No dia 30 de março o curso de Jornalismo da UFSC comemorou 30 anos. Tive o privilégio de conviver por seis anos intensos - 1986 a 1991 - com um grupo espetacular de pessoas, entre colegas estudantes, professores, funcionários e agregados. Convivência intensa, às vezes conflituosa, como costuma acontecer com gente assertiva e apaixonada pelo que faz, mas sempre enriquecedora. Com leituras densas (sei, podiam ter sido mais), muita ralação e também muita festa - a síntese disso eram os baixamentos do (multipremiado) jornal-laboratório Zero, em que virávamos a madrugada até concluir todas as páginas.
Não pude ir à cerimônia, mas acabo de receber por e-mail o discurso do professor Paulo Brito, um dos pioneiros do curso, com as memórias dessas três décadas. Suas palavras emocionadas me despertam outras lembranças dessa época maravilhosa, cheia de descobertas e alumbramentos com a profissão. O curso de jornalismo despertou meu fascínio pelo cinema, pela fotografia e por outras áreas das ciências humanas. Lá pude contar com a generosidade e paciência de muitos mestres, com anos de estrada e leituras. Ganhei grandes Amigos, com quem convivo até hoje. O curso foi fundamental na minha formação - embora não a única fonte, pois antes fiz dois anos na UFRN, em Natal, e enquanto estudava na UFSC trabalhei como revisor e repórter no jornal O Estado, outra grande escola.
No momento em que escrevo, o Supremo Tribunal Federal debate o fim da exigência do diploma de jornalista pro exercício profissional. Dia de temperatura alta, com debates acirrados. Sou a favor da regulamentação da profissão, pelos argumentos expostos com brilhantismo neste texto do Cesar Valente. "Aquela lenda urbana, segundo a qual jornalismo se aprende fazendo, não se sustenta", diz ele, e assino embaixo. Nas redações falta tempo de reflexão, de debate e aprofundamento. Outra grande falácia é que a regulamentação atentaria contra a "liberdade de expressão". Basta abrir os jornais pra ver como isso é falso. Claro que, pra ser bom jornalista, o diploma não é suficiente. É preciso - citando o César - da "centelha que alumia o tesão". Mas a desregulamentação da profissão não traz qualquer benefício pra sociedade. Pelo contrário, só favorece as grandes empresas de mídia. Aguardemos a decisão do STF.
UPDATE 2/4/09: Sessão adiada pra 15 de abril.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Jornalismo da UFSC, 30 anos
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