Hora do almoço. Toca o telefone e atendo enquanto o feijão preto me espera no prato.
- Sim?
- Bom dia, aqui é da BR Turbo! O senhor é o responsável pela internet?
- Sim, sou eu.
- Nós gostaríamos de estar lhe oferecendo um plano especial de proteção contra vírus de computador e ataques de hackers...
- Muito obrigado, mas meu micro já está protegido. E tenho contrato de fidelidade de um ano com outro provedor de internet.
- No nosso sistema consta que o sr. é cliente da BR Turbo.
- Não sou nem nunca fui.
[e o feijão esfriando]
- Mas consta do sistema...
- Que sistema, rapaz?! Já disse que nunca fui cliente de vocês. E se continuarem insistindo eu...
[cai a ligação ou ele desliga]
~
Não é a primeira vez que o telemarketing dessa empresa me enche nas horas mais incômodas. Costumo ser gentil, sei que a profissão dessa gente é ingrata pracarai. No começo me alongava nas negativas, só faltava pedir perdão por não comprar nada. Depois automatizei a resposta-padrão do contrato de fidelidade. Mas essa última foi de lascar. Duas horas depois, me toquei de um absurdo na abordagem dele que teria me dado um excelente argumento:
- Peraí! Como é que você diz que eu sou cliente da sua empresa, se agorinha me perguntou se sou o "responsável pela internet"?
(vou lembrar dessa na próxima; se bem que prefiro as saídas menos cerebrais e mais espirituosas, tipo: "Me dá o número do seu celular que dou retorno em seguida"; "Aguarde um minutinho, por favor"; ou "Olha, foi bom você ligar, acabei de sair da condicional, tou desempregado e ninguém me dá crédito").
Ah, o feijão, acompanhado de farinha com pequi, tava uma delícia.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Telemarketing e o sistema
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