quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mestre Arildo e um discurso sobre a abolição

Diógenes Botelho, colega jornalista que trabalha no Congresso, dá mais uma palhinha sobre o cotidiano na "casa do povo":

Arildo Dória, o jovem sábio de 73 anos que trabalha ao meu lado, acabou de receber a encomenda de um discurso sobre os 120 anos da abolição da escravatura. Quem requisitou, pediu especial destaque e elogios à "visionária" Princesa Isabel e às leis do ventre livre e do sexagenário.

Ele começou o discurso assim:

Senhoras e senhores deputados,

Há 120 anos, a escravidão foi abolida no Brasil. Antes, criaram a lei do sexagenário, que dava liberdade para o negro com mais de 60 anos quando a expectativa de vida no país era de 47. Depois criaram a lei do ventre livre como s,e ao nascer, a criança fosse jogada pela janela como filho de pato, que já nasce nadando...

Que pena que na minha época de escola não havia um professor como Arildo.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Diálogos ranzinzas: Copa de 2014

- Quando é que vão parar esse oba-oba sobre a Copa do Mundo no Brasil?
- Só em agosto. De 2014.
- Ufanismo do carai.
- Veja o lado bom: é um novo tema na roda. Quem agüenta mais seis meses de debate sobre Rolex e Tropa de Elite?
- Eu, nem mais seis segundos.
- O negócio agora é enrolex, drible, pedalada e embaixadinha.
- Bota negócio nisso. Verdade que foram doze governadores na comitiva do Lula?
- É. Pra ver de perto o que todo mundo já sabia. O Brasil era candidato único.
- Um avião desses não cai. Ó mundo injusto.
- Somos o país do futebol, cumpadi. É investimento na alegria do povo.
- Bota na conta que a CPMF paga.
- Tem dezoito cidades disputando pra ser sede dos jogos. Imagina o que isso vai movimentar...
- Se isso aqui já engarrafa com joguim do Avaí, quero só ver com Alemanha e Argentina.
- Sede pequena - isso se for escolhida. Aqui deve ter tipo Jamaica e Tunísia.
- Se depender da malacada de Floripa, a torcida no Scarpelli vai ser jamaicana desde criancinha.
- Agora, paciência. Antes tem África do Sul.
- Já vejo até a propaganda Tabajara: "Se você não conseguiu juntar dinheiro prum safári na Copa de 2010, seus problemas acabaram! Embarque hoje mesmo numa excursão de ônibus pra Cuiabá".
- Ou Natal. Ou Florianópolis.
- Seu anzol ainda tem isca?
- ... Tem nada. Anchova comeu.
- Passa a marvada aí. Um queijim suíço de tira-gosto caía bem.

Um rubro-negro em Moscou


O amigo Yan Boechat manda alguns flagrantes de sua viagem pelas estepes russas.

Mais fotos aqui

Ocaso no Campeche

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Mais um vídeo dos Camelos na Austrália



Rodrigo na maternidade de Mona Vale, em Sydney, com Marcelo e Liz.

Cinquenta livros

Minha homenagem ao Dia Nacional do Livro. Cinqüenta livros marcantes (em primeiro lugar na lista, "o monumental"):

1. Grande Sertão - Veredas (Guimarães Rosa)
2. O apanhador no campo de centeio (J.D. Salinger)
3. Pergunte ao pó (John Fante)
4. Cem anos de solidão (Garcia Márquez)
5. Histórias Extraordinárias (Allan Poe)
6. O Alef (Jorge Luís Borges)
7. Reinações de Narizinho (Monteiro Lobato)
8. Amor nos tempos do Cólera (Garcia Márquez)
9. Crônica de uma morte anunciada (Garcia Márquez)
10. O jogo de amarelinha (Julio Cortázar)
11. Madame Bovary (Gustave Flaubert)
12. Flores do Mal (Baudelaire)
13. Coração das trevas (Joseph Conrad)
14. O falecido Mattia Pascal (Luigi Pirandello)
15. Relato de um certo oriente (Milton Hatoum)
16. Kaputt (Curcio Malaparte)
17. As pelejas de Ojuara (Nei Leandro de Castro)
18. De ratos e homens (John Steinbeck)
19. A geografia da fome (Josué de Castro)
20. Vidas Secas (Graciliano Ramos)
21. Morte e vida Severina (João Cabral de Mello Neto)
22. O inventor da solidão (Paul Auster)
23. Se um viajante numa noite de inverno (Ítalo Calvino)
24. Meu último suspiro (Luís Buñuel)
25. A casa dos espíritos (Isabel Allende)
26. Cai o pano (Agatha Christie)
27. Ms. Smilla´s feeling for snow (Peter Hoeg)
28. Glosa Glosarum (Celso da Silveira)
29. Contos (Mário Benedetti)
30. O povo brasileiro (Darcy Ribeiro)
31. On the road (Jack Kerouac)
32. Os vagabundos iluminados (Kerouac)
33. A volta ao mundo em 80 dias (Julio Verne)
34. Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
35. O ganhador (Ignácio de Loyola Brandão)
36. O jogador (Fiodor Dostoievski)
37. Lolita (Vladimir Nabokov)
38. Trópico de Câncer (Henry Miller)
39. 37°2 le matin (Philippe Dijian)
40. Os eleitos (Tom Wolfe)
41. O talentoso Ripley (Patricia Highsmith)
42. El siglo de las luces (Alejo Carpentier)
43. A spaniard in the works (John Lennon)
44. Viva o povo brasileiro (João Ubaldo Ribeiro)
45. O grande mentecapto (Fernando Sabino)
46. O vermelho e o negro (Stendhal)
47. O fio da navalha (Somerset Maugham)
48. Um homem (Oriana Fallaci)
49. Adeus às armas (Ernest Hemingway)
50. L'Étranger (Albert Camus)

O que viram em Tropa de Elite

Jeanne Callegari, autora de Meus biscoitos, dá seu pitaco sobre Tropa de Elite. Posso não concordar, mas que ela argumenta bem pra caramba, argumenta.

O que eu vi em Tropa de Elite

Meus dois vinténs sobre o filme mais falado do ano:

Tropa de Elite, apesar da abordagem rasa de questões importantes, tem méritos. A começar porque despertou o debate sobre violência, tortura, corrupção, papel do estado e das ongs, relações de causa e efeito entre tráfico e consumo. É preciso relativizar esse mérito, porque Diogo Mainardi e as matérias-lixo da Veja também motivam debates. Mas a gente aprende com os filmes ruins.

Acho válida a opção de apresentar a história pelo ponto de vista do policial-matador. Coppola fez o mesmo com os mafiosos na trilogia The Godfather - com resultados beem superiores, claro. Imaginar como o outro pensa - o outro diferente, não o parecido - é um exercício rico. Se uma parte do público aplaude o capitão como herói, credito isso menos às artes manipulatórias do filme (existentes, sim) que ao lado fera assustada das pessoas que esperam a salvação num líder do esquadrão da morte. O discurso conservador encontra eco nos conservadores ou que tendem a isso.

O filme é pobre e incompleto pela ausência do contraditório. Confunde simplicidade com simplismo, tem personagens esquemáticos - os dirigentes da ong parecem rascunhos ridículos do primeiro tratamento do roteiro. E usa de maneira desnecessária a narração em primeira pessoa - que nem sempre é um pecado, diga-se. Goodfellas (Scorsese, 1990) é um exemplo de como isso pode ser feito com qualidade.

Uma boa comparação pra perceber essa visão capenga é com os dois ótimos filmes-gêmeos de guerra de Clint Eastwood, Cartas de Iwo Jima e A conquista da honra: eles mostram uma mesma batalha da segunda guerra mundial no Pacífico pelo ponto de vista dos japoneses e dos americanos. Não há vencedores nem vencidos. Enfim, faltou a Tropa de Elite a densidade pra, como obra de arte, ir além da reprodução de um discurso limitado. A história ficou incompleta.

Será que o povão tem a capacidade de aprender com filmes ruins? Acredito que sim. Especialmente se puder fazer a comparação com filmes bons, como Cidade de Deus e esses outros que citei, todos disponíveis em locadoras. Conversar sobre isso com a família e os amigos. Buscar contrapontos. Tropa de Elite pode ajudar outros cineastas a contar essa história bem melhor.

Cenas do Curdistão









Fotos de Matt Corner, italiano que acompanhou Fernando Evangelista a reportagens no Iraque, Palestina e Líbano.

La vie en rose

Julie Philippe, filha do Vianney e da Márcia, nossos amigos e vizinhos de bairro, interpreta trecho de La vie em rose para a promoção de lançamento do filme Edith Piaf no Brasil. Gravação de vídeo por Jade Philippe.

P.S.: Se você gostou do vídeo, dê um pulo aqui e vote nele pro concurso que a Embaixada da França está promovendo aos intérpretes da Piaf. O prêmio é uma viagem a Paris.


sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Do Curdistão

Fernando Evangelista - nosso correspondente especial para assuntos aleatórios em Malta - esteve este ano no Curdistão com sua mulher, a também jornalista Juliana Kroeger. Eles publicaram uma matéria na edição de maio da Caros Amigos, em que previram a invasão do Iraque pelas tropas turcas. A reportagem foi republicada no saite da revista.

À espera do nu militante da Binoche

Juliette Binoche, de 43 anos, vai ser capa de novembro da Playboy francesa. Diz ela em matéria da Folha:

"Eu fui convencida por uma jovem equipe que quer mudar a "Playboy" como falar do corpo de uma maneira diferente, em lhe dar alma. Nós temos uma tendência de separar o corpo do espírito, o corpo das emoções. Nós colocamos o prazer à parte. De certa maneira, reivindicar este tipo de corpo nas páginas da revista é um ato militante", afirmou a atriz francesa.
Há negociações avançadas pra colocar a Binoche na capa de dezembro da edição brasileira. Em meio à expectativa ("Acendi uma vela em cima do monitor. Eu acho essa mulé uma coisa", diz um amigo), nosso rapper de elite Zé Dassilva arrisca uns versos:
"Esperaremos em dezembro a edição /
Desde já, em estado de ereção /
Espero que até lá eu não broche /
Para poder ver o nu da Binoche"

A entrega do Prêmio Herzog

Marques Casara, meu convidado à cerimônia de entrega do Prêmio Herzog ontem em São Paulo, conta um pouco do que assistiu:

Três momentos de uma quinta feira chuvosa:

. Dauro Veras foi o primeiro agraciado a subir no palco do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, durante a cerimônia do 29º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Na noite de quinta 25, recebeu menção honrosa na categoria Revista pela reportagem Madeira e Sangue, que conta a vida dos trabalhadores do setor moveleiro de Santa Catarina.

Seu nome foi anunciado pelos jornalistas Mônica Waldvogel e Heródoto Barbeiro, que o convidaram ao palco. Com a serenidade que lhe é peculiar, recebeu calmamente o diploma, fez uma reverência e estampou amplo sorriso. Nada disse e nada lhe foi perguntado.

Guardou o diploma na mochila e recostou-se na cadeira, ao lado desde jornalista e do presidente da Fenaj, Sérgio Murillo.

– Não precisei falar nada – proferiu.

Parecia aliviado ao fazer a afirmativa, afinal, o que era para ser dito estava ali, em sua reportagem.

. Caco Barcellos, um dos premiados, tomou o microfone e falou por cinco minutos. Em meia dúzia de palavras, demoliu o filme Tropa de Elite. De forma didática, revelou como as mídias constroem alianças com o que há de mais podre na sociedade. Não vou aqui reproduzir as palavras de Barcellos, pois não foram anotadas, mas não posso deixar de destacar uma frase. Disse: Na época da ditadura, os jornalistas ou eram contra os grupos de extermínio ou eram omissos. Hoje não são nem contra nem omissos. Hoje apóiam as tropas de elite, os esquadrões da morte que em seis meses matam mais do que mataram os militares da ditadura.

. Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos mais corajosos defensores de presos políticos durante a ditadura, fez um discurso emocionado em defesa dos direitos humanos e do papel dos jornalistas como defensores da justiça e da liberdade.

Assistir a cerimônia de entrega do Prêmio Herzog é algo que todo jornalista deveria fazer. Dali saem referências que nos orientam sobre nosso papel e sobre o quanto o jornalismo é importante para a construção de um mundo melhor.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007


Flor, originally uploaded by dveras.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sexo e jurisprudência internacional

Da revista Consultor Jurídico:

Esperma é propriedade da mulher, decide Justiça dos EUA

Usar esperma para engravidar, sem autorização do homem, pode render processo mas não caracteriza roubo porque “uma vez produzido, o esperma se torna propriedade” da mulher. O entendimento é de uma corte de apelação em Chicago, nos Estados Unidos, que devolveu uma ação por danos morais à primeira instância, para análise do mérito. (...)

Comentário do Botelho:
"Nós homens não mandamos mais em porra nenhuma".

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Comilança

Cardåpio do jantar de domingo em SP: caldeirada de tucunaré amazonense by chef Camilla, com salada de farinha do arinim by chef Leonardo.

Da utilidade do bom e velho bloquinho de notas

Lição do dia: não confiar fones e endereços importantes só ao celular. A bateria pode acabar nos momentos mais inesperados. E bem quando começa a chover.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Batizado

Em Sampa. Este post é pro meu sobrinho Estéfano, de sete anos, ler um dia. No sábado tive a honra de me tornar seu padrinho de batismo. Agora você é meu afilhado. Sua mãe é minha cunhada-comadre e seu pai, meu concunhado-compadre. Essa é uma experiência inusitada pra mim, cheia de significado simbólico. Sei que não sou a pessoa mais indicada pra educá-lo como bom cristão, mas pode acreditar: em mim você vai ter sempre um amigo fiel e um guia. Este é um compromisso pra toda a vida, uma responsabilidade que me deixa muito feliz. Ainda mais porque você é amigão do meu filho, que agora, mais que primo-amigo, é algo mais - pode chamar de irmão se quiser.

O curso de padrinhos e a cerimônia foram muito legais, cheios de ensinamentos sobre os valores éticos que nos ajudam na busca pela felicidade - nossa e também dos outros, impossível separar isso. Ignorei o conteúdo carola de algumas palestras, assim como os dogmas religiosos que não me tocam - meu caminho é muito mais a espiritualidade que a religião institucionalizada, mas não quero fazer sua cabeça nem a de ninguém. Apreciei as explicações sobre o que quer dizer cada passo do ritual: os óleos, a água... E guardei no coração as mensagens de amor, o exemplo daquela comunidade em que as pessoas trabalham com alegria uns pelos outros. O padre, que figuraça! Muito engraçado, espirituoso, um verdadeiro amigo dos paroquianos. Este foi um fim de semana especial, me senti irmão daquelas pessoas todas.

Acho bacana que isso tudo tenha acontecido a poucos dias de receber a menção honrosa no Herzog. É um reforço a mais pra manter a cabeça no lugar, dar o devido peso a cada coisa e evitar a soberba. Mas não me furto de comentar sobre a alegria que me deu essa conquista. Se tem uma coisa que não suporto é a falsa modéstia. A reportagem foi bem feita e esse prêmio vai ajudar indiretamente a proteger pessoas que correm risco todos os dias no trabalho. Isso é o que importa, afinal. Quando, aos 15 ou 16 anos, decidi estudar jornalismo, era isso que me motivava: transformar a realidade, por menor que fosse essa contribuição. Felizmente - e apesar de muitas frustrações pelo caminho - tenho conseguido isso, o que me salvou do cinismo que tantas vezes vejo nessa profissão. Acredito que pequenas e boas marolas podem representar grandes ondas de coisas boas. Sim, ontem foi um domingo especial. Deus te abençoe, Estéfano.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Menção honrosa no Prêmio Herzog

A notícia me pegou ontem tão de surpresa que fiquei sem saber o que dizer além de eebaa!!!!!! Uma reportagem que publiquei em outubro de 2006 na revista do Observatório Social ganhou menção honrosa no Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais importantes do jornalismo brasileiro. É o terceiro reconhecimento público de destaque que nossa revista ganha em apenas 12 edições de existência: em 2003 levamos um Esso na categoria meio ambiente e em 2006, coincidentemente, também menção honrosa no Herzog.

A reportagem é sobre mutilações de trabalhadores na indústria moveleira de Santa Catarina. Fico feliz com a premiação porque ela dá visibilidade ao descaso de muitas empresas com as condições de saúde e segurança dos empregados. Se a repercussão desse prêmio ajudar a salvar dedos em fábricas Brasil afora, missão cumprida.

Procurei enfatizar que a responsabilidade pelos acidentes não é só das empresas, embora elas tenham, sim, culpa no cartório - omissão também mutila e mata. Uma mudança real nessa tragédia brasileira passa pela educação. Pelo amor ao próprio corpo e à mente. Quem trabalha não pode deixar sua saúde e segurança nas mãos dos outros. Isso vale pras atividades consideradas "perigosas" e também pras que parecem até inofensivas - há quanto tempo não limpam o ar-condicionado de sua sala e ninguém reclama?

Esse princípio da Não-Delegação foi sintetizado nos anos 60 pelo movimento sindical italiano e incorporado pelo movimento sindical cutista: o convencimento de que os trabalhadores não podem mais entregar a ninguém o controle sobre as suas condições de trabalho. Outro princípio herdado dos italianos é o da Validação Consensual: o julgamento sobre o nível de bem-estar ou de intolerabilidade de determinada situação de trabalho deve ser expresso pelos trabalhadores. Sei que estamos a anos-luz de uma epifania desse nível no Brasil, mas existem avanços.

Com o perdão pelo clichê - verdade pura -, jornalismo é trabalho de equipe. Compartilho essa menção honrosa com algumas pessoas em especial:

minha família, pela paciência em enfrentar o transtorno que as viagens de trabalho provocam no cotidiano de casa; Maria José H. Coelho, "mãe" da revista; Sandra Werle, a "madrinha", que a diagramou por tantos anos; Zé Álvaro Cardoso, do Dieese/SC, que fez a ponte com o sindicato; Marques Casara, parceirão, um dos melhores repórteres que conheço; Sérgio Vignes, repórter fotográfico que me acompanha há tempo em aventuras e roubadas; Frank Maia, autor da arte e infografias desta e outras reportagens; Jeanine Will, suporte logístico nota dez; Kjeld Jakobsen, apoio fundamental ao jornalismo investigativo na organização; todos os demais colegas e ex-colegas do Observatório Social, que este mês apaga dez velinhas de aniversário; e aos trabalhadores e trabalhadoras de São Bento do Sul.

Amante na China

A Zeca - Maria José Baldessar, professora de jornalismo da UFSC - me passa mais uma indicação legal de blog: Amante na China. É do Richard, ex-aluno dela que se formou em 2002 e agora está por aquelas bandas estudando mandarim, entre outras coisas que não tive tempo de descobrir. Texto bem-humorado e informativo, com muitas fotos bonitas, relatos do cotidiano em Beijing e de viagens - ele esteve na Mongólia há pouco. Gostei muito. É um grande incentivo pra um dia fazer essa aventura. Trecho:

(...) No meio de uma dessas conversas, uma chinesa parou e perguntou se eu entendo chinês. Eu disse que falo pouco, muito pouco, aí ela começou a conversar com a Lauren, que já entende e fala um pouco mais. Resumindo, ela era produtora de cinema e estava procurando dois estrangeiros para fazer uma gravação de última hora, ainda hoje, para um filme chinês. Seriam dois policiais, um bem magro e um gordinho, que teriam algumas falas em chinês, e receberiam, cada um, ¥300 - o equivalente a R$ 75,00. Acabou não rolando, por causa do meu chinês, e eu adiei a minha estréia no cinema asiático. Bom, até agora eu não sei qual seria o meu personagem, o magrinho ou o gordinho. Eu até perguntei, mas ela não respondeu, apenas riu.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Edição de aniversário


Mais uma saindo do forno. A 12ª edição da revista do Observatório Social comemora os dez anos de existência da organização - pra qual presto serviços há cinco anos. Outros assuntos: o que pensam os trabalhadores sobre trabalho decente, responsabilidade social das empresas e meio ambiente; o impacto negativo das negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) no setor de serviços no Brasil; a construção da ISO 26000, diretriz de responsabilidade social. A versão em pdf pode ser baixada aqui, em três partes (1, 2 e 3). A arte da capa é de Frank.

Novo fone

Mudei o número do celular. Quer anotar o novo? Me liga pro antigo, que ainda fica ativo por uns dias. Ou manda e-mail. Ou deixa recado aqui.

Leite amigo do trabalhador

O leite Batavo em caixinha está circulando com esta frase:

“Denuncie trabalho em condições análogas à de escravo ao Ministério Público do Trabalho – endereço na internet e telefone”.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Em busca do próximo lugar quente

Esta reportagem de Candace Jackson, do Wall Street Journal, conta como um seleto grupo de profissionais testa praias paradisíacas e outros lugares lindos e anônimos pra transformá-los nos futuros points do turismo mundial. O infográfico mostra quais são os lugares que a indústria do turismo espera que entrem na moda nos próximos anos. Entre eles, Montenegro, Minneapolis, Honduras, Nicarágua, Abu Dhabi e Ruanda.
[dica de Emerson Gasperin]

Meme da página 161

Gosto dos memes com elementos aleatórios e um quê de surreal. Quando eles têm a ver com livros, então, ficam irresistíveis. É o caso deste que pesquei no Inagaki e passo adiante:

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abrir na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Meu livro é o sensacional O vulto das torres, de Lawrence Wright, que acabo de ler e já está na minha lista de 5+ de 2007. A frase:

Bin Laden arregaçou a manga e esperou o médico enfiar a cânula em sua veia.
Repasso a mais cinco blogueiros a missão de prosseguir com a corrente: Felipe Lenhart, Rafael Ziggy, Rogério Christofoletti, Ulysses Dutra e Isabel Colluci (todos comparsas no coletivo +D1).

p.s.: Confesso que falhei na primeira tentativa: o livro mais próximo só tinha 151 páginas :)

Dia da Leitura

Assino com gosto essa petição do Instituto Ecofuturo para transformar o Dia 12 de outubro no Dia da Leitura. A iniciativa está sendo apresentada no Senado pelo senador Cristóvam Buarque. O projeto visa chamar a atenção para a importância de levar a literatura às crianças de fase pré-escolar e de renovar as bibliotecas públicas e salas de leitura.

De gato, água corrente e máquina de lavar roupa

Tenho uma teoria bizarra sobre gatos: na verdade, eles é que domesticam a gente. Tomemos o Branquito, por exemplo. Ele entra em casa e sai quando bem entende, a qualquer hora do dia ou da noite. Se as portas e janelas estiverem fechadas, simplesmente mia e mia e mia até encher o saco de alguém, que vai lá e faz sua vontade. Água de beber, pra ele só serve se for corrente ou então morna. E lá vamos nós abrir a torneira de pia do tanque quando ele tem sede, ou a porta do box do banheiro pra ele lamber o chão. Uma descoberta recente: temos que deixar a máquina de lavar roupa fora da tomada quando não está em uso. Senão, quando ele sobe nela, pisa nos botões e liga.

Viagem pela História: Colômbia

O Correio Braziliense e O Estado de Minas de hoje publicam a quarta reportagem da série "Viagem pela História", escrita pelos jornalistas-mochileiros Silvia Pavesi e Eumano Silva. "Os mistérios dos sítios arqueológicos de Tierradentro e San Agustin e o charme de Popayan no sul da Colômbia são os temas da vez", conta Silvia. "Também postamos algumas fotos de Machu Picchu e as reportagens anteriores no http://fotosefronteiras.blogspot.com E ainda tem mais fotos no http://silviapavesiphotos.blogspot.com".

terça-feira, 16 de outubro de 2007



Videoclipe da canção Me cago en el el amor, de Tonino Carotone. Um clássico!

Noite


Noite, originally uploaded by dveras.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Bruno: um ano, seis meses e doze dias

A moto trazendo pítsia.
A moto trazendo pítsia.
A moto trazendo pítsia.

A moto trazendo ovo.

A moto trazendo ganá.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Barra de Punaú



Barra de Punaú - ou "do" Punaú se preferirem - fica a 80 km ao norte de Natal. É um dos lugares mais lindos que já conheci. Lá fiz acampamentos inesquecíveis, um deles na lua cheia, no tempo em que era uma praia praticamente intocada (tem uma lembrança aleatória aqui). Uma das diversões era caminhar a pé pelas dunas e depois descer boiando pelo rio morninho e limpo. Numa dessas encontrei um mamão, tinha acabado de cair n'água, e devorei ali mesmo. Hoje existe um hotel na margem do rio, perto da praia. O lugar continua lindo, como você pode ver na imagem do Google Earth, mas aquele das minhas lembranças não existe mais. Por onde andarão o pescador Zé Leiteiro e sua família?

Do baú: velhos amigos, tempo e esperança

Quinta-feira, 5 de dezembro de 2002

Reflexão sobre o tempo

- "Às vezes, quando me encontro com velhos amigos, lembro-me de como o tempo passa depressa. E isso faz com que eu me pergunte se utilizamos nosso tempo bem ou não. A utilização adequada do tempo é de extrema importância. Enquanto tivermos esse corpo e especialmente esse assombroso cérebro humano, creio que cada minuto é algo precioso. Nossa existência diária é repleta de esperança, embora não haja nenhuma garantia quanto ao nosso futuro. Não há nenhuma garantia de que amanhã a esta hora estaremos aqui. Mesmo assim, trabalhamos para isso apenas com base na esperança. Portanto, precisamos fazer o melhor uso possível do nosso tempo. Creio que a melhor utilização do tempo é a seguinte: se for possível, servir aos outros, a outros seres sencientes. Se não for possível, pelo menos tentar não prejudicá-los. Creio que esta é toda a base da minha filosofia".

Dalai Lama, em A Arte da Felicidade

Al Gore ganhou o Nobel da Paz. Você ainda não viu Uma verdade inconveniente?

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Um belo dia das crianças pra você

Crime e castigo

O anjo penitente e a placa ameaçadora estão ao lado de uma igreja numa cidadezinha próxima a Floripa, onde a grama é um patrimônio muito valorizado. Imagino a que ponto deve ter chegado o sacana espalhador de brita pra levar um cristão - padre? jardineiro? - a escrever tais dizeres furibundos em campo santo.

p.s.: Não sou chegado a títulos que fazem trocadilhos fáceis com o nome de obras famosas, mas esse foi irresistível.

DSEF: Ribeirão da Ilha



Da Série Exibicionismos Fotográficos: fazenda de ostras no Ribeirão da Ilha.

A gaiola de abre. E a audiência voa

Recebo agora do Fernando Evangelista um texto ao qual vale dedicar cinco minutos. Nelson Hoineff, em artigo no Observatório da Imprensa, reflete sobre o que todos sabem, mas as emissoras de televisão fingem que não existe: a era da massificação acabou.

(...) A exacerbação da televisão generalista foi lida no Brasil como a necessidade de se tratar o espectador como débil mental. De tanto fazer isso, as emissoras passaram a acreditar que o espectador era mesmo um idiota. Compuseram para ele um cardápio oligofrênico que expressa muito mais o que os realizadores são capazes de fazer do que aquilo que o povo é capaz de entender.

A expansão da oferta do produto audiovisual está simplesmente fazendo com que a verdade venha à tona. O jovem, que tem acesso a inúmeras fontes de informação, sobretudo mas não apenas pela web, olha para a sua televisão e tudo aquilo lhe parece uma idiotice. Bota o seu fone de ouvido e vai procurar a sua turma. (...)
Íntegra aqui

Sete coisas: cinema

4 coisas que gosto em filmes:

  • humor de qualidade
  • finais surpreendentes
  • a aldeia e o universal juntos
  • histórias urbanas
...e 3 que detesto:
  • perseguições de carro
  • claques em humorísticos
  • roteiros pretensiosos

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sete coisas: vestuário

4 coisas que gosto em roupas...

  • bolsos nas laterais das calças
  • textura macia
  • tecidos que amassam pouco e duram muito
  • cortes confortáveis
...e 3 que detesto:
  • costuras que pinicam
  • botões difíceis
  • slogans imbecis em camisetas

Bem piquininim

As conseqüências, vantagens e riscos da nanotecnologia nas nossas vidas estão no resumo das palestras do seminário Nanotecnologia, Saúde dos Trabalhadores, Alimentos e Impactos à Sociedade e ao Ambiente. São nove apresentações em powerpoint com bons elementos para quem quer se iniciar no tema. O evento aconteceu nos dias 3 e 4 na Fundacentro, em São Paulo.

Nanotecnologia é criação e manipulação de materiais, aparelhos e sistemas através do controle da matéria em escala microscópica. Ela está sendo anunciada como uma nova revolução tecnológica. Mais cedo ou mais tarde os resultados práticos disso vão bater a nossa porta - ou entrar pelos nossos orifícios.

A nanotecnologia envolve o estudo e a manipulação da matéria na faixa de 1 a 100 nanômetros. Um nanômetro é a bilionésima parte do metro. Mais ou menos do tamanho duma molécula d'água. Ele está para o metro assim como um grão de areia está para a distância entre Salvador e Natal (1.126 km), compara a pesquisadora Arline Sydneia Abel Arcuri, da Fundacentro. Mais aqui

p.s.: a imagem que ilustra este texto vem da galeria de nanotecnologia do saite Somewhereville, do cientista e artista gráfico (e baterista) Damian Gregory Allis. São modelos de nanoestruturas gerados por computador.

Música independente da Índia

TempoStand é uma plataforma que promove músicos independentes indianos sob licença Creative Commons. Os gêneros vão do hindustani ao sufi, do folk ao rock, passando pelo jazz, punk, blues e o que mais for aprovado pelos critérios de qualidade do selo. Lançado em 15 de abril por três recém-formados em engenharia de Ahmedabad, o projeto é uma net label com fins comerciais que também se dedica à gravação e publicação de CDs em suporte físico. Dá pra ouvir em streaming ou baixar algumas músicas - esta parte ainda está em desenvolvimento. Também se pode comprar o álbum a partir do saite ou criar o próprio disco personalizado. Mais detalhes no Remixtures, onde encontrei esse toque.

Shopbag Fofys Verde

Quer contribuir com o meio ambiente e ter no guarda-roupa a obra de uma artista talentosa? Que tal uma bolsa de compras? Confira na Fofysfactory da Carol Grilo.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Palavras, palavras: torque



Você faz idéia do que é torque? Acabo de escrever esta definição pra colocar numa nota explicativa de um artigo.

Torque é a medida de quanto uma força que age em um objeto faz com que o mesmo gire em torno de um eixo ou ponto central. No motor de um automóvel, o torque é gerado quando a combustão no cilindro cria pressão contra o pistão e o empurra para baixo, transmitindo a força para a biela e dela para o virabrequim.

Fontes: Wikipedia e HowStuffWorks

~
Uma coisa puxa outra.
Biela é toda a peça de uma máquina que serve para transmitir ou transformar o movimento rectilíneo alternativo em circular contínuo. Virabrequim (ou cambota, em Portugal) é a componente do motor para onde é transferida a força da explosão ou combustão do carburante por meio da cabeça da biela (que, por sua vez, se liga com o pistão - êmbolo em Portugal), transformando a expansão de gás em energia mecânica.
Valei-me santa wikipedia! Quando você ouvir a expressão "bater biela", já tem idéia do que se trata.



No ar a campanha pela democratização das concessões de rádio e tevê.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A expectativa é o freio do tempo.
Mauro Martini no Twitter.

Balanço de leituras

Lendo:

  • O vulto das torres - A Al Qaeda e o caminho até o 11/9, de Lawrence Wright. Livraço que conta a gênese do principal grupo terrorista da atualidade. A ascensão de Osama bin Laden ao posto de inimigo número 1 dos Estados Unidos - depois de ter sido aliado na campanha de guerrilha contra os russos no Afeganistão - é apresentada de maneira meticulosa e interessante, com base em centenas de entrevistas.
  • Reinações de Narizinho 1, de Monteiro Lobato. O clássico de literatura infantil brasileira está de volta pela Editora Globo, com belas ilustrações e em dois volumes. Todas as noites leio um capítulo pro Miguel. Começamos com uma visita ao Reino das Águas Claras, onde Emília, até então uma boneca muda, foi tratada pelo doutor Caramujo, que lhe deu uma pílula falante.
Recém-lido:
  • El plan infinito, de Isabel Allende. À semelhança de outros romances seus, a autora chilena conta uma saga familiar. O protagonista é o americano Gregory Reeves, filho de nômades, criado no gueto mexicano em Los Angeles. Ele enfrenta um monte de barras pesadas até se encontrar. Infância, amigos, amores, influências intelectuais, casamentos fracassados, traumas familiares, guerra do Vietnã, voltas e reviravoltas. Se inspira na história do marido dela. Gostei.
Na fila:
  • Hipertexto, hipermídia, organizado por Pollyana Ferrari. "O que muda na postura e no dia-a-dia do profissional da informação na era digital? Quem é o novo profissional da comunicação e quais meios ele possui?". Tem um artigo da amiga Adriane Canan, A não-linearidade do jornalismo digital.
  • Aventura nos mares do Brasil, de Werner Zotz. Mais um da coleção Expedições da Editora Letras Brasileiras. Ainda não comprei.
  • ...
Em pausa:

Eram cinco da manhã e o sol nascia

Um amigão dos tempos potiguares, Flávio Ferreira, deixou um bonito depoimento no meu orkut e aproveitou pra lembrar que já vomitei no carro dele. Faz vinte e tantos anos. Eu achava que já tinha deletado a cena da memória. Nada como uma idônea testemunha ocular pra imprimir esta marca na minha autobiografia não-autorizada. Assumo, es verdá. Agora tudo voltou (ops!) nítido: eram cinco da manhã em Ponta Negra, sol nascendo - sempre bem cedo naquelas paragens - e chegávamos duma festança boa. Ainda tive a decência de botar a cabeça pra fora da janela, mas foi vã a tentativa de livrar a porta... Não entrarei em detalhes sórdidos sobre odor e consistência. Naquela manhã, Flávio demonstrou ser um verdadeiro brother e um gentleman, pois lavou o carro sozinho.

Isso me trouxe um monte de lembranças agridoces, engraçadas, musicais, perfumadas. É curioso, sempre que evoco minha adolescência hedonista em Natal, as cenas vêm acompanhadas de bons odores, exceto em alguns casos como o supracitado. Talvez elas sejam editadas por um superego de bom gosto, sei lá. As recordações com Flávio envolvem noitadas com violão e turma animada, pilequinhos com tira-gosto de laranja na Bodega da Praça, acampamentos enluarados em praias com coqueirais, piadas sarcásticas e comentários jocosos sobre um pouco de tudo, empurrações de carros velhos, crônica falta de dinheiro, festas e mais festas - juninas, escolares, periféricas, a fantasia, sem convite -, o ombro amigo num momento trágico, natação em riacho no fim de tarde, longas caminhadas e papos filosóficos ao sol torrante com pés descalços... Flávio me apresentou pessoas queridas e me fez enxergar mais longe - por exemplo, quando demonstrou o poder do reiki.

Faz tempo que não vomito; pra felicidade do meu fígado, nunca mais consegui tomar cachaça e outros destilados com a disposição que tinha aos 15, 18 anos. Por outro lado, quando tento recuperar a sensação de otimismo ingênuo, a onipotência, a voracidade de viver a mil que eu tinha naquela época, é como tentar segurar água corrente com as mãos abertas. A juventude só acontece uma vez. É bom que seja assim, porque o que vem depois também é precioso e depende de ter existido o antes. O que me deixa muito grato à vida é que, nesse caminho, tive a sorte de fazer amigos incríveis. Poucos, bons, divertidos. Fundamentais. A gente passa anos sem se ver, mas na essência essa riqueza está preservada. Um brinde a isso!

domingo, 7 de outubro de 2007

As festas de outubro e uma encomenda do Ceará

Tia Cleide chegou hoje numa excursão de aposentados. Veio de Fortaleza, com escalas em Balneário Camboriú, Penha (Beto Carrero), Blumenau (Oktoberfest) e Itajaí (Marejada). Na bagagem uma encomenda especial: castanha de caju, rapadura e dois tijolos de polpa de tamarindo.

Gostei

e viramos adultos
sem aviso prévio
e sem indenização
Jeanine Will

sábado, 6 de outubro de 2007

Seção umbigo: a boa notícia da semana

Não vou precisar usar óculos. Pelo menos, não por enquanto. Daqui a um ano, talvez pra ler de perto.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007



Homenagem do blog ao Dia dos Animais (4/10).

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Trabalho escravo por Angeli

Free Burma

Free Burma!

Minha contribuição à campanha mundial de blogueiros pela liberdade em Mianmar, antiga Birmânia. A população do país é vítima de uma repressão brutal da ditadura militar. Todo apoio a esta causa é bem-vindo. Para participar, escolha uma imagem aqui no Flickr e coloque no seu blog. Mais informações sobre a campanha em www.free-burma.org

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Cotidiano, um laboratório de hipermídia

O Núcleo de Produção e Estudos Hipermídia Aplicados ao Jornalismo (NEPHI) da UFSC inaugurou ontem o portal http://www.cotidiano.ufsc.br . A proposta é que este seja uma laboratório para formação de alunos de graduação e pós-graduação do curso de jornalismo, para o qual vão convergir as atividades de várias disciplinas.

Novo atentado do Congresso

Agora contra a língua portuguesa. Tá na Folha de SP.

Escravocratas financiam políticos (2)

Na suíte da reportagem publicada ontem no Congresso em Foco, Lúcio Lambranho entrevista Leonardo Sakamoto, jornalista e cientista social que coordena a ong Repórter Brasil, focada no combate ao trabalho escravo. Sakamoto comenta a recente polêmica dos senadores que estão pressionando o grupo móvel de fiscalização do governo. Fala também da PEC 438 (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê desapropriação de terras dos escravagistas, há 12 anos (!) em tramitação no Senado. Vale conferir.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Primeira frase do Pulitzer 2007 de não-ficção

Numa cabine de primeira classe de um navio de passageiros fazendo o trajeto de Alexandria, Egito, a Nova York, um escritor e educador frágil, de meia-idade, chamado Sayyid Qutb viveu uma crise de fé.
O vulto das torres - A Al-Qaeda e o caminho até o 11/9. Lawrence Wright.

Lonely Planet agora é da BBC

Aviso aos viajantes: a BBC comprou a Lonely Planet. Tony e Maureen Weeler, casal de australianos que há 34 anos criaram a série de guias de viagem, vão receber em torno de 120 milhões de dólares e ainda ficam com um quarto da empresa, que hoje tem no catálogo cerca de 500 guias de viagem escritos por mais de 360 autores. Nada mal pra quem começou com um único guia, vendido a granel em poucas livrarias pra pagar o aluguel da mãe da autora.

Sou grande fã dos guias LP. Alguns, como Central Europe in a Shoestring, e South America, já me foram bastante úteis na estrada. Trazem uma visão equilibrada e informal sobre praticamente todos os lugares do mundo onde é possível um ser humano chegar com uma mochila nas costas e pouca grana no bolso. Mas tenho uma ressalva: eles sofrem do "paradoxo do sucesso". Quando um guia LP recomenda uma pousada ou restaurante, em pouco tempo o lugar fica lotado de viajantes atrás da barbada e o resultado inevitável é a queda da qualidade.

Uma boa alternativa a esse paradoxo é o fórum do saite deles, The Thorn Tree, onde os viajantes têm a oportunidade de trocar dicas e idéias em seções segmentadas pelos mais diversos interesses, tanto geográficos quanto temáticos - mulheres, gays, idosos, viagens com crianças, viagens experimentais, viajantes com deficiências... É uma mina de ouro, sempre com informações atualizadas. Já fiz bons amigos por lá.

A proposta da BBC é manter o espírito de aventura que norteia a coleção e ampliar os produtos para outras mídias. Já os autores pretendem investir o dinheiro na Fundação Lonely Planet, dedicada a projetos educacionais e de conservação em países em desenvolvimento. Mais aqui (in English).

Escravocratas financiam políticos

Meu amigo Lúcio Lambranho, repórter do Congresso em Foco, é co-autor de uma boa reportagem investigativa, dessas que me dão esperança de que o jornalismo não vai só pela lógica "detergente". A matéria surge num momento bastante oportuno, em que senadores fazem pressão para desmoralizar o Grupo Móvel de fiscalização do governo federal, que liberta trabalhadores.

Política financiada pela lista suja

Empresas autuadas por explorar trabalhadores em condição análoga à de escravo doaram R$ 897 mil para 25 candidatos em 2006

Lúcio Lambranho e Edson Sardinha - Congresso em Foco

Empresas autuadas por manter trabalhadores em condições análogas à de escravo doaram R$ 897 mil para a campanha eleitoral de 25 candidatos em 2006. Levantamento feito pelo Congresso em Foco revela que dois governadores, três senadores, nove deputados federais e cinco estaduais receberam dinheiro de empresas incluídas na chamada "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). (...)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Gato por lebre e a lógica do detergente

Continuando o assunto, o comentário de dois amigos jornalistas.

Anacris Oliveira:

A CBN está divulgando um comercial inacreditável: um "repórter" entrando ao vivo falando que a ponte está parada e que só é possível passar de moto. Anúncio da Amauri, com cara de reportagem.

Marques Casara:
Esse exemplo cai como uma luva para exemplificar a lógica do detergente, citada por Leandro Marshall em “O jornalismo da Era da Publicidade” (Summus, 2003). Confira alguns trechos:

“A publicidade não aceita mais apenas fazer vizinhança com o jornalismo. Portadora dos interesses do capital, a publicidade pressiona o jornalismo e opera na mesma lógica. A publicidade acossa o jornalismo, submete-o às mesmas regras e valores do capital, obrigando-o a relativizar seu compromisso com a verdade e com o interesse público”.

“A nova estética universaliza e radicaliza a práxis de mercado e atinge a essência da imprensa, das notícias, do noticiário, da informação e dos próprios jornalistas. .... passam a relativizar o conceito de verdade, de realidade, de conhecimento, de informação, de saber etc”

“Embora associe-se imprensa com verdade e jornal com informação, constata-se que a imprensa é consumo, publicidade e empresa privada. Os jornais contemporâneos viram mercadorias, submetidas a lógica do mercado, da audiência e do lucro, que passam a ser produzidas e vendidas dentro da mesma lógica que produz e vende detergente em pó.”