Peço emprestado à Ana Paula o lindo poema de Drummond que ela publicou no blog pra lembrar os 14 anos da partida do pai dela, seu Egídio. Não tive a chance de conhecê-lo, mas deve ter sido uma pessoa maravilhosa. Dedico às minhas ausências, tão presentes.
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e canto e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
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