domingo, 20 de outubro de 2002

Nos labirintos da tradução
A Carta Capital desta semana traz uma ótima matéria sobre casos de traição ao texto original das obras. Na primeira edição de Uma breve história do tempo, de Stephen Hawking, por exemplo, foram identificados 714 erros crassos de tradução - uma média de 2,7 por página. Coisas como o sobrenatural "diretamente do além" em vez de "verticalmente" (directly overhead). A polêmica rendeu até duas teses de pós-graduação. No romance O jogo de amarelinha, de Julio Cortázar, o tradutor confundiu lechuza (coruja) com lechuga (alface) e produziu uma alface empalhada em cima de uma escrivaninha. Em Rebeldes Primitivos, outra pérola: um tal de General Will, militar citado freqüentemente no texto, na verdade era "vontade geral". Seria engraçado se não fosse um atentado à cultura. Pra economizar, as editoras contratam profissionais pouco qualificados e prestam um desserviço aos leitores.