Li agora no Floripa Adventure do Rogério Magrão Mosimann um post sobre Prêmio Fotógrafo da Vida Selvagem 2008. As fotos vencedoras estão expostas no Museu de História Natural de Londres (digressão: baita lugar pra visitar na capital inglesa), que promoveu o concurso junto com a BBC Wildlife Magazine. Baitas fotos premiadas, em 17 categorias.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Cliques de bicharada
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Ausência
Peço emprestado à Ana Paula o lindo poema de Drummond que ela publicou no blog pra lembrar os 14 anos da partida do pai dela, seu Egídio. Não tive a chance de conhecê-lo, mas deve ter sido uma pessoa maravilhosa. Dedico às minhas ausências, tão presentes.
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e canto e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Carlos Drummond de Andrade)
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
O grito
De madrugada, um grito alto vem do quarto escuro.O marido que estava na sala assistindo filme na TV entra correndo, acende a luz e vê um cara pelado pulando pra fora pela janela.A mulher grita:- Aquele cara me comeu duas vezes!O marido pergunta:- Duas? Por que você não gritou logo na primeira vez?A mulher responde:- Tava tudo escuro ... Eu pensei que fosse você... até que ele começou a dar a segunda... Aí eu achei estranho...
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Célula na sexta
Ulysses deu um toque e passo adiante:
Além dos shows com Coletivo Operante, Missiva e Sociedade Soul (ex-Gubas), haverá a comemoração dos 10 anos do coletivo audiovisual Pintô Sujêra e do Catavídeo - Mostra de Vídeos Catarinenses e aniversário do quirido Caio Cambalhota.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Miguelices: um de cada vez
- Pai, já pensou se a gente nascesse sem dedos?
- Sem dedos?
- É. Aí quando completasse um ano, nascia um dedo. Com dois anos ficava com dois dedos. Com três anos, três dedos...
O menino e as palavras
Um recuerdo da infância do Miguel: ele chamava urubu de ourobu e besouro de bezorro.
domingo, 26 de outubro de 2008
Dom do Espetinho
Inaugurou ontem na Lagoa da Conceição o Dom do Espetinho, bar do meu irmão Leonardo. É o passo concreto em mais uma virada na vida dele: trocar São Paulo por Floripa. Mesmo com chuva que não deu descanso, fizemos uma confraternização gostosa com família e amigos. Muito bom estar com vocês, Vivian, Vanessa e Maria Rosa, Caio Cambalhota, André Gassen, Helô Dallanhol, Rubinho, Frank e Anninha & borboletinha, Neidinha, Alan e Viviane - a aniversariante da noite -, Celso e Lígia e Lina e Elis, Adri, Edilson e Isabel, Marcelo e Vaneska, Sonia, Carlos, dona Nilza... Mestre Augusto Tuyama, com seu sorriso eterno na nossa lembrança, marcou forte presença invisível. O Dom do Espetinho fica ao lado da locadora Videoteca e da casa de forró La Pedrera.
p.s.: Encontrei o Caio ontem à tarde e nosso abraço virou post no blog dele. Aguardo o portrait.
Snyder, o mestre zen
A edição de 20 de outubro da revista New Yorker traz o perfil "Zen Master", feito pela jornalista Dana Goodyear sobre o poeta Gary Snyder, de 78 anos, natural de San Francisco. Budista, tradutor de poemas chineses e japoneses, mochileiro e praticante do montanhismo, Snyder é frequentemente associado ao movimento beat. Ele foi usado como modelo por Jack Kerouac no fascinante personagem Japhy Ryder em The Dharma Bums - publicado em português como Os vagabundos iluminados (L&PM, 2004) e provavelmene o melhor romance de Kerouac.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
O enigma dos urubus
A caminho da natação, Miguel viu um urubu comendo os restos de um cachorrinho. E fez à mãe uma daquelas perguntas que, pra responder, é preciso "pedir ajuda aos universitários":
- Dois urubus irmãos. Se um morrer, o outro come?
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Prêmio Herzog, educação e direitos humanos
A edição 2008 do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos está me dando muitas alegrias. Acabo de saber que a colega Thais Gurgel ganhou menção honrosa na categoria revista com a reportagem Inclusão, só com aprendizagem, publicada em outubro de 2007 na revista Nova Escola (com fotos da minha amiga Tatiana Cardeal e colaboração de Débora Didonê e Paulo Araújo). É a mesma categoria em que ganhei menção honrosa no ano passado com a reportagem Madeira e sangue, sobre mutilações de trabalhadores na indústria de móveis. Fiquei especialmente feliz - e a Thais também - porque é um reconhecimento importante de que educação inclusiva tem tudo a ver com direitos humanos. A premiação vai ser no dia 27 em São Paulo.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Coisas da Suíça
O amigo Geraldo Hoffmann, morador de Berna e jornalista na empresa de comunicação multimídia Swissinfo, é um dos três autores do recém-lançado blog Coisas da Suíça, que traz informações e curiosidades sobre esse país tão parecido com o Brasil :) . O blog é em português.
Reprise no DVD: Fargo
Esta semana revi Fargo (Joel e Ethan Coen, 1996), um dos filmes dos anos noventa dos quais tenho maior recall. Resumo da história, baseada em fatos reais: policial grávida de sete meses (Frances McDormand, brilhante) investiga uma série de homicídios. Tudo começou com o sequestro de uma mulher, encomendado a dois bandidos pelo próprio marido (William Macy, genial) pra tirar dinheiro do sogro rico. A fuga dá errado e o plano degringola. A paisagem é de um branco intenso de neve e frio.
O que à primeira vista parece mais um filme policial clichê se revela uma leitura criativa sobre a banalização da violência e as fraquezas humanas. Desta vez - não lembro se da primeira também - me chamaram a atenção os toques de humor sutil: o sotaque caipira dos policiais, a dificuldade de comunicação entre os bandidos - um deles (Steve Buscemi), sempre referido pelas testemunhas como um sujeito engraçado, ninguém sabia por quê -, os sentimentos de inferioridade, cupidez e insegurança do marido. Belo filme.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Patagonians
Yan e Vanessa acabam de voltar da Argentina e Chile. Este clique ele fez em Puerto Natales, extremo sul do Chile.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Yasaí Biojóias
A amiga e talentosa artesã Adriane Adratt, catarinense de Brasília, tem marcado presença tripla na internet: sua Yasaí Biojóias agora tem um blog. Neste vídeo no youtube, Adri mostra um pouco do trabalho dela, inspirado na natureza do Cerrado. E na sua loja virtual as peças estão à venda.
O sonho do Botelho, marido da artista, é que uma horas dessas ela possa sustentá-lo, aí ele vai passar os dias contando milonga pros amigos no Senadinho ou no Mercado de Floripa. Enquanto isso, alimenta seu blog Botelheco com pérolas do anedotário político e jornalístico.
p.s. A propósito, quem desenhou a linha que separa artesanato de arte?
domingo, 19 de outubro de 2008
Ele gosta e eu também
Rise up this morning
Smile with the rising sun
Three little birds
By my doorstep
Singing sweet songs
Of melodies pure and true
Sayin',"This is my message to you"
Saying don't worry about a thing
'Cause every little thing
Gonna be all right
(...)
Chuva e sol 2
A vó, chamando o sol:
- Santa Clara clareou
São Domingo alumiou
Vai chuva, vem sol
Vai chuva, vem sol
Miguel, do contra:
- Santa escura escureou
Santa escura escureou
Vai sol, vem chuva
Vai sol, vem chuva
Chuva e sol
- Filho, que tal ir brincar no quintal?
- Não quero.
- Aproveita que parou de chover. Depois, quando chover, você vai querer ir pra fora e vai ter que ficar dentro de casa.
- E você, por que não pára de trabalhar e vai brincar no quintal? Aí quando chover você trabalha.
- Mas preciso entregar um texto até as cinco horas.
- Às duas você trabalha.
- É... Faz sentido. Vou ali com vocês um pouquinho.
~
- Taí a chuva de novo, bem que eu disse.
- Eu brinquei.
- Eu também.
sábado, 18 de outubro de 2008
A obsessão por crescimento
A revista britânica New Scientist desta semana traz reportagem de capa defendendo uma coisa que vem sendo martelada há tempo pelo movimento ambientalista, mas que os timoneiros globais fazem questão de ignorar: a obsessão por crescimento está matando o planeta e precisa ser revista. Li um resumo aqui. Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, de Londres, levanta uma questão instigante:
"Só foi preciso alguns dias para que os governos da Grã-Bretanha e dos EUA abandonassem décadas de doutrinas econômicas para tentar resgatar o sistema financeiro de um colapso. Por que tem que demorar mais para introduzirem um plano para deter o colapso do planeta trazido por uma conduta irresponsável e ainda mais perigosa chamada obsessão pelo crescimento?".Arrisco dois palpites como resposta: ganância e acomodação. Movem-se fortunas para salvar o sistema financeiro do colapso porque a idéia é não deixar a zona de conforto. É para que os ricos continuem ricos e o sistema continue a se mover como tem sido até agora. Um esforço proporcional na direção de uma mudança para uma economia planetária sustentável exigiria desprendimento, altruísmo, revisão profunda de valores. Isso só vai acontecer quando a água começar a bater na bunda dos ricos. E aí talvez seja tarde.
p.s. Contraponto: pra quem ainda não viu, recomendo este vídeo do genial (e "politicamente incorreto") humorista americano George Carlin (1937-2008), Save the Planet. Ele ironiza a obsessão dos ambientalistas em "salvar o planeta". Reflete que o planeta vai relativamente bem, pois já resistiu a cataclismos bem maiores. Nós humanos é que estamos prestes a ir embora.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Encurtando caminhos
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Mais um amigo premiado com o Herzog
As matérias:
Corrente (PI): 13 anos de uma tragédia ignorada
(9/jul) Acidente rodoviário com 79 trabalhadores rurais revela uma face escondida do trabalho escravo no país. O repórter Lúcio Lambranho visitou sobreviventes e familiares dos 14 mortos para contar, na série que começa hoje, o drama dos catadores de feijão esquecidos pela Justiça.
Corrente (PI): famílias acusam advogado de ficar com o seguro
(10/jul) Familiares de oito dos 14 mortos em acidente no Piauí denunciam defensor que sacou R$ 40 mil do seguro obrigatório e não entregou o dinheiro aos parentes das vítimas, como Norato Nunes (foto). Processo criminal continua engavetado na Justiça baiana.
Carvoarias impulsionam trabalho escravo no Piauí
(11/jul) Na última reportagem da série sobre a tragédia de Corrente, o Congresso em Foco mostra como a expansão da fronteira agrícola levou o estado a se tornar um dos principais exploradores desse tipo de mão-de-obra no país.
O resgate de uma tragédia
Após 13 anos, autoridades de Direitos Humanos vão investigar a tragédia que matou 14 trabalhadores rurais no interior da Bahia
Transporte de alto risco
Falta de fiscalização e sucateamento de veículos foram principais causas dos 6.486 acidentes no transporte de trabalhadores rurais entre 2004 e 2006
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Prêmio Herzog pra Hermínio Nunes
O repórter fotográfico Hermínio Nunes, do Diário Catarinense, recebeu menção honrosa no Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, pela foto Limpeza da Penitenciária, que mostra através de grades uma "operação pente-fino". Fiquei muito contente com a notícia. Tive a honra de conviver com o Hermínio profissionalmente e em outras situações que envolviam a categoria - ele já foi diretor do Sindicato - e só tenho elogios a essa figura.
A premiação vai ser às 19h do dia 27 no Tuca -Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O Herzog, concedido pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo em conjunto com outras entidades, é um dos prêmios mais conceituados do país. Sua trigésima edição ocorre no marco do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para comemorar a data, no dia 10 de dezembro a ONU vai lançar um saite com o acervo de todas as reportagens premiadas nessas três décadas.
~
Outros textos que publiquei aqui sobre o Prêmio Herzog.
Quem foi Vladimir Herzog e por que ele faz parte da história do Brasil.
Amazônia, nome aos bois: vídeo
O caso da madeira é semelhante. Madeireiras sistematicamente multadas por fazer derrubada ilegal de árvores vendem madeira "esquentada" para grandes empresas como a Tramontina e lojas de alto padrão como Louis Vuitton e Empório Armani. O produto chega ao consumidor final, no Brasil e em outros países, como "madeira certificada". A Sincol, com sede em Caçador, Santa Catarina, é a maior exportadora de portas e janelas da América Latina. Embora afirme em seu site que vende madeira certificada, ela é dona de uma madeireira no MT que está sendo processada por invasão de terra indígena, grilagem de terras, derrubada e armazenamento ilegal de árvores. Procurada pelos repórteres, a empresa preferiu não se manifestar. Uma informação que causou surpresa no público: a Pampa Exportações, uma das grandes compradoras de madeira ilegal no Pará, é presidida por um membro do Conselho de Sustentabilidade do Banco Real.
Chamam a atenção na palestra as desculpas para justificar a participação nessas cadeias predatórias. Algumas empresas alegaram que não tinham conhecimento sobre a conduta de seus fornecedores, embora as informações sobre autuações do Ibama e a "lista suja" do trabalho escravo estejam disponíveis ao acesso público. Houve caso em que os repórteres constataram informação falsa no balanço social. Casara exortou o governo a assumir seu papel fiscalizador e as empresas citadas a romper relações com os fornecedores de produtos ilegais. Sakamoto chamou a atenção para a responsabilidade dos consumidores: "Comprar algo é um ato político". Depois da palestra deles, o gerente do Ibama em Altamira (PA), Roberto Scarpari, explicou como funcionam os processos de esquentamento de madeira.
Dia do Professor
Rogério Cadengue, no jornalismo da UFRN, que me abriu os olhos pro que García Márquez chama de "a melhor profissão do mundo". Na UFSC, Regininha, Kanitz e Gilka, guias na trilha do encantamento pela palavra. Scotto, com quem aprendi sem nunca ter frequentado suas aulas. Gatti, que me abriu as portas pra magia do cinema e da fotografia. Finco, uma luz num momento difícil. Nara, da Aliança Francesa, por seu entusiasmo contagiante. Ademar, paciente copidesque de meus toscos textos de aprendiz no jornal O Estado. Ademir, revisor-chefe e poeta. Miguel de Urabayén, jornalista espanhol. Núbia, chefe de redação do DC que apostou em minhas pautas. Caco Barcellos, por suas palestras e livros inspiradores. Augusto, o sábio mestre sorridente que nos deixou este ano, mas está sempre comigo. Renata e Vanessa, professoras queridas do Miguel; Katiúscia, ex-prof dele que se mudou e deixou saudade. Lu, a babá carinhosa e paciente dos nossos "rapazes pequenos". E tantos outros a quem sou grato, alguns nas salas de aula da vida e de quem nunca soube o nome. Feliz Dia do Professor!
Pacto pela Amazônia
Entre os signatários, informa o Valor Econômico, estão o Pão de Açúcar e o Wal-Mart, a Léo Madeiras, os frigoríficos Friboi e Marfrig, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o Instituto Socioambiental, a Amigos da Terra-amazônia Brasileira, o Greenpeace e o Instituto Ethos. A Febraban foi procurada, mas não respondeu ao convite para aderir.
Ao contrário do que eu imaginava e escrevi ontem, houve boa cobertura da mídia para o estudo sobre empresas que se beneficiam com a destruição da Amazônia. Meu comentário sobre o incômodo que o assunto representa para os grupos de comunicação continua válido. Só que, nas circunstâncias em que foi articulado e divulgado, seria impossível ignorá-lo.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
A destruição da Amazônia: nome aos bois
Vou lhe passar o link pra um estudo que dificilmente terá o espaço que merece na grande mídia, por um motivo simples: suas conclusões são incômodas, contrariam interesses comerciais milionários. As 43 páginas de Quem se beneficia com a destruição da Amazônia (pdf, 9,35 MB), divulgadas hoje à tarde em São Paulo no seminário Conexões Sustentáveis, trazem informações estarrecedoras sobre a voracidade predatória das corporações. Também nos fazem refletir sobre nossa responsabilidade como consumidores. Várias dessas empresas que lucram fortunas às custas do desmatamento ilegal fabricam produtos que provavelmente usamos no cotidiano.
O estudo é iniciativa do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo. Foi realizado pela ong Repórter Brasil, coordenada pelo jornalista e cientista social Leonardo Sakamoto, e pela Papel Social Comunicação, do amigo jornalista Marques Casara. Eles e uma equipe de colaboradores fizeram uma minuciosa investigação de meses para desvendar alguns elos de diversas cadeias produtivas, que na ponta amazônica têm atividades ilegais em Mato Grosso e no Pará. Esse processo de ocupação predatória, que desrespeita a legislação trabalhista e ambiental e em muitos casos viola direitos humanos, também tem sido financiado pelo Estado brasileiro - por exemplo, através de empréstimos do BNDES.
Segue um brevíssimo resumo com alguns nomes que pincei do texto (a íntegra dos estudos de caso traz preciosas informações de contexto e também as versões das empresas que quiseram se manifestar):
Quatro Marcos. Com sede em MT, é um dos maiores frigoríficos do Brasil. Um terço de sua receita vem das exportações.
O problema: Unidades de abate apresentaram graves problemas ambientais e trabalhistas. A empresa comprou gado de empregador que figura na “lista suja” do trabalho escravo. Por fim, o nono maior desmatador da Amazônia, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, pertence à família que controla o frigorífico.
Friboi. Com sede em São Paulo, é o maior frigorífico do mundo. Tem cerca de 40 mil empregados e faturou R$ 4,7 bilhões no ano passado.
O problema: A unidade do Friboi de Barra do Garças (MT) adquiriu gado de um pecuarista que teve área de sua fazenda embargada pelo Ibama por desmatamento ilegal.
Tramontina. Nascida no RS, fabrica utilidades domésticas. Tem dez fábricas no Brasil e centros de distribuição em cinco países.
O problema: A Tramontina manteve relações comerciais com empresas multadas diversas vezes por beneficiamento e transporte de madeira ilegal.
Sincol. Com matriz em Santa Catarina e filiais em São Paulo, Paraná, Miami (EUA) e Porto Rico, está entre as maiores empresas do setor madeireiro no país.
O problema: A empresa controla a madeireira Sulmap Sul Amazônia Madeiras e Agropecuária, com sede em Várzea Grande (MT), autuada por crimes ambientais e acusada de envolvimento em “grilagem” de terras.
Mahle. Multinacional de origem alemã com sede em Mogi-Guaçu (SP), desenvolve e fabrica peças para a indústria automotiva.
O problema: Um de seus fornecedores utiliza matéria-prima oriunda de garimpos localizados em Altamira (PA) que funcionam sem licença ambiental e não respeitam a legislação trabalhista.
Bunge. Multinacional holandesa, atua no Brasil na produção de insumos e na fabricação de produtos para consumo final na indústria alimentícia. Também fabrica fertilizantes.
O problema: A Bunge adquiriu soja de fazenda com área embargada pelo Ibama.
ADM do Brasil. Terceira maior trading de soja em atuação no Brasil, a Archer Daniels Midland Company exporta grãos e farelo de soja, fabrica biodiesel e produtos alimentícios.
O problema: A empresa manteve relações comerciais com produtor autuado por crimes ambientais na Floresta Amazônica.
Caramuru. Maior empresa no setor graneleiro no país com capital 100% brasileiro.
O problema: Foi identificada adquirindo girassol de produtor autuado por desmatamento em diferentes propriedades.
Esse estudo terá continuidade e trará surpresas nos próximos meses.
Por Dauro Veras às 21:39 |
Tags: amazônia, ativismo, brasil, comunicação, direitos, jornalismo, natureza, reportagem, sociedade
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Quem se beneficia com a destruição da Amazônia
Um estudo inédito que será divulgado amanhã mostra como a cidade de
São Paulo, principal mercado consumidor brasileiro, também é
responsável pela destruição da Amazônia. A iniciativa é do Fórum
Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo, realizadores do
seminário "Conexões Sustentáveis: São Paulo – Amazônia", que ocorre
nesta terça (14) e quarta-feira (15).
Realizada pela ONG Repórter Brasil e pela Papel Social Comunicação, a
pesquisa constatou a existência de uma grande rede de "lavagem de
produtos" da Amazônia, que transforma produtos ilegais em legais para
serem comprados por grandes empresas, pelo poder público e financiados
pelo sistema financeiro. Os setores produtivos analisados são pecuária
bovina, plantio de soja e outros grãos, extrativismo vegetal e
políticas de financiamento para atividades produtivas.
Essas matérias-primas chegam a grandes redes varejistas, indústrias
automobilísticas e à construção civil. "O objetivo não é apontar
culpados, pois estes são muitos e incluem todos nós, consumidores",
ressalta Marques Casara, da Papel Social Comunicação. "O objetivo é
relacionar exemplos que sirvam de referência para aprofundar o
conhecimento sobre o tema e a busca de soluções".
A íntegra da pesquisa e os nomes das empresas serão divulgados amanhã
às 14h. Mais informações:
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/1487
domingo, 12 de outubro de 2008
Uma tarde com Myltainho
Meu agradecimento público ao amigo Fernando Evangelista, professor do curso de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, por ter me convidado a participar de um atividade extra-classe especial na tarde de ontem. Fomos numa turma de vinte e tantas pessoas, a maioria estudantes da sexta fase, visitar o jornalista Mylton Severiano. Myltainho, como é mais conhecido, tem mais de quarenta anos de atividade profissional nos mais diversos meios, entre eles a revista Realidade, um marco na história da reportagem no Brasil (semana passada publiquei aqui uma historinha deliciosa que ele contou ao Luiz Maklouf Carvalho sobre os bastidores da revista).
Tarde chuvosa, tocamos em carreata pro Ribeirão da Ilha. Myltainho, 68 anos, mora em Floripa há cinco, numa simpática casinha verde e amarela no alto do morro, rodeada de mata e com uma vista espetacular pra Baía Sul. De segunda a sexta ele trabalha em São Paulo como editor-chefe da revista Caros Amigos - função em que substituiu o recém-falecido Sérgio de Souza. Nos fins de semana se refugia em seu cantinho com a mulher e três cachorros, um deles com três pernas. Num varandão em L nos aboletamos em cadeiras, sofás e no chão de madeira pra ouvir o mestre - e sabatiná-lo com perguntas, algumas incômodas. Afinal, como ele próprio enfatiza, a boa reportagem incomoda, é subversiva. Por isso há tão poucas hoje na grande mídia.
Por quatro horas ouvimos histórias saborosas sobre sua passagem pela Quatro Rodas, Realidade, Bondinho, Rede Globo, Folha, Estadão e vários outros. Os dribles que ele e seu grupo davam na censura da ditadura; as concessões que às vezes foi preciso fazer para conseguir publicar matérias; a aventura dos repórteres de Realide pelos rincões do país, fazendo história no jornalismo brasileiro sem se darem conta disso. Com voz baixa e pausada, sem qualquer sombra de empáfia "sabe-tudo", Myltainho nos capturou com relatos envolventes. De vez em quando despertava gargalhadas ao contar alguma anedota pincelada por palavrões. Os temas saltavam de um pra outro sem lógica rígida, com as digressões próprias de uma conversa entre amigos.
Quando vimos já era noite. O papo estava tão bom que, entre despedidas e fotos, levamos uma meia hora pra ir embora. E mais não preciso contar porque a entrevista completa vai ser publicada pelos estudantes da Estácio, aguardem.
p.s.: Conheci duas blogueiras com quem eu já tinha esbarrado na web: a Bel (Quiet Things That No One Ever Knows), moça irônica de texto afiado de quem eu tinha comentado há poucos dias, e a Flora (EcoFlora), que tem o nome adequadíssimo ao que gosta de fazer, fotografar a natureza.
Por Dauro Veras às 10:37 |
Tags: amigos, blogosfera, comunicação, entrevista, jornalismo, reportagem
Cartola, cem anos
Cartola faria cem anos ontem. Christofoletti marcou a data compartilhando cinco vídeos do grande mestre da MPB.
Véspera do Dia das Crianças
Entramos na loja de brinquedos e Bruno diz, com os olhinhos brilhantes de dois anos e meio:
- Eu GOSTO dessa loja!
Em seguida ele olha pra uma prateleira onde estão dois dinossauros e comenta:
- Olha! Dois idiotas.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
A mulher e seu passado
(...)Rubem Braga
"Benditos teu pai e tua mãe; benditos os que te amaram e os que te maltrataram; bendito o artista que te adorou e te possuiu, e o pintor que te pintou nua, e o bêbedo de rua que te assustou, e o mendigo que disse uma palavra obscena; bendita a amiga que te salvou e bendita a amiga que te traiu; e o amigo de teu pai que te fitava com concupiscência quando ainda eras menina; e a corrente do mar que te ia arrastando; e o cão que uivava a noite inteira e não te deixou dormir; e o pássaro que amanheceu cantando em tua janela; e a insensata atriz inglesa que de repente te beijou na boca; e o desconhecido que passou em um trem e te acenou adeus; e teu medo e teu remorso e a primeira vez que traíste alguém; e a volúpia com que o fizeste; e a firme determinação, e o cinismo tranquilo, e o tédio; e a mulher anônima que te vociferou insultos pelo telefone; e a conquista de ti por ti mesma, para ti mesma; e os intrigantes do bairro que tentaram te envolver em suas teias escuras; e a porta que se abriu de repente sobre o mar; e a velhinha de preto que ao te ver passar disse: 'moça linda...'; bendita a chuva que tombou de súbito em teu caminho, e bendito o raio que fez saltar teu cavalo, e o mormaço que te fez inquieta e aborrecida, e a lua que te surpreendeu nos braços de um homem escuro entre as grandes árvores azuis. Bendito seja todo o teu passado, porque ele te fez como tu és e te trouxe até mim. Bendita sejas tu."
A mulher e seu passado, no lindo livro Duzentas Crônicas Escolhidas, que terminei de ler hoje.
Pegadinhas
Isso me lembrou uma brincadeira de infância com a turma do bairro. Grudávamos uma moeda na calçada com cola extra-forte e ficávamos escondidos por perto, só pra rir do esforço inútil das pessoas pra tentar arrancá-la do chão. É a famosa "pegadinha", hoje banalizada em programas humorísticos de tevê, com resultados que vão do hilário ao constrangedor.
Imigração e humilhação
Alex Castro, autor do blog Liberal, Libertário, Libertino, em crônica afiada na sua coluna no jornal Tribuna da Imprensa (link válido até meia-noite de hoje).
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
A linha de sombra
Terminei ontem A linha de sombra, de Joseph Conrad, um dos escritores que mais admiro. É a história de um capitão de primeira viagem que vive uma situação-limite: comanda um navio que enfrenta calmaria e tem quase toda a tripulação afetada por uma doença tropical. No trajeto entre Bangcoc e Cingapura, ele é desafiado pelo "fantasma" do antigo capitão morto - na forma das alucinações febris do primeiro oficial - e precisa lutar contra suas próprias inseguranças. O tema de fundo é uma reflexão sobre o limiar entre a juventude e a maturidade. Encontrei o livro na estante de um café simpático no centro e o li em três sentadas. Sobre A linha de sombra, Conrad comentou:
... é experiência pessoal vista em perspectiva com o olho da mente e colorida pela emoção que alguém não pode evitar de sentir pelos acontecimentos de sua vida dos quais não tem razão alguma para envergonhar-se".p.s. 1: Anteontem terminei outro dele: A flecha de ouro, história autobiográfica de aventura que trata de uma avassaladora paixão de juventude do autor.
p.s. 2: Já fiz o trajeto entre Bancgoc e Cingapura. Foi de avião, sem calmarias e sem febres. Mas de certa forma, a viagem asiática me ajudou no rito de passagem que é deixar de ser jovem.
Apaguei um texto em que eu tinha comentado uma decisão histórica da justiça brasileira: a reparação parcial de uma grave violação à dignidade humana, cometida durante a ditadura. O monstro envolvido nisso não merece citação neste espaço. Não combina nada com os assuntos que prefiro abordar aqui - passarinhos, amigos, amor, crianças felizes que cantam canções sobre borboletas...
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Mais anagramas
A BOLSA DESPENCOU
Cada Plebeu Sonso
Ensacado Belo Pus
Caudal Snobe Pose
Anelado Sob Cuspe
Passa Bocudo Nele
Cabeludo Na Posse
Abcesso Pelado Nu
Busca Pensado Elo
Nublado Seca Pose
Pesado Asno Clube
Com a ajuda do gerador de anagramas Wordsmith.Org
Dilemas do cinema nacional
Dia desses, em certo curso de cinema, um estandarte ironizou a produção que outro grande nome está para lançar:
- Ele vai fazer um filme sobre uma família que passa fome. Isso é eticamente impossível de ser feito. Você vai lá, filma a fome deles e depois leva sua equipe pra almoçar sem convidá-los. Se levar eles, a fome acaba e teu filme também.
Reblogando-me: 28 de março de 2003
Anagramas
Dauro Veras
RODAR SUAVE
DVeras em Rede
DESARME VERDE
MAR VERDE SEDE
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Blog da vez: Quiet Things That No One Ever Knows
Ela tem 19 anos, frequenta a faculdade de jornalismo, é irônica, tem um blog e escreve divinamente. Ainda tou rindo sozinho deste post sobre um pretendente inusitado.
Uma historinha de Realidade
Mylton Severiano (Myltainho), colunista da Caros Amigos, já integrou a redação de Realidade, revista que nos anos 60 fez história no jornalismo brasileiro. Pesquei de uma entrevista dele a Luiz Maklouf Carvalho (Profissão Repórter) esta historinha saborosa.
"O Narciso [Kalili] foi ao Nordeste fazer reportagem sobre uma vila de pescadores miserável. Chega lá, pega a verba de viagem, compra comida pra todo o mundo, distribui dinheiro. Manda pelo malote da Abril da capital daquele Estado, não sei se Salvador, Recife, bilhete mais ou menos nestes termos: 'Paulinho, seu viado, me manda mais dinheiro que estourei a verba com os pescadores. Dá um jeito aí, pau no seu cu', aquele jeito 'delicado' que o Narciso tinha de ser terno com os amigos, e o Paulo rasgou o bilhete, escreveu outro à máquina em nome do Narciso, dizendo que havia alugado um jipe para chegar à vila, o jipe atolou, tiveram de alugar trator para puxar, e tal, imitou a assinatura do Narciso, passou ao Roberto Civita, que autorizou mais verba."p.s.: Meus pais colecionavam Realidade. Rasguei algumas quando era bebê. Depois, aos oito, nove anos, "redescobri" suas reportagens maravilhosas, ao mesmo tempo em que curtia, fascinado, aqueles fotões lindos de página inteira. Ainda não sonhava em ser jornalista, mas a semente foi bem plantada.
Os eleitos do Troféu Imprensa ONU/Herzog
Caco Barcellos, Henfil, José Hamilton Ribeiro, Ricardo Kotscho e Zuenir Ventura foram eleitos para receber o Troféu Especial de Imprensa ONU: 60 Anos da Declaração/Prêmios Vladimir Herzog. A iniciativa é do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. O júri foi composto pelos mais de 500 jornalistas que receberam o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos desde sua criação, em 1979. O troféu vai ser entregue aos eleitos - e familiares do Henfil - no dia 27 de outubro durante cerimônia da trigésima edição do Prêmio Herzog, em São Paulo.
O OVNI do Morro das Pedras
Pedi e Maurício compartilhou o relato sobre o OVNI no Vida de Frila. Acredite se quiser.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Mesa comprida
No sábado chuvoso fomos na festinha de aniversário do Maurício, um cara tão legal que devia se chamar BOMrício (essa é velha, mas não resisto). Almoço no Deca, restaurante manezinho de frutos do mar na beira da Lagoa. A mesa comprida tava cheia de calor amigo. Tivemos que sair cedo porque eu precisava trabalhar num roteiro. A meu pedido (eu já conhecia a história), a Cris e o Maurício contaram pro Miguel o episódio, acontecido há alguns anos, em que eles viram um Objeto Voador Não-Identificado no mirante do Morro das Pedras. Deixo pra eles contarem nos seus blogs.
Fragmentos do Tempo
Outro blog que renasce das cinzas é Fragmentos do Tempo, do jornalista Celso Martins. Depois de quase um ano de pausa, ele traz uma série de fotos de viagem à Serra Catarinense.
Botelheco: Ciro Gomes e um cigarro
Historinha muito boa sobre Ciro Gomes e um cigarro, no Botelheco - blog que o amigo Diógenes Botelho, nosso correspondente para asssuntos aleatórios em Brasília, resolveu ressuscitar, pra alegria dos leitores.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Frase da semana: Saramago e a cegueira
José Saramago sobre o boicote a seu filme Ensaio sobre a Cegueira nos Estados Unidos:
"Trata-se de uma associação de cegos que decide ter uma opinião sobre um filme que não viu".
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Charlie Parker by Jack Kerouac
Jack Kerouac, with a piano in the background, talks about the death of the great musician Charlie Parker (1920-1955), an icon of the beat generation, comparing him to Beethoven.