Acabo de ouvir uma gravação preciosa de 23 minutos e 20 segundos que me transportou à infância. Foi feita em Recife em 1973, numa fita cassete, por minha mãe Sara. Participamos eu, com sete anos, meu irmão André, com cinco (ele digitalizou o material e me enviou hoje) e nosso então caçula Camillinho, com um ano e pouco. Minha mãe puxa conversa e registra nossas brincadeiras de bonecos, girafas fugindo de zoológico, homem de ferro mergulhando no mar com um campo de força pra não enferrujar, herói dando chinelada em bandido, balbucios do pequeno, dizendo "cumã" (comida), "bibi" (chave do carro), dando risadas gostosas... Ela diz que um dia, quando a gente crescer, vai gostar de ouvir isso. Julho de 2009. Tou aqui, aparentemente crescido. Ouço emocionado junto com Laura, Miguel e Bruno, que não chegaram a conhecer a sogra/avó Sarita - ela morreu aos 50 anos, em 1990. Os sons estão nítidos, bem preservados. Três meninos brincando e uma mãe feliz de 33 anos, pouco antes da hora do almoço num dia qualquer. Momento eterno.
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Carpe diem (Odes, Horácio)
...
Colhe o dia, confia o mínimo no amanhã
Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses
darão a mim ou a você, Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia
não brinque. É melhor apenas lidar com o que se cruza no seu caminho
Se muitos invernos Júpiter te dará ou se este é o último,
que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar
Tirreno: seja sábio, beba o seu vinho e para o curto prazo
reescale as suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento
está fugindo de nós. Colhe o dia, confia o mínimo no amanhã.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Vozes do passado
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