terça-feira, 31 de março de 2009

A folia dos homens

Cesar Valente reproduziu hoje em seu blog De olho na capital um artigo lúcido da procuradora da República Analúcia Hartmann sobre o criminoso (e inconstitucional) projeto de lei do novo Código Ambiental que o governo de Santa Catarina quer nos empurrar goela abaixo. Pela relevância, copiei na íntegra. O projeto vai a votação hoje na Assembleia Legislativa do Estado. Entre suas propostas está a redução da faixa de proteção de 10 para 5 metros nas margens dos rios com menos de 5 metros de largura, em desobediência ao Código Florestal Brasileiro.

p.s.: Na Folha de SP de ontem, Marina Silva abordou o assunto no artigo A nova tragédia de Santa Catarina (acesso para assinantes da Folha ou UOL).

UPDATE, 1 DE ABRIL: O projeto foi aprovado pela Assembleia Legislativa.

Foto: Rubens Flores/Diarinho

Foto: Rubens Flores/Diarinho

por Analúcia Hartmann*

“O título deste texto (A folia dos homens) foi emprestado de um filme assistido há anos, cujo trágico final veio-me à mente na atual discussão do que deveria ser um presente para Santa Catarina: o seu Código Ambiental.

O referido filme, uma produção franco-italiana de 2001, tem como base um acontecimento real: a construção da barragem de Vajont, na Itália, e seu desmoronamento em 1959, causando a morte de milhares de pessoas e o desaparecimento de vilas inteiras. Como podem imaginar os leitores deste, a construção foi considerada à época uma obra maravilhosa e de grande interesse público, tendo sido concebida pelos mais prestigiados técnicos daquele país do primeiro mundo. Mas quando começaram a aparecer fissuras na estrutura e desmoronamentos nas montanhas do entorno, a ambição desmedida de alguns interessados não deixou serem ouvidos aqueles poucos que alertavam para o desastre iminente. O nome do filme é bastante elucidativo, não é?

O mundo hoje assiste a outros desastres anunciados: a escassez de água potável, o aquecimento global, o desaparecimento de espécies. O ser humano, aparentemente considerando-se um semideus, continua a destruir a terra que o alimenta e o rio que mata sua sede; continua a imaginar que tais recursos são infinitos.

Em Santa Catarina mesmo, e bem recentemente, a folia humana de construir em áreas de preservação permanente e de arrancar as florestas de proteção de montanhas e de cursos d’água resultou em morte e sofrimento. E morte e sofrimento daqueles que talvez sequer soubessem que estavam ocupando áreas que deveriam protegidas. Por que aqueles que deveriam informar sobre tal proteção e fiscalizar as atividades urbanísticas e agrícolas, não agiram para prevenir o agravamento do número de mortes e do sofrimento. Aprovar legislação que permite construções em áreas de grande declividade e à beira de rios é bem mais do que falta de bom senso: é assumir a responsabilidade pelas vidas que poderiam ter sido salvas e que se perderam.

Os levantamentos realizados em Blumenau, em Itajaí e no tristemente lembrado Morro do Baú indicam sem possibilidade de dúvida que a supressão de vegetação e a ocupação das áreas de preservação permanente com construções e com reflorestamentos com espécies exóticas são os principais responsáveis pelo agravamento da tragédia. O excesso de chuvas mata, mas mata muito mais em áreas de risco e em locais degradados.

A sabedoria popular diz que errar é humano, e também classifica o que é persistir no erro. Qual a resposta das autoridades catarinenses?

Pois alguns meses depois de tanta tragédia, na capital onde em todo verão falta água potável e metade das praias está poluída por coliformes fecais, discute-se o projeto de lei do Código Ambiental de Santa Catarina. Com qual finalidade? Proteger os rios e as florestas, assim protegendo a vida? Proteger o patrimônio natural de todos e a perene possibilidade de produzir alimentos e riquezas? Não exatamente.

Para melhor compreender a questão, faz-se necessário um pequeno resumo da estória do projeto de lei aqui comentado.

Como muitos sabem, Santa Catarina possui um importante remanescente da Floresta Atlântica, esta floresta considerada como uma das mais importantes para a diversidade biológica de todo o planeta e elencada como Reserva do Patrimônio Natural da Biosfera (UNESCO).

Exatamente para ajudar o Estado a proteger o que resta de tal floresta, uma agência alemã vem há anos colaborando financeiramente com projetos da Fundação Estadual do Meio Ambiente - a FATMA. É doação, dinheiro internacional recebido a fundo perdido, que infelizmente não evitou que o Estado fosse considerado o maior desmatador de mata atlântica nos últimos cinco anos.

Pois bem, a FATMA propôs aos alemães o custeio da elaboração de um anteprojeto-de-lei de código ambiental, sob o argumento de que tal legislação seria importante para proteger a mata atlântica (!). Aprovada a proposta, técnicos da Fundação e consultores contratados (inclusive uma ex-procuradora da FATMA) trabalharam e discutiram as diversas regras legais que acreditavam deveriam constar do novo documento. Tais técnicos também discutiram seu trabalho com alguns segmentos da sociedade, coincidentemente não o discutindo com o Ministério Público.

O documento assim financiado e elaborado foi levado com festa ao Palácio do Governo. Após algum tempo, segundo afirmam os próprios técnicos da FATMA, foi trocado por outro documento, o qual foi encaminhado à Assembléia Legislativa.

O projeto, portanto, tem origem estranha, não serve ao objetivo de proteção ambiental e diverge, em pontos essenciais, da Constituição Federal e da legislação federal, bem como afronta à própria Constituição do Estado de Santa Catarina.

A Constituição Federal, além de conter todo um capítulo de proteção ao meio ambiente, inspirado em textos semelhantes que se podem encontrar em todas as constituições modernas, também define expressamente, em seu artigo 24, a competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal para a elaboração de leis de proteção ao meio ambiente. Conforme nossa ordem jurídica, portanto, havendo legislação federal geral - é o caso do Código Florestal, da Lei da Mata Atlântica, da Lei do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiros e da Convenção da Biodiversidade, entre outros diplomas legais em pleno vigor - , a legislação estadual pode apenas complementá-la, sempre de forma mais protetora. Em resumo, regras estaduais menos protetoras do meio ambiente do que as regras federais não tem validade, não podendo gerar efeitos.

Assim, dizer aos interessados em suprimir as matas de proteção que as regras estaduais preconizadas pelo projeto de Código Ambiental vão ter validade é induzir em erro a população. Como também é induzir em erro não esclarecer aos agricultores e pecuaristas catarinenses todas as possibilidades de utilização e manejo produtivos das reservas legais, áreas de preservação permanente e remanescentes de mata atlântica, especialmente a partir da regulamentação do Código Florestal pela Resolução 369 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

A mistificação que vêm sendo feita pelos partidários do projeto é impressionante, notadamente através da publicação de números e de porcentagens sem identificação de origem. A “folia” é tanta que em um único texto pode-se facilmente chegar a contas absurdas de até 160% do território catarinense!! Isso sem falar em atos falhos: li um texto em que se afirmou que 35% das margens de rios em áreas de agricultura em Santa Catarina não possuem qualquer vegetação de proteção. Ora, isso quer dizer que 65%, ou seja, a maioria, preservam o meio ambiente e continuam produzindo.

E porque o Estado não auxilia os demais a regularizarem sua situação, incentivando a recuperação com espécies que possam ser economicamente aproveitadas, sem prejuízo do estabelecimento de áreas para dessedentação de animais e outros usos típicos e permitidos legalmente dos cursos d’água? Por que não investir realmente em ajudar a população do campo e da cidade? Por que não investir em um futuro viável para todos? Por que não aproveitar a oportunidade e criar incentivos fiscais para a preservação dos recursos naturais, como o ICMs ecológico e o pagamento pela preservação pelos particulares?

Há exemplos importantes de atuação sustentável no Brasil: o Estado de São Paulo anuncia um grande investimento para despoluir seu litoral e suas nascentes, ao tempo em que proliferam outros programas estatais de apoio técnico e incentivo à recuperação florestal pelos proprietários rurais, como o projeto denominado “Oásis Apucarana” implantado a partir de 2003 pela Prefeitura daquela cidade paranaense.

Para usar um dado técnico confiável, há que lembrar que a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) indica que o número de pessoas com graves problemas para conseguir água chegará a 3,9 bilhões em 2030, isto é, metade da população do mundo. Uma pequena demonstração deste problema pode ser vista no oeste catarinense, onde são necessários poços de grande profundidade para buscar a água que já não mais existe na superfície.

Encerro este artigo com uma observação recente e pessoal: tive a oportunidade de conhecer neste mês de março uma pequena propriedade rural no município de Atalanta, na qual nasce e corre um curso d’água. A família que lá vive recuperou e preservou a nascente, que jorra límpida em meio a uma mata exuberante. Também as matas ciliares foram preservadas e enriquecidas, mantendo as águas limpas e frias, assim possibilitando o desenvolvimento de um projeto de criação de trutas, cuja produção é toda vendida na região. Na propriedade ainda são criados animais para consumo da família e para almoços festivos contratados por empresas durante todo o ano, em uma bela construção rústica. A área ainda produz frutas, mel e outros produtos agrícolas, bem como participa da produção de mudas de árvores nativas para fornecimento para projetos de recuperação florestal que empregam e geram riqueza (verdadeira riqueza para todos). Este é o modelo catarinense que deveria ser enaltecido e prestigiado.

Vamos todos esperar que os legisladores catarinenses dêem sua contribuição, afastando do projeto do Código Ambiental as regras da degradação.”

* Procuradora da República em Santa Catarina

segunda-feira, 30 de março de 2009

Duas Motos

Lígia Fascioni e o marido Conrado Seibel acabam de inaugurar Duas Motos, um saite + blog sobre suas aventuras de moto pela América do Sul. Relatos de viagem, mapas, roteiros, dicas, fotos... Material de primeira.

Jadices

Oferendas. Lamentos. Letrinhas. Experiências. Pensamentos. É o blog da Jade Martins Lenhart, recém-nascido. Presentão pra quem gosta de escritos de qualidade. Benvinda!

Dez contos de humor - lançamento em Floripa

Andruchak


andruchak - fonte 2008, 70x70cm - geometricismo - série arabescos - acrílico sobre tela originally uploaded by andruchak.

Minha amiga Verônica, de Natal, tem um colega chamado Andruchak, artista plástico e professor do departamento de artes da UFRN. Ela me passou os links abaixo com amostras de seus painéis e murais em acrílico sobre tela. Muito bom!

www.flickr.com/andruchak

www.flickr.com/artebrasil

www.andruchak.com.br

sexta-feira, 27 de março de 2009

Lao Wai

Terminei de ler Lao Wai - Estrangeiro (Editora Letras Brasileiras, 2008), narrativa da jornalista Sônia Bridi sobre os dois anos em que ela viveu na China como correspondente da Rede Globo. Muito bom! Texto saboroso e bem humorado em primeira pessoa, riquíssimo em informação e histórias sobre esse país fascinante. Comentei no Leiturama.







Que lindeza!

Anninha e Frank
de olhinhos brilhando,
com a doce Alice.

Foto de Soninha Vill.

Conversa de ponto de ônibus: Tânia e o Samu

Tânia é enfermeira e trabalha há dois anos no Samu - Serviço do Atendimento Móvel de Emergência, numa unidade do centro de Floripa. Ontem, enquanto eu esperava o ônibus e ela aguardava uma amiga no ponto, batemos um papo interessante. Resumo:

- Quais são as ocorrências que o Samu mais atende?
- Acidentes com motos e carros, atropelamentos e infartos. No carnaval e nos feriados o trabalho aumenta muito. Eu faço parte de uma unidade avançada, uma ambulância com UTI móvel que tem médico, enfermeira e socorrista. Se o caso não for grave, vai a unidade básica, com um médico e um socorrista. Atendo umas cinco ocorrências por dia, às vezes mais.

- Os ferimentos por arma de fogo aumentaram bastante em Floripa?
- Sim. Antes eram três ou quatro por semana, agora são sete, oito, dez. E muitos com arma branca também. Alguns chegam tão mal no hospital que o cirurgião nem opera porque eles não têm chance de sobreviver.

- Como você lida com essa coisa de encarar a morte?
- Faz parte da profissão. Se eu me abalasse muito, ia chegar em casa chorando todo dia. O atendimento de emergência é bem diferente do hospital - lá eu me apegava muito mais aos pacientes. Na rua é tudo muito rápido.

- O que é que faz a diferença entre a vida e a morte pra quem precisa de atendimento de emergência?
- O tempo. Às vezes a pessoa demora a chamar o 192 ou pegamos engarrafamento... Também tem muito trote.

quinta-feira, 26 de março de 2009

BeatlesTube

O BeatlesTube se propõe a organizar os vídeos dos Beatles que estão espalhados pela web. Nele você pode fazer buscas por álbum, por música e ordem alfabética. Também estão disponíveis as letras das músicas e alguns filmes do quarteto. Bela ideia.
[dica da Laura]

A nova escola britânica em construção

Proposta de revisão no currículo das escolas primárias do Reino Unido dá mais liberdade aos professores para ensinar sobre Twitter, blogs, podcasts e Wikipedia, conta The Guardian. Até 11 anos as crianças devem adquirir fluência na escrita a mão e no uso do teclado; aprender a escrever corretamente e usar o corretor ortográfico. A proposta também prevê o reforço no ensino da cronologia dos fatos, mudanças e períodos históricos; e mais ênfase em saúde, dieta e atividade física. O período vitoriano e a Segunda Guerra Mundial não são mais obrigatórios, pois fazem parte do currículo curso médio. Enquanto isso, aqui no Brasil, o Congresso discute a proibição de celulares nas escolas.
[ via @belcolucci e @garotasemfio ]

Links: Doc Online

Revista Digital de Cinema Documentário. Tem periodicidade semestral. Em português, castellano, English e français.
[via @garapa no twitter]

quarta-feira, 25 de março de 2009

Viaje na Viagem

O blog Viaje na Viagem, de Ricardo Freire, está de endereço novo. Pra quem gosta de viajar (sim, há quem não goste), está na busca de dica quentes e curte um texto inteligente e espirituoso, vale conferir. No post mais recente ele lista as 20 reclamações mais bizarras de turistas, tais como "a praia estava muito arenosa" e “ninguém nos contou que haveria peixes no mar. As crianças ficaram apavoradas!”

p.s.: O twitter dele é @riqfreire

terça-feira, 24 de março de 2009

Cearenses Internacionais

Nós cearenses (sou pernambucano, mas com DNA 100% originário da terra de Iracema) nos espalhamos ligeiro como gripe aviária e cópia do Windows. Dos heroicos "soldados da borracha" que desbravaram a Amazônia fugindo da seca aos humoristas que levam alegria aos telespectadores, os migrantes vão atrás de melhores oportunidades onde elas estiverem. Se você gosta de sushi e mora em São Paulo, sabe bem o que quero dizer. Assim, aplaudo a iniciativa do blog Cearenses Internacionais de mostrar os casos de sucesso dessa valorosa gente de caixas cranianas avantajadas em sua diáspora pelo mundo. Depois do último pau-de-arara, o saudoso Cariri fica pra trás, mas não é esquecido jamais.

Na foto: Dominique Pinon (Crato, 1955-). Ator.

domingo, 22 de março de 2009

Anita na Austrália

A jornalista Anita Martins, filha do amigo jornalista e historiador Celso Martins, está neste momento voando em direção à Austrália, onde pretende passar dois anos. E já inaugurou o novo blog, Presença de Anita, diário de bordo de sua aventura do outro lado do globo. Suerte, Anita!

Crônica de uma Catástrofe Ambiental

Crônica de uma Catástrofe Ambiental é uma reportagem multimídia da revista Fórum sobre o derramamento, pela empresa Servatis, do perigoso agrotóxico endosulfan num afluente do rio Paraíba do Sul, que matou milhares de toneladas de peixes e pode ter contaminado milhões de pessoas. O caso aconteceu no dia 18 de novembro de 2008. Vale conferir, não só pela extrema relevância do assunto (pode ter afetado a água consumida por 80% da população do estado do Rio), como pela maneira como a reportagem foi construída pelos jornalistas André Deak e Paulo Fehlauer utilizando os recursos da internet. O site, baseado em Wordpress, traz textos, fotos, áudios, vídeos e um mapa interativo.

- Além do lado 'multimídia', o trabalho se aproxima do conceito de Jornalismo Open Source ao disponibilizar, quase na íntegra, todo o material que o compõe -, conta Paulo Fehlauer na lista Intermezzo:
"O conteúdo está disponível para download, remixagem e republicação, sob licença Creative Commons. Acreditamos trazer assim mais transparência ao processo de produção de conteúdo jornalístico. O making of da reportagem especial está sendo produzido pelo André e publicado em seu blog: http://www.andredeak.com.br/2009/03/21/making-of-cronica-de-uma-catastrofe-ambiental/ A reportagem também está na edição impressa da revista Fórum, já nas bancas".

Links de cinema

Dois links sobre cinema latinoamericano indicados pela Adri Canan:

www.intermediarte.org

www.lalatina.com.br


Alto contraste. Jardim do Palácio Cruz e Sousa, Floripa, SC.

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Testando a lente macro. Nova Trento, SC.

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Minha sobrinha Camila e a estátua do dinossauro em Tijucas, SC.

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sexta-feira, 20 de março de 2009

As marolas do jornalismo alternativo

Recebi hoje uma mensagem do amigo Marques Casara que me deixou muito contente. Não sou de ficar relembrando sucessos passados, mas, mesmo correndo o risco de me acharem cabotino, quero compartilhar esta memória aqui - em especial com quem está começando como repórter e sente desânimo com as perspectivas da profissão.

Quase cinco anos depois, é um registro de que o jornalismo pode contribuir pra um mundo melhor. Neste caso, correndo por fora da mídia hegemônica, numa publicação de terceiro setor que teve tiragem de apenas 4 mil exemplares. Às vezes uma marolinha faz coisas que a gente nem imagina. O e-mail foi dirigido a mim e ao repórter fotográfico Sérgio Vignes, parceiro meu e do Marques nessa reportagem.

Caríssimos,
um registro para vossas memórias:

Quarta-feira, auditório da Bolsa de Valores de São Paulo. Todas as poltronas ocupadas, engravatados se espremem na porta. A estimativa era a de que 20% do PIB brasileiro estava presente. Tema do encontro: erradicação do trabalho escravo na cadeia produtiva das empresas. Atualmente, 160 grandes empresas são signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.

Abertura do evento: Caio Magri - Instituto Ethos.

Faz a apresentação e avisa que diversas empresas vão apresentar "cases" sobre como estão enfrentando o problema na cadeia produtiva. Última fala de Caio Magri:

"É necessário fazer um registro. Tudo isso está acontecendo e nós todos só estamos aqui hoje porque, em 2004, o Instituto Observatório Social publicou uma corajosa reportagem sobre o trabalho escravo na cadeia produtiva do aço. A partir daquela reportagem houve uma grande mobilização, houve o lançamento de um primeiro Pacto em Brasilia e que culminou com o Pacto que hoje está em vigor e que nós vamos conhecer aqui na Bovespa".

Na platéia, Paulo Vanucci, ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a cúpula da Bovespa, direção da Petrobrás, grandes siderúrgicas, as maiores cadeias varejistas do país.

Contem para seus netinhos porque vocês merecem.

abraços

Marques Casara
Papel Social Comunicação
p.s.: A "marolinha" foi a reportagem Escravos do Aço, [revista em pdf, 2,9 MB] que publicamos em junho de 2004, mostrando como as siderúrgicas se beneficiam do trabalho escravo em carvoarias da Amazônia.

p.s.2: Mais sobre trabalho escravo (e links pra outras fontes) aqui no blog.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Miguelices filosóficas noturnas

Miguel tem umas tiradas desconcertantes que às vezes me lembram o Calvin dos quadrinhos - o personagem de Bill Watterson também é um menino imaginativo de seis anos. Hoje jantamos "fora", na varanda do quintal. Depois fiquei sozinho tomando vinho tinto e curtindo a noite - os grilos nas árvores, um ventinho gostoso de outono e o som de um violão na vizinhança, enquanto o pensamento voava a mil. Aí ele chegou do meu lado:

- E aí, pai? Batendo papo com o nada?

E nem esperou resposta, correu lá pra dentro pra brincar.

Fiordes com emoção


wingsuit base jumping from Ali on Vimeo.
Um jeito inesquecível de conhecer os fiordes da Noruega.

Lula e o presidente Obrahma

Não costumo achar graça nem passar adiante as piadas que ridicularizam a escolaridade precária ou a deficiência física do Lula. Mas essa aqui é de outra categoria, é piada pronta. Foi impossível evitar uma gargalhada ao ouvir esse trecho de uma fala dele na recente visita aos Estados Unidos, quando confunde o mandatário americano com a marca de cerveja.


Bolsa de Pesquisa

Fiquei bem contente com a notícia que li no blog do Christofoletti: um projeto da Zeca Baldessar foi um dos nove selecionados pela UOL Bolsa de Pesquisa, para incentivar o desenvolvimento de tecnologias e conhecimento de ponta sobre a internet. Ela vai pesquisar O leitor e sua relação com três características do jornalismo online: a interatividade, hipertextualidade e a multimidialidade.

Crônicas da Regina

Há poucos meses ela se despediu da blogolândia pra se dedicar a escrever em voos de mais fôlego. Mas deve ter conseguido um bom arranjo no seu tempo, porque voltou! Agora em novo endereço, Regininha Carvalho compartilha com os amigos e admiradores suas crônicas saborosas sobre livros, causos, pão, artes domésticas, caminhadas, nuvens outonais e muito mais. Que bom!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Travessuras da menina má

Terminei de ler - ou melhor, devorei - Travessuras da menina má, de Mario Vargas Llosa. Lindíssimo e triste também. É a história de um tradutor peruano apaixonado desde a adolescência por uma mulher. Mas eles são muito diferentes. Enquanto Ricardo é romântico e se satisfaz em levar uma vida tranquila na capital francesa como intérprete da Unesco, a mulher - que tem vários nomes - é ambiciosa, quer a todo custo sair da pobreza se casando com homens de dinheiro. Os anos vão passando e os dois se encontram em várias ocasiões, em diversas cidades do mundo - primeiro em Lima, depois Paris, Londres, Tóquio, Madri... A relação entre eles é estranha e dolorida porque ela o faz de gato e sapato, mas ele continua cada vez mais apaixonado.

Pelo caminho, o narrador - que conta a história em primeira pessoa, de forma linear - vai entremeando relatos sobre os momentos históricos que viveu, como os anos revolucionários em Paris nos anos 60, a swinging London dos hippies nos 70, a Madri em efervescência política da redemocratização dos anos 80. Também passam pela narrativa alguns grandes amigos dele e breves relatos das mudanças no Peru: golpes de estado, terrorismo do Sendero Luminoso, urbanização e favelização das grandes cidades. É um romance tocante sobre encontros e desencontros, sobre solidão, sonhos e buscas existenciais. Dos livros de Vargas Llosa que li até agora (os outros são Conversa na Catedral e Quem matou Palomino Molero?), achei o melhor.

Dez contos de humor

Na terça-feira 31 de março a partir das 19h, na livraria Saraiva do xópim Iguatemi de Floripa, o amigo cartunista, escritor, roteirista da Globo e torcedor do Criciúma Zé Dassilva autografa o livro Dez Contos de Humor, escrito junto com outros nove piadistas. Em São Paulo o lançamento vai ser nesta sexta 20, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

"A ideia é do Marcio Trigo, autor de livros infantis e diretor de TV na Globo, que inventou de criar a editora Mirabolante", conta o Zé. Trigo vem ao lançamento de Floripa junto com outra coautora, Patricia Mellodi, que também é cantora e vai fazer um show no mesmo local no dia seguinte. O próximo lançamento já tá na gráfica e terá textos policiais, também com um conto do Zé.

Caravana da Anistia

A programação da Caravana da Anistia em Santa Catarina, repassada pelo Prudente Mello - membro da comissão da anistia do Ministéro da Justiça -, está no blog do Josemar. Entre as atividades previstas está o julgamento dos processos de perseguidos políticos de SC.

terça-feira, 17 de março de 2009

Espírito de Porco

Está quase pronto o Espírito de Porco, minha primeira experiência autoral atrás das câmeras. É um videodocumentário de 52 minutos sobre os impactos da suinocultura industrial em Santa Catarina, do ponto de vista "suinocêntrico" - a história é narrada por um porco que já morreu. Divido a direção com Chico Faganello e o roteiro com ele e a irmã, Eliane Faganello de Som. Lícia Brancher fez a produção executiva e musical e Cíntia Bittar, a edição. O projeto ganhou o prêmio Cinemateca Catarinense de 2005 e foi filmado entre 2006 e 2008, com 60 mil reais. Estamos finalizando os letreiros e a mixagem do som. Hoje o Diário Catarinense publicou uma reportagem da jornalista Alícia Alão sobre o filme.

Mergulhar no universuíno e no fazer cinematográfico documental foi uma experiência marcante. Construímos um roteiro aberto - redigido à medida que filmávamos -, a partir de algumas premissas básicas: a de que o porco é um injustiçado por atribuírem a ele responsabilidade sobre a poluição provocada pelos humanos; e que é preciso repensar essa atividade, considerando o bem-estar animal, o respeito ao meio ambiente e as técnicas adequadas de manejo, desde a alimentação e o espaço adequado até a destinação dos dejetos. Na verdade, essa transformação já está em curso, com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público e os produtores, mas ainda há muito o que fazer para que o porco possa voltar a ser feliz.

Nosso filme não tem a pretensão de ser um panfleto, nem de discutir com profundidade todos os complexos aspectos da suinocultura. A intenção é jogar uma luz sobre uma atividade que pouca gente conhece e mostar que o porco está presente na vida de boa parte das pessoas - do presunto ao aglutinador de cabeças de palitos de fósforo, da insulina à feijoada, da gelatina às válvulas cardíacas, o animal é utilizado para fabricar mais de cem produtos. É uma reflexão filosófica, com pitadas de humor, sobre a vida e a morte. E sobre a "coisificação" de gentes e bichos. Pelo caminho, abordamos de passagem a relação entre a grande indústria e os pequenos produtores, a mudança nos hábitos alimentares, o forte vínculo cultural dos catarinenses do Oeste com a suinocultura. A estréia vai ser ainda este semestre.

Arte: Frank Maia, da série de ilustrações para a coluna Fala Mané, de Aldírio Simões.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Europeana



Um presentão pros internautas: está aberta ao público - ainda em versão beta, sujeita a instabilidades - a Europeana, biblioteca multimídia online da Europa, com acervo cultural de mais de dois milhões de obras dos 27 estados-membros da UE, entre imagens, textos, sons e vídeos. A biblioteca conta com material fornecido por mais de mil organizações culturais. Segundo a Comissão Europeia, que lançou a iniciativa em 2005, este é "apenas o começo": a ideia é dar acesso a pelo menos 10 milhões de obras até 2010.

O quadro acima é Jardin à l'automne, óleo sobre tela pintado em 1888 por Vincent Van Gogh, e faz parte do acervo do museu Berggruen, de Berlin.

domingo, 15 de março de 2009

Paradoxos arquitetônicos

O que seria deste blog(ueiro) sem as miguelices e brunitezas?
~
Bruno, enquanto visitava o enorme santuário de Madre Paulina, em Nova Trento:
- O que é isso? Um shopping? Onde tá a escada rolante?
~
Miguel e suas perguntas que não esperam resposta:
- Pai, por que não pode correr em corredor? Devia ser "andador".

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sobre o valor subjetivo das coisas

Reproduzo do dharmalog, sem tirar nem pôr, essa reflexão valiosa. É sempre uma alegria quando percebo que algumas ideias que rumino de maneira tosca já foram aperfeiçoadas por pessoas mais evoluídas.

“É meu valor subjetivo pelas coisas que transforma um simples objeto num objeto de valor especial, um objeto peculiarmente importante pra mim. Torno-me apegado a tais objetos apenas porque me rendo a eles, não porque eles se prendam a mim. Nenhuma casa me prende, eu me prendo à casa por causa do valor subjetivo que projeto nela. Objetos não me pegam e prendem. Eu os prendo. A prisão está em mim mesmo, em meus valores subjetivos baseados na incapacidade para compreender as limitações dos objetos, sua impossibilidade de me preencherem. Quando compreendo, a prisão desaparece e vejo a coisas como são. E este estado de ver é chamado indriyartheshu vairagyam, desapego em relação aos objetos dos sentidos”.
~ Swami Dayananda Saraswati, em “O Valor dos Valores” (Vidya Mandir, 1988)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Mais um cronista de segunda

O título deste post é uma brincadeirinha com meu amigo e ex-colega de faculdade Norberto Well, que a partir deste mês publica às segundas-feiras suas crônicas no caderno Anexo de A Notícia. A crônica, esse gênero literário falsamente "menor" - como estão aí pra comprovar as obras-primas de Rubem Braga e Fernando Sabino -, requer capacidade de observação arguta das miudezas do cotidiano, naquilo que elas têm de humor e poesia. Sem falar no indispensável domínio do idioma e de certos recursos narrativos. Norberto acumula esses predicados e é um grande contador de histórias. Quem puder acompanhá-lo vai comprovar. Dois aperitivos:

Esse é do tempo do trema (sobre a reforma ortográfica e as armadilhas da língua)

Flores do perdão (uma aventura urbana para satisfazer a mulher amada)

Interatividade no dos outros é refresco

A campanha da Skol usando dois artistas da standp-up comedy foi parodiada por um terceiro, censuraram a paródia, mas o tiro saiu pela culatra...

terça-feira, 10 de março de 2009

A excomunhão da vítima já virou até cordel

Recebi da Marli Henicka e passo adiante.

A VÍTIMA É QUE FOI EXCOMUNGADA!!

( Por Miguezim da Princesa * )

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

(*) Poeta popular, Miguezim de Princesa, é paraibano radicado em Brasília.

Blog da vez: Wordboner



Cheguei ao Wordboner, blog de Peter Sebastian, por uma dica do Inagaki. Muito bom! Eu já tinha visto esses trabalhos antes em algum lugar, provavelmente sem crédito, que é a única coisa que o autor pede a quem quiser republicar suas frases e artes gráficas inspiradas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Chegadas: Alice!

Eba!! Nasceu hoje por volta do meio-dia, na Maternidade Santa Helena, em Floripa, a Alice, filhota da Anninha e do Frank (o autor das charges que vivo publicando aqui). Veio miudinha, com 1,950 kg, e vai ter que ficar uns dias na incubadora pra crescer. Mãe e filha estão bem. E o pai, babão, tá passando SMS pra todos os amigos. Fiquei super ansioso e agora tou muito feliz. Longa e bela vida pra você, Alice!

* Alice é um anagrama de Celia, a queridíssima mãe do Frank, que nos deixou há pouco mais de um ano e meio. Onde quer que ela esteja, tá sorrindo agora.

sábado, 7 de março de 2009

Versão literal

O post mais divertido da semana é do Alexandre Gonçalves, do Coluna Extra, sobre vídeos com a versão literal de uma música dos Beatles, uma do A-ha e uma dos Monkees. Adorei.


A saideira do Frank antes das merecidas férias.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Os cliques de Pedro Martinelli

Pra quem gosta de Amazônia, futebol, viagens e boas histórias, chegou o blog do fotógrafo Pedro Martinelli, um mestre do fotojornalismo. Ouro puro!

[dica da Tati Cardeal, uma fera em fotografia social]

quinta-feira, 5 de março de 2009

A degradação da cidade dos remendos (2)

O irmão do Fabrício - não sei o nome - enviou uma bela mensagem de resposta ao e-mail dele, que o Fabrício compartilha com a gente e tomo a liberdade de reproduzir aqui, já que nem todos clicam no link dos comentários:

(...) O que eu sei é que após viver por um tempo num lugar onde o HUMANO é a medida das coisas, fica difícil voltar para um lugar (qualquer que seja, Florianópolis, Rio de Janeiro, Cidade do México, Pequim, etc.) em que o HUMANO é a moeda de troca para outras coisas: corruptelas, estelionatos, sequestros, mais-valia abusiva, etc. E o pior de tudo é ver que a morte está banalizada não só pelos assassinos, mas pela imprensa, pelos leitores, pela polícia que, por exemplo, quando descobre que a vítima supostamente tinha envolvimento com o tráfico, acha que está tudo bem, que não merece a devida investigação, que foi uma limpeza. Isso é eugenia em pleno século XXI. A VÍTIMA FOI MORTA COM UM ANIMAL, EM PLENO CENTRO DE UMA CIDADE, COM DIVERSAS PESSOAS ASSISTINDO O SACRIFÍCIO E, NO OUTRO DIA, ACHANDO NORMAL TOCAR SUAS VIDAS COMO OUTRORA. Perdemos a dimensão do HUMANO. Isso eu não tenho dúvida. Agora o que eu não quero é assumir que somos todos BESTAS.

A degradação da cidade dos remendos

Recebi por e-mail do Fabrício Boppré, leitor do blog que está vivendo no exterior, esse desabafo sobre a degradação de Floripa. Sua indignação tem minha total simpatia e expressa o sentimento de muita gente que vive aqui.

Todo dia agora eu leio duas ou três notícias assim, ocorridas aí na nossa cidade. Destaco essa porque aconteceu ali nas ruas onde passei uma infância tranquilíssima e maravilhosa, e onde a partir de agosto volto a caminhar diariamente. Ou não.

Enquanto isso, nossos governantes (que NÓS elegemos) só falam na copa, no congresso de turismo, no evento de mágica... 1 bilhão para isso, 15 milhões para aquilo. É como se Fpolis fosse Amsterdã, não há problemas de ordem HUMANA, então façamos da vida uma celebração. Quando algum problema que não pode mais ser empurrado com a barriga exige ação, então cria-se um viaduto remendado aqui, direciona-se um esgoto para uma praia menos famosa ali, aumenta-se um imposto acolá, cria-se uma comissão para estudar como os presos de um cadeião super-lotado escapam pela porta da frente, e toca o barco, dá de enganar o povo na boa. E a cidade REAL, lentamente, vai se transformando numa miniatura de São Paulo (pelo caos urbano) com Rio de Janeiro (pela insegurança).

Aqui do exílio, tenho saudades da cidade à beira-mar e da ilha onde cresci, mas pelo visto, é uma saudade que eu, ou nós, carregaremos pelo resto de nossas vidas... (sou pouco afeito a sentimentalismos, mas dada a variedade de pessoas que receberão este e-mail, melhor dizer isso do que o que eu realmente queria dizer, "somos um bando de otários que adora eleger aqueles que têm a maior capacidade possível de nos FODER e de DESTRUIR a médio prazo nossa cidade").

abraços,
Fabricio

A farra das passagens e o homem da mala

Mais um "homem da mala" na política brasileira. A reportagem do Congresso em Foco é do amigo Lúcio Lambranho, repórter dos bons, que está sempre farejando histórias quentes (no ano passado ganhou um Prêmio Herzog). Congresso em Foco agora tem como diretor de redação o brilhante jornalista Eumano Silva (coautor do livro-reportagem Operação Araguaia). É um oásis de jornalismo investigativo em meio à pasmaceira geral da mídia reprodutora de releases.

Câmara paga passagem de colaborador de Fernando Sarney

Polícia Federal investiga um misterioso bilhete aéreo usado por ex-assessor do Senado para levar mala até São Paulo

Lúcio Lambranho

As investigações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal (PF), chegaram a uma inesperada conexão no Congresso. Um ex-assessor do Senado vigiado pela PF levou uma mala de Brasília para São Paulo, no dia 19 de julho do ano passado, a pedido do empresário Fernando Sarney. A Câmara pagou a passagem, emitida nas cotas dos deputados Carlos Abicalil (PT-MS) e Valadares Filho (PSB-SE).

O homem seguido pela PF se chama Marco Antônio Bogéa. Além de colaborador de Fernando Sarney, Bogéa foi funcionário terceirizado na função de assistente de produção da TV Senado entre os dias 16 de junho de 2004 e 13 de junho de 2007. A descoberta da PF mostrou um pouco mais do complexo mundo do sistema de cotas das passagens aéreas disponível aos parlamentares. Os delegados responsáveis pelo caso acabaram revelando o uso indevido das cotas. (...)

15 idéias


15 idéias de Adão Iturrusgarai para um mundo mais supimpa.

Leão, Leão, Leão...


...és o rei da criação.

Sport vence a LDU por 2 x 0 e é o líder da Libertadores, com 100% de aproveitamento até agora. A LDU, do Equador, foi a campeã do ano passado.

Conta o UOL:

"Só o Sport jogava. Assim como na estréia, contra o Colo-Colo, em Santiago, o time pernambucano ficava com a bola a maior parte do tempo e, o mais importante, geralmente no campo de ataque. A LDU assistia passiva à boa exibição rubronegra e sempre esbarrava na boa marcação realizada pelo sistema defensivo".
Esse Leão ainda vai trazer grandes alegrias em 2009.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Da série 'Recuerdos de meus tempos de foca'

Depois de uma entrevista trivial com um empresário nordestino da construção civil, o homem puxou o talão de cheques e me perguntou quanto tinha custado. Eu respondi que era de graça, aquilo era meu trabalho como repórter do jornal. Ele comentou, enquanto guardava o talão: "Lá em Fortaleza uma colega sua me cobrou mil". Detalhe: eu tava completamente liso naquele dia.

* Foca, no jargão dos jornalistas, é quem está iniciando na profissão.

A eterna rivalidade Brasil x Argentina


Mais uma genial do meu amigo que já virou figurinha assídua neste blog.

O ufanismo e a última flor do Lácio

Alex Castro no blog Liberal, Libertário, Libertino (que completa seis anos hoje e é uma das leituras mais interessantes da blogolândia brasileira, concorde-se ou não com suas opiniões), sobre ufanismo linguístico:

- Ninguém precisa considerar sua língua a mais rica ou a mais linda do mundo para amá-la. Só os idiotas.
Concordo com a crítica ao ufanismo, mas é claro que achar uma língua bonita ou feia é uma avaliação estética não necessariamente ligada a ufanismo. Os idiomas são muito mais que ferramentas. Três línguas que acho lindas: italiano, tcheco, japonês. E duas que acho feias (faladas): húngaro e alemão (mas curti muito a Alemanha e a Hungria).

terça-feira, 3 de março de 2009

Pílulas de início de março

Hoje é a primeira aula de judô do Miguel. Ele tava super ansioso por este dia. E um pouco preocupado por causa de um dente de leite mole.
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O domingão escaldante foi enfrentado com banho de mangueira no gramado do quintal. Ontem fez 35 graus em Floripa, com sensação térmica de 45.
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Enquanto isso, no Alasca, ninguém aguenta mais o frio e a neve, me conta um cara com quem joguei xadrez online pelo ótimo chess.com
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Esses dias, vi:
Valsa com Bashir, animação israelense de 2008 sobre as memórias de um soldado que lutou na guerra do Líbano em 1982 e presenciou o massacre de Sabra e Shatila. Lindo e triste.

North by Northwest, thriller de ação e espionagem filmado em 1959 por Hitchcock, com Cary Grant no papel principal. O mote é uma confusão de identidade - isso depois virou clichê.

Burn After Reading, dos Coen (2008), com John Malcovich, Brad Pitt, Frances McDormand, George Clooney. Comédia - que no começo se finge de séria - sobre segredos da CIA. Diferente.
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Lendo (entre outros): Laowai, livro da jornalista Sônia Bridi sobre os dois anos em que passou na China. Delicioso, informativo e bem-humorado. Sônia, seus leitores querem mais!


Talento + senso de oportunidade = jornalismo de primeira.

domingo, 1 de março de 2009