Tânia é enfermeira e trabalha há dois anos no Samu - Serviço do Atendimento Móvel de Emergência, numa unidade do centro de Floripa. Ontem, enquanto eu esperava o ônibus e ela aguardava uma amiga no ponto, batemos um papo interessante. Resumo:
- Quais são as ocorrências que o Samu mais atende?
- Acidentes com motos e carros, atropelamentos e infartos. No carnaval e nos feriados o trabalho aumenta muito. Eu faço parte de uma unidade avançada, uma ambulância com UTI móvel que tem médico, enfermeira e socorrista. Se o caso não for grave, vai a unidade básica, com um médico e um socorrista. Atendo umas cinco ocorrências por dia, às vezes mais.
- Os ferimentos por arma de fogo aumentaram bastante em Floripa?
- Sim. Antes eram três ou quatro por semana, agora são sete, oito, dez. E muitos com arma branca também. Alguns chegam tão mal no hospital que o cirurgião nem opera porque eles não têm chance de sobreviver.
- Como você lida com essa coisa de encarar a morte?
- Faz parte da profissão. Se eu me abalasse muito, ia chegar em casa chorando todo dia. O atendimento de emergência é bem diferente do hospital - lá eu me apegava muito mais aos pacientes. Na rua é tudo muito rápido.
- O que é que faz a diferença entre a vida e a morte pra quem precisa de atendimento de emergência?
- O tempo. Às vezes a pessoa demora a chamar o 192 ou pegamos engarrafamento... Também tem muito trote.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Conversa de ponto de ônibus: Tânia e o Samu
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