A piauí deste mês traz um perfil muito bem escrito de FHC, por João Moreira Salles, que o acompanhou por dez dias e 19 compromissos nos States ("O andarilho"). Tem uma matéria interessante sobre o último preso político no Brasil, um italiano que militou nos "anos de chumbo" de lá. Um conto engraçado de André Sant'anna ("Meio ambiente é o caralho"). E uma entrevista curta com o louco do Werner Herzog ("O que aprendi"), em que somente as respostas são publicadas. Trechos desta:
Fatos não me interessam muito. Fatos são para os contadores. A verdade gera iluminação.
Eu estava fazendo um filme com um elenco só de anões e um deles pegou fogo e foi atropelado por um carro. Ele saiu completamente ileso e eu fiquei tão espantado que disse ao elenco que, se todos saíssem intactos da filmagem, eu pularia num cacto, para diverti-los. E eles saíram intactos, então eu pulei no cacto.
Por que os Estados Unidos? Porque me casei.
Los Angeles é a cidade americana que tem mais substância - substância cultural.
Não me tornarei cidadão de um país que tem pena capital. É uma questão de princípios.
Fiz um filme em que hipnotizei todo o elenco. Pessoas psicóticas não devem ser hipnotizadas.
É bobagem achar que a vida humana pode se sustentar neste planeta.
Respeite os indígenas.
Mais que em qualquer outro período histórico, nosso senso de realidade está gravemente ameaçado. É a Internet, o Photoshop, são os efeitos digitais do cinema, os videogames - ferramentas que surgiram com impacto imediato.
O turismo é um pecado. Viajar a pé é uma virtude. (...) Você ouve histórias que não foram contadas a mais ninguém.
Se eu abrisse uma escola de cinema, obrigaria todos a pagarem pelo ensino trabalhando. Não num escritório - lá fora, na vida real.
Levei um tiro no ano passado. Não me afetou porque eu já tinha sido baleado antes.
Não vou responder a isto. Uma revista não é o lugar para o significado da vida. Uma revista deve conhecer suas limitações.
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