Em reportagem para o portal informativo swissinfo, Geraldo Hoffmann entrevista especialistas que concluem: a causa dos acidentes ocorridos com a enxurrada em Santa Catarina não é só da mudança climática. Trecho da entrevista com a professora de Engenharia Ambiental da Universidade de Blumenau (Furb), Beate Frank:
...A íntegra da reportagem
Beate Frank têm dados que confirmam a avaliação do especialista suíço. "As montanhas do Baixo Itajaí são muito frágeis. Elas têm entre 600 milhões de 2,4 bilhões de anos. Por causa dessa fragilidade, em grande parte, não deveriam ser ocupadas. Mas, após as enchentes de 1983 e 1984, a urbanização dos morros se acelerou. Devido à falta de planejamento e fiscalização, muitos desses locais se tornaram zonas de risco, que, em parte estão mapeadas, mas não são interditadas pelas administrações municipais."
A pesquisadora menciona ainda dois outros problemas. Desde 1983, foram feitos mapas de risco de dez cidades ao longo do Rio Itajaí-Açu. "Até agora, apenas Blumenau, Gaspar e Rio do Sul respeitam esses mapas no zoneamento urbano."
E mais: apenas dois dos 52 municípios do Vale do Itajaí respeitam o Código Florestal, segundo o qual, ao longo de rios com até 10 m de largura, deve ser mantida uma faixa de proteção de 30 m; às margens de rios mais largos, 100 m. As imagens aéreas da catástrofe comprovam que o código é simplesmente ignorado.
"Nem as estradas federais e estaduais respeitam essa lei e, por isso, em parte, foram arrancadas pelos rios. Nossas cidades – estradas, casas etc. – estão construídas diretamente nas margens dos rios. A maioria se satisfaz com uma faixa de proteção de 5 m. Por isso, as enxurradas dos rios adjacentes causaram tantos estragos", explica Frank.
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