Amigas leitoras, caríssimos leitores,
Neste final de 2009, despeço-me do domínio blogspot.com e da plataforma Blogger (Google). Foram bons anos de serviços prestados a mim por essas empresas, com qualidade e evolução permanentes, e de graça. Sou muito grato a elas por isso, mas agora é hora de experimentar brinquedos novos. Estou migrando o blog para a plataforma Wordpress porque ela me oferece melhores ferramentas pra dar conta dessa deliciosa compulsão blogueira que exercito desde 2001. Aproveitei pra registrar um domínio. A nova URL de DVeras em Rede passa a ser http://dauroveras.com.br e deve ser ativada em mais algumas horas ou dias.
Comecei a preparar o novo ambiente do blog no começo do ano, em parceria com o designer, programador (e leitor do blog, onde nos conhecemos) Fabrício Boppré. Avançamos aos poucos nas nossas horas vagas, quase sempre a distância - a princípio com ele morando em Paris e agora, de volta à Ilha de SC. Nossa inspiração é a visão estética japonesa conhecida como wabi-sabi - conceito da beleza que é imperfeita, impermanente e incompleta. Suas características são assimetria, aspereza, simplicidade, modéstia, intimidade e a sugestão de processos naturais. Não tenho ideia se vamos chegar nem perto disso, mas a proposta é estar sempre em construção.
Vou me dedicar uns dias à migração, entre outras cositas. A gente se vê em 2010. Abraços, saúde e paz!
p.s.: informes extraordinários, ou ordinários mesmo, pelo twitter.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
DVeras em Rede muda de casa
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Dica de cinemão: Los abrazos Rotos
p.s.1: A primeira cena é uma delícia.
p.s.2: Meu favorito dele ainda é Hable com Ella (2002).
p.s.3: A foto veio do Movieplace
Cartão da FofysFactory
Brunitezas: o que é, o que é
Ele: - Adivinha: gosta de ir pra escola de sandália... e gosta de bolacha.
Eu: - Bruno!
Ele: - A-cer-tou.
Notícias do quintal: compostagem
Coloquei ontem pra funcionar no quintal a fabriqueta caseira de húmus. É bem fácil de montar. Primeiro, peguei dois baldes plásticos grandes de lixo (R$ 15 cada). Com uma furadeira, fiz vários buracos na parte de baixo e no entorno inferior delas. Aí cavei dois buracos na terra, coloquei cacos de telhas e tijolos no fundo deles - pra facilitar a drenagem - e enterrei os baldes até um palmo antes da boca. Agora é só colocar material orgânico lá dentro (evitando carne e gordura), jogar um pouco de terra ou palha se estiver muito molhado e remexer de vez em quando com um pedaço de madeira, pra oxigenar. Em 60 dias o primeiro balde de húmus está pronto. Um lembrete importante é manter a tampa fechada (com tijolo ou telha em cima) pra evitar odores e não atrair animais. Talvez eu precise montar mais um ou dois desses pra dar conta do serviço aqui em casa, porque a gente gera grande quantidade de casca de frutas. Acho que dá pra reduzir a produção de nosso lixo doméstico entre 40% e 50% - e do que sobrar, a maior parte vai pra reciclagem. A conferir.
De Olho na Capital se despede
A coluna De Olho na Capital, que o Cesar Valente escreveu durante quatro anos e meio pro Diário do Litoral e republicou no blog, circulou pela última vez no dia 19 de dezembro, em função do fim do contrato entre as partes. Lamento pelos leitores do Diarinho. Ficam privados do humor e da sagacidade de um comentarista político de primeira linha, daqueles raros que vão além da superfície dos factoides. De Olho na Capital prestou um grande serviço público a quem ama a capital catarinense e foi uma pedra pontuda no sapato dos governantes, que devem estar dando um (momentâneo) suspiro de alívio. Quanto ao Cesar, não é o caso de a gente se preocupar. Meu palpite é que, depois de uns bons banhos de mar, ele logo encontra outra praia na grande rede e vai ficar novamente "de olho" no que nos interessa. A vida segue.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
O universo conhecido
Esta animação do Museu Americano de História Natural mostra uma viagem do planeta Terra até os confins do universo conhecido até o momento pela ciência.
[dica do Fabrício Boppré]
domingo, 20 de dezembro de 2009
DVeras Awards 2009: cinema
Tudo que não conheço é novidade. Então, talvez minha lista de destaques cinematográficos de 2009 seja irrelevante pra quem se liga nos lançamentos. Dos três nominados, há só um novo. Assim como minha lista de livros, estes não são necessariamente os "melhores" que vi no ano, e sim os mais marcantes.
3. A zori zdes tikhie [O amanhecer aqui é quieto] (Stanislav Rostotsky, 1972)
Este filme soviético pouco conhecido retrata um grupo de mulheres-soldados durante a Segunda Guerra Mundial, na Finlândia. A narrativa alterna o preto-e-branco do presente com as cores fortes das lembranças delas. O passado ultracolorido do pré-guerra é representado como num palco de teatro, apenas com elementos básicos (semelhante a Dogville de Lars von Trier); cenas curtas, mas suficientes pra delinear as características das personagens, seus traumas, desejos e carências. Comandadas por um sargento, as protagonistas enfrentam um grupo de paraquedistas alemães, mais numerosos e bem armados, numa guerrilha de emboscadas na floresta.
2. A Streetcar Named Desire [Um bonde chamado desejo] (Elia Kazan, 1951)
Adaptação da peça de Tennessee Williams com impecável atuação de Marlon Brando, o filme mergulha fundo nas contradições, tabus, desejos reprimidos e conflitos familiares. Magistral, um must-see movie.
E o DVeras Awards de Cinema 2009 vai para...
1. Inglorious Basterds (Quentin Tarantino, 2009)
O novo filme do diretor de Pulp Fiction é uma engenhosa trama ambientada na França durante a 2a. Guerra Mundial. Tem roteiro primoroso, com diálogos afiados, referências pop, trilha surpreendente e releitura de clássicos, como observou a Jade Martins nesta ótima resenha. Jade destaca - e concordo: "Os primeiros 20 minutos do filme já compõem o rol das melhores aberturas da história do cinema". Outra cena que eu pretendo rever é a do porão, construída com uma coreografia impecável de violência "tarantinesca", digna dos grandes mestres do suspense.
Hors concours:
Espírito de Porco (Chico Faganello e Dauro Veras, 2009)
Minha primeira experiência de direção resultou neste documentário de 52 minutos sobre os impactos da suinocultura industrial em Santa Catarina, narrado por um porco. Levamos três anos pra concluir o filme, com orçamento apertado e dolorosas perdas familiares pelo caminho. Gostei do resultado, embora, a cada vez que assista, pense que podíamos ter feito diferente aqui ou ali (mas chega uma hora em que é preciso entregar o "filho" ao mundo). Espírito de Porco recebeu dois prêmios internacionais, um em Curitiba e outro em Portugal. Mais que um aprendizado técnico, foi uma rica experiência que envolveu vinte profissionais, dezenas de entrevistados e centenas de animais. Ver o porco pronto foi ótimo, mas melhor ainda foi o fazer. O DVD pode ser encomendado aqui.
sábado, 19 de dezembro de 2009
Acórdão da Casan
Esta é a íntegra da decisão tomada pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região, mantendo por 120 dias o embargo à obra da estação de tratamento de esgoto que a Casan pretende construir no Rio Tavares, em Florianópolis - a 700 metros da reserva ambiental marinha do Pirajubaé.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Justiça mantém embargo a obra de esgoto da Casan
O Tribunal Regional Federal da 4a. Região publica amanhã uma sentença confirmando o embargo às obras da estação de tratamento de esgoto sanitário (ETE) que a Casan quer construir no Rio Tavares, ao lado de uma área de preservação ambiental no Sul da Ilha de SC. A sentença atende ao agravo de instrumento com efeito suspensivo impetrado pela procuradora federal Giorgia Sena Martins (recomendo a leitura da íntegra).
Resumindo, pra quem pegou o assunto pela metade: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) havia embargado a ETE por causa da grave ameaça ambiental que ela representa. A Casan recorreu e o embargo foi suspenso pela Vara Federal Ambiental de Florianópolis. Agora, com a decisão do TRF, a obra volta a ser paralisada. Em sua ação, muito bem fundamentada, a procuradora baseou-se no princípio da precaução. Trechos:
(...)a ETE na localidade proposta, reconhecidamente sensível, em função de sua proximidade com o manguezal do Rio Tavares (totalmente inserido dentro da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé), abrigando nascentes do mesmo rio. (...)A decisão judicial é um golpe duro no projeto irresponsável e ilegal da Casan. Na prática, também barra a intenção da empresa de empurrar goela abaixo da população um emissário submarino que iria emerdear o mar do Campeche e região. Existem alternativas bem mais razoáveis e é o momento de debatê-las.
o despejo de esgoto sanitário de um outro bairro (densamente povoado), o Campeche, na mesma coleção hídrica [reserva ambiental marinha do Pirajubaé], que pode conduzir irremediavelmente ao colapso da proteção ambiental. (...)
(...) esperar que o dano ocorra, após concluída a obra, para embargar a atividade, demandará mais tempo e custos ao erário, prejudicando sobremaneira o cidadão. Isto sem mencionar a possibilidade de que tais danos possam comprometer seria e irremediavelmente os recursos naturais que se pretende proteger.
O momento, portanto, é agora. Assim, é imperiosa a necessidade de que o presente agravo seja processado com efeito suspensivo. (...)
É mais importante para toda a coletividade que o esgoto seja adequadamente tratado ou que as obras sejam concluídas imediatamente? Quais os interesses que merecem ser tutelados?(...)
domingo, 13 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Conselhos de cearense pra 2010
Recebi da tia Cleide, de Fortaleza, e passo adiante.
CONSELHOS DE CEARENSE PRA 2010
1 - Você já é um cagado(a) por estar vivo(a), pense nisso e agradeça a DEUS.
2 - Não fique arrudiando para estar junto de quem você gosta, se avexe.
3 - Não bote boneco no trabalho, seja paciente.
4 - Pra você ficar estribado(a) é preciso trabalhar. Não fique frescando com os colegas. Funcionário(a) que não dá um prego numa barra de sabão, não fica não.
5 - Se você tiver mesmo a fim de sair porque não aguenta mais aquele seu chefe véi fulerage, aquele cabra que te deixa fumando numa quenga, tenha calma, pois não adianta ficar ispritado(a) porque ele não reconhece que você rala o bucho no trabalho, vá procurar algo melhor e cape o gato na hora H.
6 - Mesmo que seus objetivos estejam lá na baixa da égua, vale a pena buscá-los e dê uma rabiçaca para os maus pensamentos, pois pra gente conseguir o que quer, tem é Zé.
7- Dê um desconto para aquele(a) cabra que só bate fofo com você. Vale a pena investir, pois de tanto insistir pode nascer um brugelo ou um minino réi amarelo.
8 - Quando quiser algo, seja o cão chupando manga e vá em frente. Não desista e dê uma pinóia pros maus pensamentos.
9 - Você é um(a) corralinda, é importante que você ame a si próprio.
10 - Não vá bulir em coisa que tá dando certo. Deixe quieto, pois de tanto coisar com uma, coisar com outra, você pode ganhar um chapéu de touro, seu(sua) mói de chifre. E se quiser matar o verme, procure o doidim/doidinha que está a seu lado.
11 - Se você ainda não tem ninguém, não pegue qualquer marmota. Escolha uma corralinda igual a você e não rebole no mato as boas oportunidades.
12 - Pras vitalinas (aquelas que o cabra não pode nem triscar que já fica igual a uma barata num bico de uma galinha) fiquem pastorando até encontrar alguém pai d'égua. Não escolha um cabra peba ou malamanhado. O segredo é pelejar e não desistir. Não peça pinico e deixe quem quiser mangar. Um dia seu macho réi vai encontrar.
13 - Não fique batendo o quengo pensando em besteira, tenha pensamentos positivos e diga: sai mundiça.
14 - Se algo não sair como você planejou, não fique de lundu. Saia com aquele magote de amigos seus, para tomar um merol ou uma meiota.
15 - Aí é torcer que 2010 vai ser só o mi disbuiado e respeite como ele vai ser bom.
FELIZ 2010
Viagens no tempo: o curso de Jornalismo da UFSC
O Alexandre Gonçalves trouxe do fundo do baú dois vídeos que marcam os 30 anos do curso de Jornalismo da UFSC. Muito bom rever aqueles momentos, muito bom mesmo! Foram anos intensos e tenho certeza que as pessoas que compartilharam essa experiência comigo também vão sentir umas pontadas de saudade. O primeiro vídeo foi produzido pelos alunos Júlio Ettore Suriano e Laís Mezzari pra marcar os 30 anos de fundação do curso, comemorados em 2009. O outro, que copio abaixo, é de autoria dos então estudantes Felipe Seffrin e Dirceu Neto e foi exibido na abertura da 5a. Semana do Jornalismo, em julho de 2006. Agradeço a eles pela oportunidade de fazer esse mergulho na memória afetiva.
Era um tempo de privações quanto a equipamentos e espaço, mas a gente conseguia driblar a escassez e se divertia muito. Nesses corredores e salas se deu uma parte importante da formação de toda uma geração de jornalistas: debates intensos, festas loucas, experimentações de linguagem, protestos bem-humorados, risadas de corredor, descobertas de livros, filmes, sons, imagens, histórias... Contestador por natureza, o curso de Jornalismo exalava um permanente clima de paixão, que favorecia a criatividade e às vezes descambava pra brigas. Mas o que gosto de lembrar é dos momentos de alto astral coletivo, da sensação de pertencermos todos ao mesmo barco, mesmo que às vezes polarizados entre "comunicação" e "jornalismo" (um debate meio perdido no contexto de hoje, me parece). Frequentei formalmente o curso de 1986 a 1991 - e depois informalmente até 96, acompanhando a galera da Laura. Lá fiz amizades eternas com colegas e professores. Essa é a herança mais preciosa daqueles anos.
p.s.: Não faço ideia de como é o atual clima do curso, nem sou chegado a saudosismos do tipo "no meu tempo era melhor". Cada grupo faz o seu tempo do seu jeito. Mas acho legal que o pessoal que está no Jornalismo da UFSC agora conheça um pouco dessa história, pra valorizar o presente que tem nas mãos.
Jornalismo UFSC - Viagem no Tempo from DEJOR UFSC on Vimeo.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O porco na Amazônia e na Argentina
Começa hoje em Porto Velho a sétima edição do Fest Cine Amazônia. Espírito de Porco está na programação. O evento visa "divulgar, integrar e promover discussões em torno da produção de cinema e vídeos nacionais e internacionais, legendados ou narrados na língua portuguesa, em especial, que tenham como temática central o meio ambiente". No último fim de semana de novembro o porco esteve no festival Ventana Sur, em Buenos Aires, voltado para produtores e distribuidores de cinema da América Latina.
DVeras Awards 2009: livros
É uma missão impossível apontar os três "melhores" livros que li em 2009. Qualquer que fosse a lista, ela seria injusta com alguns que ficam de fora. Este foi um ano em que li, por exemplo, três excelentes biografias - as de Paulo Coelho, Rubem Braga e (com atraso de uma década e meia, mas sempre em tempo) Nelson Rodrigues. Então tá, não tem essa de melhor. Vou apontar "três livros marcantes" e dizer por que vão para o pódio.
3. Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa.
Linda e triste história de amor entre um homem romântico e uma mulher ambiciosa, situada ao longo de vários anos em diversas cidades do mundo. Vargas Llosa tem domínio pleno da arte da narrativa. O romance mergulha com intensidade e fluidez, mas sem pieguismo, nas contradições insanas do bem-querer. Delícia.
2. Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson.
O primeiro livro da trilogia de suspense escrita pelo jornalista sueco (que morreu pouco antes da publicação) é de arrebatar. Uma página puxa outra. Na curiosidade de saber mais sobre a punk-hacker Lisbeth Salander, a gente devora 600 e tantas páginas brincando. E em seguida pula pro segundo e pro terceiro volume. Vai que é coisa de primeira (aliás o Vargas Llosa escreveu artigo no El Pais dizendo isso).
E na categoria Livros, o DVeras Awards 2009 vai para...
1. O filho eterno, de Cristovão Tezza.
Esse romance lindo (e multipremiado) de inspiração autobiográfica que li em janeiro evocou tantas referências da minha memória afetiva... Uma obra-prima, lapidada com arte e coragem. Recomendo.
sábado, 5 de dezembro de 2009
Manifestação contra o emissário submarino
Recebi e passo adiante.
CONVITE
Convidamos toda a família para participar de uma ação comunitária por uma praia mais limpa. A CASAN está querendo construir um emissário de esgotos na Praia do Campeche, que receberá os efluentes da Estação de Tratamento do Rio Tavares. O problema é que o tratamento alcançará, segundo a própria CASAN, 80% do total do esgoto recebido. Além disso, receberá esgoto de Sambaqui, Santo Antonio de Lisboa, Cacupé, João Paulo, Saco dos Limões, Costeira do Pirajubaé, Carianos, Tapera, Ribeirão da Ilha, Pântano do Sul, Armação, Campeche, Rio Tavares e Lagoa da Conceição! Sentiu o drama? Então venha participar dessa manifestação em defesa da nossa praia, que consistirá na destruição simbólica de uma réplica de emissário. Este emissário de mentira, construído com material reciclável, sairá de frente da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes e será levado até à praia, acompanhado pela população que fará uma espécie de ‘cortejo fúnebre’. Junto com ele, irão as crianças e jovens que simbolizarão os cardumes de peixe que morrerão se não fizermos nada. Cada cardume com sua bandeira e sua cor. Será um evento bem bonito e importante, construído de forma autônoma pela própria comunidade do sul da ilha que deseja buscar outras alternativas ao projeto do emissário.
Quando: domingo, dia 06/12, as 10 horas
Onde: em frente à escola Brigadeiro Eduardo Gomes, no final da Av. Pequeno Príncipe
Participe, manifeste-se!
domingo, 29 de novembro de 2009
Brunitezas: adivinhações
- Tem oito patas, molha e é do céu.
- ...?
- Chuva!
~
- Tem bigode, mia e é do mar.
- ...?
- Gato marinho!
sábado, 28 de novembro de 2009
Fosfateira de SC na mídia norueguesa
Santa Catarina foi objeto de reportagem do jornalista Erik Hagen, da ong Norwatch - organização que monitora as atividades das corporações norueguesas pelo mundo -, exibida ontem na tevê nacional da Noruega. A Bunge (americana) e Yara (norueguesa), com apoio do governo do estado de SC, planejam construir uma mina de fosfato que pode detonar a Mata Atlântica em Anitápolis, a 100km de Floripa. O projeto ameaça animais em risco de extinção, mananciais e a segurança da população da região. É tão temerário que foi congelado em liminar concedida pela Justiça Federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4a. Região. As empresas recorreram.
Uma versão escrita da reportagem está no site da Norwatch. O bicho vai pegar no país escandinavo, pois a Yara, por ser parcialmente estatal, é de grande interesse público. E o governo norueguês fica de saia justa, pois no ano passado anunciou a doação de um bilhão de dólares até 2015 para um fundo de conservação da Amazônia. Imagino - talvez esteja sendo otimista em excesso? - que a pressão dos contribuintes vai terminar levando a Yara a rever seu projeto predatório. Quanto à Bunge, até agora, repercussão zero nos Estados Unidos. Alguém aí chama o Michael Moore?
p.s.: Dica pra ler reportagem em norueguês, em tradução automática imperfeita, mas aceitável: abrir o http://translate.google.com e colar no formulário o endereço do site. O resultado está aqui. Dá pra fazer o mesmo com as duas outras partes do texto (1 e 2).
O porco na UFSC
Se você perdeu o lançamento de Espírito de Porco em Florianópolis, tem nova oportunidade de vê-lo. O filme vai ser exibido às 16h de segunda-feira, 30/11, durante o Encontro Arte e Animalidade, promovido pelo Curso de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Veja a programação.
9h30 - Abertura
Mesa 1
O corpo-roupa de El Astronauta Paraguayo - Evandro Rodrigues
Entre a família e a construção cênica do eu: notas preliminares sobre os animais em biografias e nos auto-retratos de Frida Kahlo - Ana Maria Alves de Souza
“Hermanos” em guerra em El Baldio, de Augusto Roa Bastos - Lênia Pisani Gleize
10h45
Mesa 2
Sociedade de pedras - Caroline Gonzatto
Algumas representações do carbúnculo na literatura platina - Elisângela Aparecida Zaboroski de Paula
O devir-lugar da onça: entre rastros e sobrevivências - Ana Paula Pizzi
14h
Mesa 3
Animan ou lembrança do abraço de Nietzsche - Mª Eleuda de Carvalho
O elefante é outra coisa … - André do Amaral
Os limites do homem e o Outro: por um encontro ético com o inumano - Ana Carolina Cernicchiaro
15h15
Llansol com Viveiros de Castro - Sérgio Medeiros
16h00
Apresentação do filme Espírito de Porco - Piggish Spirit, seguido de debate com o diretor Chico Faganello.
p.s.: O horário é complicado? Seus problemas acabaram! Clique aqui pra comprar o DVD de Espírito de Porco por apenas 15 reais, recebê-lo pelo correio e ver o filme na poltrona da sua casa.
Avner The Eccentric
Vimos ontem o show de Avner Eisenberg na oitava edição de Anjos do Picadeiro, um festival internacional de palhaços. Uma hora e meia de risadas e deleite. Neste resumo do show dá pra ter uma ideia do talento do artista.
A cobertura jornalística da Novembrada
Na próxima segunda-feira, 30, o site www.cotidiano.ufsc.br trará um especial multimídia sobre a cobertura jornalística realizada durante a Novembrada, revolta popular ocorrida em Florianópolis em novembro de 1979. Produzido pelos bolsistas e coordenadores do site, o especial relata o episódio e a apuração dos fatos a partir do ponto de vista de doze jornalistas que estiveram diretamente envolvidos na cobertura da manifestação.
Os Entrevistados
Impresso:
Carlos Damião
Laudelino Sardá
Moacir Loth
Nelson Rolim
Osmar Teixeira
Sérgio Rubim
TV:
Aderbal Machado
Aldo Grangeiro
Roberto Alves
Valter Souza
Rádio:
Antunes Severo
Valter Souza
Foto
Orestes Araújo
Dario de Almeida Prado
Jones Jõao Bastos
Acesse e confira.
Um abraço, Maria José Baldessar e equipe Cotidiano
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Um guarapuvu para Maurice Bazin
Recebi pela lista Campeche e compartilho com todos os que conheceram Maurice Bazin, falecido em outubro.
Nós, os familiares de Maurice Jacques Bazin, convidamos os amigos e camaradas para Celebrar sua vida, com a coordenação do Padre Vilson Groh, que abençoará suas cinzas. Será plantado um guarapuvu em sua homenagem, árvore comum nesta região, que será integrado ao jardim de sua casa, no Campeche.
Dia 27 de novembro de 2009, 6a feira, às 19h30min
Rua Pau de Canela, 1101, Campeche, Florianópolis, SC
Telefone: 48/ 3237-4414
Chegadas: Eric
Pesando 3.460 e medindo 49 cm Eric já está entre nós. Chegou cedinho às 7h35min na maternidade do Hospital Universitário. Mãe e filho estão bem. Laura já passou por aqui e literalmente cobriu o irmão de beijos. Tios, tias e vovós não cabem em si. O pai tá tolo. Mas o melhor, e o que deixa a todos tranquilos é que o nariz é parecido com o da mãe.
EaD e discriminação
Recebi do Rubinho Chaves Vargas, assessor de imprensa da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, uma notícia que dá no que pensar: foi aprovado um projeto de lei [pdf] do deputado-professor Sérgio Grando (PPS) punindo a discriminação contra pessoas formadas por meio de ensino a distância. Incrível que, em plena "sociedade da informação", ainda seja preciso estabelecer em lei que ninguém pode ser excluído por causa da maneira como aprende. "Na real é uma posição de protesto de SC contra uma onda nacional de discriminação", comenta o amigo João Vianney, que atua na área há bastante tempo.
Quem já fez cursos a distância de qualidade sabe que é uma grande bobagem achar que essa modalidade de ensino é menos efetiva que a presencial. Banda larga, por si só, não transforma jumento em dotô, mas potencializa coisas incríveis se usada com inteligência e criatividade. A tal "inclusão digital" (quando escuto o termo, me encosto na parede) precisa chegar também às cabeças que tomam as grandes decisões que influenciam a todos. Não com uma abordagem utilitarista rasa, mas com insights que as ajudem a descobrir os saltos evolutivos que podem dar ao se abrir pro mundo.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Miguelices: liberdade, liberdade
Miguel tomou banho e trocou de roupa pra ficar em casa. A mãe falou:
- Filho, essa é roupa de sair.
- Eu sei, eu libertei minha liberdade.
domingo, 22 de novembro de 2009
Álbum de família: subindo no cangote do pai
Esta foto foi tirada na praia de Boa Viagem, Recife, em 1974 ou 75, provavelmente por minha mãe Sara, que vivia clicando. Papai repetia uma das suas diversões favoritas na praia: colocar a gente pra se equilibrar em cima do cangote dele. O espetáculo era manter o equilíbrio enquanto ele ia se abaixando até deitar na areia, e continuar enquanto ele refazia o movimento e ficava em pé outra vez. Meu irmão André segura as mãos dele, apoiado pela mana Lubélia. Eu sou este do canto direito.
O dia-a-dia da educação miguelesca
Surpresa boa: ontem fui explicar pro Miguel (sete anos) o que era um gráfico e ele já sabia. Pegou um papel, traçou linhas e colunas e desenhou pra mim o da produção semanal de lixo reciclável na escola. Palmas pra professora Sara e pra Escola Engenho.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Boa notícia sobre a Barca dos Livros
A Bel Humenhuk (no twitter, @humenhuk) e seus colegas de jornalismo da turma do Paulinho Scarduelli na Estácio estão fazendo assessoria de imprensa para a Barca dos Livros. Ela acaba de me enviar mensagem com uma boa notícia: saiu parte da verba prometida pelo Estado de SC para a manutenção da biblioteca.
O Estado de SC, através da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, liberou parte da verba solicitada pelo Projeto Barca dos Livros no FUNCULTURAL 2009-segundo semestre. A segunda parcela do Projeto 2009 deverá ser repassada no início de 2010. A verba total é de 200 mil reais, e o FUNCULTURAL só tinha liberado metade. O aprovado agora foram 50 mil reais, ou seja, ainda falta 1/4 do total. Ainda assim, com isso a Barca dos Livros pode manter o programa de incentivo à leitura por alguns meses e poderá continuar pagando a manutenção do Projeto (despesas fixas) e suas atividades. O horário e a programação deverão continuar reduzidos pois a verba do município ainda não foi liberada. O Projeto FUNCULTURAL para 2010 já foi enviado para a Secretaria.
Além disso, a Barca dos Livros é uma das entidades que serão homenageadas pelo Estado de Santa Catarina com a Medalha Cultural Cruz e Souza. A entrega será no dia 24, às 20h, no Teatro Álvaro de Carvalho.As próximas atividades da Barca são essas:Sábado de Prosa e VersoUm dia especial para vivenciar a literatura, compartilhar emoções, impressões e novas descobertas. Participação especial de Maria Aparecida Barbosa e Dirce Amarante, tradutoras de "Feitiço de Amor e Outros Contos" e " Contos de Ionesco para Crianças", respectivamente.Dia 21 (sábado), às 18h, gratuitoTerças em ContosEncontros quinzenais do Grupo Permanente de Formação de Contadores de Histórias.Coordenação de Ingo Vargas.Dia 24/11 (terça-feira), às 19h, gratuitoSarau de Histórias – Contos de IlhasVenha compartilhar das mais curiosas e belas histórias de ilhas de todo o mundo. Coordenação: Sergio BelloDia 28/11, 20h, R$ 5,00
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Tempestade em Floripa e o twitter
Nuvens avançando rápido sobre Floripa hoje à tarde, em foto de Marli Henicka. Um pouco antes, por volta das duas, vi um termômetro no centro marcando 42 graus. Tava um calor quase insuportável. De repente tudo virou. O vento veio forte (89 km por hora, segundo o Ciram), tive que correr pra fechar todas as janelas de casa. Pelo twitter - mais uma vez, informação imediata - pessoas em Floripa contavam o que estavam vendo:
16:29 @agenteinforma - No Saco dos Limões, nada de vento. Mas as nuvens escuras já tão dominando a parada.
16:30 @agenteinforma - Atualizando: ventania chegou por aqui.
16:32 @juantunes - RT @PRF191SC Em função dos fortes ventos, 2 caminhões tombaram na BR101 em Laguna. Não houve vítimas. Trânsito flui em meia-pista no local.
16:42 @humenhuck - ventania chegando em são josé também. escureceu tudo de repente.
16:45 @rockarei ouco diversos alarmes de carro na rua. as pessoas olham ressabiadas pelas janelas.
16:46 @anapaulag - a orla de Coqueiros tb já tem tudo revirado.
16:52 @agenteinforma - Bateu o vento e luz foi embora aqui no bairro. Ainda não voltou.
16:57 @rockarei - a criancada se amarra nessas mudancas de clima. na vizinhanca ela se aboletam nas janelas pra ver.
17:08 @juantunes - 89 [km/h], de acordo com a Ciram
17:17 @neiducca - Tive q me agarrar num poste pro furacão não me carregar vindo p a rodo.
17:28 @neiducca - Foi punk. Lojas fechando portas, gente caindo, gritedo, um curta d terror. Agora, na estrada, só chuva.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Novo tradutor do Google
O Google não cansa de se superar. Aperfeiçoou um tradutor de idiomas na web em que você digita o texto numa caixa e a tradução vai aparecendo instantaneamente numa caixa logo abaixo. Há dezenas de línguas disponíveis, do bielo-russo ao croata, do hebraico ao vietnamita... Também dá pra enviar um texto ou digitar o endereço de um saite, que o bichim vai lá e traduz. E mais: se a língua final for o inglês, dá pra ouvir o áudio da frase traduzida, com voz feminina. Testei várias frases com palavrões e funcionou.
[mais uma dica do Galeno]
DVeras Awards 2009: serviços na nuvem
E aqui começa a versão 2009 do DVeras Awards, a tradicional lista dos destaques do ano, eleita depois de extensos debates pela comissão julgadora que coordena as atividades editoriais deste blog: eu mesmo.
Em 2009 conheci vários serviços que funcionam em nuvem. Gostei especialmente de três e continuo usando com regularidade.
3) Zoho Creator. Fui apresentado a esta ferramenta de criação de bancos de dados por José Roberto de Toledo, instrutor de um curso a distância que participei - RAC - Reportagem Auxiliada por Computador, promovido pelo Knight Center for Journalism in the Americas. O Zoho Creator é um recurso interessante para arquivar contatos, consultá-los e filtrá-los conforme o interesse. Pena que a versão gratuita tem recursos um tanto limitados, mas mesmo assim é útil.
2) Evernote. Este também nos foi apresentado pelo Toledo no curso de RAC. Eu já o conhecia há uns meses. Em resumo, é um bloco de notas turbinado. Você registra suas ideias e as coisas que vê, salva e depois pode acessá-las de qualquer computador ou celular conectado à internet onde tenha instalado o software. Tenho usado pra anotar ideias de pauta, poemas, telefones, listas... O site tem vídeos legais mostrando diversas maneiras como as pessoas empregam a ferramenta. Por exemplo, fotografar um post-it com o celular e guardá-lo no arquivo. O programa reconhece caracteres nas imagens! Outra coisa legal é que dá pra organizar as notas em tags e sincronizar com um clique as notas do micro/celular com a web.
E o vencedor do DVeras Award 2009 na categoria Serviços na Nuvem é...
1) Dropbox. Quem me apresentou foi o Galeno. Essa "bolsa mágica" é uma mão na roda pra fazer becape de maneira descomplicada e manter em sincronia seus arquivos em diversos computadores. Funciona na web e com um programinha instalado no micro, que cria uma pasta chamada MyDropbox. Qualquer arquivo que você copiar de seu HD e colar nessa pasta - ou em subpastas lá dentro - é automaticamente uploadeado pra sua conta na nuvem e pros outros micros. Outra funcionalidade bacana é que você pode tornar públicas as pastas de sua escolha - por exemplo, um álbum de fotos pra que toda a família veja. E pode liberar acesso a pessoas específicas, quando quiser transferir arquivos pesados. Bem prático e funcional. Ferramenta especialmente útil pra viajantes.
p.s.: Se você gostou da dica #1 e pretende experimentar o Dropbox, deixe uma mensagem que lhe envio um convite. Assim, ganho um bônus de espaço de hospedagem na versão grátis. ;)
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Brunitezas: viagem a Curitiba e Morretes
Bruno e as 3 coisas de que mais gostou na viagem a Curitiba/Morretes deste fim de semana:
- A escada da cama...
a cadeira do trem...
e o café da manhã na padaria.
~
Ah, a grande novidade é que ele já não precisa de fralda pra dormir.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Ultimate fight journalism
Uma cena patética na esplanada dos ministérios, esse bate-boca entre a repórter da Record e a da Globo por causa da entrevista com um secretário do Ministério de Minas e Energia sobre o apagão. Errou a assessoria de imprensa. Num assunto dessa relevância, tinha que chamar entrevista coletiva. Aliás, faltou bom senso a todos.
~
p.s.: Matéria e vídeo no Comunique-se.
p.s.2: O título deste post é emprestado de um tuit de @exucaveiracover, que propõe a criação de um "reality show" só com brigas de jornalistas. Pode se tornar um sucesso, já pensou?
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Farsa do Advogado Pathelin
Recebi da Beth Karam e passo adiante. Vi a peça há alguns anos e achei bem boa.
O Grupo "Teatro Sim... Por Que Não?!!!" termina a temporada da peça “Farsa do Advogado Pathelin” por 12 comunidades da cidade com espetáculo neste domingo, na SAC-Associação Amigos do Campeche, às 20h30.
O espetáculo é gratuito, pois conta com o patrocínio da Fundação Franklin Cascaes e da Prefeitura de Florianópolis, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e apoio da Caixa Econômica Federal.
A peça é uma divertida história de um advogado que engana um comerciante e que por sua vez é enganado por um cliente Tem um ritmo ágil e retrata de uma forma leve e alegre a rede de intrigas e hipocrisias que se forma entre os personagens que, com bajulações e mentiras, tentam levar mais vantagens em proveito próprio. Temas como corrupção, justiça (ou a falta de), religião, entre outros, são assim retratados de uma forma que faz rir, mas também refletir.
Considerada uma das obras-primas do gênero farsesco, “Farsa do Advogado Pathelin” é de autoria desconhecida. Escrita na Idade Média, por volta de 1460, era apresentada na rua, em praças públicas, num contato bem direto com o público. Os personagens retratados no palco tinham estreita semelhança com a platéia – o bêbado, o louco, o marido traído, a esposa ciumenta, o mercador, o artesão – e, o enredo, geralmente bastante simples, reproduzia temas cotidianos. Podia ser um acontecimento ocorrido na aldeia, ou um caso envolvendo um nobre da Corte, mas sempre de forma bem humorada e descomplicada.
Desde dia 16 de outubro, quando iniciou a temporada por 12 comunidades da cidade de Florianópolis, a peça foi encenada em vários locais – em palcos montados em associações comunitárias, salões paroquiais, centros comunitários, clubes sociais e escolas públicas - mostrando que há uma estrutura possível de ser utilizada para fazer chegar o teatro mais próximo das comunidades.
O Grupo Teatro Sim... Por Que Não?!!! estreou essa peça em 1996, com verba recebida de um edital do governo do Estado. Desde então, foram mais de duas centenas de apresentações e participações em diversos festivais no país. Em 2006 e 2007, foi o espetáculo escolhido para uma turnê por 26 cidades do interior de Santa Catarina.
NOVEMBRO
Entrada Franca / 20h30
Dia 15 – (Domingo) – SAC – ASSOC. SOC. AMIGOS DO CAMPECHE
Trav. da Liberdade, s/n - Campeche
CONTATOS:
TEATRO SIM... POR QUE NÃO?!!!
Fone (48) 9972-3052 / e-mail: teatrosim @ hotmail.com
sábado, 7 de novembro de 2009
"Sequestro estilo Camorra"
Vídeo da manifestação à qual Yoani Sanchez foi impedida de participar.
A filóloga e blogueira cubana Yoani Sanchez foi sequestrada e espancada ao se dirigir para uma marcha contra a violência. Ato infame da polícia política de um regime que está caindo de podre. Recomendo ler a íntegra do texto de Yoani. O início:
Cerca de la calle 23 y justo en la rotonda de la Avenida de los Presidente, fue que vimos llegar en un auto negro –de fabricación china– a tres fornidos desconocidos: “Yoani, móntate en el auto” me dijo uno mientras me aguantaba fuertemente por la muñeca. Los otros dos rodeaban a Claudia Cadelo, Orlando Luís Pardo Lazo y una amiga que nos acompañaba a una marcha contra la violencia. Ironías de la vida, fue una tarde cargada de golpes, gritos y malas palabras la que debió transcurrir como una jornada de paz y concordia. Los mismos “agresores” llamaron a una patrulla que se llevó a mis otras dos acompañantes, Orlando y yo estábamos condenados al auto de matrícula amarilla, al pavoroso terreno de la ilegalidad y la impunidad del Armagedón.
Me negué a subir al brillante Geely y exigimos nos mostraran una identificación o una orden judicial para llevarnos. Claro que no enseñaron ningún papel que probara la legitimidad de nuestro arresto. Los curiosos se agolpaban alrededor y yo gritaba “Auxilio, estos hombres nos quieren secuestrar”, pero ellos pararon a los que querían intervenir con un grito que revelaba todo el trasfondo ideológico de la operación: “No se metan, estos son unos contrarrevolucionarios”. Ante nuestra resistencia verbal, tomaron el teléfono y dijeron a alguien que debió ser su jefe: “¿Qué hacemos? No quieren subir al auto”. Imagino que del otro lado la respuesta fue tajante, porque después vino una andanada de golpes, empujones, me cargaron con la cabeza hacia abajo e intentaron colarme en el carro. Me aguanté de la puerta… golpes en los nudillos… alcancé a quitarle un papel que uno de ellos llevaba en el bolsillo y me lo metí en la boca. Otra andanada de golpes para que les devolviera el documento. (...)
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
O Abraço Corporativo ganha prêmio em SP
O Abraço Corporativo, do jornalista e diretor estreante Ricardo Kauffman, ganhou ontem menção honrosa na 33a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. O filme, que narra os esforços do consultor de RH Ary Itnem para se promover na mídia, tem uma característica singular: é um "documentário com ator". O protagonista é interpretado pelo meu irmão Leonardo Camillo. "O Abraço Corporativo é produto de cinco anos de trabalho, patrocinado exclusivamente pela vontade da equipe de realizar o projeto", diz Kauffman. Veja o trailer
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Literatura em Joinville
Joinville Literária - autores contemporâneos joinvilenses e suas obras.
http://www.joinvilleliteraria.com.br/
Uma dica do Norberto Hoff.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Miguelices: hora de acordar
O Miguel é humorista até dormindo.
- Bom dia, filho, vamos levantar? Hoje é dia de judô.
- ...
- Bom dia, bom dia!
(de olhos fechados) - Eu não quero ir pro judô hoje...
- Filho, pra gente conseguir as coisas na vida é preciso ter disciplina!, força!, coragem!
- (ainda de olhos fechados) - Fraqueza, crueldade...
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Documentário sobre imigrantes teuto-russos
Recebi e passo adiante.
TV UFSC conta história de teuto-russos que fugiram da ditadura stalinista
A vida dos remanescentes alemães que viviam na Rússia e imigraram ao sul do Brasil foi resgatada pelas jornalistas Débora Tozzo e Leyla Spada no documentário ‘Sem Deus, Sem Imperador, Nós por Nós Mesmos - Da Rússia ao Brasil: A Trajetória dos Teuto-russos’. A TV UFSC o exibe com exclusividade quinta e sexta-feira (29 e 30/10), às 20 e 21 horas, respectivamente. O cenário da grande reportagem são os municípios de Riqueza e São Carlos no extremo-oeste de Santa Catarina, além de Porto Alegre (RS), locais onde ainda vivem alguns dos imigrantes que fugiram da ditadura do russo Josef Stalin no final dos anos 30. Confira a programação completa no site www.tv.ufsc.br e acompanhe tudo no canal 15 da NET.
Renato Turnes, "the man"
Este post do Fifo Lima no blog Cine Luz destaca as conquistas do ator Renato Turnes, de quem temos muito orgulho por ter dado voz ao porco em nosso documentário. O cara não para quieto...
Marshmallows e sucesso: um experimento
Um experimento realizado por psicólogos da Universidade de Stanford com crianças indica que aquelas que conseguem adiar a gratificação imediata tendem a ser mais bem sucedidas no futuro. A criança era colocada na sala diante de um marshmallow. O adulto lhe dizia que iria sair da sala por 15 minutos e que, ao retornar, se o marshmallow ainda estivesse ali, ela ganharia mais um. Dois terços das crianças não resistiram à tentação e comeram a guloseima. Este artigo em The New Yorker traz mais informações.
[via Eirik Eng]
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Miguelices: viagem no tempo
Miguel anda entusiasmado com isso de meia-noite encerrar o dia e ele às vezes tar acordado. Agora há pouco, me perguntou: - Pai, hoje já é amanhã?
domingo, 25 de outubro de 2009
Espírito de Porco ganha prêmio em Portugal
Uma ótima notícia d'além-mar: Espírito de Porco ganhou um prêmio especial do Júri Internacional no Cine'Eco 2009 - Festival Internacional de Cinema Ambiental de Seia, Portugal. Nosso doc tinha sido um dos 50 selecionados pra exibição entre os mais de 300 enviados por realizadores de 30 países. Mais detalhes no blog do porco.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Devastação S/A é finalista do Prêmio Esso
A reportagem Quem se beneficia com a devastação da Amazônia, que fiz junto com os colegas Marques Casara, André Campos, Carlos Juliano Barros, Leonardo Sakamoto, Paola Bello e Sérgio Vignes, é finalista do Prêmio Esso de Jornalismo 2009! Para apontar os 38 trabalhos finalistas, as comissões examinaram 520 reportagens, séries de reportagens ou artigos. Estamos entre os três selecionados na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. A reportagem investigativa, publicada na revista do Instituto Observatório Social, mostrou como funciona o esquema de "esquentamento" de madeira extraída ilegalmente da floresta amazônica. Também revelou os nomes de várias empresas brasileiras e estrangeiras que ganham com o negócio da madeira ilegal. O Esso é o mais importante e tradicional prêmio de reconhecimento do mérito jornalístico no Brasil, com 54 anos de existência. Os resultados vão ser anunciados pela comissão julgadora no dia 8 de dezembro no Rio de Janeiro.
~
Em 2003, a reportagem Mineração predatória na Amazônia Brasileira, de autoria de Marques Casara, que editei para a revista do Observatório Social, ganhou o Esso na mesma categoria em que concorremos agora.
CurtaDoc
Recebi da Katia Klock e passo adiante. O horário coincide com a segunda exibição do nosso doc (hoje às 19h no Centro Cultural Badesc), mas se você já viu Espírito de Porco ontem, confere lá no Sol da Terra que é coisa boa. Se ainda não assistiu à porcaria, ainda tem a opção de sábado às 17h.
Pré-estreia de CurtaDoc
A produtora Contraponto, em parceria com o SESCTV, faz a pré-estreia da série CurtaDoc nesta sexta 23, às 19h30, no Cineclube Sol da Terra. O programa será transmitido pelo canal SESC TV para todo o Brasil, a partir de terça 27. CurtaDoc revelará uma seleção representativa do curta-metragem brasileiro no gênero documentário. Foram selecionados 125 filmes de um total de 520 inscritos. Embora a maioria dos títulos seja de produção recente, há títulos emblemáticos dos anos 60, 70 e 80. O primeiro episódio exibe quatro filmes e abre com O Poeta do Castelo, de Joaquim Pedro de Andrade, sobre o poeta Manuel Bandeira, obra realizada há exatos 50 anos.
Até julho de 2010 serão exibidos semanalmente 37 programas temáticos, cada um com duração de 52 minutos. Além das exibições de curtas-metragens, o programa contará com um convidado especial para comentar o tema do episódio e analisar as obras. Outros entrevistados, como realizadores e pesquisadores, completam com questões sobre a produção e reflexões sobre o gênero. Mais informação: http://www.curtadoc.tv
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Existe vida fora da grande mídia
Pela primeira vez um site de notícias ganha o conceituado Prêmio Esso de Jornalismo. O Congresso em Foco foi o ganhador deste ano na categoria Contribuição à Imprensa. Pela primeira vez, também, os jurados decidiram com base em reportagens - neste caso, a série sobre a farra das passagens, de autoria do amigo Lúcio Lambranho (ex-estudante de jornalismo na UFSC), junto com Edson Sardinha e Eduardo Militão. O reconhecimento ao Congresso em Foco é mais uma evidência de que há um espaço importante de jornalismo investigativo a ser ocupado fora da área de influência da grande imprensa. Parabéns ao editor Eumano Silva e a toda a equipe.
Espírito de Porco na rádio CBN
Entrevista de Chico Faganello à rádio CBN - 19out2009 by dauroveras
O radialista Luiz Carlos Prates, da rádio CBN de Florianópolis, entrevista no programa Notícia na Tarde o Chico Faganello sobre o documentário Espírito de Porco, que dirigimos juntos e vamos mostrar em Florianópolis a partir de hoje na Fundação Cultural Badesc.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Paisagem Especulada
Domingo estarei lá.
Convite para evento cultural Paisagem Especulada, Pântano do Sul
CHAMADA GERAL PARA UM DIA INESQUECÍVEL NA BEIRA DO MAR, NA PRAIA DO PÂNTANO DO SUL
Florianópolis, 20 de outubro de 2009.
Caros amigos e interessados!
Convido-os a participar do evento Paisagem Especulada que acontecerá no dia 25 de outubro de 2009, às 10h, na praia do Pântano do Sul, sul da Ilha de Santa Catarina.
Vamos nos reunir para escrever na areia as palavras “PAISAGEM ESPECULADA”, num esforço conjunto para uma bela vista aérea de nossa obra. Para isso vamos precisar de muitas pessoas bem dispostas, equipadas com pás de todos os tamanhos e formas, enxadas, ancinhos, baldes e latas, enfim qualquer ferramenta boa para cavar os traços das letras na areia.
A escolha deste local foi baseada na tensão entre a especulação imobiliária e os anseios de boa parte da comunidade desta região para se preservar a Planície do Pântano do Sul, transformando-a em um parque natural protegido.
Ficará visualmente ainda mais interessante se as pessoas puderem vestir roupas amarelas (calça, ou camiseta, vestido, boné, etc).
Esperamos contar com suas presenças!!!
PROMOTORES:
Grupo Rosa dos Ventos, http://grupo-rosadosventos.blogspot.com/
Núcleo Gestor Distrital do Pântano do Sul do PDP
Cine-clube Armação.
INMMAR- Instituto para o Desenvolvimento de Mentalidade Marítima
ABA Associação do Bairro dos Açores
Rádio Campeche
Apoio: Restaurante Pedacinho do Céu (fará a "sopa de letrinhas" para todos os participantes)
Fones para contato: Silvana Macedo (48) 3233 0083
Gert Schinke: 8424-3060, Raquel Macruz: 84555932
O quê? Evento Cultural Paisagem Especulada, Pântano do Sul
Como? De ônibus até praia do Pântano do Sul, ponto de encontro em frente ao Restaurante Pedacinho do Céu
Quando? Dia 25/10/09 (domingo)
Horário: 10:00 da manhã
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p.s.: Tempo ruim. Não fui.
Espírito de Porco news - primeira sessão lotada
A sessão de quinta-feira 22 do nosso documentário Espírito de Porco já tá lotada. Se você ainda não reservou seu lugar, ainda restam as sessões de sexta 23 (19h) e sábado 24 (17h). É só enviar e-mail para espiritodeporcofilme@gmail.com informando o nome completo e a data preferida.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Partidas: Maurice Bazin
Recebo agora de Jadna Pizzolotto, via lista Campeche, mensagem contando sobre a morte de Maurice Bazin, ocorrida ontem. Ele havia sofrido um infarto há cerca de um mês e precisou fazer cirurgia pra colocar uma ponte de safena. Mas teve complicações renais, ficou em coma induzido por uma semana e não resistiu. Parisiense nascido em 1934, físico, astrônomo e educador, Maurice era isso tudo e muito mais. Um cidadão do mundo que respeitava profundamente a cultura local dos cantos por onde viveu - entre eles, o Sul da Ilha de Santa Catarina, que muito deve ao seu trabalho. Nas palavras de uma reportagem da revista Galileu, era um "inconformista, um intelectual que demole os muros entre a população carente e o conhecimento".
Tive a oportunidade de conviver com Maurice há uns dez anos, quando ele morava no Campeche. O agitador de Maio de 68 e das passeatas de Berkeley dedicava-se com energia a mais uma causa: a defesa do pacato bairro à beira-mar na capital de Santa Catarina, ameçado pelas ideias megalômanas dos governantes da época. Formávamos um pequeno grupo de editores voluntários do Fala Campeche, jornal comunitário que defendia a participação democrática na construção do Plano Diretor. Nosso ativista francês dava contribuições preciosas. Inquieto, criativo, provocador, tinha uma atitude de permanente desafio ao lugar comum. Seu exemplo é uma herança importante. Ele deixa muita saudade, como acontece quando os homens sábios e generosos se despedem da vida. Espero que um dia o nome de Maurice Bazin batize uma praça, um observatório astronômico ou alguma outra instalação onde as pessoas do bairro possam se encontrar pra conviver, aprender e crescer juntas. Adeus, Maurice.
Detalhe de foto publicada no site da revista Galileu.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Castelo dos Sonhos: entrevista com Tatiana Cardeal
Há poucas semanas contei sobre um prêmio que minha amiga Tatiana Cardeal, fotógrafa documentarista, foi receber na China. Pois mal retornou ao Brasil, ela já recebeu outro: o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, em parceria com Marques Casara, com a reportagem Castelo dos Sonhos [pdf], sobre exploração sexual de crianças e adolescentes ao longo da BR-163. Nesta entrevista, Tatiana conta como foram os bastidores dessa apuração.
DVeras em Rede - Como foi o desafio de fazer uma reportagem fotográfica sobre um tema que envolve tantos aspectos delicados do ponto de vista psicológico, legal e de segurança?
Tatiana Cardeal - Foi difícil, mas desafiador, e eu gosto muito dos desafios que me trazem um sentido. Não sou exatamente uma fotojornalista, meu trabalho é mais documental e bem mais lento, então, em no início achei que poderia não funcionar bem, mas acabei me surpreendendo bastante com minhas próprias reações. Fotografar escondida ou em risco não é a minha rotina, nem algo que eu tenha prazer em fazer. Houve momentos em que tive muito medo e outros em que surpreendemente me vi coordenando a situação com certa excitação para obter a melhor momento/ângulo de uma foto. Havia uma série de cuidados sobre o que fotografar e quando fotografar, não dava pra chegar clicando. Também havia o desafio de encontrar imagens fortes e/ou sensíveis que contassem a história e que fossem publicáveis, já que não se pode expor as imagens das vítimas da exploração sexual.
O que mais a impressionou? Houve momentos em que você hesitou em clicar?
Tatiana - Muitas coisas me impressionaram. Como cena, uma das mais impressionantes foi quando chegamos e passamos pela "avenida principal" de Castelo. Um grupo de cerca de sete meninas, muito novas (acho que entre 12 e 15 anos), semivestidas, sentadas na mesa de bilhar da varanda do boteco/bordel. A ausência do poder público alí impressiona, assim como as péssimas condições da estrada de terra (foram 6 horas para cobrir os 200 km), que separa Castelo da "civilização", uma área erma onde praticamente não se encontra nada. Como referência, a região é próxima de onde caiu o Boeing da Gol em 2006, e que foi uma enorme dificuldade de mobilidade para o próprio exército. Também me impressionou muito a cena de uma garota franzina de 12 anos amamentando seu bebê; e em especial a "normalidade cultural" com que o sexo com menores é tratado, ao mesmo tempo em que provoca vergonha e receio nas famílias da vítimas.
O momento em que hesitei não foi pela imagem da foto em si, mas pela pressão psicológica em que estava. A gente já sabia da fama violenta da cidade... um conselheiro tutelar de outra cidade entrou em pânico quando o Marques decidiu que precisávamos ir lá. Mas já em Castelo, depois de entrevistar o jornalista que estava ameaçado de morte, e ele mostrar uma série bizarra de fotos que fez dos assassinatos da região (que não aguentei ficar vendo, porque não eram somente corpos assassinados, mas mortes decorrentes de violência bizarra e brutal, com técnicas de tortura requintadas e sádicas, que expunham os corpos posteriormente como "mensagem" para a população local), e eu ainda precisava fazer duas últimas fotos, em público, na avenida principal e na delegacia. Eu estava tão chocada com o depoimento e a brutalidade das imagens do jornalista, que o Marques praticamente me empurrou pra fora do carro para fotografar.
Pode contar um pouco sobre o lado técnico de fazer uma cobertura fotográfica na umidade amazônica? Como você lida com o dilema entre a necessidade de carregar equipamento pesado e a de ser discreta?
Tatiana - Bom, a Amazônia é gigantesca, e oferece condições climáticas variadas. No caso dessa região no norte do Mato Grosso, não fomos na época das chuvas, então eu tinha mais preocupação com o poeirão vermelho da estrada de terra do que com a umidade, vivia protegendo a câmera e limpando. Já no Amazonas, em São Gabriel da Cachoeira encontramos temperaturas altíssimas com extrema umidade, a ponto de a cola do espelho da minha câmera derreter (e da filmadora parar de funcionar subitamente algumas vezes). Consegui colar novamente o espelho com uma versão enigmática de SuperBonder, a TreeBonder, única alternativa disponível na cidade indígena... por sorte colou e resolveu. Outra coisa que ajudou é ter uma mochila tropicalizada, que veda 100% contra chuva, e até protege na queda do equipamento na água (a mochila fica boiando no caso de uma voadeira virar...).
Normalmente não carrego muito equipamento. De mais pesado são duas cameras, três lentes médias e um flash. Se não ía muito longe, só uma camêra. Mas nada que não caiba em uma mochila média e que eu não possa levar.
Admiro a maneira como você reorientou a carreira bem-sucedida de diretora de arte para recomeçar - e obter reconhecimento internacional - na fotografia de temas sociais. O que moveu você nessa mudança e como ela se deu?
Tatiana - Obrigada, Dauro, mas saiba que essa mudança de carreira não foi nada muito planejado. Acho que tive uma boa dose de sorte, pois ao sair da Editora Abril eu já sabia que queria continuar na área social e não queria mais fazer revista puramente comercial. Estava fazendo uma pós graduação em Mídias Interativas, algo meio novo e experimental na época, e que me deixou bastante antenada com as possibilidades da internet. Fui publicando imagens de temas que me interessavam e pesquisas visuais que eu fazia como estudo e hobby. Aí fui recebendo um grande feedback que me encorajou a continuar produzindo mais e que aos poucos tornou-se trabalho. Ainda naquele período, algumas redes que eu frequentava e publicava só falavam em inglês, e acredito que foi aí que o trabalho ganhou alguma projeção fora daqui.
~
Leia também a entrevista com Marques Casara.
Por Dauro Veras às 16:08 |
Tags: amazônia, ativismo, brasil, entrevista, fotogr, jornalismo, reportagem, sexo, sociedade
Castelo dos Sonhos: entrevista com Marques Casara
Meus amigos Marques Casara e Tatiana Cardeal ganharam menção honrosa na trigésima-primeira edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais conceituados do Brasil. A reportagem deles, Castelo dos Sonhos [pdf], publicada na revista da ong Childhood Brasil, desvenda uma rede criminosa de exploração sexual de crianças de adolescentes na BR 163. Nos últimos anos, Marques tem faturado vários prêmios "correndo por fora" da grande mídia. Suas reportagens investigativas bancadas por organizações do terceiro setor são um grande incentivo para quem acredita que é possível fazer jornalismo independente com qualidade. Fiz esta entrevista com ele por e-mail.
DVeras - Sobre o que é a reportagem Castelo dos Sonhos e o que ela traz de novo?
Marques Casara - A pauta foi proposta para a revista da organização não governamental Childhood Brasil, que desenvolve projetos ligados ao enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. O objetivo seria percorrer a BR 163 e identificar locais de exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas, em postos de combustível e prostíbulos. O projeto foi aceito e financiado pela ONG.
Ao chegar na região Norte do Mato Grosso, a reportagem tomou outra proporção, pois identificou uma rede criminosa organizada de aliciamento de crianças e adolescentes nas cidades de Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto Azevedo, todas localizadas próximas à divisa com o Pará. Os aliciadores levavam as adolescentes para a cidade de Castelo de Sonhos, um distrito de Altamira localizado a 1.200 km da sede do município. O lugar é de difícil acesso, o que facilita o trabalho das redes de exploração. Tem apenas 3 policiais militares e um delegado que anda a pé por falta de viatura. Uma região sem lei e onde a exploração sexual de crianças e adolescentes acontece a céu aberto. O único jornalista da cidade passou 10 dias escondido no forro de uma casa para não ser morto e hoje recebe proteção especial do governo. A reportagem serviu para alertar as autoridades e mobilizar o governo do estado a tomar providências em relação ao problema das adolescentes. Uma reportagem como essa sempre muda o cenário, alerta as autoridades e outros jornalistas.
Conte um pouco sobre como foi a apuração. Durou quanto tempo? Quais foram as principais dificuldades e surpresas?
Casara - O assunto veio à tona em conversa com uma fonte na região. A apuração durou duas semanas. Foi trabalhoso localizar as famílias das adolescentes e mais trabalhoso ainda convencer mães e avós a contar o problema. Além do medo de represálias, sempre há um certo constrangimento em admitir que uma ou mais filhas foram aliciadas por redes que lucram com a exploração sexual. As famílias moram em cidades na divisa do Mato Grosso com o Pará. Chegar a Castelo de Sonhos também foi muito trabalhoso. São 200 km de uma estrada praticamente intransponível a partir da divisa. Cerca de 40 quilômetros após a partida, estourou o amortecedor dianteiro direito. A opção era desistir ou seguir em frente. Fomos em frente, arriscamos.
Castelo de Sonhos é um lugar sem Lei, sem Poder Público, sem força policial. O lugar é muito violento. Chegamos disfarçados e passamos uma noite. Na manhã seguinte, tivemos a sorte de encontrar uma amortecedor da mesma marca e modelo do carro. Só então revelamos nossa condição de jornalistas. A partir dai, foi uma corrida contra o tempo. Em três horas visitamos os locais onde ocorrem a exploração e fizemos as entrevistas e as fotos. Precisávamos sair da cidade antes de qualquer reação. No caminho de volta fomos seguidos por cerca de 80 quilômetros por uma caminhonete ocupada por três homens. A perseguição parou quando entramos em um canteiro de obras de uma barragem que está sendo erguida na região da Serra do Navio. Paramos em frente a um restaurante. A caminhonete nos seguiu e parou a menos de 30 metros. Após alguns minutos, deu meia volta e retornou a Castelo de Sonhos. Sem sair do carro, comemos duas latas de atum com pão e guaraná. Pegamos a estrada e chegamos a Guarantã do Norte sem maiores problemas. Se não tivessemos encontrado o amortecedor certo, teríamos um pouco mais de trabalho.
Como é a logística de fazer uma reportagem investigativa na Amazônia, lidando com um tema delicado e potencialmente arriscado tanto para vítimas quanto para repórteres?
Casara - A logística é imitada pelos recursos. A apuração é limitada pelos riscos. Estávamos com um carro de passeio quando deveríamos estar em um 4x4. Isso aumenta os riscos de quebrar o carro. Também dificulta uma saída rápida em caso de necessidade. A reportagem também é limitada pelas distâncias e pelas condições das estradas, o que torna tudo mais caro e trabalhoso. O assunto é complexo, as famílias não gostam de falar sobre isso. A corrupção também dificulta a apuração e aumenta os riscos, pois autoridades ganham dinheiro acobertando criminosos.
É preciso jogar com todos esses fatores. É preciso também antever os riscos, estar sempre um passo à frente. É necessário jogar com o fator surpresa, com a rapidez e com toda a experiência acumulada. Os principais erros acontecem por causa da afobação e do medo. Os três segredos da reportagem de risco são os seguintes: 1) Mantenha a calma; 2) Mantenha a calma; 3) Mantenha a calma.
Você acredita que a reportagem de vocês pode transformar a realidade dessas adolescentes? Já transformou desde que foi publicada?
Casara - Reportagens como essa sempre mudam o cenário. Servem de alerta, inspiram novas matérias. Uma violência como essa, quando vem a tona, atrapalha a vida dos criminosos e estimula as autoridades. Algumas autoridades são estimuladas a aumentar o valor da propina, outras, honestas, são estimuladas a resolver o problema.
Este é o seu segundo prêmio Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos. O que isso representa para você como jornalista que atua com entidades do terceiro setor, sem o apoio da grande mídia?
Casara - Não me interesso mais pela grande mídia. Desde o ano 2001 atuo exclusivamente para organizações que não estão vinculadas ao jornalismo industrial. Posso fazer um jornalismo mais libertário e revolucionário. Não estou limitado pelos interesses comerciais das empresas de comunicação. Hoje, o que dá lucro para essas empresas é o jornalismo de entretenimento, mesmo quando disfarçado de "investigativo". Desde que sai desse circuito ganhei um Prêmio Esso e dois Herzog. É um bom referencial. Estou construíndo um caminho próprio, sem holofotes mas com muita realização pessoal. Uma dica pra quem tá começando na profissão: todo jornalismo é investigativo. Se não é investigativo, não é jornalismo.
Por Dauro Veras às 15:21 |
Tags: amazônia, ativismo, brasil, entrevista, jornalismo, lugares, reportagem, sexo
Por que fiz o porco
Por que fiz o porco. Escrevi nesta madrugada para o blog de lançamento do doc Espírito de Porco.
domingo, 18 de outubro de 2009
Espírito de Porco esta semana em Floripa
Espírito de Porco, o doc sobre os impactos da suinocultura industrial que dirigi junto com Chico Faganello, estreia esta semana em Floripa, em três sessões gratuitas na Fundação Cultural Badesc. Reserve seu ingresso enviando um e-mail para espiritodeporcofilme [arroba] gmail.com , informando seu nome e a data escolhida. Você vai receber uma resposta confirmando a solicitação com o envio de um ingresso virtual. Não é preciso imprimir o ingresso - seu nome vai ficar numa lista na entrada. A gente se vê lá.
Quinta, 22/10 às 19h
Sexta, 23/10 às 19h
Sábado, 24/10 às 17h
No blog de lançamento você encontra mais informações sobre Espírito de Porco.
Manual do Repórter de Polícia
Está disponível pra download no site Comunique-se a edição atualizada do Manual do Repórter de Polícia (arquivo pdf). O autor é Marco Zanfra, daqui de Floripa.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Manifesto do naufrágio da Barca dos Livros
A Biblioteca Barca dos Livros anunciou que vai suspender algumas atividades e reduzir o horário de atendimento "por falta de recursos, devido ao não cumprimento, pelo poder público, dos prazos de liberação de verbas previamente planejadas e encaminhadas aos órgãos competentes do Município e do Estado". É ou não é de causar indignação? A gente fica com vergonha de ter governantes como esses que deixam um projeto premiado, inovador e de alta relevância, ir minguando aos poucos. Leia o texto completo do manifesto aqui.
O porco por Flávio José Cardozo
Estávamos na fase de conclusão do doc quando recebi um simpático e-mail de mestre Flávio José Cardozo, que honra as letras de Santa Catarina e do Brasil com seus contos, romances e crônicas. Ele disse estar curioso para ver o filme e enviou uma crônica publicada em setembro de 1991 no Diário Catarinense, reverenciando o porco. Aguardamos você lá, Flávio! Uma das cenas tem muito a ver com o seu texto.
O porco~
Flávio José Cardozo
Alcebíades Santos, repórter de jornal, manda de Chapecó competente matéria sobre as não sei quantas utilidades que tem o porco. Relata dele tanta serventia que o leitor ponderado se constrange de já ter olhado o porco sem respeito e, pior, ter usado seu bom nome para definir um ou outro mau sujeito. Até um pensamento triste e torto cheguei a ter, confesso humildemente: da ponta do rabinho à pontinha da orelha, tintim por tintim desse vivente é 100% aproveitado - de mim que percentagem se aproveita, vivo ou morto?
Alcebíades Santos, com senso didático, retalha para nós um porco bem no ponto e faz este balanço matemático: itens industrializados são cerca de oitenta, do tipo mortadelas e salsichas; produtos congelados são uns quinze, como pernil, lombo e filé, e uns dez produtos salgados como pés, orelhas, rabo, que fazem da feijoada o encanto que ela é. E como se isso tudo não fosse já legal extraem-se ainda do dadivoso porco bondades com os quais nunca sonhou nossa vã porcologia.
Dos miolos e do reto, vejam só que chique, resultam uns peregrinos manjares que, atravessando a barreira dos mares, vão deliciar Hong-Kong. Quanto ao útero da porca, eis o seguinte: não dá só porquinhos, dá também um prato de oriental requinte. E o tesouro científico que é o porco?De seu pâncreas tiram a insulina; da mucosa intestinal, a heparina; do duodeno não ficou dito que remédio mas dele sai remédio. E nas válvulas cardíacas, ó que porco cordial! Elas dão certinho no coração humano, não há nada que melhor e por mais tempo funcione que as válvulas cardíacas do porco. Que tal, bípede mofino, saber o coração batendo aí no peito com um tique-taque suíno?
Do couro sem luxo de quem rolou na lama saem sapatos e roupas que dão gosto, e do pêlo sai pincel para ensaboar o rosto, e do casco sai cola, e dos ossos, fígado e pulmões saem rações que perpetuam o porco irmão no corpo de outros bichos.
Soubesse eu fazer orações boas, de contrição uma faria: perdão, porco, se usei mal o teu nome, perdoas?
(Diário Catarinense – 11.09.1991)
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Renato Turnes, a voz do porco
A "voz certa" para o nosso protagonista-porco foi muito debatida durante a gestação do filme. Da força dessa interpretação dependeria em grande parte uma narrativa verossímil. Apostávamos no recurso que, no meio dramatúrgico, se conhece como suspensão da descrença: o público se dispõe a aceitar a implausibilidade de uma situação (no caso, o espírito de um porco que conta uma história), em troca da premissa de entretenimento. E a escolha do ator Renato Turnes (à esquerda, junto comigo e com o Chico, na foto de Lucas Barros) revelou-se uma opção feliz. Pedi a ele que descrevesse a experiência.
Nunca imaginei que eu tivesse voz de porco. Mas um dia o Faganello pediu pra eu gravar um áudio, lendo um poema do Walt Whitman. Gravei um trecho das Folhas de Relva num tom meio Pereio e mandei. Achei canastrão. Mas acho que ele gostou porque depois de alguns dias eu tinha em mãos o texto de Espírito de Porco e um DVD demo do documentário. Depois do impacto inicial com a força visceral das imagens percebi a idéia: o texto na voz antropóide do porco deveria relacionar-se com o que se via, gerando uma tensão poética e irônica. Imaginei essa voz sem mimetismos suínos, uma voz inteligente e altiva. Um porco - rei da pocilga - orgulhoso de sua linhagem limpa, olha os humanos do alto de sua sabedoria animal e descreve seus vícios, aponta suas falhas. Denuncia a sujeira da civilização e clama por justiça para sua espécie. Porco morto, ele é espírito com voz, e seu discurso é uma espécie de metafísica da porcaria. Durante as leituras os diretores foram indicando passagens importantes, clareando intenções e descrevendo curvas e pontos de virada. No estúdio enfim, o porco falou. Acho que o resultado soa humano, ainda que porco. Quem assistir o filme deverá reparar no perturbador close up no olho de um porco. A imagem não me sai da cabeça. Esse plano revela a estranha ligação porco-homem. Parece que ele pensa. Certamente ele sente. Nesse olho está o personagem. Ou seu espírito.
Renato Turnes
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