O Miguel é humorista até dormindo.
- Bom dia, filho, vamos levantar? Hoje é dia de judô.
- ...
- Bom dia, bom dia!
(de olhos fechados) - Eu não quero ir pro judô hoje...
- Filho, pra gente conseguir as coisas na vida é preciso ter disciplina!, força!, coragem!
- (ainda de olhos fechados) - Fraqueza, crueldade...
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Miguelices: hora de acordar
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Documentário sobre imigrantes teuto-russos
Recebi e passo adiante.
TV UFSC conta história de teuto-russos que fugiram da ditadura stalinista
A vida dos remanescentes alemães que viviam na Rússia e imigraram ao sul do Brasil foi resgatada pelas jornalistas Débora Tozzo e Leyla Spada no documentário ‘Sem Deus, Sem Imperador, Nós por Nós Mesmos - Da Rússia ao Brasil: A Trajetória dos Teuto-russos’. A TV UFSC o exibe com exclusividade quinta e sexta-feira (29 e 30/10), às 20 e 21 horas, respectivamente. O cenário da grande reportagem são os municípios de Riqueza e São Carlos no extremo-oeste de Santa Catarina, além de Porto Alegre (RS), locais onde ainda vivem alguns dos imigrantes que fugiram da ditadura do russo Josef Stalin no final dos anos 30. Confira a programação completa no site www.tv.ufsc.br e acompanhe tudo no canal 15 da NET.
Renato Turnes, "the man"
Este post do Fifo Lima no blog Cine Luz destaca as conquistas do ator Renato Turnes, de quem temos muito orgulho por ter dado voz ao porco em nosso documentário. O cara não para quieto...
Marshmallows e sucesso: um experimento
Um experimento realizado por psicólogos da Universidade de Stanford com crianças indica que aquelas que conseguem adiar a gratificação imediata tendem a ser mais bem sucedidas no futuro. A criança era colocada na sala diante de um marshmallow. O adulto lhe dizia que iria sair da sala por 15 minutos e que, ao retornar, se o marshmallow ainda estivesse ali, ela ganharia mais um. Dois terços das crianças não resistiram à tentação e comeram a guloseima. Este artigo em The New Yorker traz mais informações.
[via Eirik Eng]
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Miguelices: viagem no tempo
Miguel anda entusiasmado com isso de meia-noite encerrar o dia e ele às vezes tar acordado. Agora há pouco, me perguntou: - Pai, hoje já é amanhã?
domingo, 25 de outubro de 2009
Espírito de Porco ganha prêmio em Portugal
Uma ótima notícia d'além-mar: Espírito de Porco ganhou um prêmio especial do Júri Internacional no Cine'Eco 2009 - Festival Internacional de Cinema Ambiental de Seia, Portugal. Nosso doc tinha sido um dos 50 selecionados pra exibição entre os mais de 300 enviados por realizadores de 30 países. Mais detalhes no blog do porco.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Devastação S/A é finalista do Prêmio Esso
A reportagem Quem se beneficia com a devastação da Amazônia, que fiz junto com os colegas Marques Casara, André Campos, Carlos Juliano Barros, Leonardo Sakamoto, Paola Bello e Sérgio Vignes, é finalista do Prêmio Esso de Jornalismo 2009! Para apontar os 38 trabalhos finalistas, as comissões examinaram 520 reportagens, séries de reportagens ou artigos. Estamos entre os três selecionados na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. A reportagem investigativa, publicada na revista do Instituto Observatório Social, mostrou como funciona o esquema de "esquentamento" de madeira extraída ilegalmente da floresta amazônica. Também revelou os nomes de várias empresas brasileiras e estrangeiras que ganham com o negócio da madeira ilegal. O Esso é o mais importante e tradicional prêmio de reconhecimento do mérito jornalístico no Brasil, com 54 anos de existência. Os resultados vão ser anunciados pela comissão julgadora no dia 8 de dezembro no Rio de Janeiro.
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Em 2003, a reportagem Mineração predatória na Amazônia Brasileira, de autoria de Marques Casara, que editei para a revista do Observatório Social, ganhou o Esso na mesma categoria em que concorremos agora.
CurtaDoc
Recebi da Katia Klock e passo adiante. O horário coincide com a segunda exibição do nosso doc (hoje às 19h no Centro Cultural Badesc), mas se você já viu Espírito de Porco ontem, confere lá no Sol da Terra que é coisa boa. Se ainda não assistiu à porcaria, ainda tem a opção de sábado às 17h.
Pré-estreia de CurtaDoc
A produtora Contraponto, em parceria com o SESCTV, faz a pré-estreia da série CurtaDoc nesta sexta 23, às 19h30, no Cineclube Sol da Terra. O programa será transmitido pelo canal SESC TV para todo o Brasil, a partir de terça 27. CurtaDoc revelará uma seleção representativa do curta-metragem brasileiro no gênero documentário. Foram selecionados 125 filmes de um total de 520 inscritos. Embora a maioria dos títulos seja de produção recente, há títulos emblemáticos dos anos 60, 70 e 80. O primeiro episódio exibe quatro filmes e abre com O Poeta do Castelo, de Joaquim Pedro de Andrade, sobre o poeta Manuel Bandeira, obra realizada há exatos 50 anos.
Até julho de 2010 serão exibidos semanalmente 37 programas temáticos, cada um com duração de 52 minutos. Além das exibições de curtas-metragens, o programa contará com um convidado especial para comentar o tema do episódio e analisar as obras. Outros entrevistados, como realizadores e pesquisadores, completam com questões sobre a produção e reflexões sobre o gênero. Mais informação: http://www.curtadoc.tv
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Existe vida fora da grande mídia
Pela primeira vez um site de notícias ganha o conceituado Prêmio Esso de Jornalismo. O Congresso em Foco foi o ganhador deste ano na categoria Contribuição à Imprensa. Pela primeira vez, também, os jurados decidiram com base em reportagens - neste caso, a série sobre a farra das passagens, de autoria do amigo Lúcio Lambranho (ex-estudante de jornalismo na UFSC), junto com Edson Sardinha e Eduardo Militão. O reconhecimento ao Congresso em Foco é mais uma evidência de que há um espaço importante de jornalismo investigativo a ser ocupado fora da área de influência da grande imprensa. Parabéns ao editor Eumano Silva e a toda a equipe.
Espírito de Porco na rádio CBN
Entrevista de Chico Faganello à rádio CBN - 19out2009 by dauroveras
O radialista Luiz Carlos Prates, da rádio CBN de Florianópolis, entrevista no programa Notícia na Tarde o Chico Faganello sobre o documentário Espírito de Porco, que dirigimos juntos e vamos mostrar em Florianópolis a partir de hoje na Fundação Cultural Badesc.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Paisagem Especulada
Domingo estarei lá.
Convite para evento cultural Paisagem Especulada, Pântano do Sul
CHAMADA GERAL PARA UM DIA INESQUECÍVEL NA BEIRA DO MAR, NA PRAIA DO PÂNTANO DO SUL
Florianópolis, 20 de outubro de 2009.
Caros amigos e interessados!
Convido-os a participar do evento Paisagem Especulada que acontecerá no dia 25 de outubro de 2009, às 10h, na praia do Pântano do Sul, sul da Ilha de Santa Catarina.
Vamos nos reunir para escrever na areia as palavras “PAISAGEM ESPECULADA”, num esforço conjunto para uma bela vista aérea de nossa obra. Para isso vamos precisar de muitas pessoas bem dispostas, equipadas com pás de todos os tamanhos e formas, enxadas, ancinhos, baldes e latas, enfim qualquer ferramenta boa para cavar os traços das letras na areia.
A escolha deste local foi baseada na tensão entre a especulação imobiliária e os anseios de boa parte da comunidade desta região para se preservar a Planície do Pântano do Sul, transformando-a em um parque natural protegido.
Ficará visualmente ainda mais interessante se as pessoas puderem vestir roupas amarelas (calça, ou camiseta, vestido, boné, etc).
Esperamos contar com suas presenças!!!
PROMOTORES:
Grupo Rosa dos Ventos, http://grupo-rosadosventos.blogspot.com/
Núcleo Gestor Distrital do Pântano do Sul do PDP
Cine-clube Armação.
INMMAR- Instituto para o Desenvolvimento de Mentalidade Marítima
ABA Associação do Bairro dos Açores
Rádio Campeche
Apoio: Restaurante Pedacinho do Céu (fará a "sopa de letrinhas" para todos os participantes)
Fones para contato: Silvana Macedo (48) 3233 0083
Gert Schinke: 8424-3060, Raquel Macruz: 84555932
O quê? Evento Cultural Paisagem Especulada, Pântano do Sul
Como? De ônibus até praia do Pântano do Sul, ponto de encontro em frente ao Restaurante Pedacinho do Céu
Quando? Dia 25/10/09 (domingo)
Horário: 10:00 da manhã
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p.s.: Tempo ruim. Não fui.
Espírito de Porco news - primeira sessão lotada
A sessão de quinta-feira 22 do nosso documentário Espírito de Porco já tá lotada. Se você ainda não reservou seu lugar, ainda restam as sessões de sexta 23 (19h) e sábado 24 (17h). É só enviar e-mail para espiritodeporcofilme@gmail.com informando o nome completo e a data preferida.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Partidas: Maurice Bazin
Recebo agora de Jadna Pizzolotto, via lista Campeche, mensagem contando sobre a morte de Maurice Bazin, ocorrida ontem. Ele havia sofrido um infarto há cerca de um mês e precisou fazer cirurgia pra colocar uma ponte de safena. Mas teve complicações renais, ficou em coma induzido por uma semana e não resistiu. Parisiense nascido em 1934, físico, astrônomo e educador, Maurice era isso tudo e muito mais. Um cidadão do mundo que respeitava profundamente a cultura local dos cantos por onde viveu - entre eles, o Sul da Ilha de Santa Catarina, que muito deve ao seu trabalho. Nas palavras de uma reportagem da revista Galileu, era um "inconformista, um intelectual que demole os muros entre a população carente e o conhecimento".
Tive a oportunidade de conviver com Maurice há uns dez anos, quando ele morava no Campeche. O agitador de Maio de 68 e das passeatas de Berkeley dedicava-se com energia a mais uma causa: a defesa do pacato bairro à beira-mar na capital de Santa Catarina, ameçado pelas ideias megalômanas dos governantes da época. Formávamos um pequeno grupo de editores voluntários do Fala Campeche, jornal comunitário que defendia a participação democrática na construção do Plano Diretor. Nosso ativista francês dava contribuições preciosas. Inquieto, criativo, provocador, tinha uma atitude de permanente desafio ao lugar comum. Seu exemplo é uma herança importante. Ele deixa muita saudade, como acontece quando os homens sábios e generosos se despedem da vida. Espero que um dia o nome de Maurice Bazin batize uma praça, um observatório astronômico ou alguma outra instalação onde as pessoas do bairro possam se encontrar pra conviver, aprender e crescer juntas. Adeus, Maurice.
Detalhe de foto publicada no site da revista Galileu.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Castelo dos Sonhos: entrevista com Tatiana Cardeal
Há poucas semanas contei sobre um prêmio que minha amiga Tatiana Cardeal, fotógrafa documentarista, foi receber na China. Pois mal retornou ao Brasil, ela já recebeu outro: o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, em parceria com Marques Casara, com a reportagem Castelo dos Sonhos [pdf], sobre exploração sexual de crianças e adolescentes ao longo da BR-163. Nesta entrevista, Tatiana conta como foram os bastidores dessa apuração.
DVeras em Rede - Como foi o desafio de fazer uma reportagem fotográfica sobre um tema que envolve tantos aspectos delicados do ponto de vista psicológico, legal e de segurança?
Tatiana Cardeal - Foi difícil, mas desafiador, e eu gosto muito dos desafios que me trazem um sentido. Não sou exatamente uma fotojornalista, meu trabalho é mais documental e bem mais lento, então, em no início achei que poderia não funcionar bem, mas acabei me surpreendendo bastante com minhas próprias reações. Fotografar escondida ou em risco não é a minha rotina, nem algo que eu tenha prazer em fazer. Houve momentos em que tive muito medo e outros em que surpreendemente me vi coordenando a situação com certa excitação para obter a melhor momento/ângulo de uma foto. Havia uma série de cuidados sobre o que fotografar e quando fotografar, não dava pra chegar clicando. Também havia o desafio de encontrar imagens fortes e/ou sensíveis que contassem a história e que fossem publicáveis, já que não se pode expor as imagens das vítimas da exploração sexual.
O que mais a impressionou? Houve momentos em que você hesitou em clicar?
Tatiana - Muitas coisas me impressionaram. Como cena, uma das mais impressionantes foi quando chegamos e passamos pela "avenida principal" de Castelo. Um grupo de cerca de sete meninas, muito novas (acho que entre 12 e 15 anos), semivestidas, sentadas na mesa de bilhar da varanda do boteco/bordel. A ausência do poder público alí impressiona, assim como as péssimas condições da estrada de terra (foram 6 horas para cobrir os 200 km), que separa Castelo da "civilização", uma área erma onde praticamente não se encontra nada. Como referência, a região é próxima de onde caiu o Boeing da Gol em 2006, e que foi uma enorme dificuldade de mobilidade para o próprio exército. Também me impressionou muito a cena de uma garota franzina de 12 anos amamentando seu bebê; e em especial a "normalidade cultural" com que o sexo com menores é tratado, ao mesmo tempo em que provoca vergonha e receio nas famílias da vítimas.
O momento em que hesitei não foi pela imagem da foto em si, mas pela pressão psicológica em que estava. A gente já sabia da fama violenta da cidade... um conselheiro tutelar de outra cidade entrou em pânico quando o Marques decidiu que precisávamos ir lá. Mas já em Castelo, depois de entrevistar o jornalista que estava ameaçado de morte, e ele mostrar uma série bizarra de fotos que fez dos assassinatos da região (que não aguentei ficar vendo, porque não eram somente corpos assassinados, mas mortes decorrentes de violência bizarra e brutal, com técnicas de tortura requintadas e sádicas, que expunham os corpos posteriormente como "mensagem" para a população local), e eu ainda precisava fazer duas últimas fotos, em público, na avenida principal e na delegacia. Eu estava tão chocada com o depoimento e a brutalidade das imagens do jornalista, que o Marques praticamente me empurrou pra fora do carro para fotografar.
Pode contar um pouco sobre o lado técnico de fazer uma cobertura fotográfica na umidade amazônica? Como você lida com o dilema entre a necessidade de carregar equipamento pesado e a de ser discreta?
Tatiana - Bom, a Amazônia é gigantesca, e oferece condições climáticas variadas. No caso dessa região no norte do Mato Grosso, não fomos na época das chuvas, então eu tinha mais preocupação com o poeirão vermelho da estrada de terra do que com a umidade, vivia protegendo a câmera e limpando. Já no Amazonas, em São Gabriel da Cachoeira encontramos temperaturas altíssimas com extrema umidade, a ponto de a cola do espelho da minha câmera derreter (e da filmadora parar de funcionar subitamente algumas vezes). Consegui colar novamente o espelho com uma versão enigmática de SuperBonder, a TreeBonder, única alternativa disponível na cidade indígena... por sorte colou e resolveu. Outra coisa que ajudou é ter uma mochila tropicalizada, que veda 100% contra chuva, e até protege na queda do equipamento na água (a mochila fica boiando no caso de uma voadeira virar...).
Normalmente não carrego muito equipamento. De mais pesado são duas cameras, três lentes médias e um flash. Se não ía muito longe, só uma camêra. Mas nada que não caiba em uma mochila média e que eu não possa levar.
Admiro a maneira como você reorientou a carreira bem-sucedida de diretora de arte para recomeçar - e obter reconhecimento internacional - na fotografia de temas sociais. O que moveu você nessa mudança e como ela se deu?
Tatiana - Obrigada, Dauro, mas saiba que essa mudança de carreira não foi nada muito planejado. Acho que tive uma boa dose de sorte, pois ao sair da Editora Abril eu já sabia que queria continuar na área social e não queria mais fazer revista puramente comercial. Estava fazendo uma pós graduação em Mídias Interativas, algo meio novo e experimental na época, e que me deixou bastante antenada com as possibilidades da internet. Fui publicando imagens de temas que me interessavam e pesquisas visuais que eu fazia como estudo e hobby. Aí fui recebendo um grande feedback que me encorajou a continuar produzindo mais e que aos poucos tornou-se trabalho. Ainda naquele período, algumas redes que eu frequentava e publicava só falavam em inglês, e acredito que foi aí que o trabalho ganhou alguma projeção fora daqui.
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Leia também a entrevista com Marques Casara.
Por Dauro Veras às 16:08 |
Tags: amazônia, ativismo, brasil, entrevista, fotogr, jornalismo, reportagem, sexo, sociedade
Castelo dos Sonhos: entrevista com Marques Casara
Meus amigos Marques Casara e Tatiana Cardeal ganharam menção honrosa na trigésima-primeira edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais conceituados do Brasil. A reportagem deles, Castelo dos Sonhos [pdf], publicada na revista da ong Childhood Brasil, desvenda uma rede criminosa de exploração sexual de crianças de adolescentes na BR 163. Nos últimos anos, Marques tem faturado vários prêmios "correndo por fora" da grande mídia. Suas reportagens investigativas bancadas por organizações do terceiro setor são um grande incentivo para quem acredita que é possível fazer jornalismo independente com qualidade. Fiz esta entrevista com ele por e-mail.
DVeras - Sobre o que é a reportagem Castelo dos Sonhos e o que ela traz de novo?
Marques Casara - A pauta foi proposta para a revista da organização não governamental Childhood Brasil, que desenvolve projetos ligados ao enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. O objetivo seria percorrer a BR 163 e identificar locais de exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas, em postos de combustível e prostíbulos. O projeto foi aceito e financiado pela ONG.
Ao chegar na região Norte do Mato Grosso, a reportagem tomou outra proporção, pois identificou uma rede criminosa organizada de aliciamento de crianças e adolescentes nas cidades de Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto Azevedo, todas localizadas próximas à divisa com o Pará. Os aliciadores levavam as adolescentes para a cidade de Castelo de Sonhos, um distrito de Altamira localizado a 1.200 km da sede do município. O lugar é de difícil acesso, o que facilita o trabalho das redes de exploração. Tem apenas 3 policiais militares e um delegado que anda a pé por falta de viatura. Uma região sem lei e onde a exploração sexual de crianças e adolescentes acontece a céu aberto. O único jornalista da cidade passou 10 dias escondido no forro de uma casa para não ser morto e hoje recebe proteção especial do governo. A reportagem serviu para alertar as autoridades e mobilizar o governo do estado a tomar providências em relação ao problema das adolescentes. Uma reportagem como essa sempre muda o cenário, alerta as autoridades e outros jornalistas.
Conte um pouco sobre como foi a apuração. Durou quanto tempo? Quais foram as principais dificuldades e surpresas?
Casara - O assunto veio à tona em conversa com uma fonte na região. A apuração durou duas semanas. Foi trabalhoso localizar as famílias das adolescentes e mais trabalhoso ainda convencer mães e avós a contar o problema. Além do medo de represálias, sempre há um certo constrangimento em admitir que uma ou mais filhas foram aliciadas por redes que lucram com a exploração sexual. As famílias moram em cidades na divisa do Mato Grosso com o Pará. Chegar a Castelo de Sonhos também foi muito trabalhoso. São 200 km de uma estrada praticamente intransponível a partir da divisa. Cerca de 40 quilômetros após a partida, estourou o amortecedor dianteiro direito. A opção era desistir ou seguir em frente. Fomos em frente, arriscamos.
Castelo de Sonhos é um lugar sem Lei, sem Poder Público, sem força policial. O lugar é muito violento. Chegamos disfarçados e passamos uma noite. Na manhã seguinte, tivemos a sorte de encontrar uma amortecedor da mesma marca e modelo do carro. Só então revelamos nossa condição de jornalistas. A partir dai, foi uma corrida contra o tempo. Em três horas visitamos os locais onde ocorrem a exploração e fizemos as entrevistas e as fotos. Precisávamos sair da cidade antes de qualquer reação. No caminho de volta fomos seguidos por cerca de 80 quilômetros por uma caminhonete ocupada por três homens. A perseguição parou quando entramos em um canteiro de obras de uma barragem que está sendo erguida na região da Serra do Navio. Paramos em frente a um restaurante. A caminhonete nos seguiu e parou a menos de 30 metros. Após alguns minutos, deu meia volta e retornou a Castelo de Sonhos. Sem sair do carro, comemos duas latas de atum com pão e guaraná. Pegamos a estrada e chegamos a Guarantã do Norte sem maiores problemas. Se não tivessemos encontrado o amortecedor certo, teríamos um pouco mais de trabalho.
Como é a logística de fazer uma reportagem investigativa na Amazônia, lidando com um tema delicado e potencialmente arriscado tanto para vítimas quanto para repórteres?
Casara - A logística é imitada pelos recursos. A apuração é limitada pelos riscos. Estávamos com um carro de passeio quando deveríamos estar em um 4x4. Isso aumenta os riscos de quebrar o carro. Também dificulta uma saída rápida em caso de necessidade. A reportagem também é limitada pelas distâncias e pelas condições das estradas, o que torna tudo mais caro e trabalhoso. O assunto é complexo, as famílias não gostam de falar sobre isso. A corrupção também dificulta a apuração e aumenta os riscos, pois autoridades ganham dinheiro acobertando criminosos.
É preciso jogar com todos esses fatores. É preciso também antever os riscos, estar sempre um passo à frente. É necessário jogar com o fator surpresa, com a rapidez e com toda a experiência acumulada. Os principais erros acontecem por causa da afobação e do medo. Os três segredos da reportagem de risco são os seguintes: 1) Mantenha a calma; 2) Mantenha a calma; 3) Mantenha a calma.
Você acredita que a reportagem de vocês pode transformar a realidade dessas adolescentes? Já transformou desde que foi publicada?
Casara - Reportagens como essa sempre mudam o cenário. Servem de alerta, inspiram novas matérias. Uma violência como essa, quando vem a tona, atrapalha a vida dos criminosos e estimula as autoridades. Algumas autoridades são estimuladas a aumentar o valor da propina, outras, honestas, são estimuladas a resolver o problema.
Este é o seu segundo prêmio Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos. O que isso representa para você como jornalista que atua com entidades do terceiro setor, sem o apoio da grande mídia?
Casara - Não me interesso mais pela grande mídia. Desde o ano 2001 atuo exclusivamente para organizações que não estão vinculadas ao jornalismo industrial. Posso fazer um jornalismo mais libertário e revolucionário. Não estou limitado pelos interesses comerciais das empresas de comunicação. Hoje, o que dá lucro para essas empresas é o jornalismo de entretenimento, mesmo quando disfarçado de "investigativo". Desde que sai desse circuito ganhei um Prêmio Esso e dois Herzog. É um bom referencial. Estou construíndo um caminho próprio, sem holofotes mas com muita realização pessoal. Uma dica pra quem tá começando na profissão: todo jornalismo é investigativo. Se não é investigativo, não é jornalismo.
Por Dauro Veras às 15:21 |
Tags: amazônia, ativismo, brasil, entrevista, jornalismo, lugares, reportagem, sexo
Por que fiz o porco
Por que fiz o porco. Escrevi nesta madrugada para o blog de lançamento do doc Espírito de Porco.
domingo, 18 de outubro de 2009
Espírito de Porco esta semana em Floripa
Espírito de Porco, o doc sobre os impactos da suinocultura industrial que dirigi junto com Chico Faganello, estreia esta semana em Floripa, em três sessões gratuitas na Fundação Cultural Badesc. Reserve seu ingresso enviando um e-mail para espiritodeporcofilme [arroba] gmail.com , informando seu nome e a data escolhida. Você vai receber uma resposta confirmando a solicitação com o envio de um ingresso virtual. Não é preciso imprimir o ingresso - seu nome vai ficar numa lista na entrada. A gente se vê lá.
Quinta, 22/10 às 19h
Sexta, 23/10 às 19h
Sábado, 24/10 às 17h
No blog de lançamento você encontra mais informações sobre Espírito de Porco.
Manual do Repórter de Polícia
Está disponível pra download no site Comunique-se a edição atualizada do Manual do Repórter de Polícia (arquivo pdf). O autor é Marco Zanfra, daqui de Floripa.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Manifesto do naufrágio da Barca dos Livros
A Biblioteca Barca dos Livros anunciou que vai suspender algumas atividades e reduzir o horário de atendimento "por falta de recursos, devido ao não cumprimento, pelo poder público, dos prazos de liberação de verbas previamente planejadas e encaminhadas aos órgãos competentes do Município e do Estado". É ou não é de causar indignação? A gente fica com vergonha de ter governantes como esses que deixam um projeto premiado, inovador e de alta relevância, ir minguando aos poucos. Leia o texto completo do manifesto aqui.
O porco por Flávio José Cardozo
Estávamos na fase de conclusão do doc quando recebi um simpático e-mail de mestre Flávio José Cardozo, que honra as letras de Santa Catarina e do Brasil com seus contos, romances e crônicas. Ele disse estar curioso para ver o filme e enviou uma crônica publicada em setembro de 1991 no Diário Catarinense, reverenciando o porco. Aguardamos você lá, Flávio! Uma das cenas tem muito a ver com o seu texto.
O porco~
Flávio José Cardozo
Alcebíades Santos, repórter de jornal, manda de Chapecó competente matéria sobre as não sei quantas utilidades que tem o porco. Relata dele tanta serventia que o leitor ponderado se constrange de já ter olhado o porco sem respeito e, pior, ter usado seu bom nome para definir um ou outro mau sujeito. Até um pensamento triste e torto cheguei a ter, confesso humildemente: da ponta do rabinho à pontinha da orelha, tintim por tintim desse vivente é 100% aproveitado - de mim que percentagem se aproveita, vivo ou morto?
Alcebíades Santos, com senso didático, retalha para nós um porco bem no ponto e faz este balanço matemático: itens industrializados são cerca de oitenta, do tipo mortadelas e salsichas; produtos congelados são uns quinze, como pernil, lombo e filé, e uns dez produtos salgados como pés, orelhas, rabo, que fazem da feijoada o encanto que ela é. E como se isso tudo não fosse já legal extraem-se ainda do dadivoso porco bondades com os quais nunca sonhou nossa vã porcologia.
Dos miolos e do reto, vejam só que chique, resultam uns peregrinos manjares que, atravessando a barreira dos mares, vão deliciar Hong-Kong. Quanto ao útero da porca, eis o seguinte: não dá só porquinhos, dá também um prato de oriental requinte. E o tesouro científico que é o porco?De seu pâncreas tiram a insulina; da mucosa intestinal, a heparina; do duodeno não ficou dito que remédio mas dele sai remédio. E nas válvulas cardíacas, ó que porco cordial! Elas dão certinho no coração humano, não há nada que melhor e por mais tempo funcione que as válvulas cardíacas do porco. Que tal, bípede mofino, saber o coração batendo aí no peito com um tique-taque suíno?
Do couro sem luxo de quem rolou na lama saem sapatos e roupas que dão gosto, e do pêlo sai pincel para ensaboar o rosto, e do casco sai cola, e dos ossos, fígado e pulmões saem rações que perpetuam o porco irmão no corpo de outros bichos.
Soubesse eu fazer orações boas, de contrição uma faria: perdão, porco, se usei mal o teu nome, perdoas?
(Diário Catarinense – 11.09.1991)
Acompanhe o blog de lançamento do filme.
Renato Turnes, a voz do porco
A "voz certa" para o nosso protagonista-porco foi muito debatida durante a gestação do filme. Da força dessa interpretação dependeria em grande parte uma narrativa verossímil. Apostávamos no recurso que, no meio dramatúrgico, se conhece como suspensão da descrença: o público se dispõe a aceitar a implausibilidade de uma situação (no caso, o espírito de um porco que conta uma história), em troca da premissa de entretenimento. E a escolha do ator Renato Turnes (à esquerda, junto comigo e com o Chico, na foto de Lucas Barros) revelou-se uma opção feliz. Pedi a ele que descrevesse a experiência.
Nunca imaginei que eu tivesse voz de porco. Mas um dia o Faganello pediu pra eu gravar um áudio, lendo um poema do Walt Whitman. Gravei um trecho das Folhas de Relva num tom meio Pereio e mandei. Achei canastrão. Mas acho que ele gostou porque depois de alguns dias eu tinha em mãos o texto de Espírito de Porco e um DVD demo do documentário. Depois do impacto inicial com a força visceral das imagens percebi a idéia: o texto na voz antropóide do porco deveria relacionar-se com o que se via, gerando uma tensão poética e irônica. Imaginei essa voz sem mimetismos suínos, uma voz inteligente e altiva. Um porco - rei da pocilga - orgulhoso de sua linhagem limpa, olha os humanos do alto de sua sabedoria animal e descreve seus vícios, aponta suas falhas. Denuncia a sujeira da civilização e clama por justiça para sua espécie. Porco morto, ele é espírito com voz, e seu discurso é uma espécie de metafísica da porcaria. Durante as leituras os diretores foram indicando passagens importantes, clareando intenções e descrevendo curvas e pontos de virada. No estúdio enfim, o porco falou. Acho que o resultado soa humano, ainda que porco. Quem assistir o filme deverá reparar no perturbador close up no olho de um porco. A imagem não me sai da cabeça. Esse plano revela a estranha ligação porco-homem. Parece que ele pensa. Certamente ele sente. Nesse olho está o personagem. Ou seu espírito.
Renato Turnes
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Acompanhe o blog de lançamento do filme.
Samsara
Uma dica quente do Ulysses: Samsara Blog, com textos sobre budismo tibetano. Há um botão que leva a um post aleatório - gostei disso. O primeiro que me veio foi este:
"Saiba que se você não tiver contentamento com as coisas, irá se tornar um escravo do desejo!"
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Espírito de Porco em Floripa dias 22, 23 e 24
Dias 22, 23 e 24 no Centro Cultural Badesc, Chico Faganello e eu vamos mostrar em Floripa o doc que dirigimos, Espírito de Porco. Três sessões únicas, grátis. A estudante de cinema e publicidade Mariana Coelho, junto com o jornalista Fifo Lima - colega de longa data nas redações da vida -, estão dando uma forçona fazendo uma campanha especial de divulgação, com o mínimo de papel possível e reciclando materiais. Veja como receber o seu ingresso virtual e leia mais sobre os bastidores do filme neste blog.
Histórias do Brasil Caipira
Em homenagem ao amigo Marques Casara, aniversariante do Dia da Criança, aí vai uma crônica dele de 2000. É o piloto de uma série que se chamaria Histórias do Brasil Caipira, a ser publicada na revista digital Guru de Viagem - projeto que terminou não saindo da prancheta, por conta do estouro da bolha da internet. Fica a esperança de que essas histórias ressurjam num blog do Casara ou em outro lugar qualquer. Com certeza ele tem muito o que contar.
p.s.: Esta crônica sai do fundo do baú pelas mãos do Rogério Mosimann, pai da ideia do Guru de Viagem e de outras tantas, meu companheiro de aventuras digitais e etílicas no Rio, no Chile e em Floripa.
Viagem sem fim
Coloquei na mochila duas calças, uns três shorts, camisas, um pacote de maços de cigarro, um canivete e fui pra rodoviária começar a viagem mais longa da minha vida. A idéia era sair de Chapecó, interior de Santa Catarina, passar por São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, conhecer a Amazônia, ver o encontro das águas no Rio Negro, visitar Belém, tomar umas cervejas em Goiás e estar de volta em 30 dias. Contornar o Brasil, encontrar pessoas, pegar muita carona e gastar o mínimo possível. Nunca mais parei de viajar desde então, 13 anos atrás. Conheci tanta gente que as agendas se perderam pelo caminho. Sobraram recordações, amores, medos e algumas alegrias.
Viajar é percorrer a estrada da vida que risca o horizonte das incertezas. Pra onde vou? Sei lá... Outro dia eu estava sentado na beira de um rio no Vale do Curuçá, interiorzão da Amazônia. O barco que nos levava jazia emborcado no leito lamacento, abatido por um tronco que chegou sem anunciar-se. Eu esperava o resgate, carona que me levasse de volta pra casa. Pensava, olhando as lontras que reclamavam aos gritos da minha presença em seu mundo, que aquela viagem, iniciada há 13 anos, ainda não chegara ao fim. Nunca mais fui o mesmo depois que ajustei as cordas da mochila e dei adeus à namorada, que ficou com o coração na mão e a certeza de que eu nunca voltaria.
As estrelas de leite que iluminam a noite da floresta me tornaram contemplativo e questionador. Quando essas árvores forem devoradas pelos monstros de lata, derem lugar aos arranha-céus do apocalipse, o mundo vai virar de ponta cabeça e a dor do índio será soterrada pelo entulho concreto dos edifícios de areia. Triste sina de nosso povo, que cresceu em tecnologia mas não aprende a respeitar diferenças étnicas e culturais.
O dia clareava sobre a rodoviária quando embarcamos, eu e meu amigo, para essa viagem de um mês que ainda não acabou. O ronco do Scânia de 38 lugares ainda ressoa em algum ponto perdido da memória. Fica mais forte na medida em que puxo pela recordação, recomeço essa viagem pelo Brasil.Se quiser, venha comigo nessa boléia. Troque idéias sobre os temas que vamos encontrar pelo caminho. Uma viagem sem cinto de segurança, repleta de muita aventura e histórias curiosas. Vamos nessa! (05.12.2000)
Marques Casara é jornalista e diretor de documentários. Acha que o Brasil é bem maior do que a gente pensa e por isso, sempre que pode, sai em busca de boas histórias para compartilhar com seus conterrâneos. Trabalhou para grandes revistas e emissoras de televisão. Atualmente, atua na área de projetos da Editora Abril.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Jornais de papel e a China
Marques Casara, recém-chegado da China, comenta o fim dos jornais impressos - um dos seus temas preferidos - e a atuação dos jornalistas no país asiático:
Produtos jornalísticos impressos em papel estão fadados à extinção.
Teremos a oportunidade de assistir em vida.
Na China ainda se lê muito jornal de papel. A internet é restrita. Tiragens modestas imprimem 2 milhões de exemplares por dia. As redações estão abarrotadas, os repórteres viajam e vão a campo. Dificilmente fazem como aqui, tudo por telefone sem apurar porra nenhuma. Cinegrafistas e fotógrafos usam equipamentos novíssimos, super atualizados.
Lá só é proibido falar mal do regime e do Tibet, o resto ta liberado, inclusive reportagens investigativas com câmera oculta. O incrível é que a população não se sente oprimida, como nas ditaduras “normais”.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Ciência para todos
A UFSC abriu inscrições para 280 minicursos gratuitos, conta matéria da Arley Reis e da Tifany Ródio. Tem um monte de temas bem legais.
Iniciaram na UFSC as inscrições para minicursos gratuitos que serão oferecidos durante a oitava edição Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão, de 21 a 24 de outubro. São 283 opções de cursos de curta duração (4 ou 8 horas), oferecidos por professores e pós-graduandos de diversas áreas. Para inscrição é necessário acessar o site www.sepex.ufsc.br.
A dança como recurso terapêutico na reabilitação; A economia solidária e práticas de feiras agroecológicas: Adolescência e aids; Aprender hidrologia para prevenção de desastres naturais; Assédio moral no trabalho e decorrências; Atualização Jurídica: adoção à luz da Lei 12.010/2009; Conservação de espécies ameaçadas de extinção; Como usar o cinema na sala de aula e Controlando o uso de gordura trans são apenas algumas das opções.
Há também capacitações com temas como Energia eólica para geração de eletricidade; Direitos indígenas; Gerenciamento do stress e relaxamento; Sexualidade e política: reflexões sobre o Movimento LGBT; Promoção de saúde bucal na infância; Primeiros socorros em acidentes domiciliares; Pais, filhos e a internet: mundo virtual, perigo real; Orquídeas - curso básico; Informação sobre propaganda e Uso racional de medicamentos. (...)
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Você sabe né?
Minha sobrinha Camilla Sá Freire, jornalista que trabalha na área de saúde, está em missão profissional em São Tomé e Príncipe. Ela participa de um projeto internacional de erradicação da malária nesse país africano onde se fala português. Um relato informal da aventura pode ser acompanhado no recém-criado blog dela, Você sabe né? Sei não, vou acompanhar pra saber. :)
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
No escuro
Maíra Spanghero, ex-colega do jornalismo da UFSC que tá morando em Londres, criou um blog que promete: dança, reportagem afetiva, literatura barata. O primeiro texto que li já me fisgou. É sobre a inesquecível experiência sensorial que ela e um amigo tiveram de comer num restaurante totalmente escuro, o Dans Le Noir, servidos por um garçom cego.
sábado, 3 de outubro de 2009
Transforme seu lápis em uma lanterna
Um truquezinho esperto ao estilo McGyver pra lhe tirar do escuro numa emergência.
Classe Média Way of Life
Li na tuitada do @doni, conferi e achei muito bom este blog, Classe Média Way of Life. Um trechinho dos textos mais recentes - dei risada e fiquei imaginando várias situações que ele descreve:
dica 031 - Pagar pau pra gringo
Se existe um tipo de pessoa pela qual a Classe Média nutre a mais sincera devoção e idolatria, estes são os gringos. Gringos, para o médio-classista, são como seres de outro mundo, seres iluminados de uma esfera superior, de um planeta onde tudo é ao contrário do Brasil: não há pobres, o trânsito funciona, todo mundo é educado, as ruas são limpas e todo mundo é bonito e veste marcas conhecidas. (...)
dica 030 - Praticar o "cada um por si" no trânsito
Para quem quer se comportar como a Classe Média brasileira, um ótimo ambiente de observação é o trânsito de nossas grandes cidades. Ali podemos estudar, por imersão total e com riqueza de detalhes, os valores deste peculiar grupo social.
O médio-classista encara o trânsito como se fosse uma grande batalha em defesa do seu direito individualprioritário de ir e vir, o que significa que cada indivíduo da Classe, no trânsito, tem prioridade um sobre o outro e vice-versa (numa estranha equação ainda não resolvida pela matemática). E todos têm prioridade sobre os pedestres (este ponto já é bem mais fácil de entender). (...)
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
S.O.S. Barca dos Livros
Se você ainda não conhece a Barca dos Livros, um projeto maravilhoso que fica na Lagoa da Conceição, dê uma passadinha por lá (se tiver filhos, leve as crianças!) pra tomar um café, folhear ou levar emprestadas algumas publicações e fazer um passeio no barco de contação de histórias. Enquanto é tempo. Este texto da professora Tânia, coordenadora da Barca, me comove pelo idealismo e garra do pessoal que faz a Sociedade Amantes da Leitura. Ao mesmo tempo, causa indignação constatar a pequenez dos gestores públicos. Santa Catarina é um estado rico e sua capital se vangloria pela alta qualidade de vida. Num contexto desses, quando uma biblioteca premiada por sua proposta inovadora corre o risco de fechar, é porque alguma coisa vai mal, muito mal.
S.O.S. Barca dos LivrosClique aqui para ler o texto na íntegra.
Tânia Piacentini
“Um país se constrói com homens e livros”. Lobato, em tempos politicamente corretos, acrescentaria, talvez, “mulheres” – homens, mulheres e livros. Mas certamente manteria o cerne de sua afirmação e crença: livros são essenciais para a formação e desenvolvimento das pessoas. Nisso também acreditamos, nós, os membros da Sociedade Amantes da Leitura, a organização não governamental, sem fins econômicos e de utilidade pública municipal e estadual, responsável pela criação e funcionamento da biblioteca comunitária Barca dos Livros, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis.
Inaugurada em 02 de fevereiro de 2007, a Biblioteca possui hoje um acervo de mais de 8.000 livros já catalogados e 3.000 em fase de catalogação, e desenvolve um programa mensal de incentivo à leitura, recebendo escolares e comunidade em geral, diária e gratuitamente. Desde a abertura temos mantido uma média de 1.800 visitantes/mês, provenientes não só da Lagoa da Conceição e região leste, mas de todo o município, da Grande Florianópolis e também do interior do Estado. Temos 2.300 leitores cadastrados a partir de outubro de 2007, 18.261 livros foram emprestados desde então, e 21.805 pessoas estiveram na biblioteca em 2008, participando de pelo menos uma das muitas atividades que oferecemos de terça-feira a domingo. Agora em 2009, já registramos a presença de 13.605 pessoas, até agosto.
Nesses dois anos e meio de atividade, nossa biblioteca é referência na área do livro e da leitura, e presença constante na mídia local e nacional, por ser um projeto que já nasceu com a qualidade, o trabalho e o reconhecimento de especialistas. (...)