domingo, 26 de janeiro de 2003

Brasil de Fato ativa imprensa nacional de esquerda

Daniel Azevedo Duarte

O jornal popular Brasil de Fato foi lançado ontem, dia 25, no auditório Araújo Viana, em um evento paralelo ao III FSM, com a presença de pelo menos 5 mil pessoas emociadas e a missão de trazer a "verdade que precisa ser dita" ao uso do verbo da imprensa nacional. O Brasil de Fato é uma atitude de organizações sociais, jornalistas e intelectuais que, segundo as personalidades presentes no evento, pretende resgatar a dívida que a imprensa de esquerda tem com a população, desde os alternativos solapados pela ditadura militar.

No palco do Araújo Viana, por mais de três horas, permaneram personalidades políticas e intelectuais do Brasil e América Latina que, ao se revezar com músicas, clamores e aplausos, expressaram suas opiniões sobre o lançamento do jornal. Entre as personalidades, Plínio de Arruda Sampaio confessou o sofrimento dos últimos 15 anos e a percepção de estar "sentindo os ares" de uma nova conjuntura. O ministro das cidades, Olívio Dutra, afirmou que o Brasil de Fato nos fará "respirar o oxigênio da mudança para enfrentar a manipulação no Brasil e no Globo" enquanto Hebe Bonafini, do movimento "Madres del la Plaza de Mayo" da Argentina, classificou o impresso como "um filho que nasce em liberdade".

Todo uso do verbo, em seu sentido mais amplo, foi citado pelo escritor Eduardo Galeano que rotulou o sistema neoliberal de ladrão "não só da terra, do trabalho, da água e da vida dos explorados como, também, das palavras". Ele disse que o veículo pode recuperar as palavras roubadas "de quem tem algo a dizer por necessidade e, não, pela obrigação de mentir". Aleida Guevara defendeu que só um povo culto pode ser livre e convocou os responsáveis e os simpatizantes pelo jornal a lutar pela "vitória sempre". Augusto Boal, do teatro do oprimido, ensaiou com todo o público um juramento de apoio à publicação, em um texto repetido por ele e por todo auditório. (...)
(Ciranda.net)