Vou confessar uma coisa: minha aptidão para certas tarefas manuais beira a incompetência. Faz tempo que convivo na boa com essa limitação, em parte consolado pelo fato de ser canhoto. É uma desculpa válida em atividades como abrir latas e descascar laranjas - o lado cortante de muitas lâminas de faca foi concebido para destros -, mas não justifica toda a minha falta de habilidade.
Como sei que a desculpa de ser canhoto é meio esfarrapada? Tenho algumas evidências empíricas: 1. Consigo abrir garrafas de vinho com relativa facilidade, embora o saca-rolhas - bem como todos os mecanismos de enroscar, como torneiras etc. - também tenha sido inventado pra uso com a mão direita. 2. Existem canhotos muito hábeis com as mãos, sem falar nos pés. O design das ferramentas e utensílios não foi concebido para nós, meros 15% da população, mas o treino intensivo possibilita obter razoável inclusão social (e tomar bons tintos).
Esse papo todo foi pra contar que, até há poucas semanas, eu sempre dava um nó da maneira errada e nunca tinha me dado conta. É o nó número 2 da figura, usado quando as pontas da corda se encontram. Meu pai, de 82 anos, teve a oportunidade de ensinar mais uma coisa ao filho de 41. A ponta da corda que passa por cima na ida deve passar por baixo na volta; assim o nó não afrouxa. Wim Wenders e aprendenders.
p.s.: Esta figura veio da The Household Cyclopedia. Ela ilustra os 20 nós mais úteis e suas finalidades. Nada que o sujeito não aprenda em uns 15 anos de prática.
p.s.2: Encontrar o saite acima foi um caso típico de serendipity. The Household Cyclopedia é um livro de conhecimentos gerais impresso em 1881. Foi escaneado e reproduzido na web em 1998 por Matthew Spong.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Ó nós aí
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