quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Anotação de leitura: 'O estranho'

Diga-me, quem você mais ama, homem enigmático: seu pai, sua mãe, sua irmã ou seu irmão?

Não tenho pai, nem mãe, nem irmão nem irmã.

Seus amigos?

Você está usando uma palavra que nunca entendi.

Seu país?

Não sei onde ele possa se encontrar.

A beleza?

Eu a amaria do fundo do coração, se ela ao menos fosse uma deusa e imortal.

O dinheiro?

Eu o odeio, como você odeia Deus.

Pois bem, o que é que você ama, estranho forasteiro?
Amo as nuvens... as nuvens que passam... por ali... por ali... aquelas nuvens lindas!

(Baudelaire, citado por Alain de Botton em A Arte de Viajar)
~
Esse diálogo me chama a atenção pelo uso habilidoso da reversão de expectativas. E pela força poética.