O frevo nasceu nas ruas do Recife, como resistência do povão ao carnaval dos ricaços e seus clubes de alegoria. É um dos ritmos musicais mais bonitos, alegres e eletrizantes que conheço. Fusão anárquica de marcha e maxixe com maravilhosos passos de dança de toques acrobáticos, herdados da capoeira. Vassourinhas, um som que mexe comigo de forma imblogável, é considerado o hino do carnaval de Recife e Olinda. Os frevos-canções também são lindos. Quem já passou o carnaval por aquelas bandas certamente já ouviu este aqui, de 1956, composto por Nelson Ferreira. O fim da música tem um belíssimo arranjo de instrumentos de sopro, que sacode a galera. Transição perfeita da melancolia dos versos pra alegria suada do momento presente.
"Felinto, Pedro Salgado,~
Guilherme, Fenelon,
Cadê teus blocos famosos?
Bloco das Flores, Andaluzas,
Pirilampos, Apois-Fum,
Dos carnavais saudosos?
Na alta madrugada
O coro entoava
Do bloco a marcha-regresso
Que era o sucesso
Dos tempos ideais
Do velho Raul Morais:
'Adeus, adeus, ó minha gente,
que já cantamos bastante..'
E Recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia..."
Em tempo: o frevo agora é "patrimônio imaterial nacional". Bacana! Oficializou-se o que já é faz tempo.
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