sonhava em adaptar esse romance pras telas desde a década de setenta, mas só conseguiu dinheiro este ano. A relação tempestuosa entre o aspirante a escritor Arturo Bandini e a garçonete mexicana Camilla Lopez, nos Estados Unidos dos anos trinta, é uma das histórias de amor mais bem escritas que já li. E tem um título lindo tanto em inglês quanto em português. Devorei esse livro três vezes - na tradução afiada de Paulo Leminski - e ele me abriu as portas pra outras pequenas jóias de Fante, todas com o protagonista Bandini: Sonhos de Bunker Hill, Rumo a Los Angeles, 1933 foi um ano ruim...

Gostei. É injusto cair na tentação de comparar o filme com um livro pelo qual sou fascinado. Mas vá lá, vamos à injustiça. Acho que Colin Farrell e Salma Hayek foram muito talentosos ao dar vida a personagens tão complexos - ao mesmo tempo engraçados, sonhadores, revoltados e ingênuos. A reconstituição de época tá bem feita e o clima de atração-repulsão entre Arturo e Camilla é bastante fiel ao original. Senti falta de mais equilíbrio entre drama e humor - esse último foi um pouco sacrificado -, mas isso não compromete. É uma bela história, tão rica quanto despretensiosa. Se fizer o espectador buscar nas livrarias os textos de John Fante, é também uma grande homenagem. 95/100

Foto reproduzida de adorocinema.cidadeinternet.com.br

Locht

Fábio Mutley Bianchini comenta o esquema de Lost, a série de TV americana que vai entrar na terceira temporada - agora com Rodrigo Santoro.

Os caras estão numa ilha pra onde mais cedo ou mais tarde todo mundo vai. Aí descobrem que todos se conhecem de algum lugar e todo mundo quer ir embora, mas não consegue. Não tem nada pra fazer, não pode sair à noite e, apesar da ilha ser pequena, é um perrengue fudido pra chegar de um lado a outro. Todos têm medo "dos outros", mas na real são eles que fazem merda entre si e acabam se matando. E tem um careca que quer mandar em geral.

Onde vocês acham que pode ser isso?

Lendo: Agosto

Lembro que, quando este romance de Rubem Fonseca foi publicado, parte da crítica o recebeu com pé atrás, comparando-o de maneira desfavorável com o restante da obra do escritor - que considero um dos melhores contistas brasileiros. Aproveitei que saiu em edição de bolso pra conferir. Minha conclusão até agora é que talvez os críticos tenham uma ponta de razão. Não chega perto da qualidade técnica de Lúcia McCartney, O Cobrador, Feliz Ano Novo e A Grande Arte. Por outro lado Rubem Fonseca, mesmo quando é ruim, é bom. Duas coisas que me agradaram foi a reconstituição do clima político do final da era Vargas e do cotidiano dos policiais brasileiros, que o escritor conhece muito bem.

Efemérides

Hoje, Dia de São Francisco, é também o Dia Internacional dos Animais. Parabéns pra nós todos ;)

A vida é por um triz

Mais uma história de sobrevivente de fatalidades na aviação - time do qual eu também faço parte, como contei aí embaixo. Quem conta essa é o Rafael Carvalho:

Um colega jornalista da Abril tem um irmão que mora em Manaus. Ia pro Rio de Janeiro no dia da queda do vôo da Gol. Os dois conversavam por telefone, ao meio-dia, enquanto o de Manaus comprava a passagem pela Internet.
...
Ao ver a notícia do acidente na TV, a mãe liga, de Porto Alegre, pro filho que mora em São Paulo, imaginem como. Ele diz que a última vez que teve contato com o irmão foi enquanto ele comprava passagem praquele vôo, pela Internet. O irmão que mora em São Paulo liga pro de Manaus, imaginem como.
...
O cara atende o celular, gritando:
"Brother, cheguei no aeroporto e vi que tinha esquecido meu título de eleitor. Fui em casa pegar e quando voltei, não me deixaram entrar no avião, não dava mais tempo. Eu insisti pra caramba e a atendente telefonou pro comandante, que disse que, infelizmente, o procedimento pra decolagem já tinha começado, não dava mais pra embarcar."

Se o cara soubesse que dá pra votar com carteira de identidade ou de motorista...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Eleições: as figurinhas carimbadas

Sabedoria popular das urnas? Quanto a levar a corrida presidencial pro segundo turno, estou certo que sim. É o povo pedindo debate, nem que seja só pra ter combustível pros papos de mesa de bar. Mas peraí: Maluf, Clodovil, Palocci, Collor, mensaleiros, sanguessugas... Sabedoria de linhas tortas. Por outro lado, como bem lembra um amigo observador privilegiado dos bastidores do Planalto Central, alguma mudança houve:

Mais de 60 sanguessugas levaram tinta. Metade dos mensaleiros também. A Angela da pizza dançou, dessa vez nas urnas. O ACM tomou pau. O Siqueira Campos (TO) se fudeu, junto com o filho. O Mão Santa caiu. Rosenana Sarney não levou no primeiro turno. Seu pai quase perde a eleição no Amapá. O bandido e assassino do Lira perdeu o governo de Alagoas (mas aí elegeram o Collor pro senado), no Amazonas varreram de vez o Amazonino Mendes e o Gilberto Mestrinho. Não dá pra fazer tudo de uma vez. É como criança que aprende a andar, um passo devagarinho de cada vez e alguns tombos.

Eleição e criança

Tasso conta essa na Salinha do C.A.:

Estava eu parado na porta da sala de aula, aguardando minha vez de votar, quando saem de dentro uma mulher arrastando sua filha que esperneava e gritava: "EU QUERIA VOTAR NO LULA!! EU QUERIA VOTAR NO LULA!!!" A mãe, sem olhar pro lado e ainda puxando a menina pelo corredor, diz: "VOCÊ DEVIA TER VINDO COM A SUA VÓ!!"
Comentário de Upiara:
nunca conheci criança que gostasse de chuchu, hehe

Do Tutty Vasques nO Mínimo

Que aliança é essa?

O PMDB está apreensivo. Um dia depois de lançada pelo governo federal, a Campanha Nacional de Doação de Orgãos ainda não havia contemplado o partido.

Primeiro grafito

Ser pai é um mar de emoções. Dia desses cheguei em casa e vi um risquinho na parede da frente. Fui ver de perto. Era um M de Miguel. Ontem cheguei e tinha vários post-it com M pregados nas portas dos quartos. Nosso menino tá pegando gosto pelas letrinhas.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Aviões e eu

O site planecrashinfo.com tem um banco de dados com informações de acidentes aéreos desde 1920. Em março de 1970, eu e minha família tínhamos passagens reservadas pra este vôo entre Fortaleza e Manaus. Cancelamos e fomos de navio. Dos 40 passageiros e tripulantes, morreram 38. Desde esse dia eu sempre durmo tranquilo em aviões. ;)