Eu caminhava pelo quintal com Miguel. Comentei que lá nos fundos nós vamos, um dia, construir uma edícula pra instalar um pequeno escritório e uma área de serviço. Pra isso, íamos ter que sacrificar duas ou três árvores do nosso bosquezinho. Ele olhou pra elas e começou a chorar.
Por um instante me senti um ser abominável. A vontade que me deu foi dar um abraço apertado nele e dizer "é mesmo, filho, quem precisa de escritório e de área de serviço?" Mas segui com minha lógica de adulto utilitarista.
Expliquei que às vezes é preciso derrubar árvores pra usar a madeira ou construir. E que podíamos compensar replantando. Ali mesmo já tínhamos plantado várias, como o nim e o pé de araçá. Mas ele não se convenceu. Aí eu disse que, pra cada árvore derrubada, vamos plantar dez.
- Dez não. Cem!
- Tá bom. Cem.
Ele enxugou as lágrimas e continuamos o passeio. A conversa reforçou meu sentimento de que há esperança pra humanidade. Quem virá depois será muito melhor que nós. Então deixo registrado aqui o meu compromisso com o planeta e com meu fiote: plantar no mínimo trezentas árvores.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Trezentas árvores
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