sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Dia de despedida

Hoje, sexta de carnaval, foi um dia marcante pra nossa família e em especial pro Miguel. Depois de mais de três anos de convivência diária, a Lu deixa de ser nossa assessora (não é eufemismo; é que dizer "empregada" é muito pouco) e parte pra outros desafios. Nesse tempo, Miguel e ela criaram um vínculo fortíssimo, daqueles que vão permanecer pra sempre. Vou descrevê-la em poucas palavras: é uma moça generosa, inteligente e sensível, em quem depositamos confiança total. A ajuda dela foi inestimável pra que conseguíssemos conciliar o papel de pais com o de trabalhadores. Foi um dia triste pela separação, mas por outro lado estamos muito felizes que ela esteja mais perto de conquistar seus sonhos. Está mudando pra um emprego melhor, onde vai ter mais tempo de se preparar pro vestibular em pedagogia. Nosso pequeno derrama-se em declarações de amor pra ela. Acrescento um MUITO OBRIGADO! de todo o coração. Que bom que moramos mais ou menos perto. A gente se vê.
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UPDATE quarta 1º/3

Hoje Lu passou lá em casa pra acertamos os detalhes do fim do vínculo de emprego. Na despedida, Miguel disse:

- Tchau, Lu. A gente se vê amanhã.

Ela saiu chorando. E nós ficamos.

Nomes de cidades

Cinco nomes sonoros de lugares onde nunca estive - e as associações de idéias que me trazem:

- Reikjavik (Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra)
- Katmandu (incenso)
- Caiçara do Rio dos Ventos (brisa)
- Massachusetts (MIT)
- Manacapuru (muito peixe)

Mais um caso isolado

Reitor da UFSC, Lúcio Botelho, enviou carta ao secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão, Ronaldo Benedet, protestando contra a violência com que a polícia tratou o professor Nilson Lage. Nobre gesto, mas, no afã de ser gentil, no último parágrafo pisou na jaca:

"Queremos crer que se tratou de um caso isolado..."

A realidade que contrasta com essas palavras protocolares é feita de sangue e dor dos anônimos.



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Mais uma agressão covarde da polícia

O jornalista Nilson Lage, 69 anos, professor da Universidade Federal de Santa Catarina e uma das sumidades da profissão, foi espancado pela polícia militar em mais um episódio de brutalidade dos que deviam proteger os cidadãos. Ele toma remédio controlado e passou mal ao dirigir. Encostou o carro e perdeu os sentidos. Ao acordar, em vez de ser socorrido, foi algemado, agredido e levado preso. Se o governador não enquadrar seus comandados rapidinho, a polícia vai sentir que pode tudo e arrisca pegar gosto na maldade. Leia esta nota de protesto:

Entidades denunciam violência contra professor Nilson Lage

As entidades e instituições abaixo relacionadas denunciam com veemência a inexplicável e bárbara violência cometidacontra o professor universitário, jornalista e escritorNilson Lage, preso e espancado por policiais militares no último final de semana, em Florianópolis, Santa Catarina. O professor Nilson Lage sentiu-se mal no último sábado, quando dirigia no bairro onde vive, em Florianópolis, conseguiu parar o carro, mas ficou desacordado. Em vez de receber a ajuda que necessitava naquele momento, foi hostilizado pela Polícia Militar ao ser encontrado dormindo dentro do veículo. Foi algemado, jogado em um camburão elevado a uma delegacia. As marcas em seu corpo - principalmente nos punhos e nos ombros - comprovam a inexplicável violência contra um senhor que neste 2006 completa 70 anos de idade. Nilson Lage conta com uma trajetória de amplos serviços prestados ao longo dos últimos 50 anos como jornalista, professor e pesquisador do jornalismo. Trabalhou, como profissional jornalista, nas principais redações do Rio de Janeiro, entre as quais as do Diário Carioca, Jornal do Brasil, Última Hora, O Globo, Bloch Editores e TVE. Paralelamente, fez u mabrilhante carreira acadêmica como professor da Universidade Federal Fluminense, UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e outras instituições de ensino. Desde 1992, trabalha como professor Titular do Curso deJornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina. É autor utilizado como referência em todos os cursos degraduação e citado em dissertações e teses sobre jornalismo, com obras vendidas aos milhares. Reiterando nosso protesto pela violência do comportamento policial, solicitamos às autoridades competentes a apuração do caso, a punição dos responsáveis, o reparo dos danos morais e a tomada de providências quanto ao preparo das nossas polícias, para que lamentáveis fatos como estes não voltem a ocorrer em Santa Catarina ou em qualquer lugar do país. São injustificáveis e inaceitáveis espancamentos por quem deve garantir a paz, e o abuso da força por quem, ao tê-la, deve impedir o seu uso. Lembramos que justamente aqueles que detêm o poder devem assegurar tratamento humano e digno a todos os cidadãos.

23 de fevereiro de 2006

Federação Nacional dos Jornalistas - FENAJ
Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo - FNPJ
Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo - SBPJor
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina - SJSC
Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro -SJPMRJ
Associação dos Professores da Universidade Federal de Santa Catarina - APUFSC -Seção Sindical do Andes
Centro Acadêmico Adelmo Genro Filho do Curso de Jornalismo da UFSC
Departamento de Jornalismo da UFSC - Universidade Federal deSanta Catarina

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Domingo na Costa da Lagoa

Domingo na Costa da Lagoa

Miguel e eu curtindo o verão
enquanto o almoço não vinha.
Foto de Raul Ribeiro, do Puxadinho.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Flórida on the road

Emerson Gasperin e suas impressões sobre a Flórida.

Flórida da gema

Os Seminoles e o seu lar em Everglades

Segredos da Flórida - Tarpon Springs e Apalachicola

Litoral Noroeste

34ª semana

As mãos agarram com firmeza. A maior parte do lanugo e vernix começam a desaparecer. A circunferência da cabeça é praticamente igual ao tórax. O líquido amniótico atinge seu volume máximo, de 1000 ml., normalmente. O peso do bebê gira em torno de 2250 a 2300g e seu comprimento é de 44,8cm. As papilas gustativas estão mais desenvolvidas. Nesta semana seu bebê é perfeitamente viável, caso seja necessária uma intervenção por patologia da gestação.

Guia do Bebê

Mais agressões a jornalistas

Também no Maranhão e no Piauí, jornalistas foram agredidos no exercício da profissão. Leia as notícias e a nota da Fenaj.

Uma atualização sobre o Caso Sarará

Texto do Sindicato dos Jornalistas de SC:

Uma nota de protesto para o silêncio constrangedor

22 horas de segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006. Esperamos, senhores da RBS/DC, um som. Um chamado de telefone. Esperamos, senhores da RBS/DC, pacientemente, e convictos de que o diálogo sempre foi o melhor caminho, o som de uma voz, que viesse ao encontro de um tempo em que a comunicação – e, portanto, o diálogo – se mostra a melhor solução para os impasses e para a superação dos extremos. Aguardamos, pacientemente. E não lamentamos o tempo que esperamos, porque a espera fortalece a convicção de que a verdade jamais poderá ser maquiada e adulterada, e que é com com a espera que se desfazem as dúvidas, ao ponto de se afirmar que não se pode dar a responsabilidade a quem não fez.

Esperamos uma voz que reavivasse o sentimento de justiça, de solidariedade, de reconhecimento pela dedicação. Sim, detido enquanto trabalhava para o DC, o repórter-fotográfico Cláudio Silva Sarará foi espancado; submetido, foi exposto sem que lhe dessem espaço. Desconheceram o que é mais caro ao jornalismo: garantir, a todos, o direito a se expressar, e assegurar o contraditório. Mas não foi assim. Restou julgado aquele que foi notícia e o que foi noticiado.

O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina abriu-se para o diálogo, e a resposta foi, primeiramente, um não, e na noite desta segunda-feira, uma longa e silenciosa pausa. Nesta nota, o Sindicato reforça o protesta contra a demissão do colega Sarará e com o silêncio da RBS/DC, sobre todo o episódio que motivou a demissão. Juntamos a nossa voz às vozes que correm o Estado e o País, de estranheza e repúdio.

Rubens Lunge
Presidente

Sobre a nota do Sindicato dos Jornalistas

Quero registrar que NÃO concordo com este trecho da nota de repúdio do Sindicato dos Jornalistas de SC, que quase passou despercebida por estar no fim do texto:

"O Sindicato dos Jornalistas aponta que ações isoladas não podem manchar o nome e a história da Polícia Catarinense, e o empenho que o Estado vem realizando, de qualificar e humanizar o setor de Segurança Pública."

Reconheço o papel fundamental do Sindicato nesse caso do Sarará e o compromisso histórico com a defesa dos direitos humanos. Mas chamar o que a polícia fez de "ação isolada" é repetir o discurso do poder repressor e reforçar a minimização do episódio. Qualquer pessoa bem informada sabe que a violência da polícia brasileira contra os cidadãos - em especial os p&p, pretos e pobres - é mais regra que exceção. Também não endosso a referência ao "empenho" do governo do Estado. Espero que tenha sido só um escorregão dos colegas e que a nova gestão pese melhor as palavras nas próximas notas.

D/

- sindicalizado desde 1991 -

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

A covardia do Diário Catarinense

No episódio da prisão e agressão de Sarará pela polícia, o Diário Catarinense / RBS agiu de forma asquerosa! Fiquei enojado com tamanha subserviência ao poder, com a adulteração de uma reportagem assinada, o silêncio covarde diante da violação da liberdade de expressão / integridade física e a traiçoeira demissão por justa causa. Nos quase vinte anos em que atuou no jornal, Sarará acumulou prêmios e arriscou a vida incontáveis vezes pra trazer a informação aos leitores. Recebeu como paga uma rasteira de quem coloca o business acima do ser humano. Espero que as pessoas decentes que têm algum poder de pressão ou de decisão não deixem passar barato essa história.

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Destaco a análise lúcida de César Valente no Diarinho do Litoral e seu comentário à minha nota anterior aqui no blog:

Ontem, antes de saber a história do bafômetro, escrevi uma nota (que saiu no jornal de hoje) avisando que provavelmente a polícia o acusaria de desacato ou arranjaria outra explicação estúpida.Hoje, além de ver que de fato encontraram uma forma covarde de encobrir a tortura a que submeteram o Sarará, ele foi sumariamente demitido pela rbs (nenhuma surpresa).Não podemos é aceitar a história de que o fotógrafo bêbado se feriu (ele está todo machucado) jogando-se contra cassetetes e punhos dos policiais. O fotógrafo Glaicon Covre, do DC, também foi agredido pela polícia, que quebrou o seu flash.Ainda há pouco o próprio Sarará disse que a informação do bafômetro entrou na matéria depois que o repórter foi pra casa. Ele estava preocupado porque tinha gente dizendo que ia "dar uma porrada" no rapaz. Ou seja, não é só a polícia que acha esse método de "diálogo" aceitável.

Cinema e vida

Tou lendo Os filmes de minha vida, do chileno Alberto Fuguet, uma das grandes revelações da literatura chilena - pelo menos pra este semi-analfa em teorias literárias. É uma história meio autobiográfica em que o protagonista, um sismólogo, se recorda da infância e juventude por meio de 50 filmes que assistiu. Minha identificação com o personagem é imediata, por ele também ser migrante: passou a infância em Los Angeles e depois retornou ao Chile, mas se sente meio outsider em ambos os lugares.

Descobri Fuguet numa livraria no Chile, com Mala onda e Sobredosis, que lembram um pouco o espírito adolescente de O apanhador no campo de centeio (Salinger). As histórias revelam muito das contradições desse país encantador e fraturado - no sentido geológico e social - pelo ponto de vista de um jovem da classe média alta, às voltas com crises existenciais e a descoberta da vida.

The Age of Stone

Saiu a English version de A idade da pedra, reportagem de Marques Casara na revista do Observatório Social sobre trabalho escravo na cadeia produtiva de multinacionais. Versão de Jeffrey Hoff. No portal do Observatório há uma matéria sobre a reação das empresas.

Nossos signos no horóscopo chinês

Laura: javali de metal. Miguel: cavalo de água. Bruno: cachorro de fogo. Eu: cavalo de fogo.
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Não acredito em horóscopos, mas eles têm um quê de poesia...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Repórter fotográfico é preso no exercício da profissão

A PM de Santa Catarina prendeu ontem o jornalista Cláudio Silva "Sarará", repórter fotográfico do Diário Catarinense, que trabalhava na cobertura de um protesto contra o sistema de transporte coletivo de Floripa. Os policiais queriam impedi-lo de clicar, ele retrucou e foi detido por desacato. "Passou umas horas na delegacia, tomou porrada na cara e só liberaram porque a notícia chegou no ouvido do governador", conta um colega dele. O repórter fotográfico Glaicon Covre foi lá conferir e os policiais arrebentaram a câmera dele. O Sindicato dos Jornalistas de SC divulgou nota de repúdio.
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Sarará é um dos melhores repórteres fotográficos que conheço e uma pessoa boníssima. Tive a honra de trabalhar com ele no DC por quatro anos e aprendi bastante na convivência.
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Depois reclamam dos "vândalos" quando a estátua em homenagem à PM na avenida Beira-Mar Norte aparece pichada de vermelho.
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UPDATE INDIGNADO às 13H30
O DC se referiu ao episódio numa matéria filha da puta. O repórter (não conheço) se agarrou na objetividade do bafômetro pra largar um "tecnicamente embriagado", mas se esqueceu de ouvir a versão do colega sobre o motivo da discussão. Nem uma linha sobre a agressão na delegacia. Nenhum depoimento de policial ou hipótese sobre quem são os homens de preto que atacaram os manifestantes. Nada sobre a nota de protesto do Sindicato dos Jornalistas. Nada sobre liberdade de imprensa ou direito à informação. Que jornalismo é esse?! Que jornal é esse que larga seus profissionais às feras de maneira tão covarde?!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Cena de xopin

A generosidade humana não tem limites. Perguntei o preço de um pacote de balas em formato de tubarão e a moça falou: três e cinqüenta. Achei caro e já ia saindo quando ela disse baixinho:

- Lá no Imperatriz tem mais barato.

Miguelices: noticiário

Miguel e a vó viam tevê quando passou uma notícia sobre cocaína. Ao ouvir a palavra ele comentou na lata:

- Isso aí dá cadeia.

A efeméride do dia

Hoje é Dia do Repórter. Parabéns, coleguinhas ;)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Retratos do Brasil injusto: Prestes Maia

Quatrocentas e trinta famílias estão ameaçadas de despejo de um prédio na avenida Prestes Maia, em São Paulo. O imóvel estava abandonado há mais de 12 anos, cheio de lixo que os ocupantes limparam. Eles vivem no prédio há três anos. O proprietário é um sonegador - deve mais de R$ 5 milhões de impostos. Mesmo assim o judiciário (com minúsculas mesmo) mandou o batalhão de choque da polícia militar desocupar o edifício à força. Leia mais aqui e confira as fotos de um grupo de ativistas.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Lindas fotos

Victor Carlson é um verdadeiro multi-homem: jornalista, escritor e talentoso escultor de luz. Confira no blog dele fotos da Venezuela e da Ilha de SC.

Micos de foca

A jornalista Aline Cabral confessa alguns micos de foca. Nos comentários eu confesso alguns meus.

Contagem regressiva: 33ª semana

O bebê já pesa 2 kg. Seu tamanho é de 43,6cm. Está em posição de nascimento, ou pelo menos, deveria estar. A cabeça deve estar voltada para baixo. Ele se encaixa dentro dos ossos da pelve. Para a mamãe, é difícil até para caminhar. É bastante ativo com movimentos que chamam a atenção até de pessoas estranhas, ao seu redor. Existe maior dificuldade para se movimentar, mas ele não deve parar. Caso fique sem se movimentar por período de 4 horas, você deve procurar a maternidade onde vai nascer seu bebê ou seu médico, pois pode denotar alguma dificuldade ou diminuição do bem-estar fetal.

[Guia do Bebê]

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Miguelices: nova versão de música

Miguel tem ouvido bastante o CD da Arca de Noé, em que vários intérpretes cantam as músicas infantis de Vinicius de Moraes. Ele me disse que não gosta do final da música do pato ("Tantas fez o moço / que foi pra panela").

- Ele não foi pra panela não.

Aí sugeri um novo final, ele curtiu e agora canta assim: "Tantas fez o moço / que foi pra floresta". :)
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Isso me lembra um papo que tive com o grande amigo Ayres Marques Pinto, há mais de vinte anos. Estávamos curtindo o pôr-do-sol à beira do rio Potengi, em Natal, e entre tantos assuntos falamos de poesia e posteridade. Ele comparava Drummond a Vinicius e achava que a obra do primeiro iria permanecer por muitas e muitas gerações, enquanto a de Vinicius cairia no esquecimento em algumas décadas. Não nos falamos há uns cinco anos, mas gostaria de compartilhar com ele esta lembrança e a miguelice. Pois é, Ayres - se aí da Itália ou onde estiver, você ler isto: meu filhote hoje canta Vinicius e ainda não tem idéia de quem seja Drummond. Quanto a mim, adoro os dois. E tenho saudade das nossas viagens no tempo e vagabundagens poéticas na cidade do sol.
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Haha! Encontrei o Ayres. Continua em Loreto e trabalha com fototerapia. Grazzie Google!

The Argentimes

A amiga australiana Lucy Cousins lança em março, em Buenos Aires, um jornal em língua inglesa sobre a Argentina, voltado ao público jovem. É uma publicação feita por voluntários, a exemplo de outra semelhante onde ela atuou na Bolívia.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Repercussões


Sobre a reportagem do Observatório Social:

O Ministério do Desenvolvimento informou que vai intensificar o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) em Ouro Preto.
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A Voz do Brasil de ontem abriu o programa com uma matéria de cinco minutos sobre o lançamento da revista.
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Hoje cedo a Rádio Nacional publicou entrevista ao vivo com o presidente do Observatório, Kjeld Jakobsen.
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Vários jornais, agências de notícias e sites de ONGs do país repercutiram a reportagem-denúncia.
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A informação chegou às comissões de fábrica (representações de trabalhadores na diretoria) da Basf e da Faber-Castell na Alemanha.
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No blog Dharmalog, o jornalista Nando Pereira escreveu sobre o ativismo individual e o papel do consumidor responsável.
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O governo alemão pediu esclarecimentos às direções das empresas.

UPDATE 13/2:

Na sexta 10/2 o superintendente em Minas Gerais do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Luiz Eduardo Machado de Castro, foi preso pela Polícia Federal. Ele é acusado de evasão de divisas, contrabando de diamantes e conivência com mineração ilegal.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Multinacionais e trabalho infantil

Se você consome tintas Suvinil (Basf, Alemanha), Coral (ICI, Reino Unido) ou giz de cera da Faber-Castell (Alemanha), você é a ponta final de uma cadeia produtiva que explora trabalho infantil em minas de talco nos arredores de Ouro Preto, MG. A reportagem de Marques Casara, editada por mim na edição 9 de Observatório Social Em Revista, mostra como essas multinacionais compram o produto de empresas clandestinas que usam a mão-de-obra de crianças. A revista está sendo lançada hoje em uma entrevista coletiva em Brasília.

A íntegra da reportagem (arquivo PDF, 2,04 MB)

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Um trecho interessante da reportagem diz respeito aos dilemas do consumidor. O que fazer quando você precisa pintar sua casa e as duas líderes de mercado das tintas no país têm entre seus insumos talco fabricado com suor de crianças? Quais são as formas mais efetivas de transformar a situação?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Anotações de leitura: anotações de leitura

Até conhecer o Leminski eu tinha ciúmes dos livros, não os emprestava com medo de não serem devolvidos. Ele, ao contrário, dizia que os livros eram para ser lidos e não guardados em prateleiras como objetos decorativos. Escrevia poemas em papel higiênico, nas revistas, nos meus livros, em qualquer superfície... Eu aprendi com ele que o importante não é o papel, mas o que está impresso nele.

José Louzeiro, em "Paulo Leminski: o bandido que sabia latim", de Toninho Vaz. Louzeiro abrigou Leminski, a mulher e uns amigos por dois meses na sua casa no Rio de Janeiro, em épocas de dureza.

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Sou um tiquinho reverencioso com os livros - não a ponto de me apegar a eles como objetos de decoração, pois adoro vê-los circular, conversar sobre eles com os amigos e ler o que anotaram. Mas tenho certo bloqueio quanto a eu mesmo canetear o que penso enquanto vou lendo. Talvez porque boa parte do que li até hoje foi em livros que não me pertenciam. É mais pelo respeito aos donos das obras que propriamente por algum senso de "idolatria às sagradas páginas". Admiro pessoas como o meu pai, que cagam pra isso - e aos 80 anos, mais ainda. Ele trava animados diálogos com a obra, às vezes espirituosos e engraçados, outras vezes irados ou simples comentários de revisão ortográfica. Ler um livro depois dele é um grande prazer. E, ao me deparar com o depoimento de José Louzeiro, me dou conta com satisfação desse ponto em comum entre dois seres que admiro muito, irreverentes no mundo da leitura.

Você anota nas páginas dos livros? Tem essa vontade reprimida? O que sente quando anotam nos seus livros?

Miguelices: novas tecnologias pra ouvir histórias

Na cama, de noite, enquanto rolava a história dos dois irmãos, da raposinha prateada e do leão laranja:

- Pai, vou dar uma pausa: plim!

Apertou um botão imaginário e se levantou pra fazer xixi.

Os versos da vez

Versos inspiradores de Lenine e Dudu Falcão, da música Paciência, enviados pela Ana Cláudia Menezes.

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
(...)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Tags e jornalismo

Mario Lima Cavancanti escreve no Comunique-se sobre a adaptação das tags ao jornalismo online. Ele conta que o LATimes.com vem usando o recurso de uma forma interessante: pra mostrar os termos que mais se destacam em uma determinada matéria, podendo ou não fazer comparações com matérias similares ou ainda com suítes.
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Três exemplos do uso pessoal que faço de sites com tags:

http://del.icio.us/dauroveras/

http://flickr.com/photos/dauroveras/

http://www.escambau.org/

Frase da vez: evento de verão

stones de graça no rio: não tem nada que me lembre mais a visão do inferno.

(Emerson Gasperin)

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Ele desenvolve melhor a idéia aqui.

Letras da floresta


Em janeiro li Cinzas do Norte, do amazonense Milton Hatoum - que acho um dos melhores escritores brasileiros da atualidade. Conta a história de dois amigos que vivem em Manaus e o drama familiar de um deles, artista em permanente conflito com o pai, que deseja um herdeiro dedicado aos negócios. Gostei muito. Denso como a floresta, mas tão gostoso de caminhar por ele como uma trilha no meio do mato. Meu favorito ainda é seu primeiro romance, Relato de um certo oriente.

A idade da pedra


Com cinco anos de idade as crianças começam a carregar pedras e respirar poeira letal nas minas de talco que operam clandestinamente na cidade histórica de Ouro Preto (MG). Multinacionais compram o produto.

Em uma investigação de quatro meses, o Observatório Social apurou que as empresas Basf, Faber-Castell e ICI Paints são as principais compradoras do talco, extraído de forma ilegal e mediante exploração de mão-de-obra infantil.

As multinacionais confirmam a transação e admitem falhas no controle de suas cadeias produtivas. O resultado da apuração será publicado na revista do Observatório Social de fevereiro.

Leia mais aqui

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Vendo

Vi ontem Heaven (Paraíso), de 2002, dirigido pelo alemão Tom Tykwer, com Cate Blanchet e Giovanni Ribisi. Bem bom! Professora inglesa vivendo em Turim comete atentado a bomba contra traficante, mas erra o alvo e mata quatro inocentes. É presa. No interrogatório, o carabinieri intérprete se apaixona por ela. Planeja sua fuga e... O roteiro, do polonês Krzystof Kielowsky, é simples e profundo. Aborda a possibilidade de redenção. 96/100.

Lendo (também)

Paulo Leminski, o bandido que sabia latim, biografia por Toninho Vaz. Compramos num sebo na feirinha de artesanato do Parque da Luz, que há duas semanas funciona todo domingo defronte à cabeceira insular da ponte Hercílio Luz.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Beleza pura

Ontem no Campeche foi bem legal. Como disparei os convites em cima da hora, pouca gente apareceu, mas quem foi fez a festa. O mar tava calmo e na temperatura perfeita, parecia até encomenda de Iemanjá pro dia dela. Nadei no finzim de tarde com sol dourado e Laura se banhou à noite. Miguel brincou brincou brincou.

Horas de encanto e saudável vagabundagem em companhia de um time de alto gabarito: Nega e Tomate, Ana e Frank, Cynara e Mauro, Joca, Alan, Lígia, Lina, Elis espoleta... Por diversos motivos, todos comemoravam a beleza da vida. Início das férias, retomada dos estudos, convalescência de cirurgia, novo empreendimento, paternidade, maternidade, descobertas do crescer-criança. Dava pra sentir no ar as good vibes dos presentes e dos que foram em pensamento.

Entre os próximos eventos das comemorações DVeras 40 está previsto um campeonato de xadrez. Enxadristas de plantão, entrem em contato pra gente armar essa. Também vamos combinar uma trilha uma hora dessas. Ou melhor, combinar não: fazer ;) Tenha um ótimo fim de semana. E aproveite o verão, que ele passa rapidim.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Festa


Está aberta a temporada de comemorações pelos meus 40 anos de idade e 20 de Floripa. Hoje a partir das 17h tem happy hour no bar do riozim do Campeche. O lugar fica na avenida Campeche, a uns 300 metros da esquina com a avenida Pequeno Príncipe. O ponto de referência é um muro com bandeirinhas. Na entrada tem uma placa "Academia Performance" e outra "Estacionamento". Até lá ;)

Dez mais caras

Pra quem gosta de viajar e de listas, esta pode ser útil. Depois de 14 anos no topo do ranking, Tóquio foi desbancada pela capital da Noruega como a cidade mais cara do mundo.

  1. Oslo, Noruega
  2. Tóquio, Japão
  3. Reykjavik, Islândia
  4. Osaka, Japão
  5. Paris, França
  6. Copenhague, Dinamarca
  7. Londres, Reino Unido
  8. Zurique, Suíça
  9. Genebra, Suíça
  10. Helsinque, Finlândia

Da BBC News, via Aidan Doyle, de Osaka.

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Laura e eu passamos duas semanas na Noruega em 97, metade do tempo em Oslo. Só conseguimos a façanha graças à generosidade dos amigos Eirik e Hélène - que nos hospedaram em sua simpática casinha à borda da floresta de Oslo, [tal como a de Sofia] e viajaram conosco pelo interior. E também à bondade de Kjersti - de quem fomos convidados especiais à sua festa de casamento -, Camilla, Kristian e Marianne, que nos mostraram a cidade e bancaram belos jantares.

Se você pensa em tomar um pilequinho por lá, melhor preparar o bolso. Um hábito comum dos noruegueses é servir água com limão aos visitantes. Isso se explica pelas severas restrições culturais/legais ao alcoolismo, que tem origens históricas no puritanismo e em questões de saúde pública. O preço da birita é proibitivo - um caneco de cerveja custa o equivalente a 7 dólares num bar, e a venda de bebidas fortes, incluindo vinho, é monopólio do Estado. Curiosamente, muita gente fabrica bebidas em casa, em alambiques clandestinos. E é possível comprar nos supermercados essências de bebidas como uísque e gim pra misturar no álcool de cereais.

A Noruega é um país de belezas naturais estonteantes e um grande choque cultural pra nós tupiniquins ( aliás encontramos lá dois índios tupiniquins de verdade, protestando contra a Aracruz Celulose). É uma sociedade materialmente resolvida. Lá os problemas são de outro tipo, mais existenciais e menos "sobrevivenciais". Tudo isso me dava uma certa tontura, uma sensação de irrealidade, que talvez eles também sintam quando vêm às latitudes tropicais. Lá tive também uma forte experiência de vertigem mística, no Preikestolen ("Pedra do Púlpito"), um paredão natural de 604 metros de altura no alto de um fiorde de Stavanger. Outra hora conto essa.

Lendo

O Bom Soldado, de Ford Madox Ford. Publicado na primeira década do século 20, o livro é, segundo um crítico bem-humorado, "o melhor romance francês já escrito em língua inglesa". Ford foi contemporâneo e parceiro literário de Joseph Conrad. A história, diz a resenha do Submarino, "envolve triângulos amorosos, o suicídio de duas de suas quatro personagens principais, a morte súbita de uma outra e a insanidade de uma jovem". Mas o que me interessa mais são os recursos de estilo: "O autor emprega as técnicas da fragmentação do tempo e da progressão do efeito".
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Encontrei este comentário de Paulo Francis sobre o livro (FSP, 30.06.90):

Ford tem uma obra-prima. Se chamava The saddest story, A história mais triste. Levou a um editor em 1915. 0 editor disse: "Nesta guerra horrível ninguém vai ler um livro com esse título". Ford deu licença para que o cara mudasse o título e o livro passou a se chamar The good soldier, O bom soldado. Um absurdo. É uma grande história de amor, loucura e morte, como todos os romances que ficaram. Li dois dos quatro volumes de Parade's end e The good soldier. São excelentes, mas pode-se passar a vida sem lê-los.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

A escolha do nome

Faltou dizer: levamos vários meses tentando encontrar o nome que mais nos agradasse e a decisão final coube ao Miguel. Apresentamos a ele várias opções e ele descartou todas, exceto Bruno. Passou a chamar o neném assim e terminou nos convencendo :)

Bruno é também uma homenagem à prima Bruna, filha do mano Camillo. Ela é uma linda e corajosa garota cearense de quatro anos de idade. Nasceu com paralisia cerebral e passa quase todo o tempo na cama. Se alimenta por uma sonda no estômago e respira por uma sonda na traquéia. Com tudo isso, encontra prazer nos pequenos detalhes da vida, como a música, a presença de pessoas legais, os brinquedos e passeios. Camillo me escreveu hoje:

Tou aqui c a Bruna agora. Nem sei se ela entendeu alguma coisa mas quando falei que o nome do novo priminho ia ser Bruno ela deu uma risada daquelas, de canto de boca.

A Wikipédia de depoimentos

Taí uma idéia matadora: uma enciclopédia de lembranças. A MemoryWiki ainda vai dar muito o que falar. Imagine o potencial disso pros historiadores e jornalistas... Poder contar histórias a partir das reminiscências de espectadores anônimos - em muitos casos pelo ponto de vista dos perdedores. Vi isso no Comunique-se, em matéria de Mario Lima Cavancanti.