Ontem vi Jarhead, de Sam Mendes - a gíria se refere aos marines americanos e em tradução livre poderia ser "cabeça de cuia", mas em português foi batizado "Soldado anônimo". Tava curioso pra ver como o diretor do ótimo Beleza Americana iria abordar a guerra do Golfo. Baseado numa história real escrita por um ex-combatente, mostra o cotidiano dos fuzileiros durante o treinamento nos EUA, depois no deserto saudita e durante o avanço pelo Kuwait. É superior à grande maioria dos filmes de guerra americanos e possivelmente bem fiel ao cotidiano dos fuzileiros. A opção do diretor foi mostrar só o ponto de vista de um lado combatente - assim como em Platoon, de Oliver Stone, o inimigo é uma sombra vislumbrada. Por outro lado, ao abrir mão da onisciência, ganha em humanidade. A narrativa se sustenta na evolução do protagonista, na descrição vívida do tédio e no clima de loucura coletiva que envolve a expectativa de matar / medo de morrer. Clássicos como Apocalypse Now e Deer Hunter são homenageados em trechos da narrativa. De certa forma, Mendes "desconstrói" o mito do guerreiro todo-poderoso ao mostrar a fragilidade dos corneados, a fuga masturbatória e outras miudezas cotidianas. Não é um filme extraordinário, mas vale conferir. 75/100.
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