Diário de bordo: Chile
Cheguei ontem de Santiago, onde passei três dias cobrindo um seminário sindical sobre a Alca. Já estive outras três vezes na capital chilena, e sempre há coisas novas a descobrir. Santiago tem uma mistura peculiar de herança européia e indígena. É um ótimo lugar pra conhecer caminhando. Nesses dias de primavera, se destacam o verde brilhante das árvores e o pôr-do-sol dourado na neve dos Andes, que dominam a paisagem. Vivi dois momentos especiais: o primeiro foi uma partida de xadrez que joguei contra um rapaz tetraplégico. Ele vende bijuterias na feira de artesanato de Santa Lucía. Curtimos uma boa hora de comunicação não-verbal. Dei trabalho, mas ao final ele me ganhou e ficou contentíssimo. O segundo momento foi no próprio seminário. Os líderes sindicais do Cone Sul estão eufóricos e em grande expectativa quanto às eleições brasileiras. Todos se dão conta do que a vitória de Lula pode significar em mudança pra todo o continente. Alguns se referiram com emoção a Simón Bolívar e ao ideal de união latino-americana. Fiquei tocado com o sentimento de irmandade em torno desse sonho.
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