Vítimas de césio divulgam manifesto à nação
As vítimas do acidente com césio 137, ocorrido em Goiânia em setembro de 1987, divulgaram no dia 25 um "manifesto à nação" e uma carta aberta ao presidente Lula. No documento, eles reivindicam respeito das autoridades e tratamento médico condizente com a gravidade do problema. Reclamam da discriminação que sofrem e de serem um "laboratório humano".
"A ciência nacional e internacional nos visita, nos examina, leva o nosso sangue, mede nossas taxas, fala em nosso nomes, e não nos devolve o carinho, o afeto e o respeito que ainda temos pela falida Saúde Pública", diz um trecho da carta ao presidente.
A contaminação por césio foi o mais grave acidente radiológico já registrado no mundo. Na ocasião, centenas de pessoas foram irradiadas. Mais de uma dezena teve lesões físicas com queimaduras, ficando incapacitadas para o trabalho. Seus bens viraram lixo radioativo, formando toneladas de rejeitos.
Segundo o manifesto, os radioacidentados de Goiânia vivem seus piores momentos. Passados 15 anos, as doenças se agravam e, para piorar, o governo de Goiás extinguiu, em 1999, a Funleide (Fundação Leide das Neves, em homenagem a uma das vítimas fatais). "Este era o ponto de referência para o grupo e até mesmo para a comunidade científica", afirma o texto.
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