quinta-feira, 26 de junho de 2008

Cochilos nas nuvens

Deu na AFP: Pilotos dormem e avião vai parar em outra cidade na Índia. Meu amigo Marques Casara, na lista Salinha do C.A., aproveitou pra contar outra:

Essa matéria me fez lembrar de uma história de avião.

Em 2002, peguei um monomotor em Macapá com destino a uma aldeia no Oiapoque. Fui sentado ao lado do piloto e os quatro caras da equipe de filmagem nos bancos de trás.

Decolamos ao amanhecer. A equipe pegou no sono em menos de 10 minutos. Também resolvi cochilar. O piloto tinha colocado o avião no automático e abriu uma revista. Quando acordei, o piloto tava babando em cima da revista, dormindo sono solto. Avião no automático. A equipe, de ressaca, roncando na parte de trás.

Olhei pela janela, um oceano verde do lado de baixo, um mar azul do lado de cima, tempo bom, sol no horizonte. O avião tava nivelado no rumo Norte. Encostei a cabeça na vidraça e continuei a soneca.

Acordei com o piloto fazendo uma curva à esquerda, posicionando para pouso. Deu um rasante e arremeteu. O avião tremeu todo, parecia que ia desmontar.

O que houve? - perguntei.

Antes de pousar em pista perto de aldeia, a primeira vez a gente dá um rasante, pros índios se assustarem e saírem do meio da pista - explicou o comandante, ainda com cara de sono.

Deu a volta e pousou. Os índios cercaram o avião. O cinegrafista acordou com a algazarra das crianças querendo entrar na cabine. “Nossa! Já chegamos? Que rápido!”, disse ele. O resto da equipe continuava dormindo.