domingo, 30 de setembro de 2007

Remixtures

Uma descoberta bacana em minhas webdivagações. Vou deixar ele mesmo se apresentar. Salvo engano, o gajo é português.

Remixtures.com é um blog assinado por Miguel Caetano sobre a cultura da remistura. Com este espaço, pretendemos criar um posto avançado de observação e reflexão sobre o que de mais recente e interessante ocorre no domínio da cultura livre emergente - netlabels, net-art, P2P, copyleft, Creative Commons, Mash-Ups, remixes - e dos entraves que se colocam ao seu pleno desenvolvimento, no sentido da partilha e reapropriação generalizada do conhecimento. Porque todo o criador não é senão um (re)apropriador das criações de muitos outros.

A cultura da remistura tem as suas raízes numa ecologia musical com vastas ramificações. Só para nos ficarmos pelo último século, podemos apontar uma genealogia que vai desde os blues que emanavam das plantações de algodão ao longo do Delta do Rio Mississippi passando pelos primeiros samples electrónicos da música concreta de Pierre Henry e Pierre Schaeffer no final dos anos 40 e início de 50 ou pelo Hip-Hop que brotou das ruas de Nova Iorque e o Dub dos raggamuffins e sistemas de som da Jamaica, chegando ao techno e house de Detroit e Chicago e culminando nos Mash-Ups da geração MySpace e YouTube.

Estas evoluções culturais colocaram em causa, cada uma à sua maneira, o sistema vigente da propriedade intelectual, em especial, os direitos de autor. (...)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Cinco livros marcantes

A lista de ph:

Alguns livros que mais me influenciaram:

1. Desafio aos Deuses: Uma Breve História do Risco. (Bernstein)
2. Ensaios Analíticos (M. H. Simonsen)
3. Conjectures and Refutations (Popper)
4. Manual do Perfeito Idiota Latino Americano (Llosa et all)
5. A Sangue Frio (Capote)
E a sua?

O gol de Marta em Brasil 4x0 USA



Obra de arte!

Não há fronteiras para as boas idéias

É ótimo quando uma boa idéia se multiplica. O PAIR Programa Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil no Território Brasileiro, que hoje existe em 57 cidades de 11 estados, vai ser expandido para mais três estados este ano: Rio de Janeiro, Rondônia e Pará. Criado há cinco anos, o programa teve sucesso reconhecido pelo Tribunal de Contas da União, que em 2004 recomendou sua expansão. A estratégia é buscar o fortalecimento dos Conselhos Tutelares e a capacitação dos agentes da rede de proteção à criança e ao adolescente. Está em negociação um projeto que vai levar a metodologia aos demais países do Mercosul, a princípio nos municípios de fronteira.

Conversei com Ângelo Motti, coordenador da Escola de Conselhos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), que desenvolveu essa metodologia. Ele conta que o grande diferencial do PAIR é capacitar as pessoas para entender o problema:

"Nós mostramos os meios de que dispomos para o enfrentamento, os danos que a violência causa, o papel da rede e como organizá-la, sempre respeitando a dinâmica, a história e a cultura de cada lugar".
Ângelo cita alguns resultados positivos. O município de Pacaraima, em Roraima, deixou de ser rota do tráfico internacional de crianças e adolescentes, que eram levadas para garimpos de brasileiros na Venezuela – algumas também para Holanda, Espanha e outros países europeus. Muitas dessas meninas eram de Manaus, outra cidade escolhida no projeto-piloto, onde a situação também melhorou.

No Acre houve redução no número de meninas que eram levadas de Brasiléia e do interior do estado para a Bolívia. Mas essa rota ainda é abastecida via Porto Velho. Por isso Rondônia é um dos três estados que vão ser incluídos no Programa este ano. Em Feira de Santana, importante entroncamento rodoviário na Bahia, o PAIR promoveu uma ação preventiva sistemática junto a caminhoneiros. Criou-se um “parlamento juvenil”, organização em que mais de 300 jovens atuam propondo políticas públicas e em outras ações de enfrentamento do problema.

Mais aqui

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Radiola de fim de tarde

Ouvindo Cria, de Maria Rita. Som pra quem gosta de criança e de música. Valeu, Tadeu.

p.s. Curiosidade: a expressão "maria rita nua" está entre as principais portas de entrada dos "pára-quedistas do Google" neste blog. Mas como você pode conferir aqui, o texto e a imagem não têm nada a ver com fotos da filha de Elis pelada.

Os livros, as bibliotecas e eu

Desde criança - muito antes de ter acesso ao debate sobre copyleft ou de fazer reflexões existenciais sobre o desapego - a idéia de "ter" um livro ou "ter" uma música sempre me parece estranha. Credito isso em parte ao fato de ter crescido num ambiente rodeado de música e gente: rádio ligado, irmãos cantarolando no chuveiro, LPs espalhados pela casa, fitas cassete no carro. Pra mim era mais que óbvio, o som estava no ar pra ser degustado na hora em que tocava. Cada pessoa que ouvia também passava a ser dona da música (aos seis passei a ser um dos donos dos Beatles).

Com os livros foi um pouco parecido. Tive a sorte de mergulhar cedo no mundo maravilhoso das bibliotecas. Primeiro na escola primária no Recife, numa fase introspectiva aos sete anos - logo depois de passar vergonha porque uma menina contou pra toda a turma que eu tava sem cueca por baixo do calção, mas isso não vem ao caso. O fato é que a escola tinha uma biblioteca interessante, apesar de pequena, e lá eu me refugiei por um tempo na hora do recreio. Momentos de belas descobertas, como a série francesa Petit Nicolas e os livros de Orígenes Lessa.

Aos doze, descobri na Biblioteca Pública de Natal um grande tesouro: a coleção completa de Tarzan, de Edgar Rice Burroughs. Passei tardes muito agradáveis ali, numa deliciosa solidão cheia de aventuras africanas, até ler os mais de vinte livros da série. Aí parti pras obras de Monteiro Lobato, de quem se pode dizer sem exagero: é um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. No ginásio tive um professor que escreveu certo por linhas tortas. Um dia eu fui à aula com meias verdes porque não tinha as meias pretas do uniforme. Ele me mandou de "castigo". Adivinha pra onde?... Pra biblioteca! Não lhe guardo rancor nem o nome. Outros mestres vieram e me estimularam com mais inteligência.

Como nunca tive grana sobrando pra comprar os livros e músicas que queria, precisei buscar alternativas. Bibliotecas públicas e de amigos, trocas, fotocópias, sebos... E mais recentemente os meios que a tecnologia oferece. Hoje já posso entrar numa livraria e levar um livro novo (é incrível que no Brasil e em tantos lugares isso ainda seja quase um luxo!), embora sempre deixe pra trás uns dez que também gostaria de ter comprado. A idéia de "ter" um livro ou uma música continua me parecendo tão bizarra quanto nos tempos de criança. Minha biblioteca virtual no LibraryThing é composta na maior parte por livros que não "tenho" no sentido físico. Na verdade, são os livros que me têm.

p.s.1. Nunca roubei livros. E não foi por falta de oportunidade, e sim porque isso nunca fez sentido pra mim. Mas confesso que já tive vontade.

p.s.2. Alguns livros marcantes ("disclaimer": lista em eterna mutação).

p.s.3. Quais são os seus cinco livros marcantes? Se quiser, conte o motivo. Lembrança de um antigo amor, de uma viagem, de um momento bacana? Presente de alguém especial?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Chegadas: Rodrigo



Lá do outro lado do mundo acaba de chegar uma bela notícia dos Camelos - Marcelo e Liz:

Olá meu Amigos!

O Rodrigão nasceu no dia 26/09/2007 às 18h39min em Sydney, Australia, pesando 3.57Kg e medindo 51cm. Ele passa muito bem, assim como a mamãe. Ambos vão dormir esta noite na maternidade,
Felicidades!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Gato por lebre

Sakamoto, em seu blog, escreveu - com muito mais talento - o que só pensei. A revista da Abril a que ele se refere bolou um jeito superinteressante de enrolar o leitor.

O jornalismo do gato por lebre

Anúncios com cara de reportagem têm sido cada vez mais comuns na mídia impressa. Hoje, comprei uma revista da Editora Abril e me deparei com uma matéria, bem produzida, diga-se de passagem, sobre a produção de eucalipto, matéria-prima da celulose. Ao final, em um quadradinho acanhado, menor que um papel de bala, aparece que aquele conteúdo foi feito sob encomenda da Aracruz Celulose.

Cadê o “Informe Publicitário” que aparecia no topo das revistas antigamente quando elas publicavam anúncios com cara de matéria? A ganância comeu, provavelmente. (...)

Aniversário dos Peladeiros

O grupo Peladeiros completou cinco anos de existência. É uma turma de amigos que se reúne toda segunda-feira pra jogar futebol - 89,7% são jornalistas, conta Rubinho Vargas, o tesoureiro. Eu não jogo bola, mas ontem fui prestigiar a comemoração num boteco nos fundos do Hospital Universitário, onde eles fazem o encontro semanal. Tive o prazer de tomar umas cervejas numa mesa comprida e barulhenta com Alexandre Gonçalves, Chico Faganello, Dorva Rezende, Edson Rosa, Fábio Brüggemann, Fernando Goss, Gustavo Cabral, Marcelo 'Tarta' Tonelli, Rogério 'Magrão' Mosimann e mais uma galera animada.

Sabe onde fica Porto Murtinho?

Gosto muito do saite do IBGE. Sempre que vou lá descubro coisas novas sobre este Brasilzão. Uma seção que consulto bastante é Cidades, ótimo banco de dados sobre todos os municípios do país. Acabo de descobrir e ver no mapa onde fica o município de Porto Murtinho.

Sandboard


Sandboard, originally uploaded by dveras.

Minha sobrinha Amanda nas dunas da Joaquina.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

o coração só dá
duas garantias:
tum-tuns mortais
e o silêncio depois
Jeanine Will, em Caminhão de Mudança

Síndrome de Estocolmo, quatro anos

Neste domingo completou quatro anos o blog Síndrome de Estocolmo, da Denise Arcoverde, pernambucana casada com sueco e residente em Washington D.C. Blog ecletíssimo, trata de artes, cidadania, gênero, saúde, relacionamentos, viagens - ela tem muita estrada - e o que mais vem na veneta. Denise é fundadora do Grupo Origem, ong que há quase vinte anos promove e defende o aleitamento materno. Um oásis de vida inteligente e vibrante pra quando a gente se cansa de abobrinhas na internet. E lá também tem abobrinhas, claro, o que só reforça o que eu disse sobre inteligente e vibrante.

domingo, 23 de setembro de 2007

'Cerveja é bom'

Nunca esqueço de um livro didático de comunicação e expressão que usei na terceira ou quarta série primária. Tinha uma crônica de um escritor brasileiro conhecido. No meio aparecia a frase "Cerveja é bom." Mais adiante, na interpretação de texto, vinha a explicação de que essa conjugação de gênero é aceitável (o verbo "beber" ou "consumir" está implícito). Imagino que tal exemplo ia causar um escarcéu nos dias de hoje. Bom, não me tornei pinguço por causa disso. Concordo com o autor: cerveja é bom. Algumas são ótimas.

Uma lembrança puxa outra. E aquela cena do Vinícius de Moraes na tevê cantando músicas infantis, rodeado de crianças e de seu inseparável copo de uísque? Tem no youtube?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Terceiro Setor

Nova seção no blog: Terceiro Setor. Comecei uma lista de organizações com as quais tenho afinidade. Colaboro regularmente ou eventualmente com algumas; com outras sou só simpatizante. Uma ressalva evidente: as afinidades não querem dizer alinhamento automático de idéias.

  • Mozilla
    Projetos de software de código aberto.
  • Oxfam
    Combate à fome e à pobreza. Apoio a projetos de desenvolvimento.
  • Repórter Brasil
    Ong e agência de notícias de jornalismo social, com foco no combate ao trabalho escravo.

Águas de fim de inverno

Duas e quinze da tarde. Chuva, trovões e céu fechado. Aqui no sul da Ilha algumas luzes dos postes estão acesas.

Dois haikais

Lutar? Para quê?
De que vive a rosa? Em que
pensa? Faz o quê?

(Guilherme de Almeida Prado)

Era uma vez

o sol nascente
me fecha os olhos
até virar japonês

(Paulo Leminski)

Estação Primavera

A Primavera começa às 06h51 de 23 de setembro. Há dias ela já é anunciada pelos belíssimos ipês amarelos, pela passarinhada a procriar e outros sinais inequívocos. Tempo de guardar as roupas de frio - deixando uma jaqueta leve à mão, pras imprevistas mudanças no clima ilhéu. De pensar num retorno à natação, limpar o mato do quintal, tomar café da manhã pegando sol (hoje não, tá chovendo). Passei anos sem ligar muito pras estações. No Nordeste e no Norte é só "verão" e "inverno", épocas seca e chuvosa. Aqui no Sul essa mudança é mais palpável e sempre me fascina. No equinócio, dia e noite têm a mesma duração. Data marcante pra criar um ritual milenar (dizem que a Páscoa surgiu assim, no equinócio de Primavera do hemisfério norte), fundar uma dinastia, comprar uma bermuda nova. Daqui pra frente os dias vão ser cada vez mais longos. E a praia, cada vez mais perto. Eba!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

'No meu tempo era pior' 3

Meu mano Camillo, jornalista em Fortaleza, a propósito da mensagem que repassei a ele sobre os 80 anos de Ariano Suassuna:

Ariano. O cabra é mesmo muito bom.
Na semana passada ele teve aqui na Assembléia e pude assistir mais uma palestra (show) dele.
O que era pra ser apenas mais uma daquelas chatas solenidades de título de cidadania ele transformou numa grande palestra e um verdadeiro show de humor. O humor é afinado, no mesmol estilo do Chicó (do "Auto da Compadecida").
Certa hora, ele se desculpou por ser o único sem paletó e disse que isso ocorreu porque o avisaram que era traje esporte-fino:
- Como eu não sabia o que era esporte-fino me lembrei que era torcedor do Sport Clube do Recife, que tem uniforme vermelho e preto, então escolhia uma calça e uma camisa com essas cores... explicou.

'No meu tempo era pior' 2

Meu pai, 82 anos, concorda com o mestre Suassuna: no tempo dele era pior. Já imaginou viver sem penicilina? Levar um mês de caminhão do Ceará ao Rio? Não poder contar com os anticoncepcionais nem com anestesia decente pra tratar os dentes? O velho Camillo comenta ainda que, em todas as épocas que viveu, as pessoas sempre diziam que "antes era melhor". Memória seletiva coletiva.

'No meu tempo era pior'

Ariano Suassuna, comemorando 80 anos, no Valor de hoje.
~
Com todo respeito ao genial escritor, professor e pensador: Ciro Gomes em 2010 não dá, né?!
~
Aproveitando a deixa. Você não acha graça em mais nada? Levou fora do namorado? Seu patrão fugiu com o bilhete premiado da mega-sena? DVeras em Rede recomenda a leitura de Auto da Compadecida, peça de teatro que Ariano Suassuna escreveu em 1955. Talvez não cure seus males, mas vai lhe garantir boas risadas e um pouco mais de conhecimento sobre a cultura do povo nordestino.

Primeira frase de uma obra-prima amazônica

Quando abri os olhos, vi o vulto de uma mulher e o de uma criança.

Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum.

Barco na Baía Norte

Árvore no Sambaqui

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Canal da Barra da Lagoa

Nelson Rodrigues ia adorar

Casal descobre ser amante em sala de bate-papo na web
Um casal bósnio está se divorciando após descobrir que eram amantes um do outro na web, de acordo com a reportagem publicada no site britânico Metro.co.UK.
[Estado de SP, via Frank]

Ó nós aí

NósVou confessar uma coisa: minha aptidão para certas tarefas manuais beira a incompetência. Faz tempo que convivo na boa com essa limitação, em parte consolado pelo fato de ser canhoto. É uma desculpa válida em atividades como abrir latas e descascar laranjas - o lado cortante de muitas lâminas de faca foi concebido para destros -, mas não justifica toda a minha falta de habilidade.

Como sei que a desculpa de ser canhoto é meio esfarrapada? Tenho algumas evidências empíricas: 1. Consigo abrir garrafas de vinho com relativa facilidade, embora o saca-rolhas - bem como todos os mecanismos de enroscar, como torneiras etc. - também tenha sido inventado pra uso com a mão direita. 2. Existem canhotos muito hábeis com as mãos, sem falar nos pés. O design das ferramentas e utensílios não foi concebido para nós, meros 15% da população, mas o treino intensivo possibilita obter razoável inclusão social (e tomar bons tintos).

Esse papo todo foi pra contar que, até há poucas semanas, eu sempre dava um nó da maneira errada e nunca tinha me dado conta. É o nó número 2 da figura, usado quando as pontas da corda se encontram. Meu pai, de 82 anos, teve a oportunidade de ensinar mais uma coisa ao filho de 41. A ponta da corda que passa por cima na ida deve passar por baixo na volta; assim o nó não afrouxa. Wim Wenders e aprendenders.

p.s.: Esta figura veio da The Household Cyclopedia. Ela ilustra os 20 nós mais úteis e suas finalidades. Nada que o sujeito não aprenda em uns 15 anos de prática.

p.s.2: Encontrar o saite acima foi um caso típico de serendipity. The Household Cyclopedia é um livro de conhecimentos gerais impresso em 1881. Foi escaneado e reproduzido na web em 1998 por Matthew Spong.

Feliz aniversário

:-)

O primeiro emoticon faz 25 anos hoje.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sal da terra

Acho esta música linda. Faz anos que não escuto, mas relendo a letra, a melodia começa a tocar em minha cabeça sem o menor esforço. Acompanhada de recordações de amigos, abraços apertados e desarmados. Violão, acampamentos, água corrente. Paisagens vistas em estradas que percorri aos vinte anos. É um som de tempos mais ingênuos e risonhos. E como continua atual! A memória musical é mesmo um fantástico mp3 player + cinema de baixíssimo custo...

Sal da terra
Beto Guedes

Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na Terra, amor, o pé na terra
A paz na Terra, amor, o sal da...
Terra, és o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com teus frutos,
Tu que és do homem a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
O sal da Terra

O grande felino p&b se prepara para atacar

Notícia de grande utilidade pública

Do Nando, agorinha, via Twitter:

festa geral: NYTimes abrindo todo o acesso a todos os leitores, inclusive arquivos 87-presente.
Meu palpite é que a queda desse "Muro de Berlim" midiático vai ter repercussões benéficas em escala mundial. Confira aqui, direto no NYT.

Os dez lugares mais poluídos do mundo

O levantamento é do Blacksmith Institute. Rússia, China e Índia são os países mais presentes neste ranking de horrores. A América Latina também tem um representante.

  1. Sumqayit, Azerbaijão. Metais, petróleo e produtos químicos.
  2. Chernobyl, Ucrânia. Partículas radioativas.
  3. Dzerzinsk, Rússia. Resíduos químicos.
  4. Kabwe, Zâmbia. Chumbo.
  5. La Oroya, Peru. Chumbo, zinco e cobre.
  6. Linfen, China. Poeira de carvão, arsênico na água.
  7. Norilsk, Rússia. Metais pesados no ar.
  8. Sukinda, Índia. Cromo na água.
  9. Tianying, China. Chumbo no ar e no solo.
  10. Vapi, Índia. Pesticidas, farmacêuticos e outros químicos.
Mais informações na reportagem da revista Scientific American Brasil.

Tchau, pai



Pai e filha, separados pelas grades da prisão, acenam um pro outro. Filme de Ricardo E. Machado, premiado em três festivais. Dois minutos e meio. [dica do Fernando Evangelista]

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Primeira frase de um clássico britânico

O Nellie, um iate de passeio, tendeu para o lado da âncora, sem uma ondulação das velas, e ficou imóvel.

Coração das Trevas, Joseph Conrad.

Monteiro Lobato de volta às livrarias

Que notícia bacana eu recebi do Dubes:

Editora Globo anunciou nesta 3ª.feira (11/9) ter assinado um contrato vitalício com representantes da família do escritor Monteiro Lobato para licença e uso dos direitos autorais de suas obras, que conta com 56 livros (31 para o público infanto-juvenil e 25 para adultos), todos sem atualização há 40 anos. (...)
Monteiro Lobato foi um dos responsáveis pelo meu gosto pela leitura e pela escritura (a culpa também é dele, leitores). A chave do tamanho, Reinações de Narizinho e depois, na adolescência, a obra-prima A Barca de Gleyre marcaram minhas primeiras trilhas no mundo das letras. Embora essa coisa de "contrato vitalício" sempre me deixe de pé atrás, é muito bem-vinda a notícia de que os livros dele vão ser reeditados. Um grande presente pra criançada do século 21.

A escolha de ser feliz

Algumas pessoas são sortudas em possuir genes que as predispõem à felicidade. Mas nem tudo está na genética. Estudos científicos comprovam o que o bom senso e os autores de livros de auto-ajuda já afirmam há tempo: a felicidade pode ser uma questão de escolha, não só de sorte. Resumi as sete estratégias para a felicidade compiladas pela WebMD nos estudos do professor de psicologia David T. Lykken, autor de Happiness: Its Nature and Nurture (a íntegra do artigo de Tom Valeo está aqui, em inglês - mais uma preciosa dica do Nando).

  1. Não se preocupe, escolha ser feliz.
    A felicidade depende em grande parte de uma escolha consciente de atitudes e comportamentos.
  2. Cultive a gratidão.
    Dica: escreva uma lista das coisas que lhe despertam esse sentimento.
  3. Alimente o perdão.
    Ruminar mágoas e ressentimentos é péssimo pra saúde. Colocar-se no lugar do outro e perdoar faz um bem danado.
  4. Contrabalance os pensamentos e sentimentos negativos.
    Meditação, ioga, relaxamento, não importa como. Tente descobrir técnicas para identificar os pensamentos negativos e detê-los.
  5. Lembre que dinheiro não traz felicidade.
    É como disse Pedro de Lara...
  6. Alimente a amizade.
    Este é um dos melhores antídotos contra a infelicidade.
  7. Engaje-se em atividades significativas.
    Quando estamos envolvidos em coisas que nos desafiam e dão sentido à existência, tudo fica bem mais fácil.
p.s.: Fiquei feliz em compartilhar isso com vocês. Depois me contem se dá certo. ;)

domingo, 16 de setembro de 2007

Miguelices: nanopérolas metafísicas

Miguel, ainda impressionado com a reportagem na tevê que ele viu há duas semanas sobre nanorobôs que vão navegar por dentro das pessoas:
- Sabe o que os robôs pequetititos não podem ver dentro do nosso corpo?
- O quê?
- O nosso fantasma.

Miguelices: salada à brasileira

- Sabia que eu sou o mais japonês na minha [turma na] escola?
- É?
- E também sou o mais preto.

Alegrias de sábado à noite

Num churrasco, reencontrei um amigo que não via há uns dez anos. O tempo foi implacável com nossas barrigas; no mais, nos melhorou bastante.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Como as coisas funcionam - agora com vídeo

Um saite bacana pra quem tem curiosidade de ir além do trivial é o howstuffworks, que também tem uma versão em português. É especialmente útil pra quem, como eu, tem filhos na fase do "por que", que passam o dia nos metralhando com perguntas interessantes e às vezes bem cabeludas. Lá você encontra explicações sobre como funcionam, por exemplo, os pneus, a transposição do Rio São Francisco, o iPhone, a reforma ortográfica ou - aleluia! - os buracos negros. Uma novidade é o canal de vídeos, com material exclusivo em português e também dublado dos originais americanos.

Primeira frase de 'O Grande Bazar Ferroviário'

Desde criança, quando vivia perto da via férrea de Boston e Maine, raras vezes ouvi o silvo de um trem sem sentir o desejo de estar nele.
Paul Theroux

Primeira linha

Encontrei - dica do Nando - um uso bem criativo e potencialmente rentável do Twitter: o TwitterLit. É um saite que oferece teasers literários duas vezes por dia, com a primeira linha de um livro. Não diz o título nem o nome do autor, mas dá um link pra livraria virtual Amazon.com, onde a pessoa pode descobrir a informação - e fazer a compra se quiser, o que rende uma comissão pro dono do saite. Dá pra acompanhar via Twitter ou RSS e ainda incorporar o código no blog ou saite, em três versões: Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.

A primeira linha diz muito sobre uma obra e seu autor. Nem sempre é um resumo; às vezes serve pra fisgar a atenção, amarrar o leitor desde o início. Ela tem muito a ensinar aos jornalistas e aos aspirantes de vôos literários. Ainda não existe versão brasileira desse saite, que eu saiba. Mas vou brincar com a idéia aqui e publicar a primeira linha de alguns livros da minha biblioteca - ou primeira frase, quando a primeira linha sozinha não fizer sentido. Com a diferença de que vou dizer o título e a autoria.

Pra começar, a biografia de um grande mestre:

"Eu não poderia ser diferente do que sou. Se há alguma coisa que sei, é isso".
Eu, Fellini (Charlotte Chandler)

É coisa nossa

"Tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro".
Um dos aforismos de Pedro de Lara (1925-2007), citado pelo Inagaki. Como disse o autor de Pensar Enlouquece..., com a morte de Pedro de Lara se vai um pedaço da nossa infância.

Vergonha nacional

Você pode ajudar o Google a indexar melhor seus resultados. Escreva um post e utilize o link vergonha nacional no corpo dele, apontando para o Senado. Agora faça o teste: vá ao Google, digite "vergonha nacional" e veja qual é o primeiro resultado. A campanha foi lançada no dia 12 Rodrigo Stulzer e em menos de 24 horas já tinha dado resultado. Bender lançou a mesma idéia no dia 13.
~
Update 11h38. http://www.senado.gov.br > SERVICE UNAVAILABLE
~

Update 12h07: segundo o Technorati, 4.016 blogs já aderiram à campanha até o momento.


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Qual é o fim das suas canetas?

Teste de enquete: qual é o fim das suas canetas? Resposta na coluna ao lado (se você estiver lendo este blog no +D1 ou via RSS, faça o favor de entrar aqui e deixar sua participação neste importante experimento de interatividade). Votação aberta até dia 21 de setembro à 0h01.

A função da arte

Recebi da Adriane Canan:

Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!
[Eduardo Galeano, em O livro dos abraços]
~

Tou ajudando o Miguel a olhar. A piscina :)

Uma viagem pela margem do Novo Chico

Caroline e Ticiani, duas estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, resolveram botar os pés na estrada pra fazer o trabalho de conclusão de curso. Elas estão percorrendo de carro, por um mês, a margem pernambucana do Rio São Francisco. Serão ao todo 500 quilômetros e dez municípios. Seu objetivo é contar sobre as pessoas que vão ter suas vidas afetadas pela obra. A aventura jornalística pode ser acompanhada no blog Às margens da transposição.

Fiquei encantado com a ousadia e a relevância da proposta. Esta pauta estava "caindo de madura", como se diz entre os coleguinhas. O Brasil é um mundo de histórias a serem contadas, de gente simples e anônima que rala de sol a sol pra sobreviver e criar a família - neste caso, bote sol nisso! Quando essas pessoas vivem no entorno de um polêmico megaprojeto de engenharia, o registro de seus depoimentos ganha uma dimensão social e histórica importante.

Acho bacana a narrativa em primeira pessoa. Elas se colocam na história, com suas inseguranças, expectativas e o frescor de jornalistas em princípio de carreira - com os naturais escorregões que a falta de experiência possa trazer, mas com a vantagem de estarem livres dos vícios dos profissionais calejados pelo cinismo do dia-a-dia. As descrições do cotidiano da viagem, com seus estranhamentos e choques culturais, são saborosas. No dia 12, em Lagoa Grande, por exemplo:

(...) deparamos com uma espécie de mirante no Velho Chico. Não hesitei. Parei o carro e desci para ver aquela imensidão. A Carol me seguiu no primeiro instante, mas logo pediu para que saíssemos dali, se sentia ameaçada. Um bando de meninos, entre 13 e 15 anos chegavam no local. O que inibiu a Carol, me tranqüilizou. Eram apenas guris de ‘cueca’ indo tomar banho no rio. Eles usavam o mirante como trampolim. Numa tentativa de aproximação, não fomos bem recebidas. Tentamos puxar papo com duas meninas e elas não nos entendiam ou não sabiam lidar com a situação. Percebendo que não teríamos retorno, nos afastamos e ficamos só observando a movimentação. (...)
As impressões sobre a comida, o trânsito e o clima:
É difícil uma gaúcha e uma catarinense de São Joaquim admitirem, mas o vento também nos fez passar frio.

Sombra? Que sombra?

As bicicletas acham que são motos.

Farofa é onipresente.

Baião de dois não é uma refeição que dá pra dois. É uma mistura de arroz, feijão, calabresa, bacon e o que mais se quiser por dentro.
A cobertura é multimídia, com textos, fotos e vídeos - estes últimos, por enquanto, ainda não estão no blog. Gostei da apresentação de fotos com a ferramenta slide. Senti falta do RSS e de uma variedade maior da tags - acho que o critério de classificar os posts só em "editorias" subutiliza o recurso, que possibilita entradas mais intuitivas. Encontrei uma referência a "não-cultura" associada à miséria e à seca que vão encontrar pela frente. A redefinição do conceito trivial de cultura pode ser uma surpreendente descoberta das viajantes...

Uma coisa maravilhosa nesse mar de histórias é que ele oferece várias continuações possíveis, a serem feitas por elas mesmas ou por outros. Um próximo passo seria visitar locais que vão receber a água da transposição. Outra abordagem possível é fazer esses dois caminhos daqui a alguns anos, numa viagem comparativa - se possível, revisitando os personagens que apareceram na jornada anterior.

Boa viagem, meninas! Desejo que esta viagem abra portas pra muitas outras. Abraços de um pernambucano na Ilha de Santa Catarina.

p.s.: "Transposição do rio São Francisco" tem 187 mil referências no Google.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Brasiiiiiiil!

Passei o dia sem ler notícia. Aí abro o uol e leio que Renan Calheiros escapou da cassação. Em seguida: a pedido da Nestlé, que queria participar duma licitação, a Prefeitura de São Paulo piorou a qualidade nutricional de uma sopa pra escolas. Putaqueopariu!

Dois irmãos


Olha só o mimo que o Julio mandou de brinde pro Miguel e pro Bruno junto com a encomenda dos ímãs de geladeira.

Flores universitárias


Quando eu tirava esta foto no campus da UFSC, um cara passou e comentou pra si mesmo, alto o bastante pra que eu ouvisse: "Mas que bobagem...". Quero crer que ele lembrava do verso da canção de Cartola, "...as rosas não falam/simplesmente as rosas exalam/o perfume que roubam de ti". Mas também pode ser que tenha achado bobagem fotografar flores quando eu podia documentar coisas politicamente mais relevantes. Ri pra ele, mostrando as minhas rugas de preocupação e continuei clicando. Esta aqui vai de presente pros meus amores.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Meu 11 de setembro de 2001

Laura e eu morávamos no Rio. Os filhos ainda eram um sonho, a bolha da internet tinha estourado e nos deixado numa roubada. Eu ganhava a vida com frilas - entre eles o de resenhista de livros pra Editora Rocco, um trampo mal pago, mas delicioso de fazer. Tínhamos como hóspedes em nosso apê de Botafogo um simpático casal de cientistas franceses, Jéròme e Véronique. Tomávamos café da manhã quando o Marques Casara me ligou de São Paulo: " - Liga a tevê!". Ligamos e vimos o horror. Como tantos outros no mundo inteiro, acompanhamos ao vivo um avião se espatifar contra a segunda torre, imaginando que era uma reprise do primeiro. A campainha tocou. Era David, um amigo taxista nascido no Colorado, morador do Texas e apaixonado por música brasileira. Chegou transtornado. Todos ficamos suspensos num sentimento de quase irrealidade diante das novas notícias - o avião no Pentágono, o avião derrubado, os boatos. Não me lembro muito bem, mas acho que tomamos uma bebida forte. E tentamos continuar o dia na maior normalidade possível, mas com a plena consciência de que nada mais seria igual. Peguei um táxi pra Gávea e fui resolver uma burocracia de segunda via do certificado de dispensa militar, pra conseguir renovar o passaporte. Com o taxista troquei palavras de perplexidade. Lembrei de comprar os jornais no dia seguinte e guardar como documento histórico. Um mês depois nos mudamos de volta a Floripa.

Rio da Prata, Anitápolis, SC

Miguelices: novas descobertas no planeta água

Hoje Miguel foi à primeira aula de natação. Fiquei emocionado, lembrei muito do seu primeiro dia de aula. A princípio ficou assustado, chorou um pouco e grudou em mim. Sentei na borda da piscina e fiquei batendo os pés. Ele aos poucos foi se soltando, ajudado pelos coleguinhas e pelo talentoso professor Fernando, que Laura e eu já conhecíamos de antigas braçadas. A brincadeira de jogar água nos outros com uma meia garrafa PET furadinha foi a deixa pra ele se aproximar. Fernando aguardou, paciente, o momento ideal, e logo o Migo já estava nos braços dele dentro d´água. Medo e fascínio, insegurança e curiosidade. Essa confusão de sentimentos é o começo de uma aventura cheia de descobertas maravilhosas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Anotação de leitura sobre infância

...pensar a criança como um outro, ir ao seu encontro como alguém diferente de nós, adultos, diferente de nossas expectativas, daquilo que projetamos para ela, como alguém que rompe com as nossas certezas, que coloca o presente numa situação crítica, provocando a mudança do nosso olhar e a possibilidade da transformação.
Texto de autoria desconhecida, citando Larossa (1999).

A boa ação do domingo

Salvei a vida de uma rolinha. Ela já estava com a cabeça inteirinha dentro da boca do Branquito, que se preparava pra completar o serviço. Segurei por trás do pescoço dele, forcei sua mandíbula e a peguei com cuidado, ante o olhar frustrado do felino. Mal se recuperou do susto ela voou, deixando umas penas de recordação. Faltou fotografar. Mas outra hora eu faço isso - a primavera tá só começando.

Em um cibercafé

Segunda-feira, fim de férias, agenda cheia. Micro 1 deu pau. Micro 2 tá na assistência técnica pra limpeza e upgrade. Até outra hora...
~
18h: Parece que foi superaquecimento do processador. Mais um indício da chegada da primavera.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Cadê o twitter que tava aqui?

Pequena utopia de escritor: criar entrelinhas em textos de uma linha.
~
Os microcontos são um bom exercício nesse sentido.
~
O twitter com seus 140 caracteres, então... Viciante.
~
Twitter fora do ar. Paciência. Sobreviveremos.

Uma tarde qualquer no Pântano do Sul (3)



CC DVeras, agosto 2007.

Uma tarde qualquer no Pântano do Sul (2)



CC DVeras, agosto de 2007.

Uma tarde qualquer no Pântano do Sul


Nativos da vila de pescadores ao sul da Ilha de SC.

CC DVeras, agosto de 2007.

Ave Canen

Frank, desejando pros amigos um ótimo feriado, recorda um clássico:

Ave Canen
Vinícius de Moraes

O cão é o afeto em quatro patas
Amigo na alvorada ou noite escura
Pois ainda que faminto, a fuçar latas
Fiel nos segue em dita ou desventura

É chama e é sombra, paz e alerta
Renúncia consentida, amor doado
Lealdade que não falta na hora incerta
É luz de quem não vê, cego ou extraviado

Arrimo igual, irmão, só na bebida
Naquele "twelve years" especialmente
É tudo que ora digo, face erguida

Qual sóbrio porta-voz da boêmia gente
E lanço, copo à mão, novo ditado:
"O uísque é o cão engarrafado"

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Você precisava ver como ela tremia

Bom demais acordar dando risada. Quem me ajudou nisso hoje foi o blog de Rafael Galvão e sua enciclopédica série As alegrias que o Google me dá. Ele comenta as frases que aparecem nas estatísticas de busca (cheguei via Inagaki, que escreve aqui sobre os caça pára-quedistas do Google). Uma pequena amostra:

simpatias para homem ser só seu
Arranje um homem feio, burro e pobre. Você deve ser do tipo que prefere comer um prato de bofe sozinha a dividir uma porção de caviar.

por que o brasileiro não reconhece suas qualidades
Porque passa tanto tempo sem ver as coitadas, sem ligar para elas, sem nem saber que existem, que quando as encontra por acaso na rua não sabe mais quem são.

sorte de hoje com o amor
A sua, minha filha? Nenhuma. Nenhuma, mesmo. Jogue no bicho que você ganha mais.

manual do suicídio
Juro que se tivesse um eu te dava. Te mandava por Sedex, até entregava pessoalmente. Porque se até para se matar você precisa de um manual, a coisa está realmente feia e você não tem mais jeito.

frases no preterito mais que perfeito
O pretérito mais que perfeito é um absurdo da língua portuguesa que deveria ser imediatamente extinto. Porque não existe um passado perfeito, muito menos um "mais que perfeito": todos eles são imperfeitos, em todos mudaríamos alguma coisa, de todos nos arrependemos.

eu quero ver fotos de goiania
Por quê? Tanta coisa bonita por aí -- Paris, Roma, Praga, Salvador ou Rio -- e você quer ver fotos de Goiânia. Já sei: você é michê, né?

putaria com velho
A única putaria que se pode fazer com velho é tirar a roupa na frente dele e cantar: "A pipa do vovô não sobe mais..."

pensamentos pequenos
É.

você precisava ver como ela tremia
Pois é. É nisso que dá comer velhinhas com Mal de Parkinson.

omenagem amae
O melhor presente que você pode dar a sua mãe neste Dia das Mães é tão simples, meu filho: um diploma do Mobral. Ela vai chorar de emoção, você vai ver.

basicamente o que é o racismo brasileiro
Basicamente é o seguinte: branco sacaneando preto. E se você não percebe nem isso, você está basicamente com um sério problema.

como o capitalismo influencia na minha vida?
Para que eu explique isso, é preciso que antes você faça um depósito na minha conta.

posição sexual melhor para mulher gorda
No escuro.

mulheres reclamam penis pequeno
É uma medida extremamente válida de proteção feminina contra a canalhice masculina. É usada como último recurso. Se você a tratar bem, ela vai relevar essas miudezas. Mas não apronte com ela. Porque você dificilmente sobreviverá à crueldade de uma mulher magoada.

qual o tamanho do pinto de um japones
É maior que o seu. Ou seja: nem isso você vai ter como consolo. Conforme-se.

bater punheta cresce o penis?
Diz aí: se aumentasse você hoje seria um sujeito feliz e enooooorme, não é?

como é uma vagina fotos
Quando eu parar de rir, te explico.

A diversão de Rafael também rende contos hilários, como Branca de Neve, baseado nas palavras-chave historia branca de neve contada pelo anao.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Implicações da internet nos jornais

Alexandre Gonçalves já contou no blog dele, mas faço questão de dar o bis. Está disponível na internet a dissertação de mestrado "Implicações da internet nos jornais e a presença da RBS na web", defendida em maio na Pós-Graduação em Geografia na UFSC pelo amigo jornalista Rogério Mosimann. Estive na defesa do Magrão e fiquei impressionado com a qualidade da pesquisa, que envolveu rigoroso trabalho de apuração com abordagem interdisciplinar. O foco é na atuação da RBS em Florianópolis, através do jornal Diário Catarinense e do saite ClicRBS.

Um dos grandes méritos do trabalho é que vai além da observação acadêmica - tem também a vivência de quem ralou nesse mercado como repórter de jornais impressos e empreendedor da web. Rogério atualmente é professor de internet e mídia digital na Faculdade Estácio de Sá, de São José, mas começou a mexer no tema em circunstâncias bem mais arriscadas e incertas. Nos jurássicos anos 90, criou a revista Latinidad, pioneira na cobertura jornalística da América Latina para a web em português.

Em 1998 tivemos o prazer de trabalhar juntos no desenvolvimento do Trix, um dos primeiros portais de informação na internet brasileira, vinculado ao provedor Matrix. Fizemos dobradinha na cobertura jornalística online da II Cúpula das Américas, em Santiago do Chile (indispensável a menção ao Nando, meu bloguru, que ficou na base editando o material). Pudemos testar a divulgação de notícias "em tempo real" e com baixíssimo orçamento (não recomendo a ninguém pegar o metrô de Santiago na hora do rush abraçado a um notebook). Em 2000, auge da "bolha da internet", trabalhei com ambos em projetos no Rio de Janeiro - experiência frustrante, mas cheia de ensinamentos.

Esta dissertação me oferece uma oportunidade pessoal ímpar. Posso observar a abordagem científica de um processo que acompanhei como "peão" no dia-a-dia da imprensa catarinense das últimas duas décadas (xi, tou ficando véio), primeiro como revisor e repórter do jornal O Estado, depois como repórter de A Notícia, Jornal de Santa Catarina e Diário Catarinense. Neste último, recordo de ter sido o primeiro repórter da redação a dispor de um e-mail, em 1993, depois de muito insistir pra que o jornal fizesse um convênio experimental com a UFSC. O próprio Rogério chegou a oferecer um projeto à RBS para criação de um portal na web, mas na época a idéia não avançou.

O trabalho de Rogério pode dar bons insights pra novos e interessantes estudos sobre a transformação das empresas de mídia impressa diante das novas tecnologias de comunicação.

Twitterias

Mudei o título da seção com atualizações do Twitter de Curtas pra Rapidinhas. Este blog tava precisando de mais inferências libidinosas.
~
Inagaki, um dos textos mais brilhantes da internet [Pensar Enlouquece], resolveu "follow" dauroveras. Mui honrado. Tou te seguindo também.
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Lido ontem no Twitter:

- Peidei.
[minutos depois:]
- Agora a grande revelação. Eu não peidei, era apenas marketing viral.

Computadores fazem arte: felino em fotoxópi

- Ah, pára, foto de novo! Vai dormir, vai!



segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Por onde andará Will Robinson?

Aos que, como eu, curtiram as aventuras da família Robinson em Perdidos no Espaço, dois vídeos pra recordar no youtube: um apresenta os temas de abertura (3'24") das temporadas da série americana. Muito boa a trilha. O outro conta onde estavam os atores em 2006 (4'08"). Dois deles já morreram: Guy Williams - nos anos 50 havia interpretado o Zorro - fazia o professor John Robinson, que comandava a expedição para Alfa Centauri; Jonathan Harris era o doutor Smith, a princípio um personagem coadjuvante, o vilão que colocou a nave fora de rota, mas roubou a cena interpretando em tom de comédia um tripulante covarde e preguiçoso. A série foi criada por Irwin Allen, que também fez outras atrações da minha infância, Túnel do Tempo e Terra de Gigantes. Lost in Space foi ao ar nos Estados Unidos de 1965 a 1968, na CBS. Fez grande sucesso, mas foi encerrada por contenção de despesas. Ah, Billy Mumy, o sardento simpático que fazia o menino Will, tem atualmente uma banda de rock. O robô diria: "Perigo, Will Robinson, perigo!"

sábado, 1 de setembro de 2007

De Philips, Piauí e porta de geladeira de bar

Nosso correspondente para assuntos aleatórios no planalto central, Diógenes Botelho, de olho nos detalhes:

Tomei uma num bar aqui em Brasília chamado Embaixada do Piauí. Na estufa tem lingüiça frita, no balcão um pernil para fatiar e na prateleira algumas conservas de ovos verdes. Em cima da geladeira uma TV com uma fita isolante cobrindo o nome do fabricante.
~
Se você buscar no Google as palavras Philips +Piauí, vai encontrar 195 mil resultados.

Diários do Paquistão

Sakamoto (à esquerda) no PaquistãoEm 2004 tive a satisfação de conhecer o jornalista e cientista social Leonardo Sakamoto quando ele colaborou com uma publicação que editei sobre trabalho escravo. Ele coordena a ong Repórter Brasil, dedicada ao jornalismo social. Sua atuação como profissional e ativista em defesa das pessoas injustiçadas já lhe rendeu o reconhecimento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Como se não bastassem a consistência, o rigor técnico e a coragem de se arriscar pelo que acredita, o cara também escreve bem demais.

Uma boa oportunidade para conhecer seu trabalho é a reportagem especial Diários do Paquistão. Acompanhado de Xavier Plassat, da Comissão Pastoral da Terra (outra personalidade fascinante, um herói dos despossuídos da Amazônia), Leo Saka passou nove dias no país asiático. Eles foram conhecer projetos de combate ao trabalho forçado por lá - estimativas apontam que há 1 milhão de paquistaneses escravizados. As impressões dos dois sobre o tema - e também sobre o povo, a cultura, a política e a religião - são uma leitura que recomendo com ênfase.

p.s. 1) Leonardo Sakamoto mantém um blog sobre trabalho decente, meio ambiente e questão agrária, onde também reproduziu o relato.

p.s. 2) Sobre o papel da imprensa no combate ao trabalho escravo no Brasil - me alegro de ter contribuído com a causa -, leia aqui.

p.s. 3) Levei três horas pra escrever estas linhas, com pausas pra trocar fralda, botar a janta dos meninos, encaminhar banho, escovação de dentes e ida pra cama.

p.s. 4) Miguel acaba de me dizer: - Pai... Te amo.