domingo, 30 de março de 2008

Do dicionovário do Millôr

BARCILO: Bactéria encontrada no bar.
CÔNEGRO: Eclesiástico de cor.
INAUGORAÇÃO: Estréia que não houve.
VILTÓRIA: Vencer uma luta mesquinha.
SERVANTE: Servente com mania de ler o Dom Quixote.
CEDOÇÃO: Atrair sensualmente às primeiras horas do dia.
BOICEJO: Demonstração de tédio por parte do marido de dona vaca.
CENSOALIDADE: Estatística da volúpia.
Peguei aqui.

Brunitezas: papo de gato

Bruno, em contagem regressiva pra completar dois anos, senta no chão e conversa com o gato na área de serviço:

- Quer ração, querido? Óia, dois ração. Dois, quatro... Quer experimentar?
Aí pega um copinho plástico e despeja ração na cabeça do Branquito.

Tempo tempo tempo tempo



Caiu o primeiro dente do Miguel, aos cinco anos e quatro meses. Papai e mamãe corujas, impressionados de ver como o tempo voa, enchemos ele de beijo e abraço.

Eu sugeri jogar no telhado, como fiz com meu primeiro que caiu. Mas o dente terminou indo pra caixinha de tesouros.

Bruno abriu a boca e mostrou os próprios dentes - também quer ficar banguelinha, ora, afinal já tem quase dois anos.
~
A música me veio quando peguei na mão aquele dentinho de leite do menino lindo. É uma das obras-primas de Caetano. E olha só o que encontrei no mei da letra: o Migo tá lá!

Oração ao Tempo

(Caetano Veloso)

És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho
Tempo Tempo Tempo Tempo, vou te fazer um pedido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Por seres tão inventivo e pareceres contínuo
Tempo Tempo Tempo Tempo és um dos deuses mais lindos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Que sejas ainda mais vivo no som do meu estribilho
Tempo Tempo Tempo Tempo ouve bem o que te digo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso
Tempo Tempo Tempo Tempo quando o tempo for propício
Tempo Tempo Tempo Tempo
De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido
Tempo Tempo Tempo Tempo e eu espalhe benefícios
Tempo Tempo Tempo Tempo
O que usaremos pra isso fica guardado em sigilo
Tempo Tempo Tempo Tempo apenas contigo e migo
Tempo Tempo Tempo Tempo
E quando eu tiver saído para fora do círculo
Tempo Tempo Tempo Tempo não serei nem terás sido
Tempo Tempo Tempo Tempo
Ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos
Tempo Tempo Tempo Tempo num outro nível de vínculo
Tempo Tempo Tempo Tempo
Portanto peço-te aquilo e te ofereço elogios
Tempo Tempo Tempo Tempo nas rimas do meu estilo
Tempo Tempo Tempo Tempo

[Tks MPBnet e Liciamhf]

Conversa na redação

De Marcelo de Andrade (É triste viver de humor):

Foca: - Chefe, a fonte quer cobrar pela entrevista exclusiva. O que digo a ele?
Editor: - Diga que não pagaremos, pois essa prática avilta um dos mandamentos do jornalismo.
Foca: - E que mandamento é esse, chefe?
Editor: - O da mais valia. Nosso papel é revender como notícia as informações que obtemos gratuitamente.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Maravilhas da História: uma gravação de 1860

Esta é a mais antiga gravação em voz conhecida. Historiadores de registros sonoros encontraram um fragmento de dez segundos, datado de 1860, em que uma pessoa canta "au clair de la lune, Pierrot repondit" ("à luz da Lua, Pierrô respondeu"). "A gravação foi realizada em 9 de abril de 1860 pelo inventor parisiense Edouard-Leon Scott de Martinville, em um aparelho que ele chamou de 'fonautógrafo', que gravava ondas sonoras em uma folha de papel escurecida pela fumaça de uma lâmpada a óleo", diz matéria da Folha de SP. O registro foi feito 17 anos antes de Thomas Edison inventar o fonógrafo.

Os provedores de asas

Bonita despedida de um amigo do jornalista Sérgio de Souza - editor da revista Caros Amigos -, que morreu no dia 25.

(...) Sem essa do “descanse em paz”. Ele era calmo e tranqüilo. Mas por dentro um vulcão. Porém sempre sereno. Gente como ele finge que morre, mas deixa suas extensões. Que se libertam e assumem vôos próprios, imaginários ou reais. Sérgio de Souza, mais que o jornalista, foi o provedor de asas, o cara que veio e disse: vai em frente. Abriu caminhos e ensinou os atalhos para vencer as veredas (...)
JÚLIO CHIAVENATO
[via Fernando Evangelista]
~
Não consigo deixar de lembrar do meu sogro ao ler essas palavras. Augusto Tuyama também foi um provedor de asas. Um mestre que chamava os outros de mestre - tava sempre aprendendo enquanto nos ensinava com o exemplo. Tem dias que a presença da ausência bate forte. Fico lembrando o assobio de duas notas que anunciava a sua chegada pra tomar um cafezinho no meio da tarde. Imagino o que ele diria da grama esmeralda que escolhemos pro jardim - o fornecedor, do município de Antônio Carlos, nos foi indicado por ele. Quais seriam seus comentários sobre a ciclovia que estão construindo no Campeche, a chegada do outono e do inverno ("me disseram que aqui fazia frio, mas ainda não vi", disse no inverno passado), o noticiário político na tevê ("sem Lula o Brasil estaria pior"), o conserto de algum equipamento elétrico ou hidráulico ("noventa por cento é pensamento lógico, dez por cento é técnica"), a árvore nim que deu uma esticada no verão, os meninos que estão esticando todo dia... ("eu gosto tanto do vô, e você?"). É bem como disse a Ana no comentário sobre a andiroba. Quando vejo as obras dele, fico cheio de saudade e de orgulho.

Miguelices: trocas de gentilezas entre adultos

Comentário do Miguel ontem no carro:

- Engraçado, pai: quando a mãe tá na casa da vó e quer lavar a louça, a vó diz: "Não, deixa que eu lavo". Aí quando a vó tá lá em casa e quer lavar a louça, a mãe diz: "Não, deixa que eu lavo".
:)

quinta-feira, 27 de março de 2008

De supermercado, espionagem e menstruação

Uma edificante história real do primeiro mundo: a cadeia alemã de supermercados Lidl está sendo denunciada por sindicatos e entidades de defesa dos direitos humanos por violar a intimidade de seus empregados, conta The Guardian. Microcâmeras e espionagem de ligações de celular faziam parte dos "métodos Stasi" - como alguns críticos se referiram, lembrando a antiga polícia secreta da Alemanha Oriental.

O enxerimento corporativo chegou ao ponto de investigar a vida amorosa das pessoas e limitar a ida ao sanitário. Na filial checa da Lidl, as mulheres só podiam se aliviar durante o expediente se estivessem menstruadas - mas pra isso, deviam usar uma faixa na cabeça que as identificasse. Os relatórios dos detetives da empresa chegam ao detalhamento de indicar em que parte do corpo ficam as tatuagens e o perfil dos relacionamentos pessoais:

"Seus círculo de amigos consiste principalmente em viciados em drogas".

"Frau M queria fazer uma ligação com seu celular às 14h05... Ela recebeu uma mensagem gravada de que tinha somente 85 centavos no seu aparelho pré-pago".
A Lidl tem mais de 7.500 lojas em 24 países. A empresa negou conhecimento do que ocorria na filial checa, mas admitiu que o controle era feito na Alemanha, não para monitorar a equipe, mas para "estabelecer possível comportamento anormal".

Obrigar os outros a prender xixi e cocô é um bizarro conceito de normalidade.

[tks Pieter]

Música boa do Paraná pro mundo

A amiga Darlene Dallarmi solta a voz na noite curitibana. E neste bem cuidado saite, onde você pode conferir o trabalho dela em streaming, mp3 e vídeo.



Marcelo de Andrade, do ótimo É triste viver de humor.

Tem pago ou tem pagado?

Dad Squarisi esclarece:

Afinal, é pago ou pagado? A questão é mais velha que Matusalém. Mas, volta e meia, ressurge. A razão: o verbo pagar joga no time dos generosos. Tem dois particípios. Um regular: pagado. Outro irregular: pago.
Quando usar um ou outro? Depende do auxiliar. Ter e haver exigem o particípio regular (tinha ou havia pagado). Ser e estar, o irregular (foi ou estava pago). Simples, não? Por que, então, a trapalhada? Acontece que pagar é pra lá de permissivo. Ele joga em dois times. Aceita a regra. Mas aceita também a forma pago com todos os auxiliares (foi pago, está pago, tem pago, havia pago).
Resumo da ópera: com o particípio de pagar, só há uma saída. É acertar.

Como aprendi a escrever

O grande trio da literatura francesa, Stendhal, Balzac e Flaubert, exerceu sobre mim uma autêntica e profunda influência educativa como escritor, e recomendo insistentemente aos principiantes que leiam estes autores; são grandes artistas de gênio e os maiores mestres da forma.

Maximo Gorki, Como aprendi a escrever (Porto Alegre : Mercado Aberto, 1998)
p.s. Nota pra mim mesmo: ler Balzac. A Comédia Humana tá em algum lugar na estante.

p.s.2. Uma obra de Flaubert e uma de Stendhal estão na minha lista de 50 livros marcantes.

terça-feira, 25 de março de 2008

25 maneiras de simplificar sua vida com crianças

Um texto precioso de Leo Babauta, autor do blog Zen Habits: 25 ways to simplify your life with kids. Ele tem seis filhos, então deve saber do que tá falando :) Entre as dicas, dar às crianças autosuficiência; não agendar coisas demais pra elas; reduzir os compromissos; relaxar; levar lanches nos passeios; se comunicar em família; criar tradições; reservar tempo a sós com o parceiro/a; focar em fazer, não em gastar.

100 histórias

Fernando Evangelista e Juliana Kroeger convidam para a mostra fotográfica 100 histórias, que reúne imagens da Europa, África e Oriente Médio, com destaque para fotos recentes das guerras no Iraque, Líbano e Palestina. São 50 fotos do italiano Matt Corner e 50 do espanhol Guillermo Valle.

Guerras, imigração, religião, ecologia, drogas e terrorismo são os principais temas clicados pelas lentes dos dois fotojornalistas. "A junção da informação com a arte, sem a pretensão do distanciamento ou da imparcialidade, demonstra que é possível uma abordagem jornalística mais sensível, mais contextualizada e mais humana", diz Juliana. Ela organiza a exposição junto com Fernando (figura assídua aqui no blog como leitor e inspirador), que fez coberturas jornalísticas de conflitos internacionais junto com Matt e com Guillermo.

O lançamento é dia 31 de março, às 19h, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, e as fotos ficam expostas até 11 de abril, com patrocínio da Brasil Telecom e apoio da Universidade Estácio de Sá, da Associação Catarinense de Imprensa, do Sinergia, do Hotel Maria do Mar, do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, do projeto Se Essa Mídia Fosse Minha, do Instituto de Estudos Latino-Americanos e da revista Caros Amigos.

Créditos: Matt Corner (prédios) e Guillermo Valle (crianças), ambas no Líbano. Divulgação. Clique nas imagens pra vê-las ampliadas.

p.s.: No blog de Felipe Lenhart, 1 crônica por dia, tem um belo testemunho do Fernando Evangelista sobre seus dois colegas fotojornalistas.

Cinquenta anos da Bossa Nova

Nesta quarta-feira às 20h no Teatro da Ubro, centro de Floripa, a cantora Julie Philippe e o pianista Luiz Gustavo Zago fazem show pra comemorar os 50 anos da Bossa Nova. Vão interpretar temas de criadores da Bossa Nova como Tom Jobim, Roberto Menescal, Newton Mendonça e Vinicius de Moraes. O Teatro fica na Escadaria da rua Pedro Soares, 15. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia).

segunda-feira, 24 de março de 2008

No dicionário: letra G

Grifo - um termo das artes gráficas que quer dizer itálico - tem uma palavra homônima que mexe com a fantasia:

substantivo masculino
1 Rubrica: mitologia.
animal fabuloso, com cabeça, bico e asas de águia e corpo de leão [Possui dupla natureza: divina, representada pelo espaço aéreo, próprio da águia, e terrestre, representada pelo leão. Tais animais simbolizam, ainda, respectivamente, a sabedoria e a força.]

Houaiss
Às vezes penso nisso quando leio "grifo do autor".

Talvez o problema seja o tamanho

Sobre o artigo de Palácios, com a palavra Regininha.

Talvez o problema seja o tamanho...
O microconto ou o miniconto são legíveis, num monitor, mas textos longos cansam demais. O poema, por sua própria estrutura gráfica, por permitir recursos os mais variados,parece mais daptável. Além disso, é cada vez mais difícil publicar livros de poesia, pois não têm saída...A web tornou isso possível e fácil.
(não acho que isso esgote o assunto, mas é para se ir pensando... me interessa diretamente, já se sabe!)

De ressurreição e epifanias

Nando comenta minhas idéias aleatórias do sábado de aleluia e eu respondo. A conversa começou a partir deste vídeo.

Boa pergunta, Dauro. Meu palpite eh que a resposta vale a vida. E sem chegar a ela, a vida teria sido desperdicada. Expressoes-chave que considero fatais para encontrarmos a resposta certa: "a gente pensa", "e age", "eh bom ser um indivi­duo" e "conclusao pratica pra vida".

Por ser bom, ou continuar a ser bom, nos decidimos pensar e agir de uma certa maneira. Mas, se voce estah certo na sua argumentacao, esse jeito de pensar nao eh a verdade ultima do que a vida eh - pois durante a vida a gente acredita (e age e gosta de agir assim) de uma maneira, e tanto antes quanto depois ve / sente / sabe que eh outra coisa. Ou veria / sentiria / saberia ser outra coisa - porque se nao sabemos isso decisivamente, nao podemos dizer que sabemos isso. Eh uma hipotese, como eh a sua pergunta.

O que leva a outra pergunta mto importante: por que essa verdade ultima soh aparece pra nos em "lampejos", como vc falou? (e pq pra muita gente nem em lampejos aparece?)

Serah que quanto mais alguem investiga, mais lampejos tem? Sera que criar consciencia da propria vida, dos proprios atos, do proprio "jeito de pensar" e "acreditar" e "agir" tem algum efeito em descobrir o que a vida eh? Pq poucas pessoas fazem isso? Serah que isso tem alguma relacao com "convenhamos, eh bom ser um individuo"?

Isso tem uma conclusao pratica pra vida que faz TODA a diferenca. E se a gente levasse essa vida como sabe que foi antes, "foi" depois e sempre serah?

Nao sei como voce chamaria essa transformacao na vida de um ser humano, mas eu associo ao conceito real disso que dizem ser a "ressurreicao" (que nao eh do corpo, mas tao somente de um auto-saber que se reflete em tudo, mas, principalmente, em si mesmo).
Interessante o que vc diz sobre ressurreição, Nando. O relato da neurocientista é muito parecido com outros de gente que esteve no limiar entre a vida e a morte - ou teve epifanias por meio de estados alterados de consciência. Parece que uma névoa é retirada dos olhos e a dimensão do todo é revelada de repente, de um jeito que nenhuma palavra pode reproduzir - só mesmo sentindo isso. O que posso é especular. Pensar em lagartas e borboletas. Nas imagens captadas pelo canto do olho, que só vemos se não olharmos pra elas. E no trecho do poema de Calderón de la Barca, "la vida es sueño"...

No dicionário: letra P

O verbete palavra no Houaiss é enorme. Um pedacinho (destaque meu):

Etimologia
lat. parabòla,ae (pelo vulg.), tomado de emprt. ao gr. parabolê pela língua da retórica no sentido de 'comparação'; ver palavr-; f.hist. sXIII palavra, sXIII palavla, sXIII palavoas, sXIII paravr', sXIII palauras, sXIV paravõas, sXV palabras, sXV palaurra

Sinônimos
ver sinonímia de vocábulo

Coletivos
dicionário, elucidário, glossário, glossoteca, léxico, palavreado, palavrório, panléxico, tesouro, vocabulário

Eu repito palavras.
É, palavras.

Jornalismo e literatura na internet

Interessante esse artigo do professor Marcos Palácios na revista Texto Digital, do Nupill - Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística da UFSC. Ele tenta responder uma questão instigante pra quem flerta - ou tem um caso antigo - com jornalismo, literatura e o meio digital:

Como explicar o sucesso do webjornalismo, que se alastra pela Internet e multiplica modelos de disponibilização de notícias com utilização cada vez mais ampla das características específicas do suporte telemático (hipertextualidade, interatividade, multimidialidade, personalização, memória, atualização contínua), enquanto o texto ficcional em prosa parece estar em estagnação ou latência, não tendo ainda encontrado formas expressivas condizentes com seu desenvolvimento mais pleno no novo ambiente de produção possibilitado pelas redes telemáticas? Contrariamente à poesia, que se tem ambientado bastante bem na Internet, a hiperficção ainda não se enraizou no novo suporte. Por quê?

sábado, 22 de março de 2008

Clics de natureza

Fotos premiadas pela National Geographic. Amazing!

Idéias aleatórias em um sábado de aleluia

Desconfio que é assim: antes de nascer e depois de morrer, a gente é parte do todo = a gente É o todo. Durante a vida também (donde se pode concluir que a vida é eterna). Acontece que, vivendo, a gente pensa que é um indivíduo e age como um indivíduo - e vamos e venhamos, é bom ser um indivíduo. Mas a gente é muito mais que isso. E só se dá conta em raros lampejos como o relatado neste vídeo. O que isso pode representar como conclusão prática pra vida? Aí é um papo pra muitos sábados e domingos.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Ben Dez



Esse é o herói da vez aqui em casa.

A história começou
quando um relógio esquisito
Grudou no pulso dele vindo la do infinito
Agora tem poderes e com eles faz bonito
É o Ben 10

Se acaso encontrá-lo irá se admirar
Diante de seus olhos ele vai se transformar
Em um ser alienígina
Que bota pra quebrar
É o Ben 10

Com seus poderes vai combater
Os inimigos e vai vencer
Ele não foge de medo ou dor
Moleque muito irado
Seja onde for

É o Ben 10

Brunitezas: eita peixão

Hoje, num restaurante do Pântano do Sul, Bruno viu na parede um recorte de jornal com a foto de uma baleia saltando no mar:

- Oia o peixe tomando banho!

Um vídeo especial

Dica 5 stars do Nando: uma neurocientista conta sua experiência de ter encontrado o nirvana durante um derrame cerebral. O vídeo tem 18'44" e tá em inglês. Vale cada instante.

Correio

Chegaram os livros.
~
Frase aleatória pinçada do Dualibi das Citações:

Um diamante é um pedaço de carvão que se saiu bem sob pressão.
Anônimo

Saudosa Maloca

Adoniran Barbosa, 1951

Si o senhor não istá lembrado
Dá licença de contá
Que aqui onde agora está
Esse edifício arto
Era uma casa véia
Um palacete assobradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construimos nossa maloca
Mas um dia
nem quero me lembrá
Veio os home c'as ferramentas
O dono mandô derrubá
Peguemo tudo a nossas coisa
E fumo pro meio da rua
Preciá a demolição
Que tristeza que eu sentia
Cada táuba que caía
Duia no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homi istá co'a razão
Nós arranja outro lugá
Só se conformemos quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertô"
E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
E prá esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida

Correção: o certo é equinócio de outono

Meu cunhado Antônio Neto e a Wikipedia me corrigem um erro. Solstício é quando o sol atinge o maior afastamento, em latitude, da linha do Equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em 21 de dezembro e em 21 de junho - entrada do verão e do inverno no hemisfério sul, o oposto no hemisfério norte. Portanto, o que tivemos no dia 20 de março foi o Equinócio de outono. Equinócio é um dos dois momentos do ano em que o sol, em sua órbita aparente (como vista da terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). O dia nos equinócios tem a mesma duração da noite (12 horas), tanto no hemisfério norte quanto no sul. Na banda sul do mundo o equinócio de outono é em 20 de março e o de primavera, em 23 de setembro.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Célula

Mais um espaço cultural pra Ilha. Emerson Fancaria Gasperin dá o toque: a Célula estréia hoje no bairro João Paulo (Saco Grande, pra quem vive aqui há mais tempo). Bem-vindo!

Um lugar com palco grande e som de qualidade. Um ambiente para as pessoas dançarem, se conhecerem, se divertirem. Um espaço focado na música, mas também aberto ao teatro, à literatura, à moda, às artes plásticas e às demais manifestações artístico-culturais. Bem-vindo à Célula, cuja inauguração ocorre nesta quinta (20/3) com festa para 300 convidados embalada pelos DJs Kid Vinil e Kerem Ulken.

Sob a direção de Gastão Moreira, o novo núcleo da cultura alternativa de Florianópolis vai sediar shows todas as sextas e sábados. Neste primeiro final de semana de atividades, a Célula promove mais uma edição do Clube da Luta no dia 21 e, no dia 22, recebe a banda Dazaranha. Além de uma estrutura completa para apresentações ao vivo, a casa é composta por bar, estúdio de gravação e local para oficinas. (...)

Solstício de outono

O outono começou hoje às 2h48min. É uma das minhas estações preferidas. As outras são inverno, primavera e verão.

p.s.: Doni escreveu um belo post sobre o outono e colocou os vídeos de três músicas bem adequadas pra estação. A de Serge Gainsbourg é maravilhosa.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Andiroba


Esta andiroba foi plantada pelo meu sogro Augusto há uns 14 anos em Rolim de Moura, RO. Árvore generosa, cresce rápido - chega a 30 metros de altura - e tem um óleo com muitos poderes curativos. Acho bacana saber que, depois que a gente se vai, as plantas continuam por elas mesmas o primeiro impulso de vida que receberam. Tirei essa foto numa manhã nublada e triste, mas a vitalidade dessa andiroba me fez bem. Passei o restante do dia imaginando ela crescer mais ainda.

terça-feira, 18 de março de 2008

Definição da vez: originalidade

..."originalidade", adjetivo muito usado por quem desconhece o passado...
De Jorge Furtado, aqui. Excelente artigo, aliás. Ele se refere ao "uatá-uatá-uatá" (andou-andou-andou), um elemento narrativo que, segundo Câmara Cascudo, está presente em muitos contos populares e indígenas. No cinema, equivale aos três planos de transição entre um lugar/tempo e outro. Nada se perde.

Férias para amar

O poeta e escritor finlandês Tommy Tabermann, eleito em 2007 para o parlamento do seu país, apresentou na semana passada um projeto inusitado: dar "férias de amor" de sete dias remunerados por ano, para prevenir a desintegração dos relacionamentos. A idéia é que nessa semana livre os casais possam se dedicar um ao outro, "tanto no nível erótico como no emocional", para que "encontrem seu caminho no rumo do amor". A proposta foi encaminhada para avaliação do Comitê de Emprego e Eqüidade do parlamento.

Li no Helsingin Sanomat, que é citado pelo Boing Boing. Comentário de Aaron Hotfelder em Gadling:

Leave it to a poet to come up with an idea like this. Doesn't he know that spending seven days in a row together will probably destroy more relationships than it repairs?

Relato de Anitápolis

O ótimo relato de Giorgia sobre sua visita a Anitápolis - sucursal do paraíso na subida da serra, a 100 km de Floripa - me enche de saudade e boas lembranças. Ela conta sua viagem em três partes. Na segunda, visita a Pousada Passárgada, de Fernando e Regina, onde há poucos meses passei momentos felizes com a família e os amigos. Fico feliz que Augusto tenha vivido o bastante pra curtir com a gente aquele lugar e aquelas pessoas especiais.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Bottom de marketing, a missão

Emersong, do Fancaria - e um dos pais do saudoso zine Futio -, engrossa o caldo.

A lista não pára de crescer:

- Paulofusos (loja de ferragens em SP)
- Necrotério Bar
- Farmárcia
- Ali BaBAR & os 40 Ladrões
- Megawatts of Love (confecção e loja de artigos elétricos)

Havelanche

Essa é da Fernanda Medeiros:

Em 2007, durante o PAN, foi inaugurada uma lanchonete ao lado do estádio João Havelange.

Qual era o nome?

João HaveLANCHE, claro.

Photoshop Disasters

Dica da Laura. Um blog sobre manipulações meia-boca de imagens com o Photoshop na mídia e na publicidade.

domingo, 16 de março de 2008

Todoist

O Nando deu uma dica interessante de software organizador de projetos e tarefas. É o Todoist, desenvolvido no início de 2007 pelo estudante de ciências da computação Amir Salihefendic, da Dinamarca. Já testei vários programas semelhantes e não consegui me fixar em nenhum, mas este é o que tem as melhores chances até agora. Simples, intuitivo, eficaz, dá pra integrar ao Google e ao celular, tem tutorial (narrado pelo próprio em inglês) direto e fácil de entender. Fuçando um pouco mais, encontrei umas coisas interessantes. O início da criação do software ocorreu em boa parte em um hospital onde o pai dele estava com câncer terminal. Também encontrei essa bela síntese do espírito do software.

The Zen of Todoist

Now is better than later.
Later is better than never.
Organized is better than messy.
Big things are composed by smaller things.
Smaller things are done by action.
Think like a person of action.
Act like a person of thought.
The beginning is half of every action.
The longest journey starts with the first step.
Everything should be made as simple as possible.
But not simpler.
Celebrate any progress.
Don't wait to get perfect.
Deadlines and stress are a part of life.

sábado, 15 de março de 2008

Bottom de marketing

No século passado, o fanzine Futio - Indispensável, criado pelos brothers Frank Maia e Emerson "Tomate" Gasperin, tinha uma seção hilária chamada "Bottom de Marketing", que destacava nomes comerciais curiosos, como Supermercláudio e Barbearia Rodela. O jornal agora é história, mas sempre que encontro nomes engraçados recordo da seção. Dia desses, conversando com o Tomate, ele me contou que um primo dele tem um trailer de lanches no Saco dos Limões chamado Ava Lanches. Uma vez, fazendo compras, esbarrei no Arroz Tinho. Don Bianchini acaba de contar outra boa: uma van de cachorro quente que atende pelo nome de Billy's Cão. A busca continua. Se você tiver alguma colaboração pro bottom de marketing, conta aí.

Sonhos: moradia, transporte e lazer

Quase-pesadelo, ou no mínimo um sonho inquietante: eu voltava a morar em apartamento.
~
Sonho-aventura: final da copa do mundo em uma espécie de water-world. Brasil finalista. Mil e um transportes aéreo-aquáticos pra levar gente legal ao local onde havia um enorme telão pra ver o jogo fazendo festa. Mistura boa: chuva, caipirinha, parentes e amigos que não encontro há tempo. Subida de uma corredeira íngreme e altos visuais lá de cima. O sonho acabou antes do fim da partida.

Miguelices: hierarquia de heróis

Miguel ajudando a arrumar a nova estante do quarto:
- Que tal os heróis pequenos serem os chefes? Essa prateleira aqui é dos que vão salvar o mundo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Margem Esquerda


Tadeu dá o toque: o Grupo Margem Esquerda, de Floripa, tá levando um espetáculo de música e poesia brasileira pra Espanha. Som de primeira, bonito. Semana que vem se apresentam no Sesc e no Café dos Araçás.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Brunitezas: nova versão da música da Cuca

Continuando a série do Zé Dassilva. Trabalhar em casa é... ouvir do filho de um ano e onze meses uma nova versão praquela canção infantil:

Nana, neném
que a Cuca vem pegar
Miguel foi pra escola
mamãe foi trabalhar

BrTurbo cobra indevidamente até dos mortos

Ricardo, leitor deste blog, lembra que a devolução em dobro de cobrança indevida está prevista no Código de Defesa do Consumidor. Tá aqui no artigo 42:

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
Engano justificável? No começo fiquei tentado a acreditar que podia ser isso. Depois que li a seção Caso Encerrado no blog do ombudsman do iG, Mario Vitor Santos, vi que a contumácia desse provedor de internet chega a absurdos como o que reproduzo abaixo: eles cobram indevidamente até de gente morta!
A dificuldade de cancelar o que não pedi

"Caro Sr., no mês de novembro, recebi uma ligação, atendida pela minha secretária Verônica que informava que meu e-mail do Brturbo havia mudado e que seria cadastrado um novo. Como não tenho nenhum vínculo com a empresa citada, desconsiderei a mensagem. No mês de dezembro, pela primeira vez, veio em minha fatura da Brasil Telecom, a cobrança de R$ 3,63 referente a Assinatura com a BRturbo, datada de 21/11/2007. O telefone está em nome de José Candelário Ferraz, meu sogro, falecido há 11 meses. Minha secretária telefonou na Brturbo em 21/12/2007, informando do equívoco. Foi-lhe solicitado o atestado de óbito do titular da linha (???). Eu estava em férias. Liguei na Brturbo, achando tal solicitação absurda, pois se a única pessoa que podia ter feito a solicitação está falecida, como foi solicitada a inclusão???? E mais, eu, como cliente-consumidora, tenho que provar que eu não solicitei o serviço??? Foi informado hoje que sim, eu necessito provar que o titular da linha é falecido para cancelar uma assinatura que jamais (grifo: jamais) foi solicitada. Detalhe: eu sou quem paga e administra a linha telefônica, e no mês de novembro, estava em viagem ao exterior. Assim como o atendente informou, o solicitante da assinatura foi o titular, e o titular está falecido, quem solicitou? Solicito o cancelamento da cobrança e estorno das próximas, se houverem [sic]. Aguardando o retorno prometido para 24/12 até hoje, atenciosamente,"
Clara Kaplan

O que foi feito:
"Conforme solicitado efetuamos em 11/1/08 o cancelamento da assinatura BRTURBO Lite Turbo em nome de José Candelario Ferraz. Enviamos email para cliente."

Banana Craft liquida livros usados


A Daniele Sinhorelli, da Banana Craft, resolveu liberar um pouco de espaço em casa e colocou à venda mais de 200 livros usados. Tem coisas muito boas. Acabamos de comprar estes aqui:

  • 200 crônicas escolhidas - Rubem Braga (R$ 10)
  • A máquina de dar beijinhos - Mempo Giardinelli (R$ 1)
  • Como aprendi a escrever - Maximo Gorki (R$ 1)
  • Dualibi das citações - Roberto Dualibi (R$ 15)
  • O despertar do Buda interior - Lama Surya Das (R$ 7)
  • O Livro das Religiões - Jostein Gaarder (R$ 7)
  • Oriente, Ocidente - Salman Rushdie (R$ 2)
Saiu tudo por R$ 55,20, incluindo R$ 12,20 de frete. Bem em conta, né?

terça-feira, 11 de março de 2008

Cobrança indevida da BrTurbo (4)

Ao que parece a novela está perto do capítulo final. Acabo de receber ligação da BrTurbo. Uma moça de voz atenciosa me disse que foi constatado um erro de cobrança desde junho de 2007 (!) por assinatura dos serviços de provedor. Somados os valores, vão ser devolvidos R$ 71,52 no prazo de até dez dias.

Sem juros nem correção porque assim é a "política da empresa", prosseguiu a voz atenciosa (se eles fossem meus credores, aposto que não iam deixar barato). Sem devolução em dobro porque a BrTurbo "é provedor de internet, não uma empresa de telefonia", e assim não estaria sujeita às normas da Anatel. Sem pedido de desculpas ou promessa de que vão se comportar melhor. Mas com número de protocolo do contato pra provar que, nos dois lados da linha, ambos existimos: 61785808.

Bem que a BrTurbo podia aprender com a rede de supermercados Angeloni, daqui de SC. Certa vez escrevi ao ombudsman (clientes ranzinzas como eu garantem o emprego deles) sobre um pão que tinha mofado dentro do prazo de validade. Poucos dias depois, uma kombi parou na nossa porta com uma enorme cesta de doces e salgados da padaria. Se contarem só os vinhos que continuei comprando lá, saiu barato.

Trabalhar em casa é...

Mais uma do impagável Zé Dassilva, que, como eu, é um trabalhador em ambiente doméstico:

Um dia, lançarei as figurinhas "Trabalhar em casa é..."
Algumas delas:

"Trabalhar em casa é..."
"...depois de passar o domingo fazendo a vontade da família, ficar feliz que chegou segunda-feira e você pode descansar."
"Trabalhar em casa é..."
"...dar um pau pra acabar um trampo que deixou pra última hora."
"Trabalhar em casa é..."
"...dar uma dormidinha após o almoço."
"Trabalhar em casa é..."
"...assistir ao Arena SporTv todo dia."
"Trabalhar em casa é..."
"...ter uma coleção de pijamas."
"Trabalhar em casa é..."
"...o pesadelo das domésticas."
"Trabalhar em casa é..."
"...ir no mercado nos horários em que só vão as aposentadas."
"Trabalhar em casa é..."
"...gastar a tarde da terça-feira fazendo torta fria."
p.s.: A torta fria da foto, quem diria, foi feita pelo próprio:
Térreo: azeitona preta. Mezzannno: tomate seco com rúcula. Sobreloja: queijo gorgonzola. Segundo piso: champignon e palmito. Terceiro piso: presunto de Parma. Na lage e no adro: azeitonas pretas e cubinhos de palmito. Aceitamos encomendas. Consulte o valor do frete para fora do Grande Rio.
p.s.2: Raulzito, que trocou Copacabana por Botafogo, acaba de descobrir, lendo este blog, que é vizinho do Zé. Já tão combinando uma gelada num dos botecos daquela lista.

Viagem pela História: Panamá

Os jornalistas mochileiros Silvia e Eumano, de algum lugar das Américas, dão este toque por e-mail:

O Correio Braziliense publica amanhã a sétima reportagem da série Viagem pela História. Mostramos as belezas do arquipelago de San Blas, no litoral caribenho do Panamá, onde vivem os indios Kuna Ayla e muito mais.

Da série entrevistas aleatórias: botecos no Rio

Perguntei ao amigo Zé Dassilva, que entre outras coisas de sua vidinha, é torcedor do Criciúma, chargista do Diário Catarinense, roteirista da TV Globo e morador de Botafogo, quais são os botecos preferidos dele no Rio e por quê. Segue a síntese de suas impressões após exaustivas mas prazerosas pesquisas de campo.

Pra mim, o melhor é o Informal. Trata-se de uma rede de bares estilo "pé-limpo", com banheirinho ok pras mulheres e mais enfeitadinho na aparência.
Gosto também do Cervantes, perto da Rua Prado Júnior em Copacabana, foco de prostituição mas que tem o melhor sanduba da cidade.
Também não perdi a mania de ir na Cobal do Humaitá. Lá, prefiro o Rota 66 com sua comida mexicana e o recém-inaugurado Joaquina, mistura de restaurante com bar pé-limpo.
E, claro, o Risoto, pé-sujo aqui embaixo de casa, na esquina da Casa da Matriz e freqüentado pela juventude que se prepara para entrar na boate.
E você? Quais são os seus botecos favoritos?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Novos pecados



Esta é uma charge do Frank que você não vai ver no jornal.

Os novos pecados capitais, segundo o Vaticano:

1. Fazer modificação genética
2. Poluir o meio ambiente
3. Causar injustiça social
4. Causar pobreza
5. Tornar-se extremamente rico
6. Usar drogas

domingo, 9 de março de 2008


Pôr-do-sol na Amazônia. Rolim de Moura, Rondônia.

Cobrança indevida da BrTurbo (3)

A novela continua. Na conta de telefone que recebemos este mês aparece pela segunda vez a cobrança de 11 reais pela suposta assinatura dos serviços do provedor de internet BrTurbo. Nunca assinamos este serviço - e recomendo enfaticamente que você também não o faça. Apesar da minha reclamação formal protocolada na Brasil Telecom e da minha carta ao ombudsman do iG no final de fevereiro, nada foi resolvido. Agora já são 22 reais garfados do meu bolso. Que, conforme as normas da Anatel, terão que ser devolvidos em dobro.

Plantão da madrugada

A cena acaba de acontecer: um carro branco pára no meio da rua, bem em frente à nossa casa, e as duas portas se abrem. Gritaria. A mulher, no volante, desce chorando. O homem, vinte e poucos anos, de boné, sem camisa, bêbado e com uma latinha de cerveja na mão, a ameaça. Ela se recusa a entrar no carro: "Você vai me bater!" Acendo a luz da varanda, vou até o portão e peço pra fazerem silêncio. Ele aponta o dedo pra mim e diz: "Não te mete! Vem aqui pra fora, vem!"

Acho graça do convite e numa fração de segundo pondero as opções. Não dá pra deixar a mulher apanhar. Conversa amistosa ou chá com torradas estão fora de questão. Ele é mais forte, mas é do meu tamanho e tá mamado, não é difícil de botar no chão. Também podia soltar a cachorra, que tá doida pra avançar no imbecil, mas aí a coisa pode sair do controle. Talvez o cara esteja armado. Ele sabe onde eu moro, eu não sei onde ele mora. Sou da paz, tenho fi pra criar e uma preguiiça danada de me incomodar com bobalhão... Como demora uma fração de segundo.

Faço meia volta e entro em casa, contente de não ter cedido a meu lado Hulk. Mas nem chego a discar pra polícia. Ela entra no carro e dá a partida. Ele, talvez percebendo a merda que fez, também entra e seguem o caminho. Posso só especular o antes e o depois. Imagino o início da noite deles: convite pra jantar fora, comemoram o dia internacional da mulher, rosa vermelha, cena de ciúme. Se a moça for esperta e corajosa, vai lhe dar um pé na bunda rapidinho. Se não, vai apanhar - talvez mais de uma vez - e deixar por isso mesmo, o que seria triste. Êta mundo doido...

O silêncio volta a reinar no bairro das corujas.

sábado, 8 de março de 2008

Partidas: tio Jacó

Morreu hoje às 10h em Russas, Ceará, meu tio Jacó Severiano da Silva, 82 anos, irmão mais novo do meu pai. Vá em paz, tio.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Um momento especial em Pasárgada


Pousada Sítio Pasárgada, em Anitápolis, serra catarinense, 18 de agosto de 2007. Sopinha de legumes, vinho tinto e risadas. Meu pai, 82 anos de piadismo, diz: "Gosto muito de Santa Catarina; aqui as mulheres dão sopa!" Ali perto, o rio da Prata borbulha. Cheiro bom de comida caseira no fogão a lenha. Estou sentado ao lado dos dois homens com quem mais aprendi na vida. Na sala inteira, calor de gente amada. O tempo flui leve como uma pena de passarinho.

Da esquerda pra direita: Augusto, eu, Camillo, Laura, Bruno e Maria Rosa. Foto de Leonardo Camillo.

quarta-feira, 5 de março de 2008

A Deusa de 1967


comentei sobre essa música aqui: Walk, Don't Run, composta em 1954 pelo guitarrista de jazz Johnny Smith e depois gravada pela banda instrumental The Ventures. Mas não tinha mostrado o uso dado a ela nesta cena antológica de cinema. Ao som de uma jukebox, num bar no deserto australiano, um japonês ensina uma moça cega a dançar. O filme é A Deusa de 1967 (Clara Law, 2000).

terça-feira, 4 de março de 2008

Dá tempo?

Belíssimo texto da Lígia Fascioni sobre o tempo que nos resta. Tou em sintonia total com essas idéias.

Como fazer efeitos de cores em fotos p&b



Aprendi ontem no Lifehacker como destacar detalhes coloridos em fotos preto e branco. Eu não imaginava que era tão fácil:

  1. Abra uma foto colorida (usei esta) com um bom editor de imagens (tou usando o Gimp, gratuito e excelente).
  2. Crie uma nova camada que seja cópia da foto original.
  3. Elimine as cores da camada que estiver por cima, deixando-a p&b (sépia etc., conforme o efeito que desejar).
  4. Com a ferramenta borracha, trabalhe na imagem p&b, apagando os detalhes que queira destacar. Vão surgir as cores da camada de baixo. O ideal é ampliar pra ter mais precisão nas bordas e detalhes. Se errar, use a ferramente anti-borracha ou equivalente, pra preto-e-branquear de novo.
  5. Mescle as duas camadas numa única.
  6. E pronto: é só salvar a foto com um novo nome de arquivo.

Mato Grosso


Viagem SC-RO, originally uploaded by dveras.

Trilha em Águas Quentes, na Serra de São Vicente, MT.

Cinzágua


Viagem SC-RO, originally uploaded by dveras.

Aguaceiro num posto de combustível perto de Ribas do Rio Pardo, Mato Grosso do Sul.

Sol da manhã no mato


Viagem SC-RO, originally uploaded by dveras.

Trilha na mata em Águas Quentes. Serra de São Vicente, MT.

Cena de viagem: banheiro de hotel (2)


Viagem SC-RO, originally uploaded by dveras.

Cena de viagem: banheiro de hotel


Viagem SC-RO, originally uploaded by dveras.

Banheiro de hotel em algum lugar do Centro-Oeste do Brasil. Escovas de Miguel, Laura, Dauro e Bruno.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A incrível viagem de Shackleton

Lendo A incrível viagem de Shackleton, de Alfred Lansing (Sextante, 2004). O livro, escrito em 1959, conta uma história real ocorrida em 1914, quando um aventureiro britânico partiu com sua equipe para a Antártica. Sua a meta era atravessar pela primeira vez o continente gelado, usando trenós puxados por cães. Mas o navio ficou preso, foi esmagado pela pressão do gelo e os homens tiveram que passar por uma grande provação pra sobreviver.

O mar da Ilha

Sábado molhei os pés no mar pela primeira vez em 2008. E ontem repeti a dose de corpo inteiro. A água do Campeche tava bem fria, mas deliciosa. Pequenos prazeres da vida: tomar cerveja com os amigos na areia da praia e depois fazer xixi no calção olhando o horizonte, com as ondas do mar grosso lavando a alma e tudo mais.

Footprints In Your Heart

Enviado do Japão pelo amigo australiano Aidan Doyle.

Many people will walk in and out of your life,
But only true friends will leave footprints in your heart.

To handle yourself, use your head;
To handle others, use your heart.

Anger is only one letter short of danger.

If someone betrays you once, it is his fault;
If he betrays you twice, it is your fault.

Great minds discuss ideas,
Average minds discuss events,
Small minds discuss people.

He who loses money, loses much;
He who loses a friend, loses much more;
He who loses faith, loses all.

Beautiful young people are accidents of nature,
But beautiful old people are works of art.

Learn from the mistakes of others.
You can't live long enough to make them all yourself.

Friends, you and me.
You brought another friend,
And then there were three.

We started our group,
Our circle of friends,
And like that circle -
There is no beginning or end.

Yesterday is history.
Tomorrow is mystery.
Today is a gift.

That's why it's called the present.

- Eleanor Roosevelt

sábado, 1 de março de 2008

A fantástica história do índio do buraco

A edição de 13 de janeiro da Washington Post Magazine traz uma grande reportagem do jornalista Monte Reel sobre os índios isolados no Brasil. Em especial, conta sobre o último remanescente de uma etnia desconhecida: um índio nômade que vive numa área de selva rodeada de fazendas, no sul de Rondônia. Não é novidade, sabe-se disso há mais de dez anos, mas a cada vez que leio, me encanto com a síntese que esse caso representa de tantas outras histórias envolvendo os primeiros donos da terra Brasil. Seus ingredientes incluem desmatamento, violência, grilagem de terra, corrupção, pressões políticas. Há também aventura, trabalho duro e paciente, reviravoltas, investigação, ciência e tecnologia - imagens de satélite, por exemplo, foram algumas das evidências utilizadas para identificar clareiras feitas pelo índio.

O índio solitário constrói cabanas improvisadas de palha e cava um buraco dentro delas pra se abrigar. Está em permanente fuga e evita o convívio humano, talvez por um forte motivo: há evidências de que seus parentes foram mortos por jagunços. Arredio e hostil, já atacou a flechadas os que chegaram muito perto. Entre seus pertences foi achado um pequeno arco que provavelmente pertenceu a uma criança.

Há dez anos, em janeiro de 1998, tive o privilégio de ouvir o início da saga do "índio do buraco" narrada por um dos principais personagens, o sertanista Marcelo dos Santos. Laura e eu passamos uma tarde conversando com ele na sua casa em Vilhena, Rondônia. Apaixonado pelo modo de vida dos indígenas, conviveu com os Nhambiquara, Mamaindê e Negarotê durante a expansão da fronteira agrícola para o Norte na década de 70. Na época em que o encontramos, Marcelo era chefe do Departamento de Índios Isolados da Funai no estado. Seu cotidiano era enfrentar dias de caminhada na selva, na tentativa de minimizar os danos do eventual contato dos nativos isolados com madeireiros e fazendeiros.

Marcelo foi um dos reponsáveis por contactar pela primeira vez os Kanoê, com somente cinco sobreviventes, e os Akuntsu, com seis. No mato ou nos gabinetes, não tinha papas na língua pra cumprir a missão. Era inevitável que entrasse em rota de colisão com corruptos do serviço público, fazendeiros gananciosos e políticos escroques. Mas voltando àquela tarde em Vilhena. Ele nos contou que fazendeiros locais tinham todo o interesse em fazer o "índio do buraco" desaparecer para evitar que a área fosse protegida como terra indígena. Por isso era imporrante documentar a existência do homem, respeitando o seu direito de permanecer isolado.

As únicas imagens disponíveis do "índio do buraco" foram obtidas depois de um susto: Marcelo e um amigo francês, o cinegrafista Vincent Carelli, se aproximaram de uma cabana onde havia sinal de vida e ficaram algumas horas tentando contato. De repente, Vincent se aproximou demais e o homem lá de dentro disparou uma flecha que passou bem perto do cinegrafista. Decidiram se afastar, mas antes amarraram a câmera ligada a um galho de árvore. Alguns minutos depois, aparecia o índio: nu, cerca de trinta anos, moreno, de bigode, segurando um arco. Desconfiado, saiu da cabana com cautela e desapareceu no mato. Com base nas imagens de vídeo e em indícios antropológicos - entre eles o de que houve um massacre de outros índios que também tinham o costume de fazer buracos no chão -, Marcelo conseguiu que a Justiça Federal concedesse liminar interditando uma área de floresta.

Seu empenho lhe rendeu inimigos poderosos. Foi considerado persona non-grata pela Assembléia Legislativa de Rondônia - para a maioria dos parlamentares, a atuação do sertanista atrapalhava o progresso. As pressões políticas o fizeram deixar o estado e sair da Funai. Mas veja as voltas que o mundo dá: em abril de 1999 ele foi condecorado pelo governo federal com a Ordem de Rio Branco, uma das mais importantes honrarias do país. Atualmente de volta à Funai, Marcelo é responsável pela Coordenação Geral de Índios Isolados - existem 46 informações sobre a possível existência desses índios, a maioria na Amazônia Legal. Graças às evidências que sua equipe recolheu em uma década, no ano passado o governo brasileiro finalmente declarou uma área de floresta mais de 20 mil acres como território protegido para o índio solitário.

Em janeiro de 2007, conta a matéria da Washington Post Magazine, uma expedição liderada pelo sertanista Altair Algayer, parceiro de longa data de Marcelo, se embrenhou na mata e encontrou sinais de que o índio continua vivo: restos de coleta de mel e uma cabana recém-construída. Desfecho feliz, por enquanto, para um símbolo de resistência.