domingo, 18 de março de 2007

Anotação de leitura: o prazer de viajar de trem

O livro é saboroso, Ivan. Até o momento já viajei com o autor, sem sair da poltrona, por ferrovias inglesas, francesas, suíças, italianas, iugoslavas (o livro é de 1975), búlgaras, turcas, iranianas, afegãs, paquistanesas e indianas. Theroux tem senso de humor sem ser gaiato. Faz observações afiadas sobre a cultura dos países por onde passa, se coloca em cena de maneira discreta mas essencial e nos apresenta personagens incríveis ao longo da jornada. Aliás as paisagens são acessórios nesse relato. A gente é o que mais importa. Trecho:

"Não se espera nada de um passageiro de trem. Em um avião, está-se condenado a viajar horas em uma cadeira estreita; os navios requerem bom humor e sociabilidade; e quanto aos automóveis e aos ônibus, é melhor evitar comentários. O vagão-leito é a forma mais agradável de viajar. Robert Louis Stevenson escreveu em Nos Mares do Sul:
'Isso me parece ser o atrativo principal das viagens de trem. Ganha-se velocidade tranqüilamente, e o trem perturba tão pouco as paisagens pelas quais passamos que nosso coração enche-se com a placidez e a serenidade do local; enquanto o corpo é transportado na cadeia veloz dos vagões, os pensamentos param, conforme seu capricho, nas estações pouco freqüentadas.'
Paul Theroux, O Grande Bazar Ferroviário, p. 116.

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E por falar em trens... Raramente publico fotos em que apareço. Não por modéstia deste escriba bonito e joiado. É que me sinto mais confortável atrás da câmera, prefiro compartilhar o que vejo. Uma das exceções que mais gosto é esta tirada na janela de um trem italiano (1997), que só fui ver depois do filme revelado. Estado de espírito semelhante ao dos viajantes acima, captado pela Laura num clique feliz.