Sou um ex-leitor assíduo de jornal. Pode parecer estranho ouvir isso de um jornalista, mas o fato é que hoje me informo basicamente via internet. Não só pela facilidade de acesso (o leitor de RSS é uma mão na roda) e variedade de fontes, como pra fugir da banalidade dos impressos - com todo o respeito aos colegas que labutam no jornalismo diário, o que fiz por longos dez anos.
Meu hábito se transformou depois que comecei a ter repetidas experiências de frustração ao comprar jornais impressos. Em geral, lia notícias requentadas do dia anterior. E ficava com a sensação de ter sido logrado, embora permanecesse o prazer inimitável de folhear aquelas árvores mortas cobertas de tinta. Também pela superficialidade da maioria das pautas, executadas às pressas e com base na reprodução de declarações de fontes com suposta autoridade. A exceção são os jornais de domingo, que têm qualidade melhor por serem feitos com matérias especiais, trabalhadas com mais tempo e espírito crítico. Passei a dedicar mais tempo aos livros e à internet, acho que foi um bom negócio.
Pois bem, todo esse "nariz-de-cera" foi pra dizer que estou considerando abrir uma outra exceção e comprar jornais nas quintas-feiras. É que agora vamos ter as crônicas de Regina Carvalho - minha ex-professora na UFSC - e de Felipe Lenhart, comparsa no coletivo de blogs +D1. Regininha estreou coluna no caderno Anexo, de A Notícia, e Felipe vai cobrir as férias do colunista Maicon Tenfen no caderno Variedades do Diário Catarinense. Quem já conhece os textos deles sabe que não exagero: é qualidade garantida e muita inspiração em um gênero que, por ser "ligeiro", é às erroneamente confundido com fácil. Boa leitura!
p.s.: Essa é do frasista Zé Dassilva, num papo sobre o fim dos jornais:
Numa coisa acho que iremos concordar: antes de embrulhar peixe, todo jornal serve pra embrulhar leitor.
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