sexta-feira, 28 de março de 2008

Os provedores de asas

Bonita despedida de um amigo do jornalista Sérgio de Souza - editor da revista Caros Amigos -, que morreu no dia 25.

(...) Sem essa do “descanse em paz”. Ele era calmo e tranqüilo. Mas por dentro um vulcão. Porém sempre sereno. Gente como ele finge que morre, mas deixa suas extensões. Que se libertam e assumem vôos próprios, imaginários ou reais. Sérgio de Souza, mais que o jornalista, foi o provedor de asas, o cara que veio e disse: vai em frente. Abriu caminhos e ensinou os atalhos para vencer as veredas (...)
JÚLIO CHIAVENATO
[via Fernando Evangelista]
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Não consigo deixar de lembrar do meu sogro ao ler essas palavras. Augusto Tuyama também foi um provedor de asas. Um mestre que chamava os outros de mestre - tava sempre aprendendo enquanto nos ensinava com o exemplo. Tem dias que a presença da ausência bate forte. Fico lembrando o assobio de duas notas que anunciava a sua chegada pra tomar um cafezinho no meio da tarde. Imagino o que ele diria da grama esmeralda que escolhemos pro jardim - o fornecedor, do município de Antônio Carlos, nos foi indicado por ele. Quais seriam seus comentários sobre a ciclovia que estão construindo no Campeche, a chegada do outono e do inverno ("me disseram que aqui fazia frio, mas ainda não vi", disse no inverno passado), o noticiário político na tevê ("sem Lula o Brasil estaria pior"), o conserto de algum equipamento elétrico ou hidráulico ("noventa por cento é pensamento lógico, dez por cento é técnica"), a árvore nim que deu uma esticada no verão, os meninos que estão esticando todo dia... ("eu gosto tanto do vô, e você?"). É bem como disse a Ana no comentário sobre a andiroba. Quando vejo as obras dele, fico cheio de saudade e de orgulho.