Sonho
Recebi essa ótima do Mutley:
Sonhei que era Deus. Sério. E tinha um monte de gente junto, tipo um era Satanás, outra era a enteada de Jesus, que não sei de onde apareceu. Não lembro quem era quem. Só lembro que eu era Deus. Sério. E aí, o que eu fiz? Fui prum show do Neil Young. Que lá, pelas tantas, por uma dessas que só acontece em sonho, virou jogo do Flamengo. O foda é que nem em sonho o cara tem paz, aí, lá pelas tantas, tá o Mengão perdendo de dois a zero pro Vasco. Quando o segundo gol saiu, virou todo mundo pra mim e eu falei "ô, raça, esse papo de onipotência é lorota. Os caras inventaram isso pra me dar mais moral, mas se eu pudesse fazer qualquer coisa que eu quisesse, vocês acham que o mundo ia ser desse jeito?"
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Por falar em onipotência, em Pergunte ao pó (John Fante) o protagonista Arturo Bandini conta de sua chegada a Los Angeles aos 20 anos de idade, pra tentar ser escritor. O trocadilho só funciona em inglês, como observou o tradutor Paulo Leminski. Bandini diz:
"I was twenty then".
["Eu tinha 20 anos na época", mas também pode ser "Eu era 20 na época", uma sensação que todos nós já vivemos. Lindo, não? Aliás esse livro é extraordinário]
segunda-feira, 26 de agosto de 2002
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