sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A entrega do Prêmio Herzog

Marques Casara, meu convidado à cerimônia de entrega do Prêmio Herzog ontem em São Paulo, conta um pouco do que assistiu:

Três momentos de uma quinta feira chuvosa:

. Dauro Veras foi o primeiro agraciado a subir no palco do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, durante a cerimônia do 29º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Na noite de quinta 25, recebeu menção honrosa na categoria Revista pela reportagem Madeira e Sangue, que conta a vida dos trabalhadores do setor moveleiro de Santa Catarina.

Seu nome foi anunciado pelos jornalistas Mônica Waldvogel e Heródoto Barbeiro, que o convidaram ao palco. Com a serenidade que lhe é peculiar, recebeu calmamente o diploma, fez uma reverência e estampou amplo sorriso. Nada disse e nada lhe foi perguntado.

Guardou o diploma na mochila e recostou-se na cadeira, ao lado desde jornalista e do presidente da Fenaj, Sérgio Murillo.

– Não precisei falar nada – proferiu.

Parecia aliviado ao fazer a afirmativa, afinal, o que era para ser dito estava ali, em sua reportagem.

. Caco Barcellos, um dos premiados, tomou o microfone e falou por cinco minutos. Em meia dúzia de palavras, demoliu o filme Tropa de Elite. De forma didática, revelou como as mídias constroem alianças com o que há de mais podre na sociedade. Não vou aqui reproduzir as palavras de Barcellos, pois não foram anotadas, mas não posso deixar de destacar uma frase. Disse: Na época da ditadura, os jornalistas ou eram contra os grupos de extermínio ou eram omissos. Hoje não são nem contra nem omissos. Hoje apóiam as tropas de elite, os esquadrões da morte que em seis meses matam mais do que mataram os militares da ditadura.

. Luiz Eduardo Greenhalgh, um dos mais corajosos defensores de presos políticos durante a ditadura, fez um discurso emocionado em defesa dos direitos humanos e do papel dos jornalistas como defensores da justiça e da liberdade.

Assistir a cerimônia de entrega do Prêmio Herzog é algo que todo jornalista deveria fazer. Dali saem referências que nos orientam sobre nosso papel e sobre o quanto o jornalismo é importante para a construção de um mundo melhor.