Tudo se amaciava na tristeza. Até o dia; isto era: já o vir da noite. Porém, o subir da noitinha é sempre e sofrido assim, em toda a parte. O silêncio saía de seus guardados. O Menino, timorato, aquietava-se com o próprio quebranto: alguma força, nele, trabalhava por arraigar raízes, aumentar-lhe alma.Guimarães Rosa, As margens da alegria, conto publicado em Primeiras Estórias.
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O subir da noitinha me traz lembranças de infância semelhantes ao que Rosa descreve no trecho acima. Um quê de tristeza no mundão enquanto esperava o pai e a mãe chegarem do trabalho; aves voando no horizonte, a "hora do anjo" às seis horas na rádio. A literatura é maravilhosa quando desperta coisas assim, ecos da nossa própria vida.
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