Tenha em mente que você sabe o que cortou, mas o leitor não. Ele só vê o que você manteve no texto.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Ulan Bator e Transiberiana
Ulan Bator. Nos tempos de escola, quando eu e o colega Francisco Carlos nos desafiávamos pra ver quem acertava mais capitais de países, o nome da capital da Mongólia era um dos que eu achava mais curiosos. Evocava camelos, nômades, céu estrelado, mistérios do deserto. Tempos depois, lendo sobre a Rússia, a ferrovia Transiberiana também mexeu com minhas fantasias. Pois meu amigo australiano Aidan Doyle está prestes a começar uma aventura de três meses por aquelas bandas, começando em Osaka, Japão - onde ele já morou -, e percorrendo toda a Ásia Central até chegar à Europa do Leste em São Petersburgo. Ele vai publicar fotos e relatos em seu blog. Have fun, Aidan!
I’m staying in Osaka for a week and then taking a ferry to Shanghai.
One of my friends from Australia is staying in Shanghai at the moment,
so I'm going to visit him.
I have two weeks in China and then I'm joining up with a tour that
leaves from Beijing.
It's a 3-week tour and goes from Beijing to St. Petersburg. We take the
Trans-Mongolian train to Mongolia and stay in Ulan Bator for a couple of
days and then take the train into Russia. We join up with the
Trans-Siberian railway at Irkustk. The tour stops at a couple places on
the way to Moscow and St. Petersburg.
There are some maps at: http://www.aidandoyle.net/?page_id=338
I fly back to Australia from Frankfurt on October 10.
Then I'm planning on going back to Melbourne and looking for some work.
While I'm travelling, I'll be updating my home page.
http://www.aidandoyle.net
I've also updated it to include photo galleries from some of my past
trips.
Have fun,
Aidan
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Irreverência brasileira no twitter
Acontecimento do domingo: como a palavra "chupa" chegou ao primeiro lugar mundial nos "trending topics" do twitter - um ranking em tempo real dos assuntos mais comentados na ferramenta de microblog. Foi uma espécie de resposta coletiva espontânea ao ator Ashton Kutcher, que ficou zoando a seleção brasileira no primeiro tempo do jogo Brasil x EUA. Tá no Update or Die e no twitter brazilians.
~
E pra quem - como eu - não viu a virada do Brasil contra os Estados Unidos na final da Copa das Confederações, tá aqui um compacto com os gols.
domingo, 28 de junho de 2009
Golpe em Honduras
Acordei tarde, abri o twitter e me inteirei do golpe militar em Honduras. Fui de imediato ao portal G1, da Globo, procurar mais informações. Na capa não encontrei nada. Mas tinha um ótimo tutorial sobre os passos de Moonwalk. Acessei o UOL. Honduras estava lá, na terceira chamada, abaixo de uma matéria sobre futebol. A manchete ao meio-dia e pouco era "Depoimento de médico de Jackson foi inconclusivo", semelhante à do G1. É isso que chamam de "infotainment"?
Foto de Roberto Brevé.
A volta ao mundo sem sair da poltrona
Duas historinhas que podem parecer banais pra quem vive no mundo conectado desde criança, mas que me maravilham pelo potencial extraordinário da internet pra aproximar as pessoas:
1.
Na noite da morte de Michael Jackson, o broder Hélio Matosinho, editor da TV Record News em São Paulo, me ligou pelo Skype pra perguntar se eu tinha o telefone da 'Megui' - como é mais conhecida minha amiga Gisele Losso, que mora em Los Angeles. Ele queria oferecer a ela um frila - boletins ao vivo - e precisava fazer contato urgente. Eu não tinha o número, apesar de termos estado juntos numa jam session campechana poucos dias antes, no fim das férias dela. Entrei no Facebook, Megui tava offline e deixei mensagem. Como imaginei que ela não voltaria a tempo, perguntei no twitter se alguém conhecia quem fizesse um frila em L.A. Em menos de 2 minutos, @riqfreire (Ricardo Freire, blogueiro do excelente Viaje na Viagem) me disse que @pedrotourinho tava tuitando direto do hospital. Consegui teclar com Pedro (até aquele instante, um completo desconhecido pra mim) e fiz a ponte. Quase ao mesmo tempo a Megui entrou no Facebook e passei o celular dela pro Matosinho. Conexões feitas, fui dormir. Como de hábito, não vi TV no dia seguinte, mas acho que tudo se arrumou. E pensar que, quando comecei a trocar correspondência com pen-friends pra aprender inglês, uma carta levava sete dias pra chegar...
2.
Escrevo a segunda historinha ouvindo na web o uruguaio Jorge Drexler pela Rádio Latina, um programa da rádio comunitária australiana Bay FM. Agora é madrugada de domingo no Sul do Brasil, início da tarde de domingo na costa leste da Austrália - é como se o futuro estivesse chegando até meus ouvidos por um portal mágico. Como cheguei a essa estação? O Celso Martins (que bloga no Sambaqui na Rede 2) me deu um toque agora há pouco, via GTalk, que a filha dele, Anita, está com um programa de música brasileira nessa rádio australiana. Sintonizei a tempo de ouvir a voz de Anita ao vivo, num inglês fluente e agradável, abrir o programa tentando explicar o que é boi-de-mamão pra apresentar uma música típica da tradição açoriana de Floripa. E na sequência colocando uma série de músicas super bacanas do sul da América: Brasil, Peru, Paraguai, Argentina, Uruguai... Enquanto escuto o programa aqui no Campeche, Celso, lá no Sambaqui, também acompanha a filha e me conta que ajudou a Anita a fazer a seleção musical. Neste exato instante, do outro lado do mundo, toca o clássico da banda Dazaranha, Vagabundo Confesso. Que viagem!
Por Dauro Veras às 01:18 |
Tags: amigos, blogosfera, brasil, comunicação, jornalismo, lugares, mundo, música, twitter
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Music and Me - Michael Jackson
Uma das minhas preferidas de Michael. Trilha internacional da novela Carinhoso, em 1973.
[via Coluna Extra. Foi a primeira de MJ que o Alexandre Gonçalves ouviu. Eu também.]
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis
African Bambi, um dos filmes da Mostra.
Começa sexta-feira a 8a. Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, que durante três semanas vai trazer à criançada as novidades mais interessantes produzidas nessa área no Brasil e em outros países. Em 2008 tive a oportunidade de fazer parte da assessoria de comunicação da Mostra. Foi uma experiência preciosa do ponto de vista profissional e humano. Vivi momentos emocionantes, como as entrevistas com crianças da Palhoça (município vizinho a Floripa) que percorreram vários quilômetros a pé pra ver uma sessão. Muitas estavam indo ao cinema pela primeira vez na vida. Este ano, por motivo de agenda, não pude participar da equipe de imprensa - que tá em ótimas mãos, com Kátia Klock, Adri Canan, Fifo Lima e outros feras. Por outro lado, volto à privilegiada condição de espectador e vou poder acompanhar mais de perto a programação junto com os meninos.
Uma das grandes novidades é o Bloguinho da Mostra, publicado pela Amanda Canan Campos, filha da Adri. No ano passado, Amandinha fez parte do júri infantil e agora dá um passo a mais. Fiquei muito contente e orgulhoso dela. Nada mais coerente que uma mostra de cinema pra crianças seja comentada e criticada por crianças. Ela se apresenta:
Oi, pessoal!p.s.: Comentário de tio-coruja: minha sobrinha Maria Rosa Schultz e Silva, filha de ator-dublador (Leonardo Camillo) e de artista gráfica (Vanessa Schultz), também tá contribuindo com a Mostra. Ela faz narração de vinhetas.
Eu sou Amanda Canan Campos, tenho 8 anos e esse é o Bloguinho da Mostra de Cinema Infantil.
Aqui vou criticar, opinar, postar fotos, vou entrevistar pessoas e falar sobre os filmes da Mostra....
E vocês podem dar suas opiniões! Deixem um comentário dizendo coisas que vocês gostaram, que não gostaram ou de alguma coisa legal! Sejam seguidores deste blog que estará cheio de surpresas!
Vamos nos divertir e aprender com o cinema!
Atenciosamente,
Amanda :)
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Dica pra evitar engarrafamento em Floripa
Uma pequena contribuição deste blog à mobilidade urbana em Floripa, especialmente pra quem usa o aeroporto ou mora no sul da Ilha: compartilhei no Google Docs uma planilha com os jogos do Avaí em 2009. As marcações em amarelo indicam os jogos no estádio da Ressacada. Recebi da Bete.
Anotações de leitura: da liberdade de blogar
Alex Castro no Liberal, Libertário, Libertino, afiadíssimo como sempre, comenta uma coisa que costumo pensar (vale ler o texto na íntegra):
... No blog, eu não preciso me preocupar com padronização nem com Manual de Redação: escrevo internet às vezes em minúsculas, às vezes Internet em maiúsculas, dez por extenso ou 10 em numerais. E daí? (Um dia preciso escrever mais sobre a imbecilidade do culto à padronização nas editoras e jornais. Digamos que um colunista escreva "século XIX" e o outro "século 19". E daí? O que, de fato, o leitor perde com isso? O que, de fato, o leitor ganha com a imposição de uma convenção aleatória sobre outra?)... A única coisa que justifica ter um blog é poder escrever sobre o que quero, na hora que eu quero, do jeito que eu quero. Essa liberdade não tem preço e não tem substituto. ...
terça-feira, 23 de junho de 2009
Resgate da memória catarinense
O Bonassoli dá uma boa notícia no blog dele, em referência à luta pra evitar o desaparecimento do arquivo fotográfico do falido jornal O Estado:
(...) O Grupo de História e Patrimônio da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e um grupo de jornalistas independentes se uniram para ir atrás de amparo legal e de tornarem público o que restou do outrora melhor periódico catarinense. (...)~
Miguel, acordado aqui do meu lado, escolheu a cor do destaque acima.
Sessão Extra
A amiga Jô Laps tá com um blog no Jornal de Santa Catarina. Texto leve e informativo sobre cinema, tevê e afins. Pesquei esse cartaz lá. É do novo filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, com lançamento previsto pra março de 2010.
http://santa.com.br/sessaoextra
Comendo maçã
- Pai, esse pedaço da maçã tá estragado...
- Tá não, Bruno. Daí sai um galhinho que fica pendurado na árvore. Vai comendo os arredores.
- Mas onde que tá o arredói?
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Primeira jam session campechana do inverno/2009
Instantâneo da jam session de domingo na casa do Alan Bike, regada a vinhos e tainhas. Foi a saideira das miniférias da Megui, que tá voltando hoje a L.A. Frank e Ulysses, incorporando Jimi Hendrix e Tim Maia, fizeram o show.
Gisele 'Megui' Losso e Ulysses 'Esquerda Festiva' Dutra: a fera do bambolê e o ás da guitarra no encontro raro de amigos raros no solstício de inverno.
Falência d'O Estado: história de SC jogada no lixo
O jornal O Estado, que circulou em Florianópolis por quase 90 anos, faliu e seu prédio está sendo saqueado por vândalos. Os arquivos fotográficos do "mais antigo" estão abandonados no chão, prontos pra ir pro lixo. É o que mostra este vídeo do jornal Biguaçu em Foco, gravado pelo jornalista Ozias Alves Jr. no dia 19 de junho (há uma segunda parte que mostra o prédio por fora). No Estado trabalhei dois anos, primeiro como revisor e depois como repórter de polícia e de geral. Foi uma intensa e divertida escola pra mim e pra muitos colegas. É triste ver a memória do país se perder desse jeito. Como diz o entrevistado, "dá vontade de chorar".
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Passeio vespertino
quarta-feira, 17 de junho de 2009
terça-feira, 16 de junho de 2009
Lido & Lido: Millenium 2 e O silêncio da chuva
As leituras recentes são do gênero noir/policial: O silêncio da chuva, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, e A menina que brincava com fogo, de Stieg Larssen. O primeiro é bem escrito, mas definitivamente não me fisgou. Achei os personagens rasos. É exatamente o oposto do que ocorre com os livros de Stieg Larssen, o sueco que escreveu a trilogia Millenium e morreu pouco antes de ver seus livros virarem best-sellers internacionais. Os protagonistas das histórias de Larsson são densos, complexos, contraditórios. Este segundo livro da série não chega a ser tão espetacular quanto o primeiro (Os homens que não amavam as mulheres, que já virou filme) e tem algumas cenas francamente inverossímeis, mas é daquele tipo de romance que prende a gente até a última página. O jornalista Mikael Blomkvist e a hacker Lisbeth Salander vivem mais uma vez uma aventura cheia de reviravoltas, em que ela é procurada pela polícia por triplo assassinato e ele tenta ajudá-la investigando pistas sobre uma quadrilha de tráfico de mulheres. E mais não conto, pra não tirar o prazer da sua leitura.
~
Agora resta aguardar a parte 3 de Millenium em português - e quem sabe a 4, que, segundo reportagem de Rue 59, foi hackeada do computador da viúva de Larssen.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Webleituras
A World of Risk for a New Brand of Journalist
"As the journalists Laura Ling and Euna Lee complete their third month of detainment in North Korea, it remains rather astonishing that they were there in the first place to report for a fledgling cable channel. But their path there may explain in part why they remain in custody".
Brian Stelter, NY Times, sobre os perigos do jornalismo freelance.
Every news organisation should have a data store
"Is this a natural extension of the blogging culture of linking to your sources? I think it is. And the more journalists get used to publishing their work on the likes of Google Spreadsheets, the better journalism we will get".
Paul Bradshaw, no Online Journalism Blog, sobre o uso de bancos de dados para contar histórias.
Banco Mundial rescinde contrato com a Bertin e exige dinheiro de volta: Amigos da Terra pede que o BNDES faça o mesmo
"Amigos da Terra - Amazônia Brasileira anuncia que, após três anos de acompanhamento, conseguiu confirmar, na noite de ontem [12.6], um importante objetivo de campanha: fazer com que a International Finance Corporation (IFC), braço para setor privado do Banco Mundial, voltasse atrás em sua decisão de financiar a expansão na Amazônia do frigorífico Bertin..."
Essa decisão deve ter muitas repercussões.
Exclusif : nous avons retrouvé le tome 4 de "Millénium"
"Cette fois, c'est certain : il existe bien un tome 4 de « Millénium ». Trois Suédois, fans du polar posthume de Stieg Larsson, sont parvenus à s'introduire dans l'ordinateur de l'auteur, alors entre les mains de sa compagne, Eva Gabrielsson".
Reportagem de Rue 89 sobre a invasão, por hackers, do computador da viúva de Larsson e o vazamento do quarto volume que dá sequência à trilogia noir.
sábado, 13 de junho de 2009
Die Bruck, El Puente
Uma experimento realizado por Lera Boroditsky, professora assistente de psicologia na Universidade de Stanford (Califórnia, EUA) mostrou que as pessoas, inconscientemente, associam coisas ou objetos com qualidades relacionadas ao gênero das palavras em seus idiomas nativos. Assim, os alemães vinculam "ponte" (feminina, die Bruck) aos adjetivos "bonita, elegante, pacífica", enquanto os hispanohablantes (masculino, el puente) pensam logo em "forte, perigoso, grande". Dá no que pensar, né?
[Fonte: NPR, via Aidan Doyle]
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Devastação S/A
Quem se beneficia com a destruição da Amazônia?
A 15ª edição de Observatório Social Em Revista é resultado de nove meses de investigação jornalística que mostraram como funcionam redes de negócios implicadas em crimes ambientais e trabalhistas na Amazônia. As informações colhidas permitiram fechar os elos de uma corrente perversa, que começa no interior da floresta e termina na casa de consumidores em todos os continentes. Organizada em duas partes, a revista mostra as fraudes e os esquemas de desrespeito ao meio ambiente e aos trabalhadores dentro e fora do Brasil. Na primeira parte, é revelado um esquema milionário de exportação de madeira retirada ilegalmente da Floresta Amazônica, envolvendo as maiores empresas mundiais dos setores de pisos e móveis. A segunda parte mostra como funciona o comércio interno da devastação florestal, detalhando as irregularidades relacionadas aos mercados de madeira, soja e pecuária no Brasil.
Por André Campos, Carlos Juliano Barros, Dauro Veras, Leonardo Sakamoto, Marques Casara, Paola Bello e Sérgio Vignes.
Para fazer o download da versão completa da revista, clique aqui. [pdf, 1,67 MB]
Para fazer o download da revista em resolução mais alta, ideal para impressões destinadas a jornais murais e demais exposições públicas, clique aqui. [pdf, 4,84 MB]
Para baixar partes específicas, clique no link correspondente, no sumário a seguir:
Editorial
Quem se beneficia com a destruição da Amazônia
Devastação S/A
Entrevista: Valmir Ortega
Conexão São Paulo-Amazônia
Quem ganha com a devastação
São Paulo, consumidor voraz
Pecuária é setor problemático
Mais boi que gente
Soja avança sobre Amazônia Legal
Povos indígenas ameaçados
Financiamento: investimento de risco
Notas institucionais
Para solicitar a revista impressa, clique aqui.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Anotação de leitura: LLL e a notícia do acidente
De Alex Castro, um dos grandes textos da internet brasileira.
Vida Que Segue
Liberal, Libertário, Libertino
Ontem de manhã, extraordinariamente, comprei o jornal. Estou procurando um apartamento pra alugar e queria ver os classificados. Em outro caderno, petrificados em fotos e condensados em resumos biográficos, estavam os mortos do acidente aéreo: o casal de noivos de Niterói, o maestro e o príncipe, a família que viajava separada justamente para que todos não morressem juntos, a mãe que perdeu a chance de ver a filha pela última vez pois ficou presa no trânsito. Li tudo aquilo com a curiosidade mórbida que caracteriza os humanos, me emocionei, considerei minha própria mortalidade, etc etc, e deixei o jornal respeitosamente à beira da cama, talvez para ler de novo. Mais tarde, houve sexo, com sua costumeira desordem viscosa. Já de madrugada, antes de dormir, fui arrumar o quarto. Em cima do jornal, tinha caído uma camisinha usada: gotas esparsas de porra e de KY manchavam o rosto do dinâmico chefe de gabinite de um jovem prefeito. Dobrei o jornal em volta da camisinha, joguei tudo fora e fui dormir.
Ovonovelo, um filme sobre o filme
Começa em junho a filmagem do média-metragem Ovonovelo, que trata de Novelo, um curta de 16mm realizado em 1968 em Floripa. Naquela época os autores já antecipavam o caos urbano que hoje faz parte do cotidiano da capital catarinense. O projeto do documentário foi vencedor do Edital da Cinemateca Catarinense 2008. A direção é de Fernando Boppré e Maria Emília Azevedo e a produção, da Exato Segundo.
CAUSA
O Grupo Universitário de Cinema Amador (GUCA) se reuniu a partir de fins da década de 1960 para produzir curtas-metragens em 16mm na cidade de Florianópolis. Em “Novelo”, curta-metragem de 1968, o protagonista sai do continente em direção à Ilha de Santa Catarina. Depara-se com um congestionamento na Ponte Hercílio Luz e, logo em seguida, com a cidade abarrotada de pessoas e carros. Em “Novelo”, não existe saída: a crise da civilização é também existencial; os planos são fechados, claustrofóbicos. Há uma impossibilidade na narrativa: saído do continente, a personagem não encontra lugar no Centro, abandonando tudo em direção ao arrabalde. Numa praia distante e deserta, deixa seu carro, suas roupas, enfim, a civilização. Por fim, coloca-se em posição fetal junto ao costão e às ondas. É o fim? Não, apenas um novo começo: Ovonovelo.
Ficha técnica de “Novelo” (1968):
DIREÇÃO E ROTEIRO – Pedro Paulo Souza
CÂMERA E DIREÇÃO – Gilberto Gerlach
PRODUÇÃO – Ady Vieira Filho
ARGUMENTO – Pedro Bertolino
ATORES – Ady Vieira Filho e Fernando JoséEFEITO
Um filme sobre um filme. O desejo de estar num barco para dentro dele construir um outro barco; navegar junto d’ele, com ele. O filme “Ovonovelo” tem como ponto de partida “Novelo”, o primeiro curta-metragem de ficção realizado em Santa Catarina que, atualmente, encontra-se praticamente esquecido. Antes de ser um registro sobre a cinematografia, “Ovonovelo” é uma proposição em forma de filme. O título. inspirado no poema visual homônimo de Augusto dos Campos, traz em seu âmago o desafio de se pensar o novo a partir do velho, o ontem pelo hoje.
Ficha técnica de Ovonovelo (2009):
DIREÇÃO – Fernando C. Boppré e Maria Emília Azevedo
ASSISTENTE DE DIREÇÃO – Ricardo Weschenfelder
PRODUÇÃO – Guto Lima
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA – Ivan Soares
DIREÇÃO DE SOM – Gustavo de Souza
MONTAGEM – Alan Langdon
PESQUISA – André S.A. e Fernando C. Boppré
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Os homens que não amavam as mulheres
Mikael Blomkvist é jornalista de economia em Estocolmo, quarentão, coproprietário da revista Millenium e especialista em reportagens investigativas sobre crimes financeiros. Lisbeth Salander é uma punk de vinte e poucos anos, exímia hacker, que trabalha como araponga freelancer. Esses dois personagens são protagonistas do primeiro livro da trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson. Os homens que não amavam as mulheres (Companhia das Letras, 2008) é um romance de suspense de qualidade excepcional. Suas 522 páginas conduzem o leitor por uma trama de investigação do desaparecimento de uma adolescente, integrante de uma dinastia industrial sueca, ocorrido em 1966. A missão, que transforma os dois personagens em aliados, é desvendar uma intrincada rede de conexões que envolvem violência contra mulheres, lavagem de dinheiro, conflitos familiares e bizarrices sexuais.
Questões éticas do jornalismo investigativo associadas aos meandros dos crimes financeiros e das novas tecnologias estão na pauta do romance. O principal dilema enfrentado pelo protagonista é: até que ponto uma informação socialmente relevante deve ser levada a público, quando se sabe que essa revelação pode prejudicar a vida de muitas pessoas? Outra questão que ele enfrenta é sobre o uso de práticas ilegais pra levantar informações que vão embasar uma reportagem sobre um criminoso. Lamentavelmente, a trilogia não vai ter continuação. Larsson, um influente jornalista e ativista político sueco, morreu de ataque cardíaco em 2004 aos 50 anos, pouco depois de entregar os originais aos seus editores. A segunda parte da trilogia, A menina que brincava com fogo, foi lançada em português em abril.
domingo, 7 de junho de 2009
Impressões do Ceará
Meninos brincando com camaleão no distrito de Flores, em Russas (CE). No centro do rio Jaguaribe, uma carnaúba está coberta quase até a copa. Imagem atípica pra quem tá acostumado com o chão rachado da caatinga. Clique na foto pra vê-la ampliada.
Trinta graus num dia (Ceará), dez graus no outro (Santa Catarina). Castanha acolá, pinhão aqui. Contrastes do Brasilzão continente.
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Criança é de uma espontaneidade comovedora. Bruno, no embarque de volta pra casa: "Pai, o avião vai cair?" Segurei a mão dele: "Vai não, filho".
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Mesmo com todo o estrago provocado pelas chuvas e pelos políticos (esse é antigo), o Ceará ainda é um dos estados mais lindos do Brasil.
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Na sexta fomos ao belo e enorme Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza. É de fazer o acanhado CIC de Floripa corar de vergonha.
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No Dragão do Mar encontrei um livro que procurava há anos: uma reedição do hilário Glosa Glosarum, do poeta potiguar Celso da Silveira. Aguardem trechos.
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Amigos de Natal: não foi desta vez que matamos a saudade. A semana passou voando, não deu mesmo pra ir até aí.
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Na ida pro Castanhão - um açude monumental - cruzamos um rio de balsa no distrito de Flores, em Russas. Paisagem amazônica no sertão.
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Eu tinha um nojinho de Canoa Quebrada, a ex-meca dos hippies, hoje "disneylândia dos gringos". Mas passei um dia lá e mudei de ideia.
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Russas tem uma pracinha deliciosa. Igreja, barzinhos, lan-houses, pipoqueiros, camas elásticas, casais paquerando...
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Impressões contraditórias sobre Fortaleza, que conheço desde a infância. Cultura exuberante, gente boa, caos urbano, cercas eletrificadas.
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Dizem que, em Fortaleza, o calçamento das ruas é feito com a parte lisa das pedras virada pra baixo. Que maldade! :)
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Amostra do humor cearense em dois nomes de restaurantes em Fortaleza: De frente para o futuro (diante de um cemitério) e Casa do Cará (peixaria).
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Seu Lunga estava na beira da estrada e um homem o cutucou: "A BR é aqui?". E ele, com sua gentileza proverbial: "É não, aqui é o meu ombro!"
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O mais duro de voltar pro Sul não é nem encarar o frio, vou sentir falta mesmo é da sesta depois do almoço.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
Devastação S/A
Estou em "semiférias" de uma semana no Ceará, onde vim pro casamento da minha irmã. Antes de viajar, deixei uns posts pré-agendados pra distrair vocês e pretendia sumir do blog por uns dias, mas volto em edição extraordinária com este press-release:
Observatório Social revela esquema de exportação de madeira do desmatamento
Reportagem publicada pela revista do Observatório Social mostra como funciona a exportação de madeira oriunda de áreas desmatadas. Funcionários públicos corruptos e grandes empresas de exportação estão envolvidas no esquema. Gigantes do setor, sediadas nos Estados Unidos, Ásia e Europa, compram a madeira da devastação.
Gigantes internacionais dos ramos de beneficiamento e de comercialização de madeira estão ligados a um esquema milionário que transforma madeira retirada ilegalmente da Floresta Amazônica em produtos legalizados. Entre os envolvidos estão órgãos ambientais e grandes exportadoras. A madeira é vendida para as maiores cadeias de vendas de pisos e móveis nos Estados Unidos, Europa e Ásia, muitas delas detentoras de selos de certificação de madeira. A reportagem completa está na próxima edição da revista do Observatório Social, que será lançada no próximo dia 10, em São Paulo. A revista vai revelar quais são as empresas envolvidas, tanto no Brasil quanto no exterior.
Segundo a revista, de 70% de toda a madeira comercializada no estado do Pará, maior vendedor de madeira amazônica no Brasil, tem origem ilegal. Essa madeira passa por um processo de “esquentamento” que funciona dentro de órgãos do governo. Autoridades do Ministério Público Federal e do Ibama confirmam o esquema e apontam o envolvimento da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Ao lado de empresas fantasmas, de empresas que devem milhões em multas ambientais e de empresários que respondem por falsidade ideológica e escravidão de trabalhadores, grupos internacionais se beneficiam com o esquema. Entre os maiores, a dinamarquesa DLH Nordisk, o grupo europeu Kingfisher, das marcas Castorama e Brico Dépôt, e a norte-americana Lumber Liquidators, do milionário Tom Sullivan, patrocinador de programas como Dream Home, do canal Home and Garden Television, e Extreme Makeover: Home Edition, do canal People+Arts.
Serviço
Lançamento de Observatório Social em Revista, edição 15
Data: 10 de junho de 2009
Horário: 10h
Local: Auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Rua Libero Badaró, 158. Centro. São Paulo
Mais informações
Paola Bello
Editora-assistente
paola [arroba] os.org.br
(11) 8559 6758
Marques Casara
Editor
marques [arroba] os.org.br
(11) 9353 2311
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Anotação de leitura: da impossibilidade de escrever
Quando lhe perguntavam por que não escrevia mais, Rulfo costumava responder:Bartleby e companhia, Enrique Vila-Matas.
- É que morreu meu tio Celerino, que era quem me contava as histórias.