Maurício Oliveira, em seu ótimo Vida de frila, cita um caso de puxa-saquismo redundante: o município Ganchos, no litoral de Santa Catarina, foi rebatizado "Governador Celso Ramos". Tiveram que colocar o termo "governador" na frente pra diferenciar de outro município já chamado Celso Ramos.
Isso me lembra Parnamirim (RN), conhecida internacionalmente como o "trampolim da vitória" dos aliados na Segunda Guerra. Um parlamentar acéfalo conseguiu trocar o nome do município pra "Eduardo Gomes" (que aliás já nomeia o aeroporto de Manaus). A mudança imbecil perdurou por anos, até que, espantosamente, o bom-senso prevaleceu e Parnamirim retomou o antigo nome.
Em Fortaleza, há poucas semanas, passei na frente de um centro comunitário chamado "Presidente Médici". O nome do ditador mais truculento da história recente do Brasil também batiza uma cidadezinha de Rondônia. O Amazonas tem, no alto Rio Negro, uma belíssima região encachoeirada num município chamado "Presidente Figueiredo". Florianópolis é caso clássico: homenagem a Floriano Peixoto, um bruto de má lembrança entre os ilhéus.
Nomes são só nomes, você pode argumentar, não sem certa razão. Mas a maneira como são usados é reveladora (que o digam os Maicon Jequissons e Uóstons da vida). Enquanto isso, a subserviência permanece prática corrente no meio político e os torturadores flanam por aí. É fato: como lembrava aquele slogan dos anos setenta, Brasil é feito por nós.
UPDATE 27 de setembro/2008: erratas
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Puxa-saquismos, cidades e brasilidades
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