Em 2002 fui comemorar a eleição de Lula na Beira-Mar Norte, onde encontrei um monte de conhecidos no meio da multidão que sorria de alma lavada e agitava bandeiras. Ontem fiquei em casa, abri uma garrafa de vinho e me joguei no sofá diante da tevê. Minha celebração comedida se deve em parte à situação pessoal de agora ter dois filhos pequenos. Também ao peso que mais quatro anos no espinhaço adicionam à preguiça de sair de casa. Mas também tudo a ver com o aumento do meu ceticismo quanto a esse modelo de democracia representativa (parece até que tou ouvindo o chavão: "É um sistema ruim, mas ainda não inventaram outro melhor") que leva, entre outras coisas, à necessidade de alianças no mínimo incoerentes.
De qualquer forma, ainda acredito que Lula lá é o melhor pro país. E que a promessa de entrarmos no tão falado ciclo virtuoso de crescimento pode mesmo se concretizar. O resultado retumbante das urnas afasta do horizonte, ao que parece, o risco de golpismo. O maior inimigo do governo é ele próprio. Fiquei de pé atrás quando vi a entrevista de Lula em que ele comenta quais erros devem ser evitados no futuro. Não disse nada sobre a arrogância petista que levou aos conhecidos escândalos. Vamos aguardar pra ver no que vai dar isso. Com esperança em doses moderadas.
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
A ressaca da eleição
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