Recebi do Geraldo Hoffmann, da Suíça, um comentário sobre meu post em que reproduzi as regras da grande mídia internacional quando o assunto é Oriente Médio:
Trabalho num veículo de comunicação internacional e não acredito que as "regras" acima sejam regra geral na grande imprensa internacional. Acredito que, apesar das dificuldades impostas à imprensa nessa e em outras guerras, há colegas que fazem um trabalho na medida do possível honesto, equilibrado. Do contrário, provavelmente as atrocidades cometidas pelas partes conflitantes seriam ainda maiores.
Um fato que pode parecer marginal, mas que me chamou a atenção: a Agência France Presse divulgou ontem uma nota informando que o governo dinamarquês estuda a possibilidade de pedir ressarcimento a Israel por danos causados pela ofensiva militar a projetos humanitários apoiados pela Dinamarca em Gaza. Numa busca rápida no Google, notei que essa informação não foi muito aproveitada pelas redações. Algumas exceções: o jornal dinamarquês Politike.dk (versão inglesa - http://politiken.dk/newsinenglis...icle628230.ece) , a revista Focus - versão alemã da Epoca (http://www.focus.de/politik/weitere-meldungen/ gaza-daenemark-prueft-schadensersatzansprueche-an- israel-wegen-gaza-offensive_aid_361821.html) e o DCI, no Brasil (http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=2& id_noticia=269165). Acredito que essa questão deve estar sendo levantada também em outros países que prestam ajuda aos palestinos, mas, como admite o próprio governo dinamarquês, pedir um ressarcimento desses é uma questão delicada e juridicamente complicada.
O triste disso tudo é que a população que deveria ser beneficiada com a ajuda humanitária, no fim, acaba ficando de mãos vazias - independentemente de quem seja a culpa pela destruição dos projetos. Hoje vi também na TV alemã uma mulher palestina, em Gaza, que criticou abertamente o Hamas. "Eles escondem as armas em nossas casas, mas não nos defendem. Os líderes do Hamas somem e nos deixam entregues ao caos", reclamou. Segundo o repórter, essa foi uma das primeiras críticas em público ao Hamas. Na minha opinião, não há santos nessa guerra próxima à Terra Santa.
|