quarta-feira, 8 de abril de 2009

Relato do terremoto e o quadro que não caiu


Foto milagrosa de Chico Canhão.

Meu amigo Ayres, paulistano de nascimento e natalense por paixão, mora há alguns anos em Loreto, na Itália, com a mulher Gigliola e a filha Marina. Ele contou ao Diário de Natal como foi sua experiência de encarar o terremoto, que teve o epicentro não muito longe da sua cidade. A família mora no sexto andar de um edifício.

... Estávamos dormindo e fomos acordados pelo terremoto. Pensei que o prédio inteiro fosse desabar. Deu para sentir que os movimentos iam em duas direções. De um lado para o outro e de cima para baixo. Os quadros que estavam pendurados na parede caíram. A mesa da cozinha saiu do lugar e terminou encostada em uma das paredes. As luzes se apagaram. Vidros se quebraram. Móveis trepidaram. Chamei minha mulher e minha filha para escapar. Foram eternos trinta segundos. ...
Pra mim, Ayres fez um relato mais informal:
Sempre tive horror a terremoto, por isso em 1984 decidi voltar pro Brasil. Cheguei lá e a terra tremeu em Baixa Verde (RN) destruindo um monte de casas. Fui morar perto do Morro do Careca que antigamente se chamava Morro do Estrondo. Uma noite ouvimos um barulho danado. Mas o mar estava calmo: era o velho Morro do Estrondo. Fizemos as malas e viemos pra Itália. Depois de um período tranquilo a terra não para de tremer. Estou pensando em aceitar o convite de uma querida amiga pra ir viver na Califórnia. Penso que lá encontrarei mais estabilidade. Tá decidido. Califórnia ou Japão.
Ele também contou que, no segundo tremor, todos os quadros da parede caíram, exceto um com uma foto de Chico Canhão em um terreiro de umbanda. Ao ouvir minha sugestão de deixar o sexto andar e se mudar pra uma casa, respondeu na lata: "Só quando todos os quadros caírem". E garantiu que pra casa da sogra ele não vai.