Intuição
Uma vez consegui alugar um apartamento na Trindade de uma maneira inusitada. Tava procurando o dia todo e nada. No fim da tarde, vi um velhinho sair da padaria com um saco de pão na mão e resolvi seguir o cara. Ele entrou num prédio, eu fui atrás. Caminhou até o último bloco e subiu quatro andares, eu subi. Entrou num ap e, quando a porta se fechou, eu toquei a campainha. Atendeu a mulher dele. Perguntei se ela sabia de algum ap pra alugar. Ela disse: "Que coincidência! Quero alugar o meu e ainda não anunciei em lugar nenhum. Entre!" Fechamos negócio.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Reblogando-me: 6 de Fevereiro de 2003
Trezentas árvores
Eu caminhava pelo quintal com Miguel. Comentei que lá nos fundos nós vamos, um dia, construir uma edícula pra instalar um pequeno escritório e uma área de serviço. Pra isso, íamos ter que sacrificar duas ou três árvores do nosso bosquezinho. Ele olhou pra elas e começou a chorar.
Por um instante me senti um ser abominável. A vontade que me deu foi dar um abraço apertado nele e dizer "é mesmo, filho, quem precisa de escritório e de área de serviço?" Mas segui com minha lógica de adulto utilitarista.
Expliquei que às vezes é preciso derrubar árvores pra usar a madeira ou construir. E que podíamos compensar replantando. Ali mesmo já tínhamos plantado várias, como o nim e o pé de araçá. Mas ele não se convenceu. Aí eu disse que, pra cada árvore derrubada, vamos plantar dez.
- Dez não. Cem!
- Tá bom. Cem.
Ele enxugou as lágrimas e continuamos o passeio. A conversa reforçou meu sentimento de que há esperança pra humanidade. Quem virá depois será muito melhor que nós. Então deixo registrado aqui o meu compromisso com o planeta e com meu fiote: plantar no mínimo trezentas árvores.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Roteiros do Brasil
Ajudei a editora Letras Brasileiras nessa série de publicações impressas sobre turismo no Brasil, que agora estão na internet. Boa viagem.
Poemas de Paulo Leminski
Dica quente do @inagaki: Poemas de Paulo Leminski. Aí vai um.
Por um lindésimo de segundo
tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu
tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas
[do livro Distraídos Venceremos]
domingo, 28 de setembro de 2008
Figueiredos, bajulações e cachoeiras
Acabo de esbarrar numa informação que me leva a fazer uma dupla errata na nota que escrevi em 7 de agosto sobre nomes de cidades. Segundo o portal da Amazonastur, órgão oficial de turismo do estado do Amazonas, o município de Presidente Figueiredo recebeu este nome em homenagem ao primeiro presidente da antiga Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha. E não em homenagem ao último presidente da ditadura recente, como eu imaginava. Mas na verdade foi um jeitinho. O princípio do puxa-saquismo a que me referi continua valendo, pois como lembra o verbete da Wikipedia:
(...) Inicialmente a idéia era homenagear exatamente o presidente da República, contudo este não aceitou que o município recebesse seu nome. Daí lembraram-se do ex-presidente do período colonial imperial, e o nome pôde ser oficializado. (...)Outra correção: a cidade não fica no Alto Rio Negro, e sim na margem da BR-174, ao norte de Manaus, como mostra o mapa. Preciso conhecer esse lugar. Tem mais de cem cachoeiras.
Dois blogs de fotojornalistas
Dois blogs criados faz pouco por amigos fotojornalistas, Júlio Cavalheiro e Hermínio Nunes. Grande presente pra quem curte foto e arte.
sábado, 27 de setembro de 2008
Demissão e posse
A nova diretoria do Sindicato dos Jornalistas de SC, que toma posse hoje, decidiu demitir a Luciana Simas, que há 15 anos desempenha a função de secretária com dedicação, gentileza e competência - é praticamente uma unanimidade entre os colegas. Recebi ontem uma carta de despedida dela, dirigida aos jornalistas sindicalizados. Emocionada, sem ressentimento, ela se diz esperançosa no futuro. Não questiono o direito que a nova gestão tem de contratar ou mandar empregados embora. Mas quanto à conveniência ou sabedoria dessa decisão, é outra história.
Minha visão sobre demissão foge do senso comum: acho que, mesmo quando injusta, deve ser considerada um presente na vida. Ensina desapego, abre horizontes pra novos ambientes e pessoas. Sob esse aspecto vai ser muito bom pra ela. Por outro lado, com certeza a entidade perde muito, e não só no aspecto administrativo. Em 22 anos de profissão, me habituei a lidar com a Luciana nas mais diferentes circunstâncias - de emissão de carteira internacional a rescisões de contratos de trabalho, de lutas sindicais a confraternizações festivas. Só tenho elogios à sua honestidade e dedicação. Ela ama o que faz.
Um ciclo se encerra no Sindicato. A diretoria que assume agora enfrentou uma desgastante polêmica pré-eleitoral que rendeu manifesto advertindo para o risco da transformação da entidade em braço de partido político (não assinei, mas comentei o racha aqui); teve também contra-manifesto. Somando A + B, tudo leva a crer que esse é o contexto que levou à demissão da Lu. Mas por quê? Cá de minha rede, com limitado ângulo de visão dos bastidores, observo ressabiado e aguardo transparência.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Cem anos de Cartier-Bresson
No dia 22 de agosto, o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson estaria completando cem anos - ele morreu em 3 de agosto de 2004. Encontrei no Bitaites um link pra uma boa entrevista com o pai do fotojornalismo moderno, feita em 1996 pela jornalista e crítica de arte Sheila Leirner para O Estado de S. Paulo.
Inspirador de mais de uma geração de profissionais da imagem - e de uma legião de diletantes como é meu caso -, Cartier-Bresson detestava a celebridade e se considerava um libertário: "A notoriedade como fotógrafo é uma forma de poder que eu recuso".
A fotografia, como meio em si, não o interessava, e sim a vida e o meio imediato para transcrevê-la: "A máquina fotográfica é um caderno de croqui, é o desenho imediato, com a sensibilidade, a surpresa, o subconsciente, o gosto pela forma". Dizia também que fotografia não se aprende, que o contato excessivo com a máquina é a preguiça do olho.
No Google Images dá pra conferir uma ampla amostra do trabalho desse artista brilhante.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Coleção de negativas (2)
Yoani Sanchez é uma personalidade admirável. Sua crônica eloqüente do cotidiano em Cuba, crítica sem perder o bom humor, foi amplificada de tal forma pela blogosfera que a mera negação de liberdade pra seu corpo cruzar fronteiras passa a ser de uma bizarrice cruel, inútil e burra. O sorriso dela, implícito em seu texto, me lembra Thoreau em Desobediência Civil, no trecho sobre a noite que ele passou na prisão por se recusar a pagar impostos que financiavam a guerra ao México e o regime escravocrata:
"Não pude deixar de sorrir perante os cuidados com que fecharam a porta e trancaram as minhas reflexões - que os acompanhavam porta afora sem delongas ou dificuldade; e o perigo estava de fato contido nelas. Como eu estava fora do seu alcance, resolveram punir o meu corpo; agiram como meninos incapazes de enfrentar uma pessoa de quem sentem raiva e que então dão um chute no cachorro do seu desafeto. Percebi que o Estado era um idiota, tímido como uma solteirona às voltas com a sua prataria, incapaz de distinguir os seus amigos dos inimigos; perdi todo o respeito que ainda tinha por ele e passei a considerá-lo apenas lamentável."Coleção de negativas (1)
Anotação de leitura: Thoreau e a máquina
(...) Se a injustiça é parte do inevitável atrito no funcionamento da máquina governamental, que seja assim: talvez ela acabe suavizando-se com o desgaste - certamente a máquina ficará desajustada. Se a injustiça for uma peça dotada de uma mola exclusiva - ou roldana, ou corda, ou manivela -, aí então talvez seja válido julgar se o remédio não será pior do que o mal; mas se ela for de tal natureza que exija que você seja o agente de uma injustiça para outros, digo, então, que se transgrida a lei. Faça da sua vida um contra-atrito que pare a máquina. O que preciso fazer é cuidar para que de modo algum eu participe das misérias que condeno. (...)Henry David Thoreau, A desobediência civil, 1848.
10 to 100th
Bela iniciativa do Google o Projeto 10 to 100th. A empresa se propõe a investir 10 milhões de dólares e colocar em prática projetos para transformar o mundo ajudando o maior número possível de pessoas. Inscrições abertas até 10 de outubro.
Coleção de negativas
A blogueira cubana Yoani Sanchez teve novamente negado um visto de saída para viajar à Europa. E comenta:
Hay quienes tienen una pared llena de diplomas o la camisa se les tensa bajo el peso de las medallas. Héroes que acumulan cicatrices y ciudadanos que acopiamos frustraciones. Para no quedarme atrás en esas manías generalizadas de coleccionar, trato de hacer mi propio muestrario de algo. Recopilo negativas de viajes, papelitos que repiten no puede salir “por el momento” y boletos de aviones aplazados. (...)
Trinta e sete idéias para ganhar tempo
Fiz esta lista no ônibus de casa pro trabalho. Talvez algumas dicas lhe sirvam. O principal objetivo, no meu caso, não é ganhar produtividade no sentido utilitarista, e sim ampliar as oportunidades de ócio. O que pode render outra lista até mais interessante, "idéias para aproveitar o tempo ocioso". Se você quiser acrescentar novos pontos, comentar sobre estes ou dar dicas pra nova lista, fique à vontade.
- Pegar sol/ler/alongar-se/ouvir música enquanto espera o ônibus ou no percurso.
- Lavar louça enquanto a máquina de lavar roupas trabalha.
- Planejar durante a noite as tarefas do dia seguinte.
- Ações simultâneas no micro. Ex.: escrever e fazer download.
- Usar templates e macros pra tarefas repetitivas.
- Mais homebanking, menos agência bancária.
- Débito automático. Não esquecer de conferir pra evitar tretas.
- Pré-agendar pagamentos inescapáveis, tipo IPVA, IPTU.
- Planejar a semana pra ter ao menos um dia livre (computer free).
- Levar lista de compras ao supermercado.
- Começar pelos fundos, com os itens essenciais.
- Fazer reuniões em pé e fechar com decisões.
- Ao volante, alongar-se no sinal fechado.
- Agrupar tarefas. Ex., ler e-mails em certos períodos do dia.
- Escrever uma lista de pendências.
- Manter a lista de pendências sempre curta, atualizada e organizada por prioridades.
- Usar mais vezes o botão "desligar" da tevê.
- Fazer as pausas regulamentares a cada uma hora de digitação.
- Estabelecer um tempo-limite pra sofrer. Ex., não mais de 5 min/dia pra ter pena de si mesmo.
- Dormir bem e acordar de bem com o mundo.
- Reservar alguns minutos do dia pra esvaziar a cabeça de pensamentos e só respirar.
- Nunca perder uma oportunidade de fazer xixi.
- Usar o período do banho pra ter idéias criativas e se auto-examinar.
- Fazer check-ups médicos e odontológicos preventivos com regularidade.
- Andar com um caderninho pra anotar idéias.
- Ações simultâneas na cozinha: esquentar água enquanto descasca cebola etc.
- Deixar a caixa de entrada de e-mails o mais enxuta possível.
- Atacar primeiro as tarefas mais difíceis, depois as mais fáceis.
- Criar filtros no GMail (ou outro) pra catalogar mensagens mais freqüentes com rótulos.
- Usar agenda web sincronizada com o celular.
- Desligar o celular durante reuniões, almoços, cinema etc. (bóbvio ululante).
- Colocar listas de e-mail no modo "mensagem diária" com um resumo do período.
- Desinscrever-se de listas de e-mail de pouco ou nenhum interessse.
- Restringir o tempo de participação em redes sociais.
- Concentrar-se só nas redes mais relevantes.
- Usar leitor de RSS pra monitorar notícias, blogs etc.
- Manter um número enxuto de feeds no leitor de RSS.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Acidente em Rondônia
A vida é incompreensível. Imagine. Você está pescando com um grupo de amigos. Semana maravilhosa. Cinco deles resolvem voltar antes porque têm compromissos. Na estrada, numa curva no meio do nada, acidente. Três morrem na hora. É o que aconteceu na madrugada de sexta-feira em Rondônia com a camioneta onde estava o vice-governador do estado, que sobreviveu com ferimentos leves. Meu cunhado estava na pescaria e foi um dos que voltaram depois, a tempo de se deparar com a tragédia recém-ocorrida. Não, não dá pra imaginar o tamanho dessa dor. Minha solidariedade a todos os parentes e amigos das vítimas, que eu não conhecia, mas com quem me sinto irmanado neste momento.
Prêmio merecido
A Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, coordenada pela Luiza Lins, vai receber a Medalha de Mérito Cultural Cruz e Sousa este ano. Ter trabalhado na assessoria de comunicação do evento foi uma das mais gratificantes experiências profissionais que já tive na área da cultura. Os outros nove agraciados são:
- Nereu do Vale Pereira - sociólogo, economista e folclorista
- Eli Heil - artista plástica
- Cristovão Tezza - escritor
- Asta-Rose Alcaide - presidente da Ópera de Brasília
- Dilor Freitas - empresário ligado à área cultural (in memoriam)
- Cine Clube Nossa Senhora do Desterro
- Grupo Cena 11 - companhia de dança
- Franklin Cascaes - folclorista, escritor, artista plástico (in memoriam)
- Lauro Zimmer - professor
Chegadas: Gabriela
Chegou Gabriela Armendano, filha dos amigos Joice e Leandro. Ela nasceu na Maternidade Santa Luiza, na Praia Brava, entre Itajaí e Balneário Camboriú. Vida longa e feliz pra esse serzinho iluminado.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
A boa notícia do dia
A notícia teve pouco destaque, mas merecia ser celebrada como uma grande vitória nacional contra a servidão: governo proíbe a contratação de empregadas domésticas (ponho no feminino pois são a grande maioria) menores de 18 anos. Segundo o IBGE, 410 mil crianças trabalham como empregadas no Brasil. Muitas são privadas de estudar, sofrem agressões sexuais e recebem salário vil, isso quando recebem. Agora, como toda lei no Brasil, resta saber se vai "pegar".
Tijoladas, grampos e declaração infeliz
Acabo de ler algumas notícias preocupantes no blog do Cesar Valente. Meu ex-colega de faculdade Ozias Alves Jr., editor dos jornais Biguaçu em Foco e São José em Foco Diário, levou uma tijolada na cabeça, jogada pelo filho do vereador Luiz Carlos da Rocha (Carlito), de Biguaçu. E uma fonte do Cesar contou que vários jornalistas da terrinha estão com os telefones grampeados. Como se não bastasse, o ministro da Justiça Nelson Jobim atacou o sigilo da fonte, uma garantia constitucional da liberdade de imprensa. A declaração do ministro foi repudiada pela Associação Nacional dos Jornais - ANJ. E o Sindicato dos Jornalistas de SC publicou nota criticando a agressão ao Ozias.
Lula defende união gay
Aplausos pro presidente Lula, que ontem disse isso:
Temos que parar com hipocrisia, porque a gente sabe que existe. Tem homem morando com homem, mulher morando com mulher e muitas vezes vivem bem, de forma extraordinária. Constroem uma vida junto, trabalham juntos e por isso eu sou favorável. Uma coisa que me cala profundamente é por que os políticos que são contra não recusam os votos deles, por que o Estado brasileiro não recusa os imposto de renda que eles pagam? O importante é que sejam cidadãos brasileiros, respeitem a Constituição e cumpram com seu compromisso com a nação. O resto é problema deles e eu sou defensor da união civil.E uma vaia grande pro ministro da Justiça Nelson Jobim, que defendeu a limitação do sigilo de fonte.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Festa de dois anos de Clube da Luta
Confesso uma grande lacuna cultural de tempos recentes: nunca fui a nenhum show das bandas que formam o Clube da Luta. O que conheço delas é pelas conversas com os amigos, de ouvir no rádio (hoje mesmo tive uma canjinha na Udesc FM) e pela internet - o suficiente pra descobrir que a cena musical alternativa de Santa Catarina está recheada de coisa boa.
O surgimento do Clube da Luta coincidiu com minha reentrada no "clube da troca de fraldas", que me transformou num ser diurno. Mas sou apoiador entusiástico dessa idéia de estimular a produção de música autoral. Agora a iniciativa completa dois anos com um festaço. Passo a palavra ao queridíssimo Caio Cezar, um dos cabeças do movimento:
Muitos não acreditavam, outros achavam que era algo passageiro, mas o projeto Clube da Luta SC comemora dois anos de saudáveis disputas nesta sexta-feira (19) com uma mega festa na Célula - núcleo da cultura alternativa em Florianópolis - trazendo apresentações de Carlos Trilha, Clube da Luta All Stars e Superpose.
Criado em Florianópolis no ano de 2006 com o objetivo de movimentar a produção de música autoral de SC, o Clube da Luta SC tem como principal regra: você não faz músicas que não são suas.
Nestes dois anos de história, o projeto tornou-se sucesso de público, com lotação máxima em todas as sextas na Célula, e tem realizado edições extras, como a participação no principal Festival de Música Pop do Sul do País, o Planeta Atlântida, no Festival de Outono da Lagoa e em outras cidades do Brasil, como o Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre. "Aos poucos vamos mostrando a cara da cena musical de Floripa, que apresenta muita qualidade e profissionalismo, é rock com peixe frito" , brinca Ulysses Dutra, membro do conselho do Clube.
O êxito desta iniciativa coletiva de diversos músicos e produtores está ligado à forma como vem se trabalhando as edições do projeto. As 14 bandas associadas trabalham cooperativamente na divulgação da festa, visando somar os públicos. "Hoje as pessoas não estão preocupados com a atração da noite, elas vão ao Clube da Luta ver música autoral, independente de quem seja", afirma Maurício Peixoto, da banda Aerocirco, que complementa: "mesmo que minha banda não toque, nós divulgamos o evento como se fosse pra nós".
Na comemoração desta sexta-feira, as bandas do Clube estarão representadas pelo Clube da Luta All Stars, quinteto formado para tocar as músicas dos grupos que fazem parte do projeto. A noite ainda contará com a apresentação do duo Superpose, que vem se destacando no cenário de música autoral eletrônica do país. Fechando a noite com chave de ouro, o Clube da Luta trás a SC, o músico e produtor, Carlos Trilha, que destilará o melhor do seu novo trabalho, "Retrotech".
Carlos Trilha é natural de Florianópolis, inicio sua carreira com a extinta banda Tubarão, nos anos 80. Já trabalhou com diversos nomes da música nacional, como Léo Jaime, Kid Abelha, Lobão, Leoni, Autoramas, Legião Urbana, onde também produziu e arranjou o último disco solo de Renato Russo, intitulado "The Stonewall Celebration Concert". Atualmente, Trilha acompanha a cantora Marisa Monte na tour do disco Universo Particular.
FESTA CLUBE DA LUTA - ANO 2
quando: 19 de setembro de 2008 - sexta feira
onde: Célula
Ingressos: antecipados a R$ 15,00 - loja guitarland - centro Fplois - rua tenente silveira
CLUBE DA LUTA é: tijuquera - john bala jones - samambaia sound club - missiva - andrey ea baba do dragão de komodo - gubas - coletivo operante - aerocirco - os berbigão - kratera - da caverna - maltines - luciano bilu - luiz meira - gente da terra - e muitos outros!
Som pra criançada
A amiga AnaCris, editora do ClicRBS em Santa Catarina, criou uma estação temática no blip.fm só com colocar músicas pra crianças. E aceita sugestões dos ouvintes. Todo dia tem música nova. Confira em http://blip.fm/criancada
Primeiras letras
Miguel começou a escrever. Ele pede pra gente dizer uma palavra e soletrar. Vai então colocando letra por letra no papel, em maiúsculas, com capricho. Parece que tou me vendo: era bem assim que eu fazia aos cinco anos de idade, em Manaus, num pequeno quadro-negro que meu pai fez pra mim e pro meu irmão. Um universo de maravilhas se abre pra esse menino lindo que um dia desses era um nenenzinho recém-nascido. E agora já consegue redigir cavalo ("é com k?"), ovo, borboleta, gato, azul, mar...
Enquanto isso o Bruno, com a curiosidade de seus dois anos e meio, pega papel e caneta e tenta imitar o mano maior. Uma revista, uma mesa ou uma parede também servem. Aos poucos a casa ganha hieroglifos infantis que os dois espalham com espontaneidade. As canetas desaparecem como que engolidas por um buraco negro. Lembro vagamente de plantar árvores pra compensar o papel consumido nesses momentos mágicos. E rio feito bobo. Emoção de pai que vive das letrinhas, luta com elas, é apaixonado por elas.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Cartazes
Essa vem da Polônia, dica do @OneLag, que recebeu do @flyerz: cinquenta incríveis cartazes de filmes. O do Bebê de Rosemary, o de Apocalypse Now, o de Tootsie e este de Gandhi são meus favoritos.
Dizer e calar
À moda da Ana Paula e suas Certezas biodegradáveis, aí vão algumas Confessions to the keyboard:
Eu já...
- fiquei calado quando devia ter falado;
- falei demais quando devia ter fechado a matraca;
- disse o que queria na hora certa, mas não como devia;
- disse a frase perfeita, mas só duas horas depois, sozinho;
- fiquei em silêncio no instante exato, mas não resisti... e ri. :)
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Recuerdos de Bolívia
Há músicas que nos transportam no tempo e no espaço. Esta primeira me faz rever a gente simples e altiva da Bolívia, as paisagens de montanha, de uma beleza intensa como em poucos lugares encontrei. A segunda, dos mesmos músicos, eu não conhecia. Serendipity.
7a. Semana do Jornalismo
Começou hoje e vai até dia 19 a 7a. Semana do Jornalismo da UFSC. A programação tem filmes (Edifício Master de Eduardo Coutinho, O homem Urso de Werner Herzog, Janela da Alma de Walter Carvalho e João Jardim...), minicusrsos e palestras com vários profissionais, entre eles Marcelo Tas, Cremilda Medina, Arthur Dapieve... Programação completa aqui.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Blip.fm e microcontos musicados
A rede social de música blip.fm é a grande sensação do momento entre meus contatos internéticos. Fui apresentado ao brinquedinho novo há poucos dias e me amarrei. Ao fazer uma busca por palavra-chave de canção ou autor/intérprete, a ferramenta toca a música e você pode comentá-la, criando sua própria "estação de rádio". Também pode ouvir as seleções que seus contatos estão fazendo e elogiá-los com "props", espécie de reconhecimentos positivos.
O Alexandre Coluna Extra Gonçalves, ligeiro que só, imaginou várias aplicações possíveis pra essa ferramenta que à primeira clicada parece um divertimento inútil (ah, como são deliciosos os divertimentos inúteis...). Hoje ele publicou mais uma idéia, sugerida pelo Diógenes Fischer. Aí compartilhei uma experiência que fiz nesta manhã: publicar microcontos musicados, em que as músicas têm vínculo com o conteúdo ou o clima da narrativa.
Alexandre foi adiante. Escreveu um p.s. sobre isso e testou o embed do blip.fm, publicando em seu blog um microconto meu musicado por Gilberto Gil - minha escolha da música foi por causa do "tempo" que tá na micronarrativa, mas veio a calhar, porque Gil tem tudo a ver com as idéias de copyleft, creative commons, combinações sinestéticas. Aí vai o meu teste, com mais um baiano (clique no play para ouvir).
(Repetindo a dica do Alexandre: para “pegar” o código embed de uma música é só clicar em “posted on...” - abaixo do nome da música. Será aberta uma página só com a música e com o código embed disponível.)
Oficina de Conto, primeiro dia
Ontem foi o primeiro dia da Oficina de Conto que a Academia Catarinense de Letras está promovendo no Centro Integrado de Cultura. Achei o formato meio cansativo - a tradicional fórmula de longas exposições, seguidas de debate rápido, que termina rendendo menos do que poderia. Mas sempre se aprende e se revê. O professor Lauro Junkes falou sobre o enredo. A importância do conflito pra mover a história, a tensão que se projeta no leitor. A montagem de ações que forma a sintaxe narrativa. Os princípios de unidade artística: concatenação, verossimilhança, coerência, necessidade. As funções do espaço e da atmosfera na ficção. Cada tópico desses renderia dias inteiros de conversa. Falou também sobre a diluição das fronteiras rígidas entre as diferentes formas de expressão literária: crônica, conto, poema, novela, romance. E fez uma recomendação óbvia, mas muitas vezes esquecida pelos aspirantes a contista: ler os mestres, ler muito. E praticar.
Em seguida os escritores Silveira de Souza e João Nicolau Carvalho falaram sobre seus processos de criação. Gostei especialmente da apresentação de Silveira de Souza, um velhinho simpático e tímido que escreve relatos muito bons. Consultando anotações no papel, ele nos levou ao túnel do tempo de suas memórias de criança, quando descobriu o encantamento da leitura nas obras de Monteiro Lobato, Júlio Verne e depois, Maupassant, Poe, Flaubert, Machado de Assis, Chekov. Lembrou da mesa em que se reunia à noite com os pais e as irmãs pra leituras em voz alta. Contou que dá bastante importância ao ritmo e costuma se inspirar em outras formas de expressão artística, como a música e a pintura. Recordou-nos do ensinamento de Poe, que aponta três características importantes para o conto:
- A narrativa deve provocar no leitor um efeito pré-determinado.
- Deve-se excluir tudo o que não contribui para tal efeito.
- A narrativa deve ser curta, mas não a ponto de impedir que se atinja tal efeito.
p.s.: Ontem fiz um exercício de microconto, mas não sei se me atrevo a mostrá-lo aos acadêmicos. Talvez comentem que "é uma boa idéia a ser desenvolvida"... Enquanto pensam "que sujeito mandrião". Provavelmente têm razão nos dois pontos :)
p.s.2: Falar em mandrião, veja que bela crônica da Regininha!
Água que passarim não bebe
Você bebe água em Floripa? Então vale ler o que Cesar Valente escreve hoje em seu blog De Olho na Capital. Trecho:
(...)
A Casan explicou ao MPE por que os níveis de alumínio estão altos. Leiam, por favor, em voz alta e segurem os queixos, para que não caiam no chão:
“Os representantes da Casan presentes na reunião explicaram que está ocorrendo extração irregular de areia às margens do Rio Cubatão, que abastece a Grande Florianópolis. A irregularidade aumenta a turbidez e dificulta o tratamento, o que levou a companhia, em agosto, a adicionar maior quantidade de sulfato de alumínio, utilizado como coagulante no tratamento da água. Além disso, a companhia explicou que dois dos 12 filtros usados no tratamento da água estão danificados, e que sua recuperação levará três meses.”Pegaram o sentido da coisa? Se não fosse um chato aí de um condomínio ficar insistindo que havia alguma coisa errada na água, se não tivesse sido acionado o MPE, a Casan continuaria, literalmente, tapando o alumínio com a peneira.
(...)
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Recordação de 11 de setembro
No primeiro avião, achou que era filme. No segundo, que era reprise. No terceiro, que começara a terceira guerra. No quarto, se enrodilhou no escuro. E não achou mais nada.
Certezas Biodegradáveis
Eba! Depois de muito relutar, a Ana Paula Lückman criou seu blog, Certezas Biodegradáveis. E nada de linha temática. A intenção dela é escrever em tom "despretensioso, solto e relaxado". E como tamos precisando disso... Presentão pros leitores, Ana!
http://analuckman.blogspot.com
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Oficina de conto
Regininha dá o toque e passo adiante. A partir de amanhã, em quatro encontros às quintas-feiras das 17h às 19h30, no auditório da Academia Catarinense de Letras, vai se realizar uma oficina de contos. Oportunidade boa pra quem se interessa por literatura e quer ampliar os horizontes trocando idéias com profissionais do ofício e fazendo exercícios práticos.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Partidas: SomBarato
Depósito de raridades da música pernambucana e uma das principais plataformas de lançamento e circulação de novos artistas, pareceu um pulo de 2 segundos. Mais uma para o saldo rídiculo do dano criado pelo desespero de gravadoras. (...)O consolo é que, enquanto um é fechado, abrem mais dez, cem, mil.
Mais censura na internet
Outra vez o judiciário exorbita das suas funções, atropela a Constituição e decreta censura prévia. Como se não bastasse, há o agravante da inépcia. A liminar tirou do ar o alvo errado. Quando é que o Supremo vai proibir o uso indiscriminado desse tipo de algemas digitais? Quando censurarem o blog de algum banqueiro?
~
Atualização: depois de uma enxurrada de protestos, o erro foi corrigido e o TwitterBrasil voltou ao ar. O que não significa um ponto final à história, pois o próximo alvo deve ser o próprio Twitter.
Crianças "multitarefas"
Reblogando ótimo post do Rogério Christofoletti, que cita o jornal espanhol La Vanguardia:
O canal televisivo Cartoon Network realizou uma pesquisa com 7 mil usuários de seu site, entre 7 e 15 anos, e chegou a resultados impressionantes sobre os usos e apropriações desses meninos e meninas da tecnologia e de atividades cotidianas. A conclusão mais ruidosa é de que 73% dos sujeitos da pesquisa têm o hábito de combinar o uso de diversas tecnologias ao mesmo tempo, revelando um comportamento “multitarefa”. Realizada todos os anos, a pesquisa Kids Experts acompanha o comportamento infanto-juvenil. (...)
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Trabalho escravo e prêmio internacional
Dois grandes ícones da luta contra o trabalho escravo - a Comissão Pastoral da Terra , vinculada à Igreja Católica, e a ong Repórter Brasil - vão receber o prêmio internacional concedido pela Free The Slaves - The Heroes. Reconhecimento merecido pro trabalho do jornalista e cientista social Leonardo Sakamoto, que coordena a Repórter Brasil.
O Saka nos prestou apoio fundamental em 2004 quando Marques Casara e eu fizemos a reportagem Escravos do Aço, sobre siderúrgicas que se beneficiam com o trabalho escravo em carvoarias da Amazônia. A atuação da ong tem contribuído para a libertação de muitos trabalhadores que viviam confinados nos confins da floresta, e também pra prevenção do crime, reabilitação dessas pessoas e punição dos culpados - o que tem ocorrido mais na esfera civil que na criminal. Mais recentemente, uma série de reportagens dele denunciou o crime no Paquistão.
Outro papel importante da Repórter Brasil tem sido o de articulação política para pressionar pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo (proposta de emenda constitucional 438/2001), que prevê a expropriação de terras onde forem encontrados trabalhadores escravizados. A PEC tramita há sete anos no Congresso e sofre forte oposição da bancada ruralista.
Por Dauro Veras às 10:03 |
Tags: amazônia, ativismo, blogosfera, brasil, direitos, jornalismo, reportagem
Um escritor irremediável
Dia 11, Jeanne Callegari lança em Floripa o livro Caio Fernando Abreu, inventário de um escritor irremediável. Vai ser na Livraria Livros e Livros às 19h. No dia 12, quando Caio estaria completando 60 anos, Jeanne participa em Porto Alegre de uma mesa redonda sobre o escritor (Foyer do Teatro São Pedro, 15h).
~
No tempo de faculdade, fiz um roteiro a seis mãos de um conto do livro Morangos Mofados. Foi meu primeiro contato com a beleza poética da sua obra, que ainda conheço pouco, mas aprendi a admirar.
Viagem ao centro da Terra
Vimos ontem com os meninos Viagem ao centro da Terra em 3D. Maneiríssima a imersão na aventura de Júlio Verne. Há cenas em que a gente viaja junto e treme na cadeira, como a da montanha-russa da antiga mina, as quedas em abismos e o ataque dos peixes pré-históricos. Outras, mais singelas, são igualmente impressionantes, como quando o protagonista sopra uma planta e os dentes-de-leão flutuam pelo ar. Miguel vibrou e ficou falando do filme até à noite. Bruno também curtiu muito. No fim, agarrou firme três óculos 3D e se recusou a a devolvê-los na saída. Abriu o berreiro e o moço do cinema terminou dando os óculos de brinde.
Vida e Saúde
A amiga Cleide Klock estreou um programa novo na RBS TV: Vida e Saúde. Vai ao ar nos sábados às 8h da manhã. Pra quem não tá acordado a essa hora, santa internet dá um jeito. Confirma o primeiro programa.
sábado, 6 de setembro de 2008
Partidas: Fausto Wolff
Foi-se o grande escritor Fausto Wolff. Sempre tive a impressão de que teríamos nos entendido muito bem numa mesa de bar ou numa correspondência jornalístico-literária. Fica pra outra.
p.s.: Há uma história interessante relacionada a Fausto, que ele conta em Confissão de um reles plagiário. Curioso como na Wikipedia isso aparece com tanto destaque quanto seus méritos.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Anotação de leitura: "aquilo" de Conrad
"E agora que acabara de vestir-me, não tinha mais ocupação. Fui invadido por uma profunda aflição. Já se observou que a rotina da vida quotidiana, esse sistema arbitrário de ninharias, constitui um grande apoio moral. Mas acabara de vestir-me, não me restava fazer mais nada dessas coisas consagradas pelo uso e que não ofecerem alternativa. O exercício de qualquer espécie de vontade por um homem cuja consciência se acha reduzida à sensação de que está sendo morto por 'aquilo' não pode deixar de ser insignificante em relação à morte, uma atitude sem sinceridade para consigo mesmo. Não me sentia capaz disso. Foi então que adquiri a convicção de que ser morto por 'aquilo', quero dizer, a absoluta convicção, não era, por assim dizer, nada em si. O horrível era esperar."
Joseph Conrad em A flecha de ouro (L&PM Pocket).
O livro é uma aventura autobiográfica do autor, que em 1876, aos 19 anos, se envolveu no contrabando de armas para as montanhas espanholas por causa da paixão por Doña Rita, uma das lideranças do movimento legitimista. Ele só escreveu o livro quarenta anos depois.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Proposta indecente
Marcelo Träsel, do blog Martelada, comenta a proposta indecente que ele e alguns blogueiros receberam da Abril Blogs. Em resumo, trabalhar de graça pra Editora Abril e ainda conceder licença perpétua de uso dos direitos sobre seus textos.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Aniversários da família: felinos
A Marli Henicka me lembra que hoje é aniversário da sua gatinha tricolor Lili Marlene. Três de setembro foi a data de nascimento estimada pela veterinária quando demos a bichana de presente pra ela e pro Acácio. Isso quer dizer que o Branquito, nosso gato p&b, também aniversaria. Eles são irmãos e apareceram juntos lá em casa há cinco anos. Branquito, apesar de castrado, continua rueiro e comemorou na farra. Está com a cara inchada e foi ao veterinário hoje. O doutor Gustavo disse que deve ter sido uma unhada de gato. Vai ter que entrar no analgésico e no antibiótico. Nada grave pra quem já fincou um anzol de atum na barriga (na época tive que sair às 10 da noite, no meio de um jogo do Brasil, atrás de um veterinário de plantão).
Como apreciador de gatos desde criança, há tempos sei que é balela essa história de os bichanos serem traiçoeiros, frios e desapegados. Tudo depende da maneira como forem criados. Se receberem carinho nos primeiros meses de vida - e depois também -, vão se tornar ronronantes criaturas amorosas. Se receberem pancadas ou nunca tiverem contato físico com gente, se transformam em feras - bem como os humanos, aliás. É curioso como cada animal tem personalidade distinta (a Giorgia, que cria três, e a Aline e o Gustavo são escolados nisso). O Branquito, por exemplo, adora me acordar às cinco da manhã pra que eu abra a porta pra ele sair. É meu despertador felpudo. Também é super apegado nas crianças, até sai pra passear com elas pela rua. E gosta de brincar (às vezes) com a nossa cachorra Tutu.
Ainda não comprei presente, acho que vou dar uma daquelas rações pastosas e caras que raramento compro. Mas o presente que ele mais aprecia é grátis e chega batendo as asas neste princípio de primavera que já se anuncia: os passarinhos. Todo ano, na época em que os penosinhos se reproduzem, ele abocanha vários desavisados enquanto ciscam no quintal. Às vezes conseguimos salvar alguns da boca dele, mas nem sempre. É a vida.
Aniversários da família: gente
Meu irmão Camillo, que mora em Fortaleza, completou 36 anos ontem. Hoje foi a vez da sobrinha Camilla, de Manaus - os dois são jornalistas, a profissão é praga de família. Parabéns duplos pela data. Espero que a gente se encontre logo - em qualquer ponta desse triângulo continental ou pelo meio do caminho.
Rio Madeira Vivo
Recebi do amigo João Alberto, de Porto Velho, a dica pra conferir esse infográfico animado com recursos do Google Earth. Realizado pelo movimento ativista Viva o Rio Madeira Vivo, mostra o cenário tendencial do efeito das hidrelétricas de Samuel e Girau sobre os rios Jamari e Madeira, em Rondônia. Em resumo, é uma catástrofe ambiental anunciada, inclusive com a possível inundação de áreas bolivianas e terras de índios isolados. Independente de sua opinião sobre o assunto, vale conferir.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Blip, a nova febre entre as redes sociais
Num dia em que muito se falou do novo navegador da Google, o Chrome, eu o deixei passar em branco - ainda nem consegui aprender direito todos os recursos do ótimo Firefox 3.0 e tou satisfeito com ele. Em compensação, com umas poucas fuçadas viciei na blip.fm, ferramenta colaborativa em que você é seu próprio DJ. É mais ou menos como no twitter, com a diferença que você faz buscas em músicas, escuta, comenta e compartilha com os contatos. Pode também dar "props", menções honrosas pros seus DJs preferidos, e recebê-las de seus ouvintes. Gostei pelo jeito simples e intuitivo de favorecer a sinestesia. Associar música a impressões, sentimentos e lembranças é mais que uma brincadeira divertida. É um mergulho de cabeça no que fomos, somos e vamos ser.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Amigo, não espere convite
Este post é especialmente dedicado aos amigos. Velhos, novos, novíssimos e os que virão.
Visita inesperada e prazerosa aqui em casa neste domingo, com longo papo regado a vinho tinto e pipoca: Silvio Ligeirinho e sua mulher Ana, paraibana gente finíssima que, como este pernambucano, veio parar em terras sulinas e está aqui há anos. Inevitável a conversa sobre semelhanças e diferenças culturais entre Nordeste e Sul. Falamos da hospitalidade e minha identificação com ela foi instantânea. Tanto Ana como eu lembramos que, nas nossas famílias, é hábito receber as pessoas sem essa formalidade de agendar visita com antecedência. Os chegados simplesmente vão chegando, improvisa-se a comida, busca-se mais bebida se preciso. Lembro que em minha infância e adolescência a família abrigou diversos agregados, às vezes por meses ou anos. Em ocasiões especiais já tivemos 15 ou 20 hóspedes simultâneos, sempre motivo de festa e risadas. Aos meus olhos de criança essa coisa de acolher e ser acolhido pelos amigos, e amigos dos amigos, sempre foi natural. Cresci vivenciando isso.
Quando vim morar no Sul, esse foi um dos maiores choques culturais que tive. Aqui as pessoas, mesmo quando se conhecem há anos, esperam convite pra se visitarem. É raro ligar pra dizer "posso ir aí?" ou "estou indo na sua casa daqui a pouco, tudo bem?". Mais raro ainda aparecer sem aviso. Aliás isso chega a ser considerado uma indelicadeza. Não comento isso pra julgar o que é certo e o que é errado, é só uma constatação: no Nordeste somos muito mais abertos ao contato com a diversidade, com as experiências inesperadas de conviver. Com todos os riscos inerentes a essa maneira de ser. Se a gente pensar bem, a vida é um risco em si mesma. Estar aberto ao contato com outros mundos humanos oferece um potencial riquíssimo de crescimento. Até entendo o hábito de telefonar antes: pode poupar uma viagem em vão se a pessoa tiver saído. Mas esperar convite ainda me parece um tanto estranho. É uma das coisas que mais sinto falta em meus 22 anos no Sul. Tenho amigos maravilhosos aqui, e alguns talvez estejam esperando até hoje que eu os convide - enquanto eu estou esperando que apareçam de improviso, trazendo risadas, vinho e música pros nossos sábados e domingos, e por que não, segundas-feiras.
E se você telefonar e eu estiver ocupado ou sem pique pra ver ninguém, vou lhe pedir pra gente se ver outro dia, na boa. Simples assim. ;)